Era véspera de ano novo. Em menos de cinco minutos, os incríveis fogos de artifício tomariam o breu da noite de réveillon. Estava frio, porém, lá estava eu, a espera do belíssimo show que logo iniciaria. Do terceiro andar do clube, eu podia ver quase toda a cidade na praia de La Push, esperando o mesmo que eu. De repente, senti uma mão envolvendo-me; era meu pai. Olhei para ele e vi um sorriso estampado em seu rosto. Minha mãe havia nos deixado há cinco anos para casar-se com um milionário francês. Foi muito duro para mim naquela época, mas depois de um tempo eu acostumei-me com a calmaria que era viver somente com meu pai, uma vez que eu era filha única. Obviamente eu sentia falta da minha mãe no dia-a-dia, entretanto, eu e meu pai éramos grandes amigos, o que acabou preenchendo o vazio entre as vagas visitas que ela nos fazia.

Era a nossa última noite. Eu e meu pai, estávamos nos mudando de minha cidade natal, Forks, no chuvoso estado de Washington, para o completo oposto. Los Angeles, Califórnia era onde eu iniciaria uma nova vida. De início, chateei-me um pouco, afinal, não veria mais os meus amigos de sempre. Mas aquilo já não me incomodava tanto já que meu pai prometera voltar e visitar quando eu quisesse. Além disso, eu adorava mudanças, conhecer pessoas novas e vivenciar experiências diferentes. Portanto, esse ano que viveria na Califórnia só me traria benefícios a princípio.

Olhei ao redor e todos seguravam taças de champagne para comemorar o ano novo que chegaria. Me voltei para o horizonte e aguardei ansiosamente pela virada do ano. Não faltava muito. Meu pai me dera uma taça de champagne para que eu pudesse brindar à meia noite com ele. Segurei-a prontamente e segundos depois a multidão começou. A contagem regressiva estava alta e clara. Não conseguia parar de sorrir pronunciando cada número. 3. 2. 1. Todos ao meu redor gritavam e pulavam e eu não fiz diferente. Abracei meu pai e e desejei-lhe um feliz ano novo seguido de um "Te amo", depois brindamos com os nossos amigos que estavam a alguns passos de nós.

Lá pelas três da manhã, eu e meu pai voltamos para casa.

Acordei com uma leve dor de cabeça, mas nada que me impedisse de ajudar na mudança. Levantei e fui logo terminar de guardar umas coisas do meu quarto nas caixas.

Ouvi uma buzina tocar três vezes, o caminhão havia chegado. "Em, o caminhão chegou! Termine de trazer as caixas aqui pra baixo", meu pai gritou do andar debaixo. Não demorei a atender o seu pedido. Por fim, pegamos algumas das malas e colocamos no carro. Lá embaixo, meus amigos: Mike, Jess, Angela, Bella, Alice, Edward, Eric, Jasper, Emmett, Rosalie e Tyler estavam a minha espera para se despedirem de mim. Iria sentir muito a falta deles, mas obviamente nas férias de verão, eu voltaria para visitá-los.

Meu pai dirigiu até o aeroporto e embarcamos na classe econômica. Com certeza levaria pelo menos um ou dois dias para o caminhão de mudanças chegar, e o carro também.

A viagem levou algumas horas que passaram voando, dado que dormira o voo inteiro. Chegamos à noite. Pegamos um táxi do aeroporto para irmos à nova casa. Algumas das malas com as roupas estavam conosco, isso era bom, mas de qualquer jeito, no dia seguinte, eu sairia para fazer compras, já que não tinha muitas roupas de verão.

Pedimos pizza ao chegarmos a casa, metade marguerita e metade pepperoni. Devoramos em menos de meia hora. Algumas horas depois, meu pai foi para o quarto dele. Eu fiquei na sala assistindo TV até mais ou menos umas duas da manhã e depois fui para o quarto dormir.

No dia seguinte, acordei às 14h30m, tomei café e peguei o cartão do meu pai. Coloquei um jeans, uma regata roxa, um casaquinho fino azul escuro por cima e um colar grande prateado. Só então, calcei um tênis delicado e peguei meus óculos escuros. Saí andando mesmo, porque minha casa era perto de todas as lojas. Dei sorte pois todas as lojas estavam em liquidação, com isso, pude comprar muitos itens, além de alguns pares de sapatos, quatro bolsas e dois óculos.

Já eram cinco horas da tarde e estava com milhares de sacolas nas mãos. Passei rapidamente em casa, apenas pra deixá-las no meu quarto. Meu pai não estava "talvez esteja no trabalho", pensei. Por conta disso, fui comer fora. Fui à uma cafeteria que também era livraria. Comprei dois livros que, pela sinopse, pareciam muito interessantes. Comprei também um muffin e um cappuccino. Logo após terminar de comer, comecei a vagar pelas ruas de Los Angeles. Alguns minutos depois, senti um cutuque em meu ombro direito. Virei de imediato.

—Oi - um menino loiro disse.

Levei um leve susto, mas rapidamente respondi.

—Olá.

Ele sorria.

—Me desculpe, mas não pude deixar de notar - seus belos olhos verdes estavam parcialmente abertos devido ao sol que iluminava em sua direção. - Esse livro que você comprou - apontou ele, - "Macbeth", é muito bom!

Lancei meus olhos na sacola transparente que segurava.

—Que bom - disse sorrindo.

—Meu nome é Sean - ele estendeu a mão para que eu o cumprimentasse.

—Emma - disse, apertando-a.

—Me desculpe se eu te assustei, mas é que é bem difícil ver garotas não lendo somente revistas de moda - disse ele rindo.

—Não, tudo bem - respondi.

—De onde você é? - ele perguntou.

—Forks, Washington. Ninguém conhece - desviei o olhar para meus pés.

—Veio de férias?

—Não - voltei a encará-lo sutilmente. - Eu e meu pai nos mudamos ontem. 

—Então seja bem-vinda! - ele ria.

Eu ri de volta.

—Me desculpe, mas eu tenho que ir - falei.

—A gente se vê então - respondeu ele.

"Tomara", pensei.

Despedimo-nos com com acenos.

Admito que achei Sean lindo e realmente gostaria de vê-lo outra vez, mas ele não pedira meu número e, na hora, não me liguei para pedir o dele também. Eu só esperava que pudéssemos nos ver outra vez.

O pequeno recesso havia terminado. Já comprara meus livros escolares e - infelizmente - o uniforme. Revirei os olhos ao lembrar da chatice que é ir à escola. Fui dormir sem ânimo algum.