Argonautas I escrita por Argonautas


Capítulo 34
Ricardo II




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Passaram-se dois anos desde que eu fora reclamado por Apolo e nesse período minhas habilidades foram incrivelmente aperfeiçoadas, tanto na luta de longa distancia, quanto de curta distância. Sei lidar bem com a medicina e desenvolvi o controle parcial dos raios de Sol, podendo criar enormes barreiras solares como defesa ou pequenas e múltiplas esferas solares para atacar, e elas queimavam praticamente qualquer coisa. Um bom progresso para um garoto de 16 anos, certo?

Fiz amigos, especialmente 3 filhos de Hefesto -Thiago, Ana Beatriz e o Erick.. Também criei um laço afetivo com uma irmã minha, a Maria. Eu sentia que estava verdadeiramente em família junto a eles.
Tornei-me o conselheiro do chalé de Apolo, já havia feito varias missões solo, algumas bem complicadas, como matar ciclopes, dracanaes, dragões e vários outros monstros. Sempre as completei com êxito, mas sentia que não eram tão desafiadoras, espero uma que ponham todas as minhas capacidades à prova futuramente.
Semana passada eu estava conversando com o Thiago após o jantar na fogueira e estávamos falando sobre as nossas últimas missões e sobre um assunto sério sobre o qual começamos a conversar bastante nesses últimos dias.

O Thiago e eu havíamos tido praticamente o mesmo sonho todas as noites e nesse sonho estávamos no meio de uma equipe de semideuses, um número muito grande, aproximadamente metade das pessoas do acampamento. Esses semideuses foram separados em três grupos, uns foram para a terra, outros para o mar e outros para o céu; Thiago, Maria, Ana, Erick e eu ficamos no mar, meus sonhos sempre se interrompiam na mesma parte, quando saíamos em alto mar para combater algo.
Os sonhos de Thiago eram um pouco mais claros. Eles revelavam que tínhamos de combater um grande inimigo, buscar umas peças secretas para fazer o antigo Argo funcionar, mas os sonhos dele basicamente se juntavam aos meus, terminando na nossa partida pelo mar. Estranhamente, meus outros amigos campistas haviam tido sonhos parecidos, no qual os sonhos deles se uniam no fim também.
A única coisa que havíamos entendido era que haveria uma grande guerra e precisaríamos nos unir para derrotar uma das divindades gregas mais antigas e poderosas. Quase intimidador, mas me parecia muito correto. Como se eu estivesse esperando um desafio assim e pudesse superá-lo.

