Sou quase invisível hoje em dia, não sou o tipo de garota que adora se familiarizar, sou mais tímida.

Tenho uma família muito estranha, pois sou adotada, minha mãe verdadeira nunca conheci, nem sei se está viva, mas meu pai, bem, ele bem legal, pelo menos, comigo e com meus irmãos. Ele é meio que o dono do mundo dos mortos.

Eu sou uma semideusa, e eu e meus irmãos somos filhos do próprio Hades.

O mais velho é o Ross, Ross Hellmann.

Nenhum de nós tem o mesmo sobrenome, vivemos com famílias diferentes, todos nós somos adotados.

Mas voltando, Ross tem vinte e um anos, está no acampamento dos meios-sangues, onde vivem meus meios primos.

O segundo filho é Nero, Nero Hellgate, ele tem dezenove anos, também no acampamento.

O terceiro é o Gareth, Gareth Bale, tem dezoito anos, ele não está no acampamento, ele adora vadiar por aí.

O quarto é o Jean, Jean Ward, ele tem dezessete, ele também não está no acampamento.

E eu sou a última filha, a mais nova de todos, tenho dezesseis anos. Meu nome ficou como Haide Miller.

Ross e Nero são os mais irritantes, ficam usando seus poderes que adquiram quando crianças para “Brincarem”, e vivem me enchendo.

Gareth e Jean são até legais, de vez em quando, me visitam algumas vezes.

Eu sou a que mais tenta viver como uma pessoa normal, mas é difícil quando você é a filha da morte em pessoa.

Eu vivo com John e Olga Miller, eles até são legais, mas desde pequena eu sabia que não era filha deles, eles nunca disseram, e eu só descobri quando meu verdadeiro pai apareceu no meu quarto no meio da noite e sumiu nas sombras, e então ele começou a me ensinar a como usar os poderes que eu tinha. Como, por exemplo, as chamas negras e outras coisas bem legais.

Eu e meus irmãos somos quase idênticos, é por causa de nossos cabelos pretos, olhos escuros e nossa pele pálida.

O cabelo de Ross é o mais comprido do que dos outros, o que está em segundo lugar é Gareth, terceiro Nero e então Jean que tem o cabelo mais curto de todos.

Sou a única menos compreendida de todas, é tudo por causa de eu ser a única no meio de meninos sem noção alguma. Sou mais o tipo “Menina do papai”. Mesmo sendo a filha de Hades ainda tenho tudo o que eu quero a hora que eu quiser.

Eu vivo em Nova York, uma cidade muito urbana, não é um bom lugar para uma garota como eu, ainda mais uma garota considerada esquisita na escola por ser quieta e tímida, mas não vou negar que eu nunca me vinguei daqueles humanos.

Eu nunca gostei de machucar os outros, mas está no sangue ser vingativo, Ross já matou pessoas e se orgulhou disso. Eu não gosto de ser uma assassina como ele, eu tenho um sentimento pelos humanos, mesmo eles sendo repulsivos às vezes.

...

Eu estava descendo as escadas do apartamento que vivo com meus pais adotivos.

Já era noite e eu adorava andar nas ruas sombrias e escuras.

Eles sempre me deixaram sair, eu pressentia que eles tinham um pouco de medo de mim, eu tentava ser o mais gentil possível na hora de falar com eles. Acho que eles me temiam por causa da minha aparência assustadora – eu nunca os contei sobre minha verdadeira origem -, ou são meus olhos negros que eram muito ameaçadores? Ou será minha voz? Bem, eu não sei ao certo.

Eu passeava num beco escuro e estava chovendo um pouco, mas eu não me importava. A única coisa que se podia ouvir ali era o som do meu sapato batendo no chão.

Eu estava usando um casaco marrom e um cachecol preto, feito à mão por Olga.

Eu não sentia frio, eu já era gelada e não precisava usar muitas roupas, mas eu tinha que parecer humana, não é?

Enquanto eu caminhava um gato preto passou diante de mim, eu parei e senti a presença de uma coisa repugnante ali naquele beco.

– Olá, irmã.

Uma voz disse nas sombras.

Eu sorri amargamente para as sombras e perguntei:

– Me vigiando?

Então Nero saiu das sombras.

– Não deveria estar no acampamento? – Eu lhe perguntei cruzando os braços.

Ele usava um terno preto, uma calça jeans, um sapato preto e uma gravata preta desfeita.

– Está tendo uma festa lá.

– Hum. Ei, por acaso, você está mais bronzeado? – Eu perguntei com um tom zombeteiro.

Ele me mandou um olhar mortal e disse:

– Não estou me tornando humano só porque estou lá. Não sou como você.

– Tem razão, não sou idiota como você. – Eu lhe disse com um sorriso.

Eu podia ouvir seus dentes rangerem.

Eu revirei os olhos e disse:

– É só brincadeira.

– Odeio brincadeiras.

– É por isso que eu brinco.

Ele revirou os olhos e sussurrou:

– Crianças.

Eu o ignorei e perguntei:

– Foi visitar o papai?

– Fui ontem. Ele quer te ver.

Eu o olhei e perguntei:

– Vai vê-lo de novo hoje?

– Vou. Por quê?

– Pode dizer a ele que não vai dá pra eu ir lá?

– Posso, mas por que não vai dá?

Eu suspirei e disse:

– Vai ter uma festa na escola.

Nero me encarou por um momento e então começou a ri.

Eu o encarei furiosa.

– O que? – Eu perguntei com ele ainda dando risada.

Ele parou por um momento e disse:

– Certo. Não vou te criticar desta vez.

Ele voltou a rir e eu disse:

– Você foi a uma festa.

Ele parou de novo e disse:

– É, eu fui, mas era uma festa de semideuses, não havia humanos lá.

Eu revirei os olhos e então das sombras Ross apareceu. Ele parou ao lado de Nero e disse:

– Ele está certo. Não deveria ir a essa festa.

Ross usou sua voz persuasiva contra mim, mas aqueles poderes nunca fizeram efeito em mim.

– Vocês não mandam em mim. – Eu os disse.

– Papai vai adorar saber que você está se familiarizando com humanos. O que falta? Você vai contar a alguém o que é? – Ross me perguntou com um tom irônico e um sorriso maquiavélico.

Eu os olhei furiosa e disse:

– Idiotas.

– Obrigado. – Eles disseram ao mesmo tempo.

Eu revirei os olhos e voltei a caminhar para longe deles.

Eles começaram a me seguir, então entrei na primeira sombra que vi.