O vento bateu forte as janelas e ela despertou. Uma camisa branca, calcinha de algodão, cabelo solto desenhando seu rosto tedioso e descalça...

Passou os dedos sob o rádio, tocava Caetano. Xícara branca, café amargo. Desses que descem rasgando a garganta.

Começa mais um dia.

Ela olhou da janela do apartamento e a vida estava acontecendo lá em baixo. Sentou na beira da cama e observou o passarinho se banhar em uma possa d'agua na sacada.

"O que fazer hoje, além de viver?"

Precisava sair, cortar o cabelo, comprar uns congelados qualquer, mas o fato de lembrar ter que encarar as pessoas já a cansava.

3 mensagens na secretária; demitida porque não aparece a semanas no trabalho.

Vestiu um jeans, arrumou o cabelo apenas com as mãos, tênis, algum dinheiro vindo de não sei onde, um pouco de sensatez, chavez e ela sai. Na calçada em frente, uns trocados pro cara que canta na esquina. Ao menos ele faz algo na vida.

Mercado lotado, pegou o que tinha que pegar, e foi pro caixa. A moça a olha e pergunta se necessita de mais alguma coisa. Com demasiada tristeza, além de viver feliz, ela sugere: - Preciso de um amor!