Rose POV:

Roy e eu acabamos indo até o terceiro, ao invés do segundo que estava com uma movimentação maior do que esperávamos, não era como se alguém estivesse nos seguindo ou algo do tipo, até agora não entendia qual a necessidade de tudo aquilo. Sentamos em uma beirada no canto de um corredor, onde tínhamos vista para os jardins através de uma pequena janela. Um do lado do outro, com as costas apoiadas na parede, Roy ainda tinha seu braço por cima de mim.

– Já pode tirar. – falei para ele. – Não tenho muitos motivos para querer fugir mesmo, até a presença de um estranho deve ser melhor do que voltar lá para baixo onde todos os problemas ainda vão estar me esperando.

– Se isso faz você se sentir melhor. – Roy disse tirando o braço de cima de mim. – Você pode me explicar quais são esses tais problemas, já que temos tempo e estamos bem longe deles, dois andares acima pra ser mais especificamente.

– E porque eu contaria meus problemas pra alguém que eu nunca nem conversei na vida? – perguntei dirigindo meu olhar para a esquerda, a fim de encara-lo.

– Justamente porque eu não te conheço, assim vou poder julgar só a situação e não você. – ele também me encarou.

– E se você sair espalhando para alguém? – perguntei sem tirar meus olhos dos dele.

– E o que eu ganharia fazendo isso? Você nunca fez nada para mim, e eu sei o quão ridiculamente ruim é quando espalham boatos sobre você ou quando alguém quebra sua confiança. – ele parecia sincero. – Você não tem nenhum motivo para confiar em mim, mas também não tem nenhum para desconfiar. – não sei o que tinha me feito ceder, sua voz grave, porém agradável, ou a força que seus olhos faziam sobre os meus, me invadindo com segurança e tranquilidade.

– É que tem esse menino, o Scorpius, Scorpius Malfoy... – e sem perceber, comecei a contar tudo o que tinha acontecido para Roy, dos dois beijos, do que Scorpius tinha dito no trem, de tudo que acontecera entre mim e ele. – Eu só me sinto como uma completa idiota. – então aconteceu, eu, a idiota, deixei uma lágrima escapar.

– Ei ruivinha. – ele disse limpando a lágrima do meu rosto com seu polegar. – Você não fez nada de errado, não tem motivos pra chorar. – ele puxou um frasco de metal do seu bolso e deu um pequeno gole, depois passou o frasco para mim. – Toma, prometo que você vai se sentir melhor, pelo menos por hoje. – sabia que dentro daquilo continha algum tipo de bebida proibida, nunca tinha sido de beber, mas em um único ato peguei o frasco da mão de Roy e virei em minha boca, o gosto do liquido ardeu um pouco em minha garganta, mas mesmo assim tomei um longo gole e depois devolvi o frasco a ele. Mais lágrimas caíram, dessa vez eu estava chorando, sem nem mesmo perceber. Roy me envolveu com seu braço mais uma vez, dessa vez encostei minha cabeça em seu peito.

– Vou estragar suas vestes com minhas lágrimas. – percebi.

– Esta tudo bem, lágrimas não mancham, pode chorar à vontade. – ele disse apertando o braço, fazendo com que eu me sentisse de certa forma, segura. – Scorpius é o único cara que você beijou?

– Sim, o único.

– Se você quiser entender a diferença entre um beijo significante e um não tão significante, nós podíamos nos beijar. – ele sugeriu, de uma forma tão estranhamente tranquila que eu não soube o que pensar.

– As pessoas dizem que você beija muitas garotas, como sei que você não esta se aproveitando da situação? – perguntei revirando os olhos para cima, encarando-o novamente. – Como sei que não estou bêbada? Eu nunca bebo, nunca fiquei bêbada, não sei como isso funciona. – Roy riu.

– Todas as garotas que eu beijei foram significantes, as pessoas preferem pensar coisas sobre mim pelo que ouvem e não pelo que sabem. – ele disse. – Se passassem aqui e nos vissem assim provavelmente pensariam “Finnigan pegando mais uma”, mas não é bem assim, sei quem são todas as garotas que um dia fiquei, sei o nome de todas as elas e a cor favorita de cada uma.

– Devo me preocupar com pessoas passando por aqui? – dessa vez eu ri, nem sabia por que estava rindo.

– Ai é com você. – ele também riu. – Você sabe que não estou tentando me aproveitar da situação porque eu não vou beijar você, vou deixar você me beijar se quiser. – eu levantei meu rosto, já estávamos próximos antes, mas agora estávamos cara a cara, seus lábios a poucos centímetros dos meus.

– Só um beijo? – perguntei e ele afirmou com a cabeça. – Sem compromisso nenhum? – ele repetiu o gesto. – Isso é muito estranho. – e era, mas mesmo assim me inclinei e encostei meus lábios nos dele, ficamos assim por alguns segundos, até o beijo realmente começar. Apesar do jeito forte, os lábios de Roy se moviam calmamente contra os meus, sem urgência e deixando que eu tivesse controle de tudo, não sei se eu gostava de todo esse controle, mas algo me dizia que ele estava deixando propositalmente já que a opção do beijo era minha. Aquilo havia durado provavelmente uns 15 segundos quando eu comecei a pensar em Scorpius, em como era diferente com Scorpius, não sabia explicar, mas imediatamente separei meu beijo e de Roy.

– Você beija bem, Rose Weasley. – Roy sussurrou. – Eu gostei, foi bom, mas de alguma forma, dava de perceber que você não me ama, acho que você percebeu o mesmo. – eu tinha, beijar ele era uma boa sensação, porém faltava alguma coisa, não sei bem o que, na verdade, sei quem, faltava ele ser Scorpius, o Scorpius que lutaria pelo controle que eu tive e não me deixaria pensar no meio de um beijo.

– Já deve estar tarde, podemos voltar? – pedi para Roy que se levantou e estendeu a mão para eu fazer o mesmo. Aceitei a ajuda e me levantei, ele voltou a passar seu braço envolto de mim, dessa vez também passei o meu envolta de seu corpo. Seguimos assim, em silêncio, até para não sermos pegos, não sabíamos que horas eram exatamente.

O caminho até o Salão Comunal ocorreu tudo bem, demos a senha a Mulher Gorda que nem nos questionou por atrapalhar seu sono e já nos deixou entrar.

– É aqui que eu deixo você. – Roy disse me soltando, antes de ir ele pegou minha mão e deu um beijo. – Obrigado pela companhia, Rose Weasley. – ele disse. – Me considere um amigo. – nós dois sorrimos, e depois subimos escadas separadas, cada um para seu dormitório. Quando cheguei à frente do meu quarto, consegui ouvir risadas antes mesmo de abrir a porta, foi quando eu lembrei que tinha esquecido alguma coisa: a festa com as meninas.