Fui forte até onde pude. Entrei no nosso quarto de cabeça baixa. Observando que não havia mais ninguém ali, me deitei na cama e abracei meu travesseiro. O que eu podia fazer além de chorar?

Ouvi a porta se abrindo, mas não tive forças suficientes para virar e ver quem era.

– Aí está você Sofia! Não te vi hoje o dia inteiro... – quando Mari percebeu que eu estava chorando, veio toda atenciosa- O que foi? Porque você está assim? Pode falar pra mim!- perguntou já na beiradinha da cama.

– É... É que... Ai Mari, gostaria de ficar um pouco sozinha para esfriar a cabeça!

– Eu entendo... Tudo bem! Mas amanhã você me conta, se quiser, ok?- disse me dando um abraço.

– Ok!- falei sorrindo levemente.

– Mas daqui a pouco agente já vai comer, desce viu!?

– Pode deixar!

Meu choro havia melhorado, mas meu coração continuava apertado.

Virava para um lado, olhava para o outro... Não tinha jeito. Não consegui pregar os olhos a noite inteira!

Quando o sol deu indícios que ia nascer, lembrei-me de como amava tirar fotos da natureza quando era pequena. Levantei sem fazer barulho e peguei minha Nikon (havia a ganhado a 2 meses e ela já era meu xodó) !

Como era bom virar fotos na natureza! Eu me sentia leve, relaxada, livre... Até me esquecia dos problemas!

Após mais ou menos uma hora andando sem rumo com minha câmera, resolvi voltar. Sentados na frente da casa, me esperavam Mari, David e Demi.

– O que vocês fazem aqui fora tão cedo?

– Imaginei que estaria aqui... – disse David, mas logo foi interrompido.

– Não podíamos esperar. Tínhamos que te perguntar agora! Sofia, quer ir para Londres conosco?- falou Demi, com seu jeito agitado de sempre.

– Londres? Como assim??? – fiquei pasma.

– É! Vai eu, a Demi, o David e o Gabriel... Quer ir também? O meu pai e o pai da Demi e do David arranjaram 5 passagens para Londres, até já alugaram um apartamento pra gente!- explicou melhor Mari.

– Sofia, pensa bem... Vai poder esfriar a cabeça!- disse David, se referindo ao que aconteceu.

– Nossa... Claro que querooo!

– Ebaaa!- gritaram os três.

Nos abraçamos, sem acreditar que realmente iríamos para Londres juntos, era um sonho realizado!

Ao entrar na casa, demos de cara com Alex e com a Raquel descendo as escadas abraçados. Parecia até perseguição. Tinha que ser bem naquela hora, que eu estava tão feliz? David pegou levemente no meu braço e, discretamente, me conduziu para o lado contrário, para evitar qualquer dessa vença.

Depois, algo me deixou confusa: por que ninguém tinha falado da Raquel ir junto na viagem? Isso ficou martelando insistentemente na minha cabeça, o que estaria acontecendo sem eu saber? Bom, não importava! Na próxima semana já estaríamos na Europa! Pouco me importava o que ficaria para trás. Queria ir para esquecer-se dos meus problemas, nada iria estragar nossa viagem!