A escuridão cairá sobre os desolados...

(-Autor desconhecido)

Porque ao cair da noite esse arrepio bate forte dentro de mim? Por que toda noite não durmo tendo pesadelos constantes com esse ser, se é que pode ser chamado ser? E a pergunta principal, porque eu?

Mais um dia chuvoso o que é normal nessa cidade! Retirei-me da cama e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal. Desci e dei de cara com a minha mãe na correria, como sempre...

-Bom dia!- disse sentando-se a na mesa para tomar café. Mas ela andava pra lá e pra cá sem descansar, parecia preocupada com algo- Tem algo de errado mãe?- perguntei já preocupada.

-Sim... Ér não! Não filha, não se preocupe, ele vai ficar bem!- ela deixou esse "ele" escapar sem querer e logo percebeu, mas tentou disfarçar.

-Ele? Ele quem?

Ela deu um longo suspiro e sentou-se a mesa.

-Katherine, hoje de manhã recebi um telefonema do Hospital, que na verdade era a mãe do Jake... Ele foi atacado por um tipo de animal ou seilá, não sabemos ainda!

Meu coração paralisou e na hora quase não respirei.

-O Jake está bem? Como ele está? Quero vê-lo. Tenho que vê-lo mãe!- disse desesperada enquanto me levantava.

-Calma Kathe, o Jake ainda está UTI e não pode receber visitas! E filha, o caso dele não está nada bem!

-UTI? Mas UTI é para quem está... -ela me olhou e abaixou a cabeça-Morrendo! -pude sentir pela primeira vez a dor da perda. Esse sentimento que invade seu coração o devasta com pura tristeza! Jake era o meu melhor amigo desde barriga da minha mãe, crescemos juntos... Vivemos todas as nossas emoções juntos. Nunca nos separamos... Até hoje!

Só consegui subir para o meu quarto e chorar. Chorei igual uma criança que perde sua primeira boneca ou seu carrinho... Mas eu tinha perdido mais do que uma boneca ou um carrinho, perdi meu melhor amigo! O meu confidencial á quase 18 anos...

Contive-me um pouco e desci outra vez.

-Filha eu sin... –ela foi interrompida pelo seu celular tocando- Peraí!

-Já estou acostumada mãe... –disse baixo e sentando-me no sofá.

-Como aconteceu isso? Ele não estava na UTI?!- ela disse desesperada- Mas como isso pôde     acontecer?! Estou indo já para aí!- ela disse e desligou o celular- Filha eu vou ter que ir para o Hospital urgentemente!- ela disse já pegando seu casaco e bolsa de uma só vez.

-Oque aconteceu?- perguntei preocupada.

-O corpo do Jake... Simplesmente sumiu!- só escutei a porta batendo e depois o carro saindo. Como isso é possível? Num instante o corpo do seu amigo estar quase morrendo e no outro ele desaparecer no nada?! Subi para meu quarto e deitei-me na cama. Sábado... Nem está parecendo um sábado, mas parecia um Domingo à tarde. Aquela brisa bate no seu rosto só para te lembrar de que hoje é um dia ruim e que sempre será um dia ruim daqui em diante!

Pousei-me na minha poltrona e fiquei olhando as pessoas da rua passando. Estava meio desligada e só acordei mesmo quando escutei a porta de trás batendo. Fui até a beira da escada, mas não havia ninguém a não ser a porta da sala entre aberta...

-Quem está aí?- perguntei assustada. Logo escutei um estrondo vindo da cozinha! Voltei para meu quarto e voltei a sentar na poltrona...

-Brisa boa não?!- Levei um susto com essa voz... Virei-me e o vi sentando na beira da minha cama sorrindo! Fiquei paralisada e o observando. –Que foi? Viu um fantasma?!- ele riu.

-Quase... To vendo o corpo do meu melhor amigo que sumiu do hospital, e que por acaso estava morrendo, bem na minha frente! –disse e ri. Não sabia se ficava com medo ou se ficava feliz!

-Eu sei. Mas é que eu fiquei preocupado com você! Eu não podia ir e te deixar assim né?!- ele riu.

-Mas como aconteceu isso? Quero dizer, você estava morrendo!- disse preocupada e desesperada ao mesmo tempo.

-Não sei, só acordei e vim até aqui!- ele disse vindo à minha direção- Seilá, uma hora dor e morte e na outra alegria e vida!

-Mas como isso é possível Jake?! Olha só para você... –o olhei de cima a baixo e só agora fui reparar que ele estava com roupa de hospital. Caí na gargalhada- Está sem roupa por baixo?!

