Devia haver vários pensamentos em sua mente. Coisas nada boas, com certeza. Por mais que eu entenda que ela deva ficar sozinha, eu não ia conseguir.

Resolvi ir contra todos os meus pensamentos de deixa-la sozinha. Sai da cafeteria e iria atrás dela. Senti um frio enorme. É, acho que esse será um dos invernos mais rigorosos de Liverpool.

Reparei quando Alie foi embora, ela virou pra esquerda, ou seja, só havia duas opções. Ou iria para o parque, ou para casa. Eu precisava encontra-la lá, acalma-la, conversar e tomar um chocolate quente.

Ela não estava nada bem, e eu sabia disso. Seu coração estava em cacos, e eu precisava estar com ela, precisava cuidar dela.

Deduzi certo mais uma vez. Assim que entrei no parque, lá estava ela. Linda como sempre. Estava indo em direção à ponte que passa por cima de um pequeno lago - nem tão pequeno assim, sua extensão deve medir uns 15 metros. -, que por algum milagre, não estava congelado.

Apertei os passos, e fui ao seu encontro. Acho que ela me escutou, pois, assim que cheguei perto, ela olhou pra trás e me deu um belo sorriso.

Até agora eu não tinha percebido, mas aquela touca verde fazia um ótimo contraste com os seus olhos – que também eram verdes. E para constar, estavam lindos hoje. Eram de um verde escuro nas bordas, e quanto mais perto estivesse da pupila, mais claro ficava, até se tornar quase branco.

Nunca tinha reparado tanto em sua beleza . Alícia realmente é muito bonita. Ela sempre disse se achar feia, mas é linda. Olhos verdes, cabelos médios, enrolados e loiros, um corpo de dar inveja – sim, Alie era esbelta, corpo violão, sabe? – e um seu sorriso, o mais encantador que já vi.

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Estamos no inverno as temperaturas estão bem baixas e tem nevado durante todo o dia. Mas mesmo assim o lago do parque não estava congelado. Isso era bom, gosto de ficar olhando os peixes nadando. Isso me acalma.

Escutei alguns passos rápidos, me virei e era Dexter. Tudo bem, eu não queria ninguém perto de mim agora. Queria ficar sozinha. Mas era o Dex. Meu melhor-amigo há tempos. Sempre que eu precisei, ele estava perto de mim. Ele sabia me acalmar, e, se eu tivesse que ter alguém ao meu lado agora, queria que fosse ele. E antes da minha necessidade de estar sozinha, vinha uma vontade de estar perto de alguém conhecido. Alguém que me escutasse, que me ampare-se. E ninguém melhor do que ele. Um abraço quente não cairia mal.

Jason.

Assim que Dexter chegou bem perto de mim, lembrei-me dele. Dexter além de ser o meu melhor amigo, homem. Era o melhor amigo de Jason. Merda. Já estava chorando.

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Quando estava bem perto dela, ela começou a chorar. Não tive outra reação a não ser abraça-la. Alie afogou seu rosto em meu peito e chorou durante uns 15 minutos. Até que eu resolvi falar.

– Alie, não fica assim. Ele não te merece. Por favor, pare de chorar. - Podia não parecer, mas vê-la chorando estava partindo o meu coração. A desencostei do meu peito, coloquei minhas mãos em seu rosto e o levantei, pra que ela olhasse em meus olhos.

Alie sempre foi a minha melhor amiga - que é uma mulher. Sempre que eu precisei ela esteve do meu lado. Sempre. Há dois anos quando os meus pais morreram, a única pessoa que soube e conseguiu me acalmar foi Alie. Pode não parecer, mas eu a amo muito. Muito mesmo.

Quando eu descobri que o Jason estava a traindo a minha vontade foi quebrar a cara dele. Mas eu não o fiz. Eu preferi não me irritar naquela hora, podia ser muito pior. Preferi conversar.

Jason disse que não ia mais trai-la e blá blá blá. Mas só isso não adiantava, não bastava. Disse que ele precisava contar a ela o que tinha feito. Ele disse que não faria isso, afinal ele só havia a traído uma única vez e ela não iria aceitá-lo novamente. Mas mesmo assim continuei conversando com ele, tentando convencê-lo de contar toda a verdade. Até que finalmente ele concordou comigo e disse que iria contar tudo, assim que a encontrasse.

Ele mentiu pra mim, disse que tinha contado pra ela, e que ela tinha levado numa boa. Mas nós estávamos falando de Alícia Jackson. Ela nunca é de levar desaforo para casa. E eu não precisava perguntar para Annebeth e muito menos para Jasmine, ele não havia contado pra ela.

A partir daquele dia, prometi a mim mesmo, que se ele continuasse a traindo, eu mesmo contaria, e bom, digamos que foi o que aconteceu.

Fui obrigado a contar a ela. É, Jason partiu mais um coração. Mas era o certo a fazer. Agora, ela chorava em meus braços, e parecia que nunca mais ia parar.

– Ok, eu posso até parar de chorar. Mas não vai ser por ele e nem por ninguém. Vai ser por você, Dex. Porque você não merece ficar me vendo chorar. - Disse ela, secando as lágrimas com a blusa como havia feito na cafeteria. Depois, colocou sua mão macia e delicada em meu rosto.

– Olha Alie, eu realmente não mereço te ver chorar. Porque você sabe muito bem o quanto isso parte o meu coração. Mas uma coisa eu tenho que te dizer: O Jason é um idiota. Um babaca metido à play boy. O cara tinha a menina mais linda nas mãos dele. Te namorava e ainda tinha o seu amor. E o que ele fez? Pegou esse amor, jogou-o no chão e pisoteou. E foi trai-la com a vadia mais desclassificada que existe na face da terra. Ele pode ser o meu melhor-amigo, mas é um idiota. Ele não sabe a menina linda que perdeu, Alie. E ele não merece nenhuma lágrima sua. Não merece o seu amor, seus beijos, nada. Nada que venha de você ele merece.

Ela me abraçou, mas foi um abraço gostoso, quente e terno. Um abraço maravilhoso, que eu nunca havia recebido antes, nem mesmo dela.