Narrado por Carrie:

Cheguei á Argentina há três dias, é um lindo lugar. Me hospedaram em um dos melhores hotéis do país. O meu agente chegaria só daqui a uma semana então eu tinha que me virar com o pouco de espanhol que aprendi na escola. Dentro do hotel eu podia falar no meu inglês normal, todos os funcionários deviam saber pelo menos 2 línguas pra trabalhar ali, então todos falavam inglês também.

Desci até a recepção e pedi que me informassem o endereço de alguma livraria por perto, a moça que se chamava Roberta, disse que havia uma ótima próxima a sua casa, mas era muito longe. Então me deu o endereço da que ficava a 2 quadras dali.

Sai do hotel e ainda era fim de tarde, precisava ler um pouco já que a minha mente estava bloqueada e eu não conseguia escrever nada desde que cheguei ali.
Entrei na pequena loja e um sino acima da porta anunciou a minha chegada, sempre achei aquilo muito peculiar e se um dia eu tivesse uma loja do que quer que fosse, teria algo assim.

A livraria era simples, mas muito bonita. As estantes estampadas de livros me chamavam atenção, fui ate o fundo da loja e percorri os olhos pela prateleira mais baixa, eu sempre encontrava ótimos livros mais abaixo. Fui andando abaixada, oque fazia meu corpo doer um pouco. Quando levanto com um exemplar na mão, sinto um peso sobre a minha cabeça e percebo que derrubei os livros de alguém e alguns objetos da minha bolsa . Peço lhe desculpas e recolho todos os livros que posso enquanto guardo minhas coisas.

-Eu sinto muito mesmo, não foi a minha intensão – digo a garota.

-Tudo bem, eu estava distraída.

Entrego-lhe seus livros e ajeito a bolsa em meu ombro, ela sai e vou até o caixa.

Volto para o hotel, mas estou cansada de ficar naquele quarto. Vou para o bar e sento em uma das mesas vazias, abro o livro e devoro os três capítulos sem parar. Não sei quanto tempo durou, mas eu estava com sono e decido subir.
No elevador o meu celular toca. Caio, meu agente.

-Oi minha linda – ele diz empolgado, boa coisa não é.

-Oi Caio, oque foi agora?

-Tenho uma noticia boa e outra ruim, qual você quer ouvir primeiro?

-Começa pela ruim.

-Você vai ter que pegar um avião pro Brasil amanhã, a agencia mudou o destino e você tem aprender pelo menos um pouco de português.

-Não é tão ruim assim, qual é a boa?

-O cachê vai aumentar.

-Ótimo.

-Só isso? Ótimo?

-Oque mais você quer? Que eu grite de alegria?

-Pelo menos isso. Você ia ganhar uma fortuna e agora vão aumentar.

-Hum.

-Você é muito estranha.

-Você não ganha pra dizer oque eu sou. Até mais .

Desligo o telefone e já estava no meu quarto. Começo a rir muito, era muito divertido zoar o Caio.

Ligo pra recepção e Roberta me atende.

-Sim senhorita.

-Roberta minha querida, aqui é a Carrie. Quero que me faça um favor.

-Pode pedir – percebo o sorriso em sua voz.

-Você poderia marcar um voo pra mim para o Brasil o mais rápido possível?

-Ah, claro. Mas você já está indo embora? - ela pareceu desanimar com a ideia, tadinha.

-Sim, tenho trabalhos a fazer no Brasil.

-Tenho certeza que sim, vou providenciar sua passagem. Talvez esteja disponível para amanhã no meio da tarde.

-Ótimo, muito obrigado.

-Mais alguma coisa?

Será que devo? Ou seria muita ousadia?  Ah, que se dane.

-Que horas você sai?

-Como assim Srtª?

-Carrie, me chame de Carrie. Quero saber que horas acaba o seu expediente.

-Daqui a meia hora, por quê?

-Você quer tomar alguma coisa comigo?

-Não podemos nos envolver com hospede Carrie.

-Eu posso mudar de hotel se quiser, só não me deixe passar meu último dia nessa cidade sozinha.

-Não precisa, me encontre na frente do hotel em 1 hora.

-Combinado, até mais Roberta.

Desligo o telefone. Entro na banheira e relaxo, hoje terei um encontro.

***

Meio-dia, acordo com um peso sobre mim. Olho pra baixo e vejo uma montanha de cabelos loiros . Roberta.
Me esforço um pouco pra não ri, eu nem acredito no que tive coragem de fazer. Fui pra cama com a recepcionista do hotel e nem a conheço direito, mas tudo bem. Ela é ótima de cama.

