Penny Jackson E O Resgate Do Tártaro escrita por Redbird


Capítulo 6
O Canto do Moisés Negro


Notas iniciais do capítulo

Olá lindos esse capítulo é dedicado a Lady Love pela recomendação M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.A
Valeu linda!! Me deixou muuito feliz!! Espero que gostem.



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Sair do palácio de Hades fora relativamente fácil.  Tales colocou mais uma vez Cérbero para dormir e as fúrias nem prestaram atenção em nós. Acho que, como já fazia um bom tempo que estávamos no mundo inferior (e sem tomar banho), começamos a meio que parecer com defuntos.

Não ajudava o fato de eu estar muito, muito irritada e sentindo meu coração pesar como se tivesse mil quilos. Deixar Alex, eu não sabia como eu tinha conseguido fazer isso. Essa missão já era bem complicada, sem ele era quase impossível. 

Caminhamos um tempo sem falar, apenas seguindo a margem do Rio Estige. Antes de sairmos, Tales disse que teríamos que pegar a água de uma parte específica do rio, mais ao norte.  Era realmente bom ter Tales por perto, porque, se eu não o tivesse ao meu lado, acho que teria enlouquecido.

-Você sabe que ele não morreu não é Penny? – Tales está com um sorriso encorajador, mas tenho quase certeza de que ele sente falta de Alex tanto quanto eu.

-Bom, ele está preso no mundo inferior, sozinho, com uma deusa meio psicopata.  Eu acho que é um pouco como estar morto- tento fazer piada, mas nem para mim isso funciona. Tales ri um pouco.

-Vamos conseguir sair daqui, você vai ver- Ele sorri mais uma vez para mim e pela primeira vez sou obrigada a acreditar. Há muita gente dependendo do sucesso dessa missão.

-Ok, vamos nessa- digo caminhando um pouco mais depressa.

Depois de alguns minutos começamos a ouvir um canto estranho vindo da direção para onde estávamos seguindo.  Senti os pelos da minha nuca arrepiarem. É, me chame de covarde, mas se você está ouvindo alguém cantar no mundo inferior com certeza não pode ser boa coisa não é?   Tales congela. 

-Tales- digo meio apreensiva- Mortos não cantam, não é?

-Não, não cantam. Mas quem está cantando definitivamente está morto.

-Não é um monstro é?

-Vamos ter que descobrir.

Calmamente caminhamos em direção a voz. Ela estava mais ao norte, que era a direção que tomaríamos de qualquer forma, o que não me acalmou nem um pouco. Assim que chegamos perto do local onde a misteriosa voz cantava nos escondemos atrás de algumas pedras que estavam no local.  Assim que vi a estranha figura meu queixo caiu.  A primeira coisa que percebi foi que a pessoa que cantava não estava bem, viva. Era mais como um espírito. Seu cabelo cacheado e suas roupas me davam a certeza de que ela era uma daquelas mulheres da época da escravidão. Eu quase podia ver o brilho dos olhos negros enquanto ela cantava.

-Santo Gutenberg! –Digo abismada

-Santo quem? O que?- Pergunta Tales do meu lado

Reviro os olhos.

-Gutenberg, o inventor da imprensa. Recentemente descobri que ele era filho de Hefesto. Mas enfim... Você não está reconhecendo o espírito cantando ali?

-Penny, ás vezes eu queria ter um tradutor simultâneo para saber do que você está falando.

Por todos os Deuses do Olimpo! Dai- me paciência!

-Aquela ali é Harriet Tubman.  O Moisés Negro. Uma espiã da União, alguém que ajudou a libertar milhares de escravos durante a Guerra civil. Ela é uma filha de Hermes.  Está bom ou quer mais?

-Não obrigada, já está muito bem explicado- diz ele me olhado espantado.

-Ok

-Gostaria de saber como você consegue saber tanto do mundo grego tendo entrado nele há pouco tempo.

-Eu já disse, se você ler mais vai acabar se divertindo e descobrindo coisas das quais você nem suspeita.

-Tudo bem, mas será que essa Tubtan, Tubnam ou o que for, não vai nos matar?