Ω Ω Ω

Acordei hoje com uma sensação ruim. Sentia que a batalha árdua se aproximava. O sonho, dessa vez, foi bem mais nebuloso e preocupante. Os semideuses, inclusive eu, parecíamos fracos, mesmo sem estarmos diretamente em combate. Uma espécie de aura, talvez. A aura do inimigo, a força que ele exalava afetava nossa resistência. Iria conversar com Thomas e Thiago mais tarde sobre isso, a única coisa que queria agora era tomar um café bastante reforçado e partir para o campo de batalha para treinar um pouco.
Tomei meu café e fui conversar com Quíron, ele me explicou que estavam chegando novos campistas todos os dias e isso era bom, pois assim o acampamento ficaria mais protegido caso algo acontecesse. Quíron já sabia sobre os meus sonhos e os dos outros campistas, conversamos por cerca de meia hora e disse que iria para o campo de batalha, me despedi e saí correndo.
A primeira coisa que fiz ao chegar foi treinar com o meu arco, posicionei 20 alvos ao meu redor, arranquei o cordão que meu pai me dera no meu primeiro dia no acampamento, ele se transformara no meu arco chamado Iliakos, era feito de vibranium com o fio de prata, então ao colocar o último alvo, me posicionei bem no centro, a aljava em minhsa costas estava carregada exatamente com 20 flechas, peguei uma, coloquei no arco, respirei fundo e comecei a disparar, 20 flechas disparadas em menos de um minuto, ao terminar baixei a cabeça para respirar e levantei-a vagarosamente olhando os alvos a minha frente e depois fiz uma volta em 360º para ver o resto dos alvos. Soltei um pequeno sorriso de satisfação ao ver todos os alvos perfeitamente acertados no centro.
Estava indo retirar as flechas do alvo para começar de novo, quando Rodrigo, de 17 anos, filho de Hades, falou pra mim:
– Você se acha o máximo com esse seu arquinho não é?! Sem ele não és nada, quero ver você me enfrentar em um combate corpo a corpo.
– Quando e onde? – rebati. Um ponto a menos para ele. Não sou covarde.
– Aqui e agora! – ele respondeu, com uma risada sarcástica
– Está bem então – Mantive uma expressão indiferente e não foi difícil. Idiota e previsível. Nada mais esperado, vindo de um filho de Hades.
Puxei minha adaga de dois fios, metade bronze celestial e a outra metade de aço, matava mortais e monstros, possuía 65 cm, da cintura e montei minha guarda. Rodrigo puxou uma espada de 85 cm, isso faria com que eu estivesse em desvantagem, mas depois de dois anos treinando já havia derrotado vários outros campistas que usavam espadas, não me preocupara com a suposta “desvantagem” do alcance da arma. Rapidez e estratégia valiam bem mais, e nisso eu me garantia.
Logo outros campistas formaram um círculo ao nosso redor para ver a luta. Rodrigo me atacou primeiro com um golpe frontal, pulei para o lado e golpeei a sua espada desviando o ataque, mas aí ele veio com mais voracidade nos ataques de curtíssima distancia, atacando em cima e embaixo, eu apenas conseguia me defender, era difícil acertá-lo, pois as investidas eram energéticas e ininterruptas. Ele deu um salto e me atacou do alto, eu consegui retardar um pouco o ataque, mas foi tão poderoso que fiquei apoiado nos joelhos. Quando estava ajoelhado, dei um soco de esquerda na perna dele, ele recuou um pouco e começou a atirar varias faca que tinha no seu bolso, desviei todas com a adaga e parti pra cima, com um golpe na barriga, mas ele defendeu e atacou meu braço, fez um pequeno corte, mas estava incomodando um pouco. Me afastei, saltando para trás, e respirei profundamente, enquanto pensava no que eu faria a seguir.
– Cansou, “solzinho”?!- Ele disse e depois emitiu uma risada quase dissimulada.
Ele era o oponente mais forte na qual eu enfrentara em toda a minha vida, já estava cansado, mas ainda conseguia lutar, ele começou a atirar as facas novamente, desviei como da ultima vez, porém uma eu não consegui parar e ela passou rente ao meu rosto, causando um corte. O ferimento não foi o problema, pois em seguida de mim eu escutei um grito estridente. Olhei para trás e vi minha irmã caída com uma faca cravada em sua perna. Rodrigo revirou os olhos e falou:
– Mais um filho fraco de Apolo!