Afasto-a de mim e olho garota argentina ao meu lado, bonita, atraente, inteligente e muito sexy. Era disso que eu precisava.
Inclino meu corpo ficando sobre o seu e lhe beijo. Começo devagar esperando ela despertar. Suas mãos começam a explorar o meu corpo nu e esse foi o sinal que eu precisava.

-Bom dia! – ela diz quando me afasto.

-Ótimo dia! – beijo-a de novo, fazendo-a gemer em meus lábios quando toco em seus seios

-Você sempre acorda com esse fogo todo? – pergunta e desço meus beijos para o seu pescoço.

-Normalmente não, mas que culpa se você me faz incendiar.

Ela ri alto.

-Bom saber, quer tomar banho comigo?

-Vamos –levanto da cama e puxo-a até o banheiro.

***

Entrei no avião com o corpo ainda cansado, não faz nem duas horas que sai da banheira com Roberta ainda agarrada em mim. Tenho certeza que meu corpo esta todo marcado por ela, então espero que eu não tenha que fazer nenhuma foto de biquíni por enquanto.
Sento no meu acento, que infelizmente não é na janela. Uma garota loira já esta sentada mas de cabeça baixa. Tiro o Iphone da bolsa e ponho os fones antes de escolher a musica, mas escuto os soluços da garota ao meu lado.

-Você está bem, menina? – pergunto a ela.

Ela me olha e seus olhos cheios de lagrimas me partem o coração.

-Não, eu não estou bem.

-Oque foi? Você tem medo de avião? – pergunto a primeira coisa que passa pela minha cabeça e toco seu braço.

-Não, eu já sou acostumada a viajar de avião. O problema é comigo e o meu coração quebrado.

Ela começa a chorar ainda mais e baixa a cabeça outra vez. MERDA, oque eu faço?

Sem pensar muito, limpo suas lagrimas e tento sorrir pra ela quando seus olhos azuis me encaram.

-Você fala muito bem inglês, de onde você é? – pergunto tentando distrai-la.

-De todos os lugares, passo muito tempo viajando – ela limpa os olhos.

-Uma menina tão jovem como você, deve ser difícil.

-E é, ainda mais quando criamos laços.

-Eu entendo, deixei muita gente que amo.

-Qual o seu nome? – ela limpa o rosto com a manga da blusa e põe o seus grandes óculos.

-Meu nome é Carrie, e o seu? – olhando melhor, ela fica muito fofa com esses óculos.

-Me chamo Rosie Kinderly, prazer – ela sorrir pela primeira vez.

-O prazer é todo meu – sorriu de volta involuntariamente.

Olho a pulseira em seu pulso e os pingentes brilhantes me chamam atenção.

-Oque é isso? – pergunto tocando seu braço.

-A pulseira da minha mãe. O meu pai me deu há um mês, mas hoje de manhã eu percebi que falta um pingente.

-Qual?

-Devia formar o nome dela, Alicia. Pedi o “C”.

Abro minha bolsa e tiro o objeto prateado lá de dentro.

-É essa?

Ela me olha surpresa e pega o pingente.

-É, como conseguiu?

-Ontem eu fui á uma livraria, e acabei esbarrando em alguém. Isso foi parar dentro da minha bolsa.

-Então foi você.

-Eu oque?

-Você que esbarrou em mim.

-Eu não, foi você que esbarrou em mim – faço uma cara de indignação e depois riu.

-Tanto faz, muito obrigado.

-Não tem de quê.

-Mas quero algo em troca – ela me olha confusa.

-Oque?

-Que você tome uma água de coco em Ipanema.

Ela rir novamente.

-Claro será ótimo ter alguém pra conversar, meu pai é ocupado demais.

-Espero não arrumar problema saindo com a filha do Sr Jonh Blackyn.

-Como sabe que sou filha dele?

-Vocês tem os mesmos olhos, e seus cabelos são iguais os de Alicia. Eu conheci sua mãe e tenha certeza que ela amava muito você.

-Mas como? Onde? – a pobre garota parecia ainda mais confusa.

-Em Ipanema eu te explico tudo.

Ela sorrir e ajeita os óculos.

E mais uma vez, eu e minha mania de me interessar em pirralhas. Mas oque eu teria a perder?

Uma nova garota

Uma nova cidade

Um novo livro

Um novo começo

É disso que nós duas precisamos.