Uma semana depois daquilo, chegou uma carta, destinada a mim. Era de Gustavio. Li com calma, observando sua caligrafia deslumbrante.

Minha cara Alexandra,

Sinto-me honrado por ter sido escolhido por vós. Espero ansiosamente que possa comparecer ao meu palácio o mais rápido possível. Desde aquela bela noite de lua cheia, não pude esquecer seus lindos olhos verdes me olhando com atenção, enquanto eu deslumbrava de sua beleza. Sinto como se naquela noite, você pode ver o que tinha no meu coração. Espero que aceite meu convite.

Com amor,

Gustavio

Amor. Que sentimento estranho. Sim. Estranho.

-O que estava escrito, alteza? – disse Hanna, entrando em meu quarto e fechando a porta.

-Nada de mais – disse eu, fechando a carta com cuidado e colocando-o novamente no lindo envelope.

-Iremos ao palácio dele.

-Imaginei que diria isso. Partiremos quando?

-Daqui a dois dias.

~

Tudo já estava pronto. Eu usava um belo vestido azul piscina, não muito comprido nem muito curto ou nem volumoso. Meu cabelo estava solto como sempre, e eu usava um chapéu. O inverno logo começaria, e isso me deixou desanimada.

Eu e Hanna passamos 3 horas na carruagem. Não foi divertido. Ela tentou conversar comigo algumas vezes, mas não dei bola. Apenas me concentrei na paisagem e adormeci.

Eu estava novamente naquele belo jardim. Gustavio estava ao meu lado e sussurrou algo para mim. As mesmas palavras que não pude entender.

-Seja minha.

~

-Alteza, nós chegamos.

-Ah, sim...

Olhei para fora da janela. Era um belo palácio. Sai com a ajuda de Hanna e entramos. Um serviçal acompanhou-nos pelos corredores, até chegarmos num salão, com belos detalhes dourados.

-O príncipe logo poderá recebê-las – e saiu.

Hanna e eu sentamos um sofá ali próximo e ficamos por esperar. Não pude agüentar a ansiedade, e então olhei pela janela mais próxima.

Eu não devia ter olhado pela janela naquela hora. Gustavio estava a manusear uma espada habilmente, vestindo apenas uma calça, deixando a mostra seu belo peitoral. Sim, ele é bonito. Muito bonito. Bonito demais.

-Ele tem um belo corpo não é?

-HANNA! EU NÃO VI ISSO! Nem o reparei – me encaminhei ao sofá e sentei.

-Não reparou né...?

-Claro que não... – desviei do olhar dela. Será que estava vermelha? Eu devia estar vermelha.

O serviçal veio até nós depositou duas xícaras de porcelana na mesa a nossa frente e colocou chá nelas. Eu sabia que chá era aquele. Chá de Erva-cidreira. É bom calmante. Será que ele me viu num breve momento de loucura? Sim ele deve ter visto. Ficar calma. Sim. Fique calma.

-Vossa alteza, o príncipe Henrique, logo estará na companhia das senhoritas - e ele saiu de novo, deixando Hanna e eu sozinhas.

Bebemos o chá em silêncio e esperamos. Pouco tempo depois, a porta se abriu e não era outro serviçal. Era ele.