Eu não estava acreditando naquilo. Alphonse... Ele se dizia inútil e se sacrificou pelo irmão. Mas não precisava ter morrido! Droga, droga! As coisas estão muito fora do controle. Al morreu. E pelo tanto de sangue que o Edward está perdendo, não sei se ele vai ficar bem. Droga, perder um braço. Eu fiz o cara perder o braço!

- Al... – Edward começou a dizer entre seus soluços e choros - ALPHONSE!

Ele estava de joelhos chorando e sangrando. Com o braço esquerdo que ainda tinha, ele socava o chão soluçando o nome do Al.

A Shadow soltou seu urro aterrorizante e eu tampei os ouvidos. Aquilo me irritava muito. De repente Ed parou de chorar. Começou a se levantar.

- Você... Matou... – ele disse e se levantou – Você matou o Al... VOCÊ MATOU O ALPHONSE!

Quando o Ed gritou aquilo, algo quente tomou o lugar. Essa sensação expulsava toda a frieza da Shadow. Uma forma começou a aparecer atrás do Ed. Era um garoto (pelo menos tinha a estatura baixa do Ed) branco. Parecia ser feito totalmente de energia. Não tinha cabelos, olhos, boca, nariz e nem roupas. Era apenas um garoto branco feito de energia. E então ele sorriu. Um sorriso maléfico que cobria de orelha a orelha (se ele tivesse um par de orelhas). E quando o sorriso apareceu o braço direito do Ed começou a se reconstruir. Do ombro até a ponta dos dedos, o braço foi se formando. Na realidade, era um braço de ferro. Pelo o que eu via era bem complexo.

Ed parou de sangrar e olhou para o próprio braço. E depois encarou a Shadow.

- Eu vou te vingar Al! – gritou Ed e partiu pra cima do monstro negro.

- Ed! Para com isso! – falei, ainda paralisado sem conseguir me mexer.

Ele não me escutou. Aquele idiota! Ele continuou correndo em direção da Shadow, a figura do garoto branco o seguindo, flutuando. Novamente a Shadow atacou com dois braços. Um por baixo e o outro por cima. Ele defendeu o que vinha por cima com o braço de ferro. Nenhum arranhão. Já o braço que vinha por baixo... Arrancou sua perna esquerda com a mesma facilidade que arrancou seu braço. Esse cara não tem juízo! Droga! Ele vai morrer!

Ele perdeu o equilíbrio. Começou a cair. Antes de tocar ao chão, o garoto branco sorriu novamente e a perna esquerda do Ed se reconstruiu em uma nova perna de ferro. Se continuar assim, ou ele morre ou vira uma armadura.

- Edward! Deixa de ser idiota! – gritou Sasuke.

Sasuke estava vivo. Olhei para ele. Um filete de sangue saia da testa e escorria pela cabeça. Mas parecia bem. O que acontecerá conosco agora?

- Não acabou ainda! – Edward gritou. Ele se equilibrou com a nova perna. – Agora eu acabo com você!

Ele pulou. Bem alto até. Aquela perna estranha era mesmo muito forte. A Shadow criou mais dois braços. Agora todos estavam indo em direção ao Ed. Mas não chegariam a tempo. Ed estava caindo. Ele fechou sua mão direita de ferro e puxou para trás.

- ENGOLE ISSO! – gritou Ed enquanto socava a mascara da Shadow.

O soco rachou a mascara. Ela se quebrou e a forma negra começou a se desfazer. Rapidamente uma nuvem negra se formou e sumiu. Tudo que tinha no lugar agora era o Alphonse! Ele estava vivo! Não... Era somente uma forma azul do Al. Sua alma? Era o que parecia. Sua forma azul estava ali e começou a se desfazer, igual a matéria negra da Shadow.

- Al! – disse Ed, que corria para o seu irmão. Ele o abraçou, em vão. Seu corpo atravessou o Al. Então era mesmo somente a alma.

- Ed... Me desculpe. Mas você é mais valioso do que eu. – disse Al, com seu sorriso inocente. – Olhe só pra você. Você tem um braço irado agora. Capaz de matar monstros. Você é mesmo demais.

Edward chorava mais. Agora que a Shadow não estava mais ali, eu conseguia me mexer. Fui chegando mais perto, o Sasuke também. Eu estava irritado e com vergonha. Eu fui o mais inútil de todos.

- Al. Não diga isso. Você está vivo. Está aqui! – disse Ed, querendo que aquilo fosse verdade.

- Olhe pra mim Ed. Sou só uma alma... Estou até desaparecendo... Já deu pra mim Ed. – Al sorriu com seu sorriso inocente. Mas eu podia sentir sua tristeza.

O semblante do Ed mudou. Ele ficou bem sério. O garoto branco flutuante sorriu maleficamente novamente e Ed juntou as palmas das mãos.

- Ainda não acabou para ninguém!  Volte pra nós Al! – gritou Ed.

Pés de ferro começaram a se formar. Assim como o braço e a perna do Ed, essas peças eram muito bem trabalhadas e detalhadas. Depois as pernas e o peitoral começaram a surgir. Isso com a alma do Al no meio. Por fim, a armadura se fechou com o capacete. Os olhos eram totalmente preto e de repente uma luz branca se acendeu.

- O que é isso? – disse a armadura, com a voz do Al um pouco rouca e abafada. Como se ele falasse de dentro da armadura mesmo. – Eu... Estou vivo novamente?

Ele começou a se mexer, como se não acreditasse que estava se movendo novamente.

- Você conseguiu Ed! Derrotou o monstro e me reviveu! – disse Al dando um abraço no Ed.

- Al! Al! Você é um gigante de aço agora! Isso dói! – gritou Ed em desespero ao ver seus ossos quase sendo esmagados.

Eu ri. Em uma situação daquelas eu ri. Embora estejamos todos vivos, Ed perdeu um braço e uma perna para sempre. E o Al... O corpo. Ele teria que ser uma armadura de ferro de dois metros daqui em diante... Era realmente triste.

- O que é essa armadura? – alguém perguntou atrás de mim. – O que aconteceu aqui?

Era Arisato. Atrás dele estava o garoto de boné e barbicha que dizia ser o Junpei e uma garota loira que tinha uma arma em vez de mão!

- Uma Shadow enorme apareceu. Edward e Sasuke tentaram derrota-la, mas... Edward perdeu o braço e uma perna. Um garoto branco feito de energia apareceu e recriou os membros dele. Depois, ele criou essa armadura e prendeu a alma do irmão dentro.

- Vocês tentaram derrotar uma Shadow enorme apenas com as mãos? – disse Junpei arrumando o boné. – Cara, vocês são malucos! Sorte de vocês terem uma persona prática assim.

- Uma Persona? – disse Sasuke se aproximando - Aquele garoto branco que apareceu no Ed era uma Persona.

- Sim. E pelo visto tem um poder bem interessante – disse Arisato.

Ouvi um latido vindo de fora da escola. Quando olhei, vi um cachorro branco e três garotinhos.

- Ken-kun está vindo com o Koro-chan. – Disse a garota loira com uma voz meio robótica.

O garoto que vinha na frente balançou a lança que estava segurando.

- OIIIII! Demorei, mas cheguei Arisato! – gritou o garoto com um sorriso no rosto.