Memórias escrita por Arthur C


Capítulo 9
A Rotina Hoffman




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MEMÓRIAS

CAPÍTULO NOVE:

  A vida corria bem na casa dos Hoffman. Julia, sua irmã e mãe, tentavam ao máximo não perturbar ninguém. Podia-se dizer que eles eram pessoas de classe. Muito organizadas e limpas. O tom de simpatia então... Nem se fala. Já havia virado rotina. Nina acordava cedo e desde então ia para cozinha, onde Clara a ensinava várias receitas. A senhora Salvatore acompanhava o senhor Hoffman no televisor, assistindo o noticiário... E Julia saia com Edgard para o hospital, e então o ajudava em alguns casos médicos.

  As horas deste dia passaram rapidamente, tanto que mal foram percebidas. O jantar logo chegou, e os Hoffman começaram a falar sobre os seus interesses e costumes familiares, foi então que tocaram no assunto da viagem:

- E então Edgard, iremos viajar esse ano? – Dizia a senhora Hoffman, em tom alegre.

- Por que não?

- Ótimo.

Julia então foi entrando na conversa aos poucos:

- Mas que viagem é essa?

- Nós fazemos uma viagem em família por ano, Julia. – Respondeu a senhora Hoffman.

- Claro...

  E então começou a dar suas inúmeras opções de lugares, entre elas: Collinsport. E quando falou este nome, não quis mais largar. Contou a história de Barnabas e tudo o que havia descoberto. Manteve um pouco o tom. Mas não se aguentou. Tudo era tão fascinante e bizarro, sabe lá que quais palavras ela poderia usar para descrever aquilo. Os Hoffman também acabaram gostando da história a respeito de Barnabas e de todos os outros Collins.

  Acabaram se decidindo. O destino deste ano seria Collinsport. Foi então que Julia lembrou-se do capitão da embarcação que pegou quando havia ido à cidade, há um tempo. Buscou e conseguiu o seu número. Chegou a ligar para marcar a data da viagem, porém mal o telefone foi atendido e ela teve uma emergência para resolver no hospital, junto a Edgard, claro.

  Rapidamente desceram no hospital e correram para o centro cirúrgico. Era uma daquelas crianças africanas. Porém essa tinha um problema nos rins, tal que precisou fazer um transplante. Julia não gostava muito de ver sangue ou “abrir” uma pessoa, por isso decidiu apenas ser apenas a assistente... Também, acreditava que ainda não pudesse fazer cirurgia, com base nos princípios médicos, até porque não tinha a mínima experiência, e nem ao menos um diploma que comprovasse seus estudos na área.

  Passou alguns minutos até a cirurgia acabar. Havia dado tudo certo. A criança iria recuperar-se ao poucos. Logo outra criança entraria na sala. Porém no curto espaço de tempo que tinha, Julia conseguiu ligar para casa. Quem atendeu foi dona Clara. Perguntava por sua mãe, e como sempre tinha a mesma resposta. Ela estava assistindo à televisão com o seu Don. Era uma rotina confortante. Ao menos parecia.

  E voltou para a sala. O outro pequenino já havia sido anestesiado, estava a esperar. Esta cirurgia foi mais tranquila e rápida, além de divertida. Enquanto Edgard fazia uma pequena incisura no joelho do menino para consertá-lo, Julia puxava assunto sobre a viagem:

- Edgard, e quanto à viagem?

- Iremos viajar em breve querida... Agora, passe-me aquela pinça.

- Tudo bem... Estou tão ansiosa. Mal posso esperar para descobrir mais coisas sobre Barnabas.

  E continuou falando sozinha... Já que Edgard mantinha a concentração na criança deitada à frente. Ainda pensou um pouco depois, e quando viu, a cirurgia já havia acabado. Mal esperava para chegar em casa e comer mais uma das delícias de sua sogra.

  Chegaram. Todos os esperavam para o jantar. Era uma noite importante. Sua irmã havia feito toda a comida posta sobre a mesa, com base nas “aulas” da Sra. Hoffman. Comeram e se retiraram. Julia aproveitou o tempo livre e ligou para o capitão, e finalmente pôde agendar a viagem. E assim que marcou, lembrou-se de Barnabas e do seu diário, e então foi lê-lo. Pelo menos assim, esquecia um pouco mais de seu trabalho exaustivo ao qual nada rendia. Começou:

“Hoje foi um dia triste, assim como todos os outros... Porém mantinha sua diferença. Eu fui o primeiro a ser avisado. Josette estava morta. Ela foi encontrada na Colina das viúvas, de onde pode ter cometido um suicídio, porém não descansarei em quanto nada estiver resolvido, afinal sei que não está. Para quê ela iria cometer um suicídio se sua vida estava finalmente organizada e completa? Não há mínimas chances. Os policiais disseram que no momento, eu não posso suspeitar de ninguém. Porém tenho alguém em minha cabeça: Angelique. Eu sabia que algum dia ela iria fazer algo que fosse deixar-me triste. Foi então que me lembrei do pensamento em que tive na missa de homenagem ao meu pai e mãe. Daí comecei a sentir que tinha um pouco de razão. Mas tenho que ser forte. Irei conseguir desvendar tudo. Josette foi o único amor entre tantas garotas que já firmei compromisso, e não deixarei sua morte passar em branco. Investigarei em cada lugar possível, perguntarei a cada pessoa verdadeira, eu ainda conseguirei lhe vingar”.

  Julia começou a pensar... Quer dizer então, que ela não morreu por causa do veneno que Angelique colocou em sua bebida no dia do jantar que foi oferecido por Barnabas. Havia ainda muitas coisas para se descobrir, porém pôde considerar até agora, esta a mais chocante. Foi então que se preocupou com o que já havia passado e com o rumo (ao qual não sabia) que tudo isso tomou.

  Passou o resto da noite pensando, e quando o dia ia amanhecendo nem quis ir para o hospital com Edgard, acreditava que já tinha prática demais. Logo que todos os outros foram acordando, Julia arrumava a sua mala para a viagem que tinha sido tanto esperada. Após que fez e desfez a mala, dobrou e amassou todas as suas roupas, ainda tomou coragem para preparar o café.

  A sequência de que cada um ia levantando-se da cama, Julia servia o prato junto ao café. Receio que ela não sabia o que estava a fazer. Todos se agradaram com a disposição dela naquela manhã, o mesmo não se pôde dizer da comida. Manteve-se tranquila e continuou a servir pelo o resto do dia, vai ver não queria ser tão odiada quanto Angelique... Ou apenas queria ser tão amada quanto Josette.

ARTHUR C.


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