POV’ Sophie

Estava esperando ele. Teria que ter uma conversinha bem séria com o Josh. Como ele podia mentir para mim daquela maneira? Prova de física. Não tinha nenhuma prova de física.

Vocês devem estar pensando que eu dei uma de detetive e fiquei xeretando a vida dele, só que não. Eu liguei para a Brooke – que estuda na mesma sala de física do Josh – quando eu acordei, perguntando de ela tinha estudado para a prova. E ela me disse que não teria prova nenhuma, só se fosse surpresa. Então, ou Josh era muito precavido e estava estudando para uma prova surpresa, ou ele tinha mentido para mim. Só para vocês saberem de uma coisa: Josh não é precavido. Nunca foi e nunca vai ser.

Ele parou o carro na frente de casa, mas eu não saí do banco do jardim. Ele abriu o vidro e me encarou, eu cruzei os braços. Ele saiu do carro e veio até mim.

– Hã... Sophie, nós temos que buscar a Brooke e chegar na escola. Dá pra você tirar o seu bumbum do banco e ir andando pro carro?

Não olhei na cara dele e assoviei.

– Agora você não quer falar comigo?

Peguei meu celular e pus os fones de ouvido.

– Então tudo bem – ele disse dando de ombros.

Ele me carregou até o carro. Não trocamos nenhuma palavra, tirando os gritinhos que eu dei para ele me colocar no chão.

Quando passamos na casa de Brooke, a mãe dela disse que ela estava muito doente, e por isso, a mudança seria adiada até ela melhorar. Ótimo, iria ficar sem falar com ninguém por um dia inteiro. Que maravilha! ~lê eu sendo sarcástica~

Fomos para um bairro que eu não conhecia. Tive vontade de perguntar por que não estávamos na escola, mas lembrei que não estava falando com ele. Josh parou na frente de uma casa amarela, buzinou e depois de alguns minutos, uma garota patricinha, vestida com uma calça jeans justa e um top rosa por baixo da jaqueta preta apareceu. Levei um susto bem grande em ver ela entrando no carro e tascando um beijão no Josh.

– Sophie, essa aqui é a Ally. Estamos namorando há três semanas e meia.

– Bom pra vocês – eu disse pegando os fones e colocando um rock bem alto.

– Ela é mal-educada assim mesmo? – perguntou a patricinha. Nada contra Josh namorar ela, eu só acho as patricinhas da minha escola idiotas, metidas, ridículas... e eu já vi a Ally dando em cima de três garotos em um mesmo dia. Só acho que meu amigo merece coisa melhor, só isso.

– Ela está bravinha comigo por alguma razão. Só não sei qual.

– Que tal você me explicar porque mentiu pra mim sobre estar estudando e não “namorando” ela? Por que não me contou que começou a namorar? – eu disse brava. - Estou chateada.

– Eu queria esperar o momento certo. Mas pronto, já te contei. Pode me perdoar?

– O.k. Eu não quero chegar atrasada na aula, então vamos logo.

Tentei ignorar o casalzinho meloso o dia inteiro, só que no intervalo me lembrei que teria que levar meu irmão e a namorada no fliperama.

Estavam sentados em uma mesa, e as cadeiras deles estavam coladas. O.k. acho que vou vomitar. Esse negócio de mimimi me deixa enjoada.

– Josh, poderia ir lá no fliperama comigo amanhã? Meu irmão me deu o dinheiro que faltava para pagar a excursão, mas vou ter que levar ele a namorada lá.

– Tudo bem.

– Posso ir também? – disse Ally com voz de criançinha.

– Você gosta de jogos de fliperama? – eu disse realmente surpresa, afinal, ela? Em um fliperama? Se divertindo?

– Nunca fui em um fliperama, mas tudo tem a primeira vez, não é? – há, sabia que nada era perfeito.

– O.k. Vamos nós três então – disse Josh sorrindo.

Que lindo! Maravilhoso! Eu segurando vela para dois casais, ou melhor, não uma vela, mas um candelabro! Tem como as coisas ficarem piores? Eu respondo, não tem como. Paguei a excursão sem muitas expectativas.

No final da aula Josh levou a namorada para a casa dela. Fiquei dez minutos, contados, esperando os dois pararem de se beijar para Josh me levar para casa. O caminho estava silencioso até eu resolver falar.

– Você gosta mesmo dela, né?

– Aham, ela é bem gata e é divertida.

– Bastante potencial – eu disse revirando os olhos.

– Ela é legal. Mas sei lá, às vezes ela exige muito de mim.

– Como assim?

– Ela fica me beijando toda hora, pede pra eu ficar segurando a mão dela e ficar juntinho o tempo todo. E isso cansa.

– Como vocês começaram a namorar?

– Eu descobri que ela fazia academia no mesmo lugar onde eu fazia natação – sabia que aquele corpo dela não podia ser de verdade –, aí começamos a conversar e depois de umas semanas eu pedi pra namorar ela.

– Hum. Legal.

– Você tá com ciúmes?

– Não! De onde você tirou essa idéia? – o.k, eu estava com um pouquinho de ciúmes. Mas quase nada!

– Você tá com ciúmes de me perder! Eu não acredito! – ele deu uma risada forçada.

– Eu com ciúmes de te perder? Você tá bem? Tá doente? – eu disse colocando a minha mão em sua testa.

– Fique sabendo que eu não vou te esquecer o.k? Você é e sempre será a minha melhor amiga – ele me deu um beijo na bochecha e bagunçou o meu cabelo. - Vamos tomar um lanche?

– Na minha casa, assim você me conta tudo sobre a patrici... digo, sobre a Ally.

– Tudo bem.