Rose POV:

Uma completa idiota, era assim que eu me sentia ao ter passado por aquela porta, não sabia o que Scorpius queria. Aqueles segundos haviam com certeza me levado para outro mundo, sentir os lábios dele novamente depois de todo aquele tempo era uma sensação inexplicável, no bom sentido, infelizmente. Estava cansada de me sentir como uma boba, estupidamente apaixonada, mas tinha quase certeza de que era isso que eu era. Não entendia como Scorpius parecia tratar tudo aquilo com tanta normalidade, era simples assim para ele? Beijar e pronto, nada de mais.

Já havia passado por umas seis cabines quando passei por Albus.

– Rose, aconteceu alguma coisa? – ele perguntou, me encarando diretamente, tomando cuidado para não derrubar os muitos doces que carregava.

– Nada demais. – nesse momento senti uma lágrima presa no olho esquerdo, mas consegui segurá-la de algum jeito. – Scorpius está sozinho, você deveria ir fazer companhia para ele. – disse virando o rosto e apressando o passo para sair logo dali, sem dizer mais nada. Não tinha nem para onde ir, ótimas amigas que nem se preocuparam em verificar se eu estava em algum lugar, mas também não podia culpá-las. Enquanto vagava pelo corredor sem rumo algum, deixei que as lágrimas finalmente escorressem.

Scorpius POV:

– Como não sabe o que aconteceu? – Albus perguntava em um tom de voz grave, sem chegar a gritar. – O que vocês fizeram enquanto eu sai? Observaram o assento? Encararam o vidro? – não respondi, apenas revirei meu olhar para o chão, não entendia o que havia acabado de acontecer. – Scorpius, você é meu melhor amigo e eu garanto que eu sou seu melhor amigo, pode me contar tudo cara, mas lembre-se também que a Rose é minha melhor prima. – ele completou. – Tudo bem, pode ficar em silêncio, vou fingir que não existo e deixar você pensando, porque tudo que eu menos preciso presenciar nesse ano é você agindo sem pensar. – Albus disse por fim, pegando um livro que trouxera e o abrindo quase na metade, ao mesmo tempo em que se sentava no banco em minha frente, esticando as pernas e ocupando todo o espaço do mesmo.

Agir sem pensar, era isso que eu havia feito, o que eu tinha na cabeça? Vontade de beijá-la? Sim, muita, mas agora eu entendia o porquê de as pessoas não fazerem simplesmente o que tem vontade. Eu estava oficialmente louco por ela, essa era a única conclusão em que eu conseguia chegar, afinal, em que estado a pessoa tem que estar para beijar a outra de um jeito tão inesperado, sem nenhuma explicação, sem nenhum argumento válido. Tudo que eu queria saber era o que Rose tinha pensado, ela provavelmente devia estar pensando que eu era algum tipo de maníaco ou algo do tipo por atacá-la com um beijo tão repentino. Não sabia quanto tempo já havia passado, mas o pior de tudo era que eu já estava com saudades dos lábios dela, com saudades dela, com esse pensamento eu encostei na janela do trem e acabei adormecendo, sonhando com uma eternidade onde Rose Weasley se encontrava junto a mim.

Rose POV:

Já havia perdido a conta do quanto tinha andando quando finalmente encontrei o rosto conhecido que queria encontrar: Dominique. Ela estava em uma cabine com duas meninas que eu só conhecia de vista, tive a maior sorte do mundo pois ela me enxergou do lado de fora antes que eu pudesse tentar qualquer forma de chamá-la que revelasse minha cara chorosa para duas quase estranhas, que poderiam facilmente espalhar qualquer história sobre a situação. Domi resmungou alguma coisa para as duas meninas e saiu rapidamente da cabine.

– O que aconteceu? – ela logo perguntou, me encarando séria, havia preocupação em sua expressão. Não consegui responder nada, só deixar o choro cair mais uma vez. Ela me abraçou forte, de um jeito que só ela conseguia. – Rose eu estou preocupada, você sumiu a viagem inteira e agora aparece do nada, chorando sem explicação alguma. – ela disse sem me soltar. Domi era minha prima e melhor amiga desde quase toda a minha existência, e provavelmente, também a melhor pessoa do mundo. – Não aguentava mais ouvir aquelas duas guaxinins falando, onde você esteve esse tempo todo? E se não está chorando porque sentiu minha falta, eu mereço uma explicação. – ela disse dando fim ao abraço e soltando uma risada, voltando a encarar meus olhos, à espera de uma explicação.

– Cheguei muito atrasada. – comecei a falar. – Tentei te procurar, mas não te achei em lugar nenhum então acabei sentando no meio de um corredor. – Domi deixou escapar uma risada nessa parte. – E foi aí que tudo de ruim aconteceu.

– Ok, espera. – ela disse me puxando pelo corredor, até chegarmos a um ponto que separava dois corredores de cabines, um lugar onde ninguém ficava perto de nós e eventualmente não escutariam nossa conversa. – Agora pode contar tudo.

– Scorpius apareceu. – a expressão dela mudou para algo indecifrável. – Perguntou por quê eu estava ali, conversamos e ele me convidou para a cabine dele, estendo o braço para eu levantar. – dei uma pequena pausa. – Seguimos de mãos dadas até a cabine, o único com ele era Albus que já começou a implicar quando eu cheguei, brincadeiras habituais dele, nada sério, mas depois ele perguntou se havia alguma coisa rolando entre mim e Scorpius, e lembrou da história do quinto ano. – outra pausa, precisava respirar um pouco antes de continuar. – Nós dois ficamos nervosos, Scorpius disse que éramos só amigos e Albus disse que ia dar uma volta para termos tempo de se resolver. – parei uma última vez. – E então Scorpius disse que o beijo não tinha significado nada e me pediu uma confirmação, eu não tive como fazer outra coisa, não queria fazer papel de idiota na frente dele, mas alguns segundos depois ele me beijou.

– ELE O QUÊ? – Domi gritou e eu fiz uma cara de desaprovação.

– Dominique!!!

– Quem esse loiro tingido pensa que é? Não consigo entender o que se passa na cabeça dele, beija, mas não significa nada, mas beija de novo? – ela se indignou. – Tantos meninos maravilhosos nessa escola e olha de quem minha melhor amiga resolveu gostar...

– Domi isso não melhora situação. – disse sem saber como reagir a tudo aquilo.

– Espero que ele tenha dado uma ótima explicação. – nesse momento o trem começou a frear e várias pessoas começaram a sair das cabines. – Porque se não deu, agora vai ter que dar.