Assunto:

Eu não quero e não posso mais ter esse tipo de relacionamento com você. Sinto muito.

E dessa forma, com apenas 16 palavras, nosso relacionamento chegou ao fim. Aquela sinceridade agressiva, que uma vez eu disse que amava, se voltou contra mim de maneira firme e implacável. Depois de processada a informação, comecei a pensar nas opções que me restavam:

1. Chorar desesperadamente e decretar o fim do mundo por algum tempo; o escudo do orgulho me salvaria da falta de amor próprio.

2. Chorar desesperadamente e implorar para que ela mudasse de idéia, deixando para trás qualquer traço de dignidade.

3. Chorar desesperadamente e remoer essa mágoa pelo resto dos meus dias, alimentando um rancor totalmente desnecessário por ela.

Só consegui pensar nessas três. Por que é tão difícil quando alguém que você gosta te diz adeus? Qual é a forma mais adequada de colocar um ponto final numa relação a dois? Mais importante do que isso, qual dos três eu escolheria? Muitas perguntas e nenhuma resposta. Nesse momento, tive esperanças de que poderia chegar a odiá-la um dia. Ou pelo menos, fiz o possível para acreditar que sim, o caminho mais fácil é sempre a primeira saída.

Durante muito tempo, coloquei a culpa inteira nela, óbvio. É bem mais fácil do que lidar com o fato de ter sido rejeitada (independente dos motivos). Tentei resistir à tentação de fazer papel de vítima para nossos amigos em comum, mas passei longe disso, estava com pena de mim mesma. Não conseguia entender como tudo podia mudar tanto de uma hora para outra, sem qualquer aviso prévio. Para onde foi toda aquela paixão?!

Nós estávamos bem, sabe?! Até demais. Esse foi o problema, eu deveria ter percebido que era “o começo do fim”. Fechei meus olhos para todos os avisos e ignorei convenientemente todos os perigos. Somos idiotas quando estamos apaixonados, não é?! E por falar nisso, o que eu deveria fazer com esse sentimento que ainda mora aqui, dentro de mim? Desisti de tentar ignorar isso também.

Paixão. Essa coisa que é bálsamo e veneno; é tão bom cultivar as lembranças... é tão ruim saber que não haverão outras. Ah sim, eu não escolhi nenhuma das três opções que eu mencionei. Acabei ficando com uma quarta: decidi que era melhor dar um tempo para que ela organizasse suas idéias e torci para que ao final dele, ela viesse correndo para mim, arrependida e querendo colo.

Preciso dizer que isso não aconteceu?! Os dias foram passando, e depois as semanas, e depois os meses. Tentei fingir que estava tudo bem, mas foi uma péssima idéia. Ela acreditou e tentou se aproximar. Fiquei feliz com isso, mas foi impossível ignorar o fato de que ela só queria ser legal. Brigamos mais algumas vezes a acabamos por decidir que seria melhor não ter mais nenhum contato.

Não importa qual seja o caminho escolhido, o resultado é sempre o mesmo: dor. E depois de todas essas idas e vindas, as coisas ficaram ainda mais complicadas. Eu só queria que tudo isso fosse embora, da mesma forma que ela foi. Mas isso não vai acontecer. Acho que vou acrescentar uma quinta opção naquela lista: chorar desesperadamente e não saber o quê fazer depois. Que tal?!

Sinto muito por me aproveitar de você dessa forma tão inconveniente. Sei que não nos falamos há muito tempo, mas não consegui pensar em outra pessoa para desabafar. Lembro que nós éramos inseparáveis na faculdade, mas sei que é estranho escrever um e-mail assim “do nada” para alguém com quem você não conversa há anos. Não sei por que fiz isso. Você me acha patética? Espero que não.

Acho que me senti protegida pela distância que nos separa, tenho certeza de que conseguiria ser hipócrita numa conversa “cara-a-cara”. E por falar nisso... sinta-se à vontade para me escrever sempre que precisar, quero que você saiba que a sua amizade ainda é muito importante para mim. Você ainda tem meu telefone? Nós poderíamos nos encontrar qualquer dia desses.

Sem mais,

Sua amiga que te adora! 

FIM