A Saga De Câncer escrita por FernandaCDZ


Capítulo 3
Sicília, Parte 1




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– Sicília -


Santuário de Athena,Dormitórios - 18h


Outro dia de intenso treinamento para todos os sobreviventes do Santuário.Os filhos dos cavaleiros de Ouro se dirigiram para seus quartos,para tentarem descansar.Todos estavam bem feridos,por causa da intensidade do treino de hoje.Quem diria que Jabu de Unicórnio,um cavaleiro de Bronze Menor,seria capaz de tamanha severidade e rigidez nos treinos.


Matteo,Christian e Victor entraram no quarto;enquanto os dois últimos competiam para ver quem iria tomar banho primeiro,Matteo esperava que ambos decidissem tomar banho ao mesmo tempo,visto que um deles teria de ir ao outro banheiro para fazê-lo.


O menino de cabelos cinzentos apertava as mãos fortemente,e sua postura chegou a preocupar os dois menininhos,que até pararam a briguinha para entender o amigo.


(Christian): Tá tudo bem,Matteo?(Senta-se do lado esquerdo ao dele) Que foi?


(Victor,com uma carinha mais triste):Qué pasa, Matteo? Cuéntanos ,por favor...(Senta-se do lado direito dele)


Ninguém no mundo todo conseguia entender Matteo melhor do que aqueles dois. Ele se sentia até confortável de chorar no ombro deles, se precisasse disso. Mas o que ele precisava mesmo era de ler mais a respeito de Máscara da Morte de Câncer... Mas, para isso conseguir, ele teria de enganar os amigos.


(Matteo): Eu estou bem, amigos...(Solta as mãos) Escuta...O Samuel e o Davi devem estar com os banheiros liberados, e eu vi a Zahara e a Hera saindo para tomarem banho no Dormitório das Amazonas...Podem ir, se quiserem...


O espanhol e o sueco se entreolharam e, dando de ombros, saíram do quarto, deixando Matteo a sós...Com as memórias de Máscara da Morte.


"Então, não quer contar aos seus amigos sobre mim?"


(Matteo,surpreso):Bem...Eu...Sabe ,isso é uma coisa meio...pessoal...Mas, eu posso contar, se você--


"Não sou eu que tenho que querer, e sim você; se não quiser ,não conte, não vou me ofender..."


Matteo piscou os olhos umas duas ou três vezes; o papel em sua mão havia falado, ou fora apenas impressão? De qualquer forma, lá foi ele, decidido a ler a próxima carta do baú. Já deveria ser a terceira carta lida, sem contar com as cartas introdutórias...


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"Caro Leitor,


Cacete,você ainda tá lendo isso aqui? Caramba, você é forte, hein? Duvido que qualquer um dos meus companheiros teria aguentado ler tanto, e sem fraquejar. Eu realmente tiro meu chapéu para você. Agora vem a parte emocionante da minha vida ,para não dizer a mais terrorista...Tanto que ,para essa parte, separei um número considerável de cartas...


Ai, minha mão dói .Cuidado para não perder essas cartas, seu moleque!


Mascalzone,

Máscara da Morte."


Matteo achou essa introdução um tanto engraçada;dessa vez,o tal cavaleiro de Câncer havia se superado!Apesar de que a parte de Sicília seria muito longa,isso não desencorajou o pequenino Matteo,determinado a ler até o fim.


Ele fechou a porta do quarto, mas não a trancou; não queria matar seus amigos do coração. Mesmo com as portas fechadas, ainda era capaz de escutar Victor gritando com Christian, após esse último ter-lhe dado uma chibatada com a toalha molhada. Ao invés de rir e participar como de costume, Matteo ateve-se a ler a carta em suas mãozinhas.


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Ilha de Sicília - 21 anos atrás


O barco que levou Carlo até a Ilha de Sicília tinha outro trajeto: a Ilha da Córsega - território da França - e a cidade de Cadíz, na Espanha. Durante a viagem, Carlo encontrou seu amigo Shura, com quem passou dias conversando no convés do barco.


