Nem no mais profundo poço do esquecimento

Posso jogar tal obscuro tormento

Deixei-te por um breve momento

Para nunca mais te reencontrar

Esperança, tão fácil escorreste

Pelos fios do meu guardar

Agora te procuro em meio aos caminhos de minha razão

Mas é tempo em vão

Sei que lá só acharei os lamentos de vida envenenada

E a convicção de que se eu partir

Não mais vou existir

Nem em prosa, nem em prece

Talvez seja por isso que com tanta vontade eu verse

Para que se em má sorte

Meu falecer ninguém note

Ainda existirá mente triste

Que em meus devaneios viva

Cujas desventuras são como as minhas

Várias lembranças cinza cheias de fantasias

Onde caminha o poeta

Para quem a realidade é sempre incerta

Repleta de melancolia e tragédia

Mas ainda sim, às vezes, cheia de calma e comédia.