Penso nisso por um instante. De repente alguns versos da profecia me veem a mente e meu coração quase dá um pulo quando tudo faz sentido. “A voz do anjo os guia através do rio sagrado”.  Ok, eu já conheci Homero e Sócrates. Por que não ser guiada pelo fantasma do Moisés Negro durante minha missão suicida?

- É Tubman. Tales, ela é o anjo. O Anjo da profecia. Ela irá nos guiar.   

Ele me olha desconfiado.

-Você tem certeza?

- Absoluta!

-Ok, vamos falar com o Moisés do mundo inferior. Espero que ela esteja disposta a separar a água do Rio Estige para nós.

   Vamos em direção a Harriet. Ela não parece nos notar quando chegamos perto.  Continua envolvida em sua canção e em plantar alguma coisa no solo seco do Estige (Alguma coisa poderia crescer aqui? Não sei, parecia que sim).

- Olá Harriet Tubman, filha de Hermes- digo da forma mais respeitosa possível.

-Olá Penny Jackson- diz ela sorrindo. Por incrível que pareça o sorriso do espírito era acolhedor- Estou esperando você filha de heróis.   E você também meu pequeno soldado romano.

- Senhora er... Harriet- Tales olha para mim para ver se está dizendo o nome certo. Assinto com uma instantânea vontade de rir- Acreditamos que você possa nos ajudar em nossa missão.  Mas eu gostaria de saber, como você consegue falar com a gente? Quer dizer, os mortos do reino do meu avô geralmente não falam.

- Muito bem neto de Plutão, os deuses me agraciaram com esse dom. Quando morri, ao invés da imortalidade, pedi que pudesse guiar os heróis durante suas missões no mundo inferior.  Era uma maneira de continuar viva, de uma forma muito mais útil e nobre.

-Você escolheu ficar no mundo inferior? –Perguntei descrente. Essa mulher definitivamente estava crescendo no meu conceito.

-Pequena heroína, você vai acabar descobrindo que ás vezes, até os deuses tem inveja dos mortais. Que uma vida só vale a pena se ela possui um sentindo, um propósito. Eu encontrei o meu, e ele está aqui.

- Hum, obrigada pelo conselho senhora Tubman. Mas, a senhora está disposta a nos ajudar em nossa missão?- Perguntou Tales

Harriet plantou mais algumas sementes.

-É claro, pequeno romano.  Vocês precisam de um pouco da água do Rio Estige não é?

-Sim, senhora- Digo feliz. Uma ajuda é sempre bem vinda, embora eu tenha aprendido que ela sempre vem com um custo- Mas er, Senhora Tubman, o que precisaremos fazer em troca?

Harriet apenas sorri de volta para mim.

-Você tem lidado demais com Deuses e monstros minha pequena.  Há verdade é que, por mais que isso pareça estranho, algumas pessoas não esperam nada em troca quando ajudam alguém.

-Obrigada Senhora Tubman. Não sei como podemos agradecer.

-Bom, vamos começar logo. Vocês tem um caminho árduo nessa missão. 

-Sim- responde Tales, ainda meio desconfiado.

-Bom como vocês podem imaginar, pegar um pouco dessa água não vai ser fácil. Uma gota na pele e vocês podem ficar com uma queimadura.   Não quero nem pensar no que pode acontecer no caso de vocês caírem no rio.  Apenas três heróis se banharam no Estige e sobreviveram, mas só por que tinham algo que os segurava ao mundo mortal.

-Três heróis? Aquiles foi um deles?

-Correto, os outros dois foram Luke Castellan e seu pai- diz ela se dirigindo a mim

-Meu pai? – Pergunto abismada.

-Sim, mas ele perdeu sua maldição ao entrar no acampamento romano.  Acho que foi melhor assim.

 Era muito para processar, mas eu não tinha tempo.

- Ok, o que temos que fazer?

 -Vocês terão que pensar em uma maneira de conseguir capturar a água, sem tocá-la com a própria pele.

-Isso não vai ser fácil- digo

-Não mesmo.  No entanto, acredito que como neta de Atena você possa pensar em algo.

Animador o comentário não?   Mas ela tinha razão, eu tinha que pensar em algo.   Olhei para Tales. Assim como eu, ele tinha posto seu cérebro para funcionar.  Nós nos sentamos a margem do rio, enquanto observávamos Harriet plantar mais algumas plantas. 

