Dark Inside Of Us. escrita por The Vitoncios


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal, bem eu queria me desculpar pelo longo tempo se nenhum capítulo... Mas vocês já estão acostumados. Sem mais delongas o capítulo ta aí pra vocês, sinceramente eu não achei muito bom e nem muito longo, mas o pouco de ação compensa.



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Assim como eu havia previsto, Joe fez desse treino o pior de toda a minha vida. Assim que eu pisei na quadra ele ja arremessou a bola em minha cabeça. Me deu empurrões, braçadas, ombradas entre outras coisas. Ele abusou tanto, a ponto de fazer com que o treinador intervisse. Por medidas de precaução ele encerrou o treino mais cedo, não que isso tenha influenciado pra diminuir a dor que eu estava sentindo. Saí do ginásio com um hematoma roxo, bem acima da sobrancelha esquerda. Eu estava mancando um pouco também.

– Cara! Você está péssimo. - Comentou Alex.

– Obrigado Al, eu realmente não havia percebido. - Novamente não consegui esconder o sarcasmo na voz.

– Desculpe, eu só estava dizendo. E então, vamos para minha casa?

– Já disse que não posso. Tenho quer ir pra loja. Vou aproveitar que o treino acabou mais cedo e vou correndo pra lá. Quanto mais rápido eu começar, mais rápido eu termino. - Bufei.

– Ah! É mesmo. Eu tinha me esquecido. E que tal amanha?

– Se meu pai não resolver me colocar pra trabalhar a semana toda, tudo bem. - Dei de ombros.

– Certo, nos vemos amanha então. Até mais Sam. - Disse Alex, estendendo a mão para me cumprimentar.

– Até mais cara. - Retribui o gesto e apertei a mão dele. Alex correu pra poder alcançar o último ônibus, enquanto eu me dirigi para o lado sul do colégio. Como ainda estava claro resolvi pegar um outro atalho pelo bosque. Se eu entrasse ali, demoraria cerca de dez minutos até chegar a madeireira que ficava atrás da loja de serragem do meu pai.

Ao caminhar pelas árvores comecei a pensar em todo aquele dia. Pensei no motivo por ser sempre perseguido por Joe Hunt. Sabia que minha mente me levaria a apenas uma resposta. Jane Marshall. Apesar de tudo que havia acontecido, eu sentia muito a falta dela. Me peguei pensando nos momentos felizes que tivemos em nossa infância. Como quando brincávamos de pique-esconde no quintal, atrás de sua casa. Ela era minha vizinha na época, nós éramos melhores amigos. Era uma época em que eu costumava vê- la sempre sorrir. Mas tudo mudou depois daquele dia.

Um ruído me trouxe de volta a realidade. Eu estava tão absorto em meus pensamentos que nem raparei que já estava no meio do bosque. Devia ter perdido a curva para a madeireira a alguns poucos minutos. Resolvi voltar e tomar a direção certa. Alguns metros dali avistei alguma coisa se mexendo. Estava atrás de um arbusto, então não pude ter certeza do que era. Conforme fui me aproximando, percebi que se tratava de um cão. Um grande Pastor Alemão, estava debruçado sobre uma carcaça de algum animal pequeno, um coelho talvez. Aquele cão não me parecia estranho, tinha certeza que já o havia visto em algum lugar.

Tentei me afastar sem fazer muito barulho, afim de não atrapalhar sua refeição. Infelizmente quebrei um galho enquanto andava de costas. O estalo foi mais alto do que eu imaginava. O cão virou-se abruptamente focando sua atenção exclusivamente em mim. Trinquei a mandíbula e comecei a me movimentar lentamente.Uma gota de suor escorreu por minhas costas quando percebi que ele havia começado a se mover em minha direção. Foi então que comecei a entender algo que já havia me questionado desde o inicio. Cães domésticos não costumavam caçar, a menos que seus donos mandassem. E mesmo assim não devoravam suas presas até que não sobrasse nada. O pastor espumava pela boca, enquanto rosnava e gania. Em seus olhos só existiam a insanidade. Ele estava raivoso. Deve ter adquirido a raiva de algum guaxinim ou qualquer outro tipo de animal. É por isso que os abrigos indicam que animais domésticos não perambulem soltos por aí.

