Holofotes escrita por Lord Camaleão


Capítulo 1
Passarela




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Dois a dois os holofotes acendiam, revelando a passarela bem polida. Claro, uma passarela que se preze deve ser varrida e encerada. Além disso, os canhões de luz devem estar nas posições corretas e devidamente conectados. A plateia aguardava ansiosa. Alguns se seguravam nas cadeiras, apreensivos. As cortinas se abriram, e o desfile finalmente começou.

Mas, espere! A modelo é um bebê? Sim, sim. Vestida com um macacão azul e uma tiara de lacinho, ela se arrastava pela passarela, sujando o chão recém-encerado com as mãozinhas sujas de saliva. O público pareceu não notar, pelo contrário, vibravam de alegria. A pequena modelo engatinhou mais um pouco, até que parou. Apoiou um pé no chão, e levantou-se. E isso, é claro, gerou ainda mais aplausos.

Logo seu cabelo começou a crescer. Uma cabine, parecida com um provador de roupas, surgiu no meio da passarela e a pequena modelo entrou nela.

Por um momento o desfile parou.

Mas rapidamente a modelo saiu, um pouco mais alta e usando uma camiseta rosa com a imagem de um gatinho. Agora tinha uma franja que cobria quase toda a testa. Ela ria e acenava para o público, percebendo-o. Ela colocou a mão na cintura e desfilou um pouco mais rápido. Ela ria e acenava, tudo parecia uma grande brincadeira. A cada passo, ela parecia aumentar mais um centímetro.

Algumas garotinhas na plateia acenaram para ela. Tinham o visual parecido, e tinham animação semelhante.

Entrou em outra cabine e saiu, agora com o longo cabelo amarrado para trás. Suas roupas não eram tão infantis quanto as anteriores, nem tão adultas. Ela usava sandálias de salto, short jeans e camisa branca. Seus passos eram mais determinados.

Enquanto isso, alguns garotos e garotas entravam no auditório onde ocorria o desfile. Claro, algumas outras pessoas tinham a mesma idade da modelo, mas a grande massa vinha aplaudindo e pulando. Eles também cresciam e se modificavam a cada segundo, vibrando e gritando seu nome.

As pessoas a acompanhavam logo ao lado da passarela, andando e tirando fotos. Definitivamente não estavam obedecendo às regras de etiqueta. De vez em quando, algumas pessoas fechavam a cara e sentavam-se na poltrona mais próxima, deixando assim de acompanhar o desfile. Outras se sentavam com uma cara de “Eu realmente não posso mais acompanhar o seu desfile, me desculpe”, e davam seu aceno final, saindo do campo de visão da modelo.

Logo, vários garotos debruçaram-se em cima da passarela, pedindo autógrafos. Eles agitavam suas canetas e lápis no ar, chamando sua atenção. A modelo olhou para baixo, analisando-os. Parou e pegou uma caneta. Olhou para os caderninhos e para as folhas de papel avulsas. Mas percebeu que o público tinha parado também. Ele a olhava, de pé, esperando que ela continuasse a desfilar. E eles estavam certos, ela precisava continuar o desfile. Se algum daqueles meninos quisesse seu autógrafo, que subisse na passarela!

Durante o desfile, alguém, sentado em uma cadeira, maquinou atrapalhá-la. A pessoa jogava um tomate de cima para baixo, esperando o momento certo de atirar na modelo. Esta notou, olhando pelo canto do olho. A fruta foi atirada. A modelo simplesmente desviou a fruta com um tapa, fazendo-a cair do outro lado da passarela. Sorriu discretamente e continuou a andar.

Continuou a desfilar. Mais uma cabine apareceu à sua frente. Ela entrou.

Demorou um tempo.

Saiu lentamente, revelando seu novo visual. O rosto estava maquiado profissionalmente: os olhos castanho-escuros tinham uma sombra de cor clara, assim como a cor do batom. Ela parecia mais consciente e racional, mas não deixava de ser simpática e animada. Os longos cabelos também escuros estavam soltos e bem penteados, e sua franja descia diagonalmente. Vestia uma camisa colorida de azul, laranja e vermelho; calça jeans desbotada, além de sapatos altos roxos.

De repente, a modelo parou. Os holofotes no restante da passarela estavam apagados. Ela olhou para trás e viu o quanto havia caminhado, o quanto havia mudado, tanto a aparência quanto ao comportamento. Viu as pessoas ao seu lado: diferentes idades, diferentes aparências, mas todas sorriam para ela e a maioria segurava uma câmera fotográfica ou cartazes com mensagens de encorajamento.

Então ela olhou para frente e abriu um sorriso, um sorriso radiante, que fez acenderem-se mais holofotes à sua frente. Ela respirou fundo e continuou a desfilar.

Sim, o desfile ainda estava no começo.


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Notas finais do capítulo

Feliz aniversário Maya! Tomara que você não chore porque eu fico mal. Mas não sei se ficou bom porque fiz às pressas, então, desculpe qualquer coisa. Feliz aniversário de novo, e a capa fui eu que fiz.



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