A Solidão De Uma Existência escrita por Mei chan


Capítulo 2
Capítulo 2




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 Então vamos nos encontrar na grande sala às 11 horas.
- Eu não disse que ia, eu só disse que seria legal.
- Bom... 
- Era só brincadeira, às 11 né?! Eu estarei lá. Mas porque você não me diz logo que lugar é esse?
- Espere, tenho certeza que ficará surpresa.
-Então tudo bem, até lá.
Bom o dia passou rápido, mas ainda assim eu estava ansioso, quando a tarde chegou arrumei uma bolsa velha com algumas velas e um sanduíche do chá das 3 que eu não quis comer. Parece que tudo estava certo para começarmos a nossa aventura noturna em uma noite cálida e sombria. Ao cair da noite meu nervosismo só aumentou, as vinte horas todos se recolheram e eu só pude ficar contando as horas até que finalmente o grande relógio bateu vinte e três horas. Cuidadosamente levantei da cama evitando o mínimo barulho, peguei um casaco e a bolsa que já tinha preparado. Desci as escadas bem devagar até finalmente chego até a grande sala, passo pelo corredor que dá para o dormitório feminino e fico a espera da Tess no canto esquerdo daquele cômodo tão grande. A noite estava muito fria e o medo de ser descoberto a fazia mais assustadora assustadora.
A lua já estava alta e uma coruja piava do lado de fora me deixando aterrorizado, até que ouvi barulhos que pareciam passos, e comecei a me sentir vigiado, quando me virei, o rosto pálido com um par de olhos verdes estava me encarando. Levei um susto, pois além de não poder enxergar muito bem pelo escuro, minha coragem estava enfraquecida pelo suspense que aquela noite proporcionava.
- Oi!
- Oi! Você me deu um susto, já estava perdendo a esperança de lhe encontrar aqui, porque demorou tanto?
- Eu demorei, pois não podia sair antes que passassem no meu dormitório pra ver se todos estavam nas suas devidas camas, se não podia deixar suspeitas. Fiz bem né?
- Sim é claro! Mas... eu não tive a mesma esperteza que você. - Eu disse preocupado.
- E agora?- Tess perguntou assustada.
-Não é nada de mais, só vamos ter mais cautela pra evitar confusões maiores...
Depois de ascender uma das velas fomos andando, e eu fui à frente para mostrar o caminho, estávamos atentos a todos os barulhos e o menor ruído era motivo para um pequeno susto. Mas bem rápido chegamos até a porta que dava para o porão da casa. Coloquei a mão na maçaneta torcendo para que a porta não estivesse trancada. Quando entramos estava muito escuro e mesmo com a luz da vela meus olhos levaram um tempo para se acostumar. Depois que ela entrou fechei a porta que fez um pequeno barulho. Finalmente nós estávamos sozinhos no porão.
- Bom o que viemos fazer aqui? - Ela estava um pouco intrigada.
- Era isso, o porão, quase ninguém vem aqui. Eu sempre quis entrar mas nunca tive coragem, vamos ver o que tem de interessante aqui.
- Será que se pegarmos alguma coisa vão dar falta?
- Acho que não, as coisas aqui são muito velhas.
O porão era um um cômodo bem grande, provavelmente ele tinha a metade do tamanho de toda a casa e mesmo assim estava completamente cheio de tralhas empoeiradas, enquanto andávamos nós tropeçamos em muitas delas que estavam no caminho. Tinha muitas coisas para mexer e descobrir, não era um lugar convencional para levar pessoas que acabamos de conhecer, mas acho que a Tess realmente gostou de lá. Me pareceu que no momento ela voava em seus pensamentos com tantas coisas que despertavam sua curiosidade e imaginação, seus olhos brilhavam à luz da vela e mesmo sendo tão pálida a cor de sua pele era extremamente bonita e essa noite, parecia ainda mais.
- Eu lhe trouxe porque pensei que você ia gosta desse lugar, agente pode brincar... Pode ser nosso esconderijo secreto! E também eu gostei desse lugar, tem muitas coisas diferentes e velhas que devem estar aqui desde o começo do orfanato
- Realmente eu adorei esse lugar, é incrível! É misterioso, dá calafrios à noite e é cheio de coisas legais e interessantes, nós podemos nos divertir muito aqui!- Disse ela entusiasmada.
- Que ótimo, imaginei que iria gostar. - Eu disse.
- Mas... Não tem alguma coisa em especial, algo realmente diferente?
Logo eu comecei a suar, afinal estava nervoso, e se depois que dissesse que não tinha nada assim para lhe mostrar, ela ia me achar estranho e talvez não quisesse ser mais minha amiga?! Assim eu ficaria sozinho de novo. As palavras simplesmente não saiam da minha boca, o silêncio que se formou dessa grande pausa me vez parecer muito bobo, mas com grande esforço as palavras saíram num sussurro desafinado.
- ... Ah t-todas essas coisas. Como eu disse, também é a primeira vez que eu venho aqui também.
- É verdade, eu que não prestei atenção. - Como ela não pode disfarçar sua cara de desapontada, fez-me sentir muito mal.
-Desculpe desapontar...
-Não! Sua surpresa continua sendo legal, eu que sempre idealizo as coisas do melhor jeito possível, mas elas acabam não sendo tão boas assim... Mas eu realmente gostei daqui! Porque não começamos a olhar as coisas daquele lado? - Ela disse apontando justamente para o canto do porão que parecia ser o mais assustador, não sei se ela sabia que eu estava com medo, mas se sabia estava se divertindo muito com isso.
   Começamos a procurar por coisas interessantes, encontramos moveis velhos cobertos por um pano branco mofado, também encontramos vários armários de ferro que já estavam bem enferrujados, cada um tinha cinco prateleiras, todas cheias de caixas de papelão, e em suas tampas estavam escritas datas em caneta azul. Resolvemos pegar a caixa mais recente e a mais antiga, foi uma tática bem esperta já que não podíamos ver todas as caixas. Na caixa mais recente começamos a nos divertir com tudo que tinha dentro como, brinquedos quebrados e até mesmo alguns em bom estado, roupas velhas, umas pequenas e outras rasgadas, bolas furadas ou murchas dentre outras tralhas avulsas.
   Depois de ver tudo da caixa mais recente, abrimos a mais antiga mas as coisas de lá estavam bem acabadas, a maior parte eram papéis amarelados, nós já íamos desistir de ver aquela caixa sem graça quando alguma coisa chamou a nossa atenção, estava bem no fundo e mesmo assim conseguia refletir a luz da lanterna. Tiramos tudo lá de dentro e finalmente nos deparamos com uma chave dourada, ficamos em silêncio e por um instante nos encaramos, provavelmente com a mesma pergunta na cabeça: " De onde seria essa chave ? " . 
- Que chave incrível! - Eu já estava a tirando da caixa enquanto a Tess colocava tudo de volta.
- Realmente. O que você acha que...
-  ...Ela abre?
- Sim.
- Eu gostaria de saber, mas a data desta caixa é muito velha, se essa coisa não esta aqui,  foi jogada fora ou provavelmente não existe mais.
- Mas é claro que ela não estaria aqui, quem trancaria alguma coisa e a colocaria perto da chave? - Ela falou com um tom de autoridade que acabou totalmente com meu argumento.  
- Bom