– Calma rapaz. Seja um bom menino e não me mate. - Pedi. Sempre achei estúpido as pessoas falarem com os cães como se fossem bebês. Parecia ainda mais estúpido da minha parte começar logo com um cão raivoso. Ele continuou a se mover, sempre avançando, me empurrando pra longe. Não percebi que havíamos chegado em uma clareira. Escorreguei e cai, rolando o monte de terra a baixo. Parei depois de me chocar com uma pedra. Minha cabeça girava, e a tontura tomou conta de mim por um instante. Quando consegui recobrar o foco pude ver o Pastor Alemão se aproximando, descendo o monte bem lentamente como se ele não quisesse perder sua presa. Não existia nada além de insanidade em seus olhos, e eles estavam focados em mim. Eu era sua presa.

Respirei fundo e tentei me acalmar, mas foi em vão. Não é fácil manter a calma quando se está prestes a morrer. Eu ainda estava atordoado por conta da queda, então a única coisa que conseguia fazer era me arrastar, e foi o que eu fiz. Arrastei-me ao máximo, mas mesmo assim não adiantava. Eu não iria fugir dele. Ele parou a uns 4 metros antes de me alcançar. Pude ver nitidamente a baba, branca como se fosse espuma, fervilhar por entre seus dentes. Os olhos focados em mim, como se mais nada existisse a nossa volta para distraí-lo. Meu coração pulsava rapidamente, o suor escorria por todo o meu rosto, engoli em seco. Não havia escapatória. O cão preparou seu bote, se debruçando sobre as patas dianteiras. De repente escutei um movimento nos arbustos atrás de mim. Um rosnado veio logo em seguida, me fazendo tremer por completo. Um arrepio frio percorreu toda minha espinha, me impulsionando para frente. Virei-me bem devagar para minha esquerda, bem a tempo de ver um lobo, bem maior em altura e bem mais forte, do que o Pastor Alemão sair dos arbustos. Ele estava ali, a uns cinco centímetros de distância. Conseguia sentir o calor que emanava de seu corpo, assim como conseguia enxergar seus pelos arrepiarem enquanto ele rosnava. Eu fiquei apavorado, como se já não fosse ruim o bastante ter um animal feroz querendo me matar. Depois de poucos minutos percebi que o cão era seu alvo e não eu. O lobo tinha uma coloração acinzentada por toda parte das costas, seguindo até as orelhas. Seu pelo era branco no peito, patas. E seus olhos, eram de um amarelo tão vivo que dava a impressão que ele poderia matar qualquer um, apenas com o olhar. Seus caninos eram grandes, e muito brancos. Ele começou a caminhar na direção do cão, que por sua vez recuou alguns passos para trás.

O lobo continuou empurrando o cão até que eles estivessem no centro da clareira. Foi nesse momento, que de todos os lados da clareira começaram a surgir outros lobos. Eu estava completamente sem fala, mal conseguia respirar. Apenas continuei observando, atônito. Um lobo branco, um pouco menor do que o primeiro, se posicionou ao lado direito dele, bem próximo a seus ombros. O lado esquerdo foi ocupado por um lobo de pelagem cinza escura, quase como se fosse preteado. Este parecia ser o mais inquieto de todos. O comportamento seguinte me surpreendeu. Dois lobos se posicionaram ao meu lado direito e esquerdo, como se estivessem me protegendo. O que estava a minha direita, era tão grande quanto o primeiro. Seu pelo era marrom, em um tom achocolatado, e suas patas e focinho eram pretos. O lobo a minha esquerda era o menor deles, perecia mais tímido que os demais. Rosnava com menor intensidade mas manteve-se em posição de ataque. Seu pelo era castanho avermelhado.

A matilha continuou avançando, fazendo com que o Pastor Alemão recuasse, e por fim, fugisse. O cão subiu a clareira e disparou bosque a dentro. O primeiro lobo soltou um uivo alto e profundo que ecoou por todo o local. Subitamente os outros quatro dispararam na direção que o cão havia tomado e também desapareceram. O lobo cinzento virou-se para me encarar. Foi então que algo estranho aconteceu. Eu deveria ter ficado com medo, ou pelo menos assustado, mas a sensação que tive foi de alívio. Quando encarei aqueles profundos olhos amarelos, tive a sensação familiar de proteção.

Vá pra casa!

Ouvi essa frase ecoar dentro de minha cabeça. Olhei ao redor procurando outras pessoas, mas apenas eu e o lobo continuávamos ali. Não era possível que aquele animal estivesse falando comigo. Afinal os animais não falam. Balancei a cabeça para tentar afugentar o pensamento mas novamente ouvi "Vá pra casa!" Minha boca se abriu, mas não consegui dizer nenhuma única palavra. Então, subitamente o lobo disparou na mesma direção que os outros haviam seguido. Me levantei com certa dificuldade,minha cabeça ainda girava. Afinal o que significava tudo aquilo que acabara de acontecer?



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e a todos que puderem, mande reviews.



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