Quando As Folhas Caíam escrita por Lara Farias


Capítulo 10
Dez


Notas iniciais do capítulo

D: chegando na reta final da nossa história ...



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Saio do banho, vestindo algo não tão vergonhoso como o lingerie vermelho que a essa altura já havia sido cremado e virado cinza.

Eu ainda pretendia dizer a ele, mas com essa guerra que logo viria, eu me tornaria um fardo. Então deixei pra lá.

Deve ser um engano.

Olho Gustavio atentamente. Ele lia algo importante, usando seus óculos – que o deixavam mais gostoso – e dessa vez, permitiu-me observá-lo um pouco sem se manifestar. Alguns minutos depois, ele tornou a falar comigo.

-Alexandra... Temos que conversar – diz ele, sério.

-Sobre o que? – eu me aproximo dele.

Ele volta a me explicar sobre a guerra, que estava por vir.

-Terei que lutar não é?

-Sim.

Eu já esperava por isso. Abri as janelas e me dirigi à bela sacada, que me ofereceu uma vista perfeita da noite escura, sem lua, onde apenas as estrelas iluminavam o céu. Gustavio veio até mim, e abraçou-me por trás.

-Eu amo você.

-Eu também amo você.

Viro meu rosto e olho atentamente para ele. Lindo como sempre. E tenho que concordar com Ekaterina. Ele é extremamente gostoso. E meu.

Mas então, aconteceu algo inesperado. Gustavio, num gesto de extinto, jogou-me no chão e quando abri bem meus olhos, pude ver que uma fecha atravessara-lhe o ombro, e ele caiu no meu colo. A única coisa que consegui fazer foi gritar.

~

Acordei todos no castelo com meus gritos histéricos. O medico real foi logo chamado e flecha removida do ombro de Gustavio. Ele foi colocado na cama e diagnosticado. Mas eu não conseguia me acalmar.

Hanna fez a proeza de me acalmar por algum tempo e parei de chorar. Porém, ao ver Gustavio daquele jeito, a agonia, o medo e a incerteza venceram a minha força de vontade. Sentei-me ao seu lado e segurei sua mão. Hanna não quis sair do meu lado, até eu insistir muito.

Segurei sua mão e a beijei, suplicando para que seus olhos abrissem. Mas isso não aconteceu. Duas horas mais tarde, eu ainda segurava sua mão. Alguns serviçais vinham de vez em quando, para trocar as ataduras de Gustavio, e eu me recusava a sair de perto dele.

-A senhorita gostaria de algo? – perguntou um deles, inocentemente.

-Não se dê ao trabalho – respondi, quase chorando.

Ele saiu e eu sentei-me no chão. Continuei a segurar a mão dele, mas dessa vez, com mais carinho.

-Por que você não acorda... Acorda Gustavio... – supliquei – Teu filho está no meu ventre... Você não pode morrer agora... Não agora...

O desespero tomou conta de mim. Sem meu amado aqui, como ficaria a guerra? E o bebê? Eu me levantei devagar, me despedi dele com dor no coração e deixei o quarto. Vaguei pelos corredores em busca de alguém. Encontrei uma pequena garota que provavelmente era uma serviçal.

-Alteza, precisa de algo?

-Sim. Por favor, mande alguém para ficar com Gustavio e leve-me até o escritório.

A pequena garota fez o que mandei. Levou-me rapidamente até lá. Entrei, fechei a porta atrás de mim e olhei em volta. Haviam paredes recobertas por livros e uma mesa enorme que chamou minha atenção.

Se você não pode cuidar disso... Eu o farei por você.

Eu realmente preciso fazer isso. Sentei-me e comecei a explorar os papeis que jaziam na mesa. Estudei-os a noite toda e quando dei por mim, já estava a amanhecer. Mas de onde poderia ter vindo aquela flecha...?

Certamente era destinada a mim.

Nesse momento, fui tomada pela raiva. Eu o destruirei. Prepare-se. Sai bufando de raiva do escritório e encontrei Hanna no caminho até o jardim.

-Onde pensa que vai moçinha?

-Treinar. – digo bruscamente.

-Mas... – ela chegou perto de mim – e o bebê? – disse sussurrando.

-Ele ficará bem. Hanna traga algo para eu comer. Rápido.

Ela saiu sem questionar e continuei a caminhar rumo ao jardim. Quando cheguei lá, rasguei as mangas da minha bela camisola de seda, e peguei a minha montante. A raiva era tão grande que consegui cortar tudo o que vi pela frente. Arvores no castelo? Eu já derrubara todas.

-Aqui Alexandra. – ela para e olha as arvores no chão alem dos belos pedaços de seda azul. – Sei que você está sensível, mas não é hora pra desmatar os terrenos do castelo.

Pego as frutas na mão dela e com a montante nas coisas vou rumo à cocheira. Mordo uma maçã no caminho e a pequena serviçal que me levou ao escritório deu-me roupas menos indecentes para vestir.

-Obrigado...

Ela se curva e sai. Chegando a cocheira, troco-me lá mesmo e mordo mais um grande pedaço da maçã. Logo guardo todas as frutas numa bolsa que achei por lá e subo num cavalo.

Preciso de uma floresta.

E com este mesmo pensamento, saio rapidamente do palácio, me sentindo meio culpada por não estar com Gustavio.

~

Dirijo-me a uma floresta não muito longe do palácio. Chegando lá, com toda a força que pude, consegui derrubar varias árvores ou deixá-las em pedaçinhos.

Após 1 hora a fazer isto, sento-me numa pedra e como uma das frutas. Dou uma maçã para o belo cavalo negro. Ele parece feliz.

-Eu poderia tentar outra coisa...

E então, percebo uma coisa. Subo no cavalo, antes de conseguir terminar minha pêra e volto para o palácio. O vento que batia em meu rosto me deu um sentimento de calma. Começo a pensar no meu bebê.

Talvez eu estivesse mesmo grávida. Talvez. Cruzei os grandes portões e me dirigi aos guardas que cuidavam da segurança.

-QUERO TODOS OS SOLDADOS DO REINO APOSTOS EM UMA HORA!

Eles parecem assustados de inicio, mas logo percebem que eu falei sério e começam a fazer algo. Deixo meu belo cavalo negro em segurança do estábulo e dou-lhe o restante das frutas. Ele realmente parece feliz.

Aperto a montante nas costas e atravesso os corredores labirínticos do palácio sem dificuldade. Decidi não visitar Gustavio, como medo de permanecer no quarto para sempre. Eu não poderia me dar ao luxo de fazer isto. Enquanto andava alguém me chamou.

-Alteza.

Eu me viro. Um homem não muito alto usando uma armadura estava curvado para mim.

-Sim?

-Sou o capitão da guarda. Precisa de algo?

-Sim, informe a todos que iniciaremos o treinamento do exercito imediatamente.

-Como desejar.

Ele sai e chego ao escritório minutos depois. Vasculho os papéis que lá havia e encontro um mapa. Correspondia ao território inimigo. E então, minha reação foi montar uma estratégia de batalha.


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