Sentados e de pernas cruzadas,os dois se divertiam contando piadas e jogando dados,e choravam juntos quando falavam de suas famílias.Ao que parecia,Shura vivera uma situação parecida com a de Máscara da Morte,a diferença foi que sua família fora executada por questões culturais: eram ciganos procurados pela Coroa, que os acusava de extorsão e uma série de golpes econômicos.


– ...E como você lidou com tudo isso? - Indagava Carlo, sempre que ouvia essa história.


De la misma manera que tú,Carlo–Respondia Shura,às vezes com uma voz vacilante - Con esa misma fuerza y voluntad de vivir...Y,añadiento a eso, una sed de vengáncia que no me deja solo...


Os dois sempre se punham a sorrir quando falavam de seus sonhos...Apesar de não parecer hoje, Máscara da Morte -nosso Carlo - não sonhava em ser cavaleiro; muito pelo contrário, era um pacifista cujo sonho era viver de um trabalho honesto, ter ao seu lado uma mulher a qual ele pudesse amar e proteger, e viver cercado por seus filhos e netos. Nesse quesito, Shura costumava discordar de Carlo: queria ser um marinheiro, e cruzar os sete mares, contando com o mar que protegia a cidade de Siracusa, que era onde iriam aportar primeiro.


O dia da despedida de ambos chegara.Podiam ver as ruínas da antiga Siracusa de longe,e Shura,com todo o seu conhecimento histórico,apontava para Carlo os monumentos,e contava a história do grande Arquimedes de Siracusa. E,até hoje,essa é a história favorita de Carlo...


– Temos mesmo que nos separar, Shura?


Perdóname por decir eso, Carlo, pero sí,nosotros tenemos que separarnos– Respondeu o espanhol,corroído de tristeza - A mí me gustaria que tú venisse comigo hasta Cadíz...E que entrenásemos juntos...


– Infelizmente,eu não poderia,Shura...


Y porqué nó?


– Por que somos de signos diferentes.


O barco atracou em Siracusa às nove horas da manhã. Enquanto Carlo descia do barco,acompanhado por outros cinco meninos,ele e Shura não deixavam de chamar um pelo o outro.E,no meio de todas aquelas emoções,prometeram se ver novamente,em um futuro não muito distante deles.Shura olhava Carlo sumir no horizonte a sorrir;sentia uma dor inexplicável em seu peito,e Carlo sentia o mesmo também.Era a dor da separação,que eles esperavam não doer muito.


***


Carlo e os outros rapazes seguiram pela estrada de pedra que levava à saída de Siracusa.Enquanto andavam,falavam sobre suas vidas,de seus sonhos e expectativas.Carlo,porém,manteve-se quieto.Ah,como queria que Shura estivesse com ele;o barco estaria a apenas alguns quilômetros dali,mas a saudade já começava a apertar...


Mas,mesmo que nosso italiano parecesse distraído,prestou muita atenção nos nomes de seus rivais,pois jamais os esqueceria: Saulo,Syrus,Mefisto,Cortéz– esse último se parecia bastante com Shura, no físico - e Sírius,sendo esse último mais soturno que Carlo, chegando a dar-lhe arrepios só de falar seu nome.Após andarem por três horas,chegaram a uma clareira,bem isolada da cidade,onde viram um vulto preto a esperar.


– Então,vocês são os aspirantes a Cavaleiros de Câncer? Ora, fazem-me rir! Enfileirados, rapazes!


Os seis obedeceram e, ao sinal do mestre,disseram seus nomes,primeiro Sírius,e Carlo falou por último.


– Ótimo... - Disse o homem - Sírius,Syrus,Saulo,Mefisto e...Carlo,é isso? - Indagou o homem,apontando para Carlo, seguido de uma afirmação do rapazinho - Excelente... Agora,vou dizer-lhes quem sou...


