O Garoto De Olhos Cor Chocolate. escrita por Luíza AD


Capítulo 3
Capítulo três


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! Estou tão feliz com as nove leitoras! Mesmo nem todas comentando, estou muito feliz!



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Uma semana se passou desde que o Anúbis tentou me levar para casa. É, se você não sabe o que aconteceu, é que ele me provocou e eu quase saí correndo com raiva.

Mas não me importo com ele mesmo. Hoje é um dia muito especial para mim. Sabe quando você é criança, e você vai ao circo? Tá bom, eu sei que parece besteira, mas para mim não é. Minha mãe sempre me levou ao circo, e hoje inaugura um na cidade.

Sempre fico muito animada com isso, e todos á minha volta ficam do mesmo jeito, eles seguem o meu humor.

- Ei, Jasmine, vamos ao circo depois da aula? - perguntei, no meio da aula. - Eu soube que vai inaugurar hoje.

- Vamos sim! - ela exclamou, com sua animação anormal. - Para mim é sempre muito bom ir ao circo!

- Você não pode ir. - disse Zia, olhando para mim com uma expressão zombeteira.

- Oras por que não? - perguntei.

- Esqueceu que você tem medo de palhaços? - ela perguntou, revirando os olhos.

- Ah eu... - comecei á falar. - Bem...

Certo, eu sei que isso é muito estranho. Eu tenho sim medo de palhaços, mas eu esqueci que havia palhaços no circo. Estúpida Sadie! Como eu não pensei nisso antes? Minha mãe e meu pai levavam eu e meu irmão. E sempre tinha alguém para segurar minha mão naquela hora!

- Tudo bem, Sadie, é normal ter esses tipos de medo. - falou Jasmine, dando dois tapinhas na minha costa. - Eu vou com você, não tem porque ficar com medo.

- É... - pensei e certamente não tinha porque ficar com medo. Todos estariam lá. - É, você tem razão Jaz, faz uns cinco anos que eu não vou, nem devo ter mais medo. Obrigada por isso.

Continuamos a aula em silêncio. Bem, pelo menos eu fiquei em silêncio. Todos comentavam sobre o circo, e de como estavam animados. Sorri, o ânimo do circo estava se espalhando. É estranho como essa alegria se espalhava.

Hey, Sadie. - chamou alguém á meu lado. Estava perdido em pensamentos que não estava escutando.

Só percebi que alguém estava me chamando, quando estava caindo de bunda no chão e todos estavam rindo. Fulminei Zia com o olhar. 

- O que foi? - ela perguntou, se fazendo de inocente. - Foi você que não me escutava.

- Não é motivo para me empurrar. - falei, me sentando e me segurando para não bater nela. 

- Mas você não em escutava! - ela disse.

- Tudo bem, eu desculpo você. - falei, encurtando a conversa.

- Mas eu não pedi desculpas sua reta! - ela disse rindo, e eu ri também. Nós eramos o contrário, e essa amizade era muito engraçada.

O sinal tocou para o intervalo e todos saíram da sala. Parecia uma corrida pela vida, então, para não ser pisoteada ou esfaqueada (nunca se sabe né ¬¬'') . Quando saí, Zia estava beijando um menino.

Eu corri, porque ela estava do outro lado do pátio. Ela tem namorado, por que está beijando um outro menino sem ser o meu irmão?

Arranquei o garoto dos lábios dela e comecei á gritar com ela.

- ZIA SUA VADIA! - gritei com muita raiva. - VOCÊ É DOIDA?

Todos estavam olhando para mim, e de vez em quando olhavam para Zia.

- O QUE EU FIZ? - ela perguntou.

- VOCÊ ESTÁ BEIJANDO UM MENINO! E O MEU IRMÃO, COMO FICA? - exclamei bem alto, e as lágrimas de incompreensão já escorriam.

- Olha para ele! - ela apontou para um garoto atrás de mim. - E depois eu quero desculpas!

Senti um braço me rodear, me levantar para cima, me fazendo rodopiar. Antes de conseguir entender o que estava acontecendo, fui esmagada com um abraço de urso. Espera aí... Só uma pessoa me dava esse abraço.

- CARTER! - meu grito saiu abafado, e as lágrimas mudaram de incompreensão, para surpresa. Ele beijou os dois lados do meu rosto e sorriu para mim.