- Penny onde vamos colocar a água depois que conseguirmos pegá-la?- Pergunta Tales me tirando dos devaneios.

-Eu trouxe um garrafa. Não se preocupe, não é de plástico. Perséfone não ia gostar, nada ecológico.  A que eu trouxe é de bronze celestial e...

Oh Zeus! Acabo de ter uma ideia.

-Penny... eu já disse que adoro quando você faz essa cara? –Diz Tales entendo minha expressão.

-OK, o seguinte. Vamos pegar a garrafa que eu trouxe e vamos colocá-la no rio. Ela não vai afundar, o bronze é menos denso do que a água, a garrafa vai flutuar e vamos conseguir pegar um pouco da água.  Podemos usar corrente do meu colar para pegarmos a garrafa de volta, sem nos molharmos.

-Como você tem certeza que essa água é mais densa do que o Bronze? Não é uma água comum, você sabe.

-Eu sei. Mas bronze celestial não é bronze comum também não é?  Vale a pena tentar não acha?

-É um plano bem simples.  Agora, se funcionar, vai ser genial.

Eu sorrio para ele e pego a garrafa na minha mochila.

-Harriet, acho que temos um plano- digo me aproximando da margem do Rio.

-Muito bom Neta de Atena. Vamos ver se ele funciona.

Dou um suspiro fundo, olho para os dois e atiro a garrafa no rio. Como eu previ, ela não afunda. Sorrio, mas essa é apenas a primeira parte do plano.  Retiro minha corrente do colar e pego um escudo para garantir.

- Tenha cuidado Penny!- Diz Tales do meu lado.

Miro a corrente na boca da garrafa.  Nunca fui boa de mira, mas graças aos deuses dessa vez acerto. Chego um pouco mais perto da margem. Segurando a outra ponta e usando do escudo como proteção, emborco a garrafa para que mais um pouco de água entre. 

 Assim que me dou por satisfeita com a quantidade, começo a puxar lentamente, fazendo o possível para que nenhuma gota caia na minha pele. Peço para que os dois agarrem um escudo também, só por precaução.

Quando levanto a garrafa deixo um pouco da água por fora escorrer. Tales me alcança um pano e rapidamente, com todo cuidado, envolvo a garrafa nele.  Assim que ele está satisfatoriamente seco por fora, tampo a garrafa.

-Ok, isso genial- diz Tales alegre

-Obrigada, mas ainda acho que foi fácil demais.

- Penny tem razão- diz  Harriet do meu lado- Mas nem todas as provas de heróis envolvem lutas. Ás vezes eles apenas tem que usar a cabeça como você fez.  

-Não acredito que nossa primeira missão está cumprida-  Tales comemora.

-Eu sei. E estou me sentido morta, no pior sentido da palavra

 -Bom, agora que vocês completaram a primeira tarefa que tal descansar um pouco? Venham aposto que vocês estão com fome.  Vocês trouxeram comida não é? Porque eu não posso oferecer, vocês sabem.

-Trouxemos sim, senhora Tubman- digo  me sentando em um ponto um pouco mais afastado da margem.

Nós fazemos uma espécie de piquenique, se é que se pode chamar assim no mundo inferior.  Depois de quinze minutos eu já estava batendo um papo agradável com Harriet Tubman.  Minha vida não é louca?

 Sinto o cansaço tomar conta de todos os meus ossos. Eu não tinha percebido, mas estava muito frio aqui embaixo.  Tales percebe que estou tremendo e me alcança um casaco.

-Durma um pouco. Hoje foi um dia exaustivo.  Ainda teremos muito caminho pela frente- diz Ele colocando o casaco nas  minhas costas.

Harriet nos olha desconfiada.

-Ele tem razão Penny.  Durma um pouco. Você também Tales. Eu faço a vigia. Nenhum monstro atacará vocês.

Eu estava muito exausta para discutir, sem pensar coloco minha cabeça nos braços de Tales e adormeço. Bom, digamos que isso foi meio que um erro. Já mencionei como odeio sonhos de semideuses?


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Espero que tenham gostado. Beijooos



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