Espuma escrita por Ingryd Barboza


Capítulo 1
Capítulo Único - Espuma


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste, desejo-lhe uma boa leitura!



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Espuma.

 

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A água estava morna, preenchia boa parte da banheira, chegando, às vezes, a escapar pela borda; junto a ela havia espuma, essa constantemente flutuava pelos ares, embalada pelo sopro de Reira. Ora ou outra, chegava até meu rosto, envolvendo-o em um aroma adocicado, divertindo certos lábios rosados, tão atraentes.

 

– Shin, você gosta de espuma? – Abriu um sorriso sinuoso.

 

– Não sei, nunca parei para pensar nisso. – Traguei meu Black Stone. – E, você... Gosta? – Revidei por mera cortesia.

 

Ela não disse nada, apenas envolveu espuma entre as duas mãos, observando-as minuciosamente. Os olhos transbordavam melancolia, enquanto os lábios, retorcidos, mostravam um sorriso. Reira, mais uma vez, estava envolta em seu próprio mundo, longe, fora de alcance.

 

– Eu gosto... – Por fim, decidiu responder. – A espuma é tão frágil e ao mesmo tempo tão bela, me proporciona uma sensação de conforto, parecendo me proteger. – Soltou um fraco sopro. – Porém, um leve sopro faz ela se desintegrar, caracterizando-a como algo passageiro, sem volta. – Mergulhou ambas as mãos.

 

Em seguida, seus olhos giraram pelo banheiro, parando apenas sobre um relógio. Soltou um suspiro, parecia não gostar do que havia visto. Logo se levantou, seu corpo estava coberto de espuma, essa que fora abafada por seu roupão.

 

– Hora de ir. – Agachou-se ao meu lado. – Tenho que descansar para o próximo show. – Dito isso, seus lábios colaram-se aos meus.

 

– Certo. – Sorri, ela retribuiu. Instantes depois, Reira já cruzava a porta do banheiro.

 

Sequei-me e, aos poucos, fui vestindo minhas roupas. Meus olhos estavam fixos sobre a banheira, sobre a espuma. Tive a mesma reação que presenciara a pouco, melancolia, sufocante e inevitável.

 

Ao terminar, me dirigi até a cozinha. Minha cliente estava a esperar, ela e o devido pagamento.

 

– Já disse que não irei aceitar. – Encarei-a irritado.

 

– Não faz assim. – Me abraçou enquanto deslizava a mão sobre minhas costas, chegando a seu objetivo, o bolso de minha calça. – Posso te chamar outro dia? – Seus olhos estavam tristonhos. Apenas assenti.

 

– Reira? – Me virei, encarando-a pela última vez, ao menos nessa noite. – Não gosto de espuma. – Finalmente, lancei-me ao corredor. Deixando para trás uma relação passageira, frágil, inconsistente feito espuma.

 

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Fim.


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Notas finais do capítulo

Comentários me fariam feliz, há.