- Desculpa Sadie, eu queria ir falar com você primeiro. - ele falou coçando a nuca. - Mas a Zia estava aqui e...

Interrompi ele com um abraço apertado. Fazia dois meses que eu não via meu irmão. As lágrimas desciam e desciam, mas eu estava feliz. Meu querido irmão mais velho de um ano, que eu não via fazia tempo, estava na minha frente.

- Assim você vai me deixar sem ar, e eu não vou poder te levar ao circo. - ele sorriu, e limpou algumas de minhas lágrimas. - Faz quanto tempo que eu não te vejo, pequena?

- Faz três meses. - falei, dando um soco no seu braço. 

- Ai! - ele reclamou, esfregando o dedos no lugar onde o soco havia pegado. - Está ficando mais forte, pequena, mas continua baixinha.

- Ei! - falei com raiva. Mas logo mudei meu humor. - Espera! Você vai me levar ao circo?

- Sim, ué. Eu sempre fiz depois que a mamãe se... Depois daquilo. - ele falou, completando. Senti que ele estava mentindo, mas resolvi deixar para lá.

Hoje é o melhor dia da minha vida! Primeiro, o circo lança, depois meu irmão aparece! Só falta meu pai aparecer e eu vou esta no paraíso.

- E o papai? - perguntei, puxando a ponta de sua camiseta. - Ele vai vir também? Seria tão bom se...

- Me desculpa Sadie, ele não pôde vir... Mas acredite, ele queria poder. - ele falou, afagando meus cabelos.

- Ah, não tem problema. - falei, fazendo o máximo de animação.

Senti um arrepio na nuca, e rapidamente olhei para trás. Anúbis estava á alguns centímetros do meu pescoço. Olhei para os seus olhos, depois para seu cabelo bagunçado naturalmente, depois para seus músculos e suspirei.

- O que você quer? - perguntei com nojo, mas eu queria mesmo é continuar olhando aquela miragem.

- A professora pediu para você me ajudar com as bolas de basquete na quadra... - ele falou hesitante, o olhar passando por mim e por Carter. - Agora. - ele concluiu.

Bufei irritada e olhei para Carter, que se despediu, falando que ia  me esperar na frente do circo, e que agora ia ver a Zia e beijou minha testa e me chamou de pequena. Segui Anúbis até a quadra irritada, por ter que ajudar ele.

- Por que você não faz isso sozinho? - perguntei, revirando os olhos, quando ele pegava uma das dezenas de bolas que haviam no chão. - Tenho certeza que conseguiria sem a minha ajuda.

- Não discuta comigo. - ele falou áspero, e eu estalei a língua. - A professora que falou, não fui eu, então pára de reclamar e vem me ajudar.

Ajudei ele e olhei para o relógio em meu pulso quando estávamos quase acabando. Estava quase na hora de ir embora, e meu irmão me levaria ao circo. Oba!!

- Ei... - Anúbis me chamou sussurrando, quase que eu não consigo ouvir. - Desculpe ter atrapalhado seu momento com o seu namorado no pátio. 

QUÊ?? 

- Eu não sabia o que fazer quando vi. - os músculos de sua face se retesaram. - Atrapalhei seu momento.

- Meu o quê? - perguntei, eu ainda não tinha absorvido a ideia maluca dele. - Ele é o meu irmão.

Seus olhos ganharam um brilho intenso, logo antes de voltar ao vazio como sempre. Ele corou, e eu juro para você, era a coisa mais linda do mundo.

Ele ficou em silêncio e continuamos á pegar as bolas de basquetes até que acabaram. Voltamos para a sala e pegamos nossas mochilas. Meu irmão falou que ia me esperar lá, então, invés de fazer meu caminho rotineiro, fui para o lado contrário.

- Não vai para casa hoje? - perguntou Anúbis.

- Por quê o interesse repentino? - rebati, debochada.

- Eu não quero que você se perca, já imaginou se acontece alguma coisa com você? - ele falou, e seus olhos ficaram sombrios. - E eu não iria no seu enterro.

- Há-há. - falei, sem emoção alguma na frase. - Eu vou para o circo.

Ele ficou com uma expressão de expectativa.

- Quer ir comigo? - perguntei, e os cantos de sua boca subiram para cima. - Sei que sua companhia vai ser muito boa para mim.

Acho que ele não percebeu o sarcasmo na minha voz. Mas estávamos indo, e ele estava ao meu lado. Seu cheiro inebriava meus pensamentos, e eu estava tropeçando nos pés á cada dez segundos.

