Safe And Sound escrita por julinmi


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey, primeiro capítulo da fic :) espero que gostem



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"I remember tears streaming down your face

When I said, I'll never let you go

When all those shadows almost killed your light

I remember you said, don't leave me here alone

But all that's dead and gone and passed tonight"

Meu pai morreu. Não sei bem porque. Mas me deparei com ele desmaiado, pálido e frio, na grama seca. Corri para a rua. Gritei por ajuda. Ninguém apareceu.

Talvez eu não entenda bem a morte, porque passei três dias deitada ao lado do meu pai. Eu a vi. Eu vi a moça de vestido preto carregando a alma daquele pobre homem Ele não poderia ter morrido. Não assim. Mas no terceiro dia, o corpo tinha um mal cheiro, e eu notei que não poderia fazer nada. O enrolei no meu lençol branco. O enterrei perto da macieira que ele tanto gostava.

Sou só eu. A neve começa a se acumular lá fora. Eu não tenho comida. Nem água. Nem posso caçar. E agora?

Moro em uma fazenda distante da cidade. Ele comprava tudo, cultivava, colhia, e, desde que cruzei o portão enferrujado daquele “paraíso” jamais saí. Passava meus dias costurando, lendo livros roubados, cozinhando. Eu não poderia fugir, deixar meu pai.

Me encaro no espelho do corredor. Estou suja. Meu cabelo é acinzentado e minha pele extremamente branca. Não sou magra, não sou alta. Na verdade, qualquer pessoa que ignorasse meus seios, juraria que eu tenho dez anos, apesar de eu ter feito dezessete em algum momento do último mês.

Me encaro por alguns momentos. Eu envelheci. Minha bochechas não são mais avermelhadas. Meus olhos não são mais brilhantes. Estou tão morta quanto o cara enterrado no meu quintal.

A água quente toca minha pele de forma agressiva. Não gosto de tomar banho, admito. Mas de alguma forma, mergulhar naquela banheira limpa meus pensamentos. Eu morrerei. Eu não tenho nada. Eu não posso ir para a cidade. É longe. É perigoso. O último flash que tenho daquele lugar são as várias casinhas brancas e espremidas. Meu pai gritando com a minha mãe, me colocando dentro do carro, e me trazendo para cá.

Foram nove anos. Eu não sei qual é o perigo. E na verdade só falei uma vez sobre isso com meu pai , ele apenas disse que eu morreria se cruzasse o portão. Então eu simplesmente fiquei calada, o esperando todos os dias com sua caminhonete abarrotada de água, remédios e outras coisas, que conseguia com as maçãs que vendia.

Mas agora eu tenho que me virar sozinha.

Visto-me. Subo até o ponto mais alto da nossa casinha. O sol está coberto por nuvens. Vejo rios correndo, árvores nuas, pássaros voando perto da montanha. Ás vezes, eu gostaria de ser um corvo, e voar daqui, voar pra longe, voar pra outro lugar. O vento frio toca a minha pele. Tudo está morto. Tudo está frio. Tudo está cinza.

Uma vez li um livro sobre uma menina que caiu em um buraco e encontrou um lugar incrível. Logo depois de terminá-lo, cavei um buraco no quintal e fiquei lá dentro, e quando notei que nada aconteceu, fiquei extremamente desapontada. Meu pai me disse que existem coisas maravilhosas no mundo que vivemos, como um montão de água com sal que forma ondas e lugares onde nunca chovia. Nessa noite ele me ensinou a fazer uma fogueira, e eu esqueci da ideia de que um buraco fosse me levar para qualquer lugar.

O céu começa a desmoronar e uma chuva forte molha a minha cabeça, o que me obriga a voltar para dentro de casa. É um lugar simples. O fogão, o espelho, a cadeira quebrada, minha cama, a rede, a foto da moça bonita que costumava ser minha mãe.

Acendo um vela, na esperança de me esquentar. Agora as rachaduras na tinta da parede são muito mais aparente. Choro e sorrio ao mesmo tempo. É estúpido. É estúpido pensar que eu conseguirei sobreviver aqui. É estúpido pensar que eu ficarei velhinha. É estúpido pensar que minha comida cairá do céu. É estúpido pensar que eu não irei embora.

Eu preciso saber quem eu sou. Eu preciso saber de onde eu vim. Eu preciso descobrir qual é o problema com a cidade. Eu preciso fugir. Eu preciso ser livre.

Apago a vela, pego meu cordão e o casaco do meu pai. Olho pela última vez minha casinha já me parece tão pequena na vista, mas que toma um enorma espaço na minha memória.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Esse capítulo não explica nada, mas é só um comecinho :) mereço reviews?



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