Saimos eu e o Cê do carro. Hora nenhuma ele soltou a minha mão e isso só fez eu ficar mais apreensiva...

O combinado era: Eu ir de avião até Madri sozinha, enquanto a minha tia me esperava no aeroporto de lá.

Mas eu não queria ir.

Queria ficar aqui, com quem amo...

Quando vi que faltava 10 minutos pra o avião decolar, olhei tristemente nos olhos do Cê, que me olhava como alguém que pedia pediedade pra não morrer. Aquilo só me apertou mais.

_Você sabe que talvez a gente nunca mais se veja não é ?--ele me perguntou--

_Eu sei...--eu disse com a voz falhando--

Nos abraçamos e não consegui ficar sem derramar as lágrimas que estavam querendo cair. Ele fez o mesmo. Nos beijamos e eu sabia que esse era o nosso pior beijo...

O beijo da despedida.

Novamente anunciaram que o voô sairia em 5 minutos.

Nos olhamos e eu pude ver que seu olhar não tinha esperança mais.

_Eu te amo!--eu disse --

Ele ficou um pouco surpreso de primeira, mas logo falou:

_Eu também te amo...--ele me deu um selinho--

Eu peguei minha mala e sai arrastando sem querer olhar pra trás, porque sabia que se olhasse não ia conseguir ir... Então entrei no avião sem olhar pra trás.

Entrei e sentei no meu lugar. Fiquei olhando pela janela ainda derramando lágrimas que eu não conseguia conter. Acho que nunca chorei tanto na minha vida. Fiquei tentando ver se conseguia achar o Cê, mas não achei.

Foi aí que me toquei.

Ele fez o mesmo que eu...

Não olhou pra trás.

Me doeu chegar a essa conclusão, mas eu sabia que era verdade. Uma hora a gente teria que esquecer um ao outro... Nem que fosse pra sempre.

Quando o avião decolou cai no sono. Assim que vi que tinha chegado, me bateu um desespero e uma tristeza. Mas eu já estava em Madri.

Peguei minha mala e procurei a minha tia.

Não demorou muito para achá-la.

_Oi tia!--eu disse a abraçando--

_Oi querida!--ela me abraçou forte--

Minha tia sempre foi muito boa pra mim. Mas a gente não se vê desde os meus sete anos, pois ela teve que se mudar para Madri. Ela concerteza foi uma mãe que nunca tive quando criança. Hoje ela já tem seus 56 anos. Ela é bem mais velha que minha mãe, que é irmã dela.

Fomos para a casa dela, que era grande e bonita. Nunca tinha vindo a Madri, mas é muito bonito. De frente pra casa da minha tia, tinha um parque muito bonito. Fui para a sacada do meu quarto ver.

_É lindo não é ?--ela me perguntou--

_Ah... Sim! Muito...--eu suspirei--

O parque me lembrava o Cê... Na primeira vez que fomos lá...

_Esta tudo bem querida ?-- minha tia perguntou preocupada--

_Não tia...--eu respondi olhando a praça--

_Eu sei que é difícil você se mudar tão repentinamente pra cá, mas saiba que vou estar aqui para tudo...--ela segurou a minha mão--

_Obrigada tia...--sorri para ela--

_Se prescisar de mim, vou estar lá em baixo assando um bolo!--ela disse animada--

_Hum...Que delicia!--ri da sua cara de felicidade--

Fiquei um bom tempo observando Madri...era realmente muito bonita... Vi uma menina caminhando com um livro por lá. Pensei em ir falar com ela, afinal, acho que seria bom pra mim fazer amizades.

_Onde vai querida ?--minha tia perguntou--

_Na praça! Já volto pra comer o bolo!

Fechei a porta e fui até a praça. Não sabia muito bem como falar com a menina... Eu sabia falar espanhol, mas não sabia como começar a conversa...Mas fui mesmo assim! Ela estava bem concentrada no livro.

_Oi...--eu disse timidamente--

_Ah! Oi!--ela parecia um pouco surpresa--

Foi só aí que reparei que a menina usava óculos, tinha cabelos loiros longos, olhos castanhos e pele clara. Ela parecia um pouco insegura.

_Hã...desculpa, é que sou nova aqui...

_Ah! Sim! Você é sobrinha da Fátima ?--ela perguntou--

_Sou sim!--respondi-- Você conhece minha tia ?

_Bem, minha mãe é bem amiga da sua tia! Então conheço ela há muito tempo!--ela sorriu--

_Nossa... Que bom!--sorri de volta--

_E então, você veio de onde ?--ela me perguntou--

_Brasil!--respondi--

_Nossa! Que legal! Tenho familiares lá.

_Legal! Ai, como sou boba! Nem perguntei seu nome...

_Valentina. E você ?

_Mônica, mas pode me chamar de Mô.

_Tudo bem... Mô, eu tenho que ir pra casa agora, mas adorei te conhecer! Até amanhã!--ela acenou e saiu--

_Tchau!

Entrei sorridente dentro da casa da minha tia. Ela reparou minha felicidade e logo falou:

_Nossa! Que felicidade!--ela disse colocando o bolo na mesa--

_Sim! Eu já fiz amizades!--disse pegando um pedaço de bolo--

_Que bom querida!--ela sorriu--

_Com a Valentina!

_Oh! Eu amo essa menina! Fico muito feliz meu bem...--ela me deu um beijo na bochecha--

Depois de comer fui para o meu quarto! Fiquei pensando em tudo que poderia estar acontecendo no Limoeiro... Eu nem tive tempo de me despedir dos meus amigos, só a Magá que consegui enviar uma mensagem e ela desesperou. Mas não consegui falar come ela.

Peguei meu celular para ligar para o Cê.

Deu na caixa de mensagens...

Fui dormir, pensando: Será que o Cê quis me esquecer tão rápido ?