- Quer que eu leve sua mochila? - ele se ofereceu. 

- Não precisa, eu sei me cuidar. - eu disse antes de tropeçar de novo.

Escutei alguns risos abafados vindo dele e fiz uma careta quando ele pegou minha mochila furtivamente, mas não falei nada. 

- Você é estranha... - ele começou.

- É, ótimo jeito de começar uma conversa com uma menina. - revirei os olhos.

Ele não falou nada. Respirei fundo quando vi o circo. Meu irmão estava parado, olhando para o nada, quando eu e Anúbis chegamos perto dele, despertando-o do transe.

- Pequena! - ele falou, afagando meus cabelos. - E você é?

- Anúbis. - ele se apresentou.

- Finalmente arrumou um namorado, Sadie? - ele perguntou incrédulo.

- NÃO! - gritei. - Nós somos... - olhei para Anúbis. - Conhecidos.

- É... - ele concordou, com uma aura triste. - Somos colegas de classe.

Ele me entregou a mochila e Carter me olhava com uma expressão muito confusa. Ri.

- Aiai. - falei. - Só você mesmo Carter.

Olhei para o circo que se estendia na área. Era tão barulhento, pessoas e multidões andavam, brincavam e riam. A magia do circo estava de volta á cidade. Sorri com vontade, e acho que virei o Curinga, porque quando deixei de sorrir, minha boca estava doendo.

Senti Carter passar um dos braços nos meus ombros, e o outro em Anúbis.

- Vocês ficariam perfeitos juntos sabiam? - ele começou, mas eu estava muito entretida, e não prestei atenção.

Enquanto eu jurava de morte no pensamento o Carter, Anúbis olhava á tudo muito magnificado. Parecia a primeira vez que vinha ao circo. Sorri para ele, que não retribuiu o gesto.

Passei os olhos por todas as barracas, e Carter falou algo sobre comprar alguns doces. E deixou eu e Anúbis lá parados perto de uma barraca.

- Crianças, entrem... - escutei uma voz feminina, mas muito desgastada vindo de dentro de uma cabana roxa. 

Quando eu ia entrando, senti uma pegada no meu ombro, e uma descarga elétrica subiu por todo o meu corpo.

- Acho melhor não. - falou Anúbis, com a voz mais rouca que o normal. - Seu irmão mandou a gente esperar aqui.

- É só um segundo. - falei um pouco trêmula, ele deve ter percebido, pois tirou a mão do meu ombro. - Fica aqui que eu já volto, não têm problema.

- Mas Sadie... - ele me chamou.

- E por favor, fique longe dessa barraca. - falei emburrada. - Não quero que você escute a conversa, de novo.

- Tá. - ele falou, se dando por vencido. - Se você não voltar em dez minutos, eu vou atras de você. - ele se afastou.

- Aff, nem sei por quê tanta preocupação, eu já volto! - gritei e entrei dentro da tenda.

Por dentro ela era de tamanho médio. Retratos por todo lado e uma mulher que passara de uma idade para ser considerada idosa. Ela me convidou á sentar, e eu, hesitante, sentei.

- Boa tarde, querida. - ela falou, e sua voz se propagou por toda tenda.

- Boa tarde.. - falei preguiçosa.

- Posso ler sua mão querida? - ela perguntou, olhando diretamente em meus olhos. - Você parece ser interessante...

- Desculpa, mas eu deixei o dinheiro com meu irmão.. - comecei, lembrando que tinha deixado minha mochila com o meu irmão.

- Tudo bem. - ela falou. - Meu nome é Morgana. Eu faço de graça para você.

Meus olhos brilharam e eu estendi minha mão. Ela pegou minha mão e começou á examiná-la.

- Bem... Vejamos. - ela começou. - Você tem uma vida que considera normal. Tem uma grande amizades que já sobreviveu muitos anos...

Lembrei de Zia. E de como já brigamos, e sempre superamos tudo. Balancei levemente a cabeça, com várias imagens passando por minha cabeça. De como a Zia me ajudou com os meus problemas de saúde quando eu era mais nova...

- Mas sofreu muito quando criança. Primeiro, você começou com várias doenças seguidas, e logo depois sua mãe sumiu, dando um vazio que você ainda sente até hoje.