O homem tira o longo tecido preto que o encobria,revelando seu corpo e rosto.Tinha um corpo bem trabalhado,mas não era extremamente musculoso,exceto pelas suas pernas,dignas de um velocista;os cabelos dele eram lilases, amarrados em um fino rabo-de-cavalo,que chegava até suas coxas,com duas ou três fileiras fora do penteado.Trajava uma armadura branca.Ele era o legendário Sage de Câncer.


– Muito bem,seus moleques! - Disse Sage,com sua voz forte e única - Agora,vocês não são mais brancos,negros,vermelhos,amarelos,morenos,o diabo de cor que for! Agora,vocês são apenas cancerianos! Cancerianos loucos e cheios de vontade e determinação... Para me sucederem! Agora,tenham a bondade de me seguirem...


Sage guia os seis meninos até um mausoléu,onde veem um caixão de cristal e,dentro dele,o corpo do antigo cavaleiro de Câncer, Manigold de Câncer; até mesmo Sírius tremeu ao ver o corpo do Cavaleiro que,apesar de ter quase 200 anos que morrera,ainda estava em perfeitas condições.


– Escutem bem,senhores - Disse Sage,ocultando o corpo de Manigold - Por anos,tenho vivido na esperança de conseguir um sucessor digno da armadura de Câncer. Manigold... Foi um dos maiores,se não foi o melhor,dos discípulos que já tive. Para ganharem meu respeito,e o direito de tirarem dele essa armadura, um de vocês terá de ser o melhor dos melhores ,o mais forte dos fortes, o mais sanguinário e maligno dos homens que esse mundo já viu!


Do lado esquerdo de Carlo, Saulo engoliu em seco essas palavras.E Sage tomou mais fôlego.


– ...E,ainda assim, - Continuou Sage, reerguendo a cabeça - vocês terão que ser capazes de ser bons, e equilibrar os monstros que libertarei de seus corações. Eu digo que o Cavaleiro de Câncer tem que ser forte para aguentar as consequências de suas maldades, e ser justo mesmo possuindo o poder de tirar a vida de seus adversários de forma instantânea!


Sage eleva seu cosmo e o concentra na ponta do dedo indicador da mão direita, exibindo a aura violeta-azulada que emanava do dedo.



Sekishiki Meikai-Ha... - Disse o homem,ajoelhado diante dos meninos,exibindo o dedo para eles - De agora em diante, rapazes,o objetivo de vocês é aprenderem essa técnica...Mas, para isso, terão que me surpreender. E, acreditem quando digo que eu já vi de tudo... Não sou tão novo quanto pareço.


Carlo e Sírius se encararam;de alguma forma,Carlo não se intimidara com o discurso de Sage,e nem deixaria o olhar selênico de Sírius o assustar.Agora,ele tinha um rival principal,além de Saulo,Syrus,Mefisto e Cortéz.


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(Zahara): O que é isso,Matteo?


O menino guarda a carta no bolso,sobressaltado;seu coração batia muito forte,e ele batia ainda mais forte,graças ao susto que Zahara lhe dera.


(Zahara,estendendo a mão): Não adianta esconder, eu vi.(Aproxima-se dele) O que era isso?O que estava lendo?


Matteo se viu sem escapatória; teria que contar para Zahara. Mas, como saber se era de confiança?


(Matteo, fitando-a nos olhos): Zahara...Você sabe guardar segredo?


(Zahara): Depende.


(Matteo): Se você guardar segredo,juro que conto tudo para você.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Quando escrevi esse capítulo, tinha começado a ler o mangá Lost Canvas, e eu não havia chegado ao ponto onde morriam Manigoldo e Sage. Aqui, considero que, por alguma força mágica, o corpo de Manigoldo fora salvo e que Sage manteve-se vivo... Até certo ponto.
Agradeço desde já a compreensão (ou não).



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