Uma onda de fúria me envolveu. Eu podia sentir o ódio irradiando no meu olhar, ele havia ferido a pessoa que eu mais gosto no acampamento e definitivamente iria pagar por isso. Comecei a atacar sem pausa, um golpe atrás do outro, ele desviava vários, mas alguns o atingiam, seu braço esquerdo estava ensanguentado, ele tentou inutilmente me atacar de formal frontal, todavia nesse momento me curvei e o ataquei com toda a força na sua barriga. O golpe foi tão poderoso que atravessou a armadura que o protegia nesse local, enfiei e girei a adaga, depois a tirei de dentro do seu corpo. Rodrigo cuspiu sangue e caiu no chão, agonizou um pouco e logo depois caiu inerte no chão.
Todos me olharam e eu olhei para as minhas mãos que estavam cheias de sangue, elas emitiam uma radiação amarela e intensa que eu nunca havia tido visto. Quíron chegou ao campo de batalha, viu Rodrigo, que provavelmente não havia resistido, pois seu peito não se movia mais. Imediatamente ele disse, em tom colérico:
– Ricardo, siga-me.
Estava indo para perto de Quíron, quando uma aura negra cobriu o corpo de Rodrigo, um homem apareceu ao seu lado, tinha cerca de 1,80m, usava um terno completamente negro, rosto pálido e olhos que cobiçavam a morte, percebi na hora que era o pai de Rodrigo, Hades.
– Quem é o autor desse atentado? – o deus questionou, com os olhos fora de órbita. Percebi que uma atmosfera fúnebre entorpecia-me e concluí que, provavelmente, era esse o efeito do ódio puro proveniente do Senhor da Morte.
– Fui eu. – respondi, tentando manter o timbre nivelado.
Ele me olhou, baixou a cabeça com um pequeno sorriso malicioso, o mesmo que seu filho falecido exibia, e quando a levantou começou a se transformar em literalmente um demônio. Seu olhar era alucinado.
–COMO OUSAS MATAR MEU FILHO, CRIA DO SOL? – gritou a criatura.
Ele investiu contra mim lançando uma esfera negra, nesse momento arranquei Iliakos do pescoço e dei um salto para o lado e atirei uma flecha que atingiu seu ombro esquerdo, começou a derramar sangue dourado no ponto onde eu acertei. Hades urrou de dor e atirou outra bola das trevas, mas dessa vez não consegui desviar, ela acertou no meu peito e me atirou violentamente em uma arvore. Caí sentado no chão, me levantei aos poucos, estava tonto e sentido muitas dores. Hades veio em minha direção para o golpe final, quando um raio se interpôs. Hades olhou para cima, furioso, mas voltou para a sua forma anterior e disse:
– Ainda vamos resolver isso, filho do Sol!
Carregando o corpo de seu filho consigo, ele partiu pelas sombras. Quíron chegou perto de mim e disse algumas coisas, mas eu não conseguia escutar nada, olhei para ele e desmaiei. Acordei dois dias depois, estava na enfermaria com Maria, Thiago e Ana ao lado da cama.
– Como esta sua perna? – perguntei á Maria.
– Está bem melhor, não sinto mais dores. – Ela deu um sorriso contido.
Ana e Thiago também sorriram, nesse instante chega Quíron e os mandou sair, pois ele queria conversar comigo. Sentei-me na cama e ele começou.
– Primeiramente, você não deveria ter feito aquilo. – ele disse.
– Não consegui controlar a raiva quando vi o que ele havia feito com ela. – me desculpei
– Tudo bem, não podemos reverter os acontecimentos, mas você irritou Hades e ele não vai perdoá-lo. Eu não aconselharia a ninguém despertar a aversão do senhor da morte, pois ele pode fazer mais do que matar, você sabe bem disso – continuou Quíron.
– Tomarei mais cuidado com a escuridão a partir de agora! – respondi a ele, com um humor comedido.
Quíron deu uma grave risada – Sim, sim... E, mais um detalhe mais importante: você pode ser forte, prole de Apolo, mas é só um semideus. Deuses e seus antepassados, por sua vez, são bem mais experientes. E o tempo está a favor deles, de certa forma.

Enquanto você perde vivacidade com o passar dos anos, eles têm a eternidade para descobrir meios de se fortalecerem. Pense nisso.
Levantei-me da cama e saí da enfermaria.

Próximos à porta, filhos de Hades me lançavam olhares de ódio.

Thiago veio ao meu encontro e me deu uma tesoura e disse que era um presente, peguei a tesoura e puxei as duas pontas dela e elas transformaram-se em duas adagas gêmeas, uma de bronze celestial e a outra de paládio, com 60 cm cada.
– Thiago, não precisa, já tenho uma adaga. – disse a ele.
Ele me mostrou minha adaga, estava quebrada no meio.
– Você a quebrou quando bateu na árvore. Tome-a de volta e guarde-a como recordação do dia em que você enfrentou um deus- Thiago sorriu e me entregou a adaga que ainda possuía o sangue do Rodrigo.
Uni as duas espadas de novo e elas voltaram a ser uma tesoura, guardei no meu bolso e Thiago e eu continuamos conversando sobre nossos estranhos sonhos.


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