Quando ia falar algo, Morgana falou primeiro:

- Vejo que tem uma paixão. - ela disse, e eu automaticamente fiquei corada. - Mas ela não gosta de você, o que torna tudo difícil de novo. Mas têm outra coisa... - ela fechou os olhos e respirou profundamente. - Recomeçar, essa é a palavra que você irá querer usar hoje ou algum dia.

Pensei um pouco e olhei atentamente para Morgana.

- Vejo também mentiras na sua família. Várias mentiras que giram em torno de uma só. - Levantei uma sobrancelha. - Estou vendo que você quer ser uma mulher grande quando crescer... Alguém que ajuda as pessoas verdadeiramente. - ela falou sorrindo, como se estivesse lembrando de uma velha lembrança. - Um novo amor. Você está começando á gostar de outra pessoa, mas essa pessoa te irrita demais e você não consegue ver um futuro com ela.

Meus pensamentos pararam em Anúbis. Não posso discutir com ela. Talvez eu esteja mesmo gostando dele. Ela me descreveu completamente. Quando fui tirar a mão, ela a puxou de volta, e eu estranhei.

- Tem algo estranho aqui. - ela falou, balançando a cabeça. - Você... Suas doenças...  - meus olhos se encheram d'água. Será que ela tinha descoberto? Algumas lágrimas caíram.

Senti um vento forte passando e olhei para trás e vi Anúbis parado, olhando para mim preocupadamente. Ele puxou meu braço á força e me levou para fora da tenda.

- Ela fez algo com você? - ele perguntou, secando algumas lágrimas que caíam. Eu estava em choque. - Pode falar, ela fez algo com você?

Sua voz era tão quente que eu quis abraçá-lo. Mas eu não pude fazer isso, fiquei em um choque maior quando vi uma coisa á minha frente.

Um palhaço estava olhando para mim e Anúbis curiosamente. Anúbis apenas olhou para ele e depois olhou para mim de novo, ignorando ele.

Comecei á suar frio com o olhar dele em mim. O olhar do palhaço era igual aos em meus sonhos, ou era só eu tendo outra alucinação? Balancei a cabeça.

- Você está bem Sadie? - perguntou Anúbis. - Está tão pálida, você quer ir embora?

Não falei nada. Minha cabeça começou a doer. O palhaço foi embora, triste por não ter ganhado atenção, e me sentina grama, colocando a cabeça entre os joelhos.

Meu estômago se revirava e eu estava torcendo para não vomitar em Anúbis, que sentou a meu lado, e colocou a mão nas minhas costas. Ele estava gelado, mas minha pele formigou e eu tirei a mão dele dali.

- Por favor. - falei ofegante. - Não. Toca. Em. Mim.

Eu não disse por mal. Minha mente girava, e eu estava me forçando á não desmaiar. Respirei fundo e fiz uma coisa que sempre me acalmava. 

Sussurrei uma canção de ninar que minha mãe cantava para mim. Na verdade era uma canção de amor, ela cantava. Lembrei de seus cabelos castanhos e do cheiro que eles tinham, chocolate.

(http://www.youtube.com/watch?v=ITHCvpK50-g) 

Senti o olhar de Anúbis em mim e comecei á me acalmar. Aquela música é a única lembrança que eu tenho da minha mãe, além do cabelo e do cheiro dele.

Quando acabei de sussurrar Anúbis olhava para mim com outra expressão, mas eu não sabia dizer qual. Minha mente girava lentamente. 

- Estou bem - falei, conseguindo me levantar. - Obrigada por se preocupar.

- Você não parecia bem - ele disse, coçando a nuca e corando bem levemente. - Achei que você ia desmaiar ou algo assim.

- Não. - falei rindo. - Desmaiar ia parecer que eu estou doente.

Eu meio que falei a verdade. E ele riu junto por alguns segundos. Mas eu sabia que não ia ficar com ele, ou com Walt, ou com qualquer outra. Ninguém quer uma namorada mutilada, certo?


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Notas finais do capítulo

Bem, fofas, aqui está! Estou tão feliz! Obrigada Allie, e á todos que estão comentando... Quero ver se alguém descobre o que ela tem. Ela tem quinze anos nesta fic. As dicas são essas: a doença que ela tem atinge pessoas mais velhas, mas por alguma razão foi nela, e ela fez duas cirurgias. Passou por coisas horríveis, mas nunca desistiu. Alguém sabe a doença que ela TEVE?