-Estou... Quer ter certeza?- ele disse colocando minha mão em seu peito. Só que ele foi descendo...

-hey hey hey!- disse me afastando e rindo- Voltou da morte e está todo safadinho né?!

-Desculpa Kathe!- ele abaixou a cabeça.

-Tudo bem! A, me deixa ver o seu machucado para ver se precisa de curativo!- cheguei perto dele e quando fui ver, não tinha marca, nem sangue nem nada. Só um pescoço normal!- Mas...?!

-Oque foi?!

-Não tem nada aqui!- disse perplexa- Jake, isso está muito estranho!

-Uhum!-ele concordou-Bom, acho que vou lá avisar para todos que eu estou bem!

-Ok!- fui abraça-lo. Parece que não sentia esse abraço á décadas!

-Hey, que cheiro bom é esse?!- ele se afastou, saiu do quarto e depois voltou- O cheiro está aqui dentro!- ele cheirou tudo, cobertor, travesseiro, perfumes e etc.

-Oque você está procurando?- disse rindo. Ele olhou para mim e se aproximou do meu pescoço.

-Você está de perfume novo? –ele não parava de cheirar meu pescoço- Tem cheiro de... Seilá, mas eu estou com vontade de te morder!- ele riu e se afastou- Ér acho que eu vou indo! Mas mais tarde eu e você vamos sair!- ele disse e se virou para sair.

-Jake... –ele se virou para mim- Ai na minha primeira gaveta tem uma cueca, calça e uma blusa sua!- disse ri- Vai se trocar!

-É verdade!- ele pegou e foi para o banheiro se trocar- Katherine corre aqui!- ele gritou depois de alguns minutos. Saí correndo para ver oque era.

-Oque aconteceu Jake?!- perguntei preocupada. Mas ao ver ele apenas de cueca Box...

-Olha isso... –ele apontou para as cochas dele. As veias estavam extremamente inchadas e começou a se espalhar pelo resto da perna. Logo os braços também ficaram assim! –Mas que merda é essa?!- ele estava completamente assustado. E eu também! Comecei a me afastar dele, com medo- Kkathe... Você está com medo de mim?- ele perguntou se aproximando, sim eu estava com medo! Ele se aproximava e eu me afastava.

-Lógico Jake!- disse com a voz fraca- Uma hora você está morrendo no hospital e na outra está aqui bem na minha frente. Tá, mas isso não é normal! Olha você... Está parecendo que está morto! Sua pele, sua voz... E tambem está parecendo uma pedra de gelo Jake!

-Mas eu não tenho culpa disso estar acontecendo! Kathe, não tenha medo de mim! Eu sou incapaz de te machucar ou ferir- ele disse bravo.

-Jake... –abaixei a cabeça.

-Sei que é impossível não ter medo de quem voltou dos mortos e está parecendo um zumbi ambulante. Mas eu continuo o mesmo Kathe... O mesmo!- ele disse de cabeça baixa. Ele voltou para o banheiro e depois de alguns segundos ele saiu trocado- Eu to indo, até logo!- ele sorriu e foi embora.

Sentei-me na beira da cama e passei o resto da tarde assim... Até minha mãe chegar é claro!

-Ele veio aqui?-ela perguntou desesperada ao entrar no meu quarto.

-Mais cedo veio sim!- sorri- Porque?

-Não quero mais que você veja ou ande ou qualquer coisa com o Jake! Ele é perigoso!

-Como assim de uma hora para a outra você não quer mais que eu veja o Jake?! Ele é meu melhor amigo há anos, porque eu deixaria de ser amiga dele agora?

-Filha... Eu não queria te contar mais, sabe aquelas pessoas que fica na praça o dia todo?! Então, uma delas afirma ter visto o Jake matando uma pessoa num beco. Os pais da garota veio dar queixa de desaparecimento, mas não podem prendê-lo porque é quase impossível saber a verdade! Só quero que você não ande mais com ele... Por favor, Kathe!- ela disse e saiu.

Matar é uma coisa que o Jake jamais faria, ele não machucaria nem uma mosca! Ou machucaria?!

Fui desesperadamente para a casa dele ver se ele estava lá. Toquei a campainha mais de cinco vezes mais ninguém abria.

-Jake!- olhei para a janela dele no alto- Jake é a Kathe! Abre aqui!

A porta se abriu mansamente e pude ver os olhos inchados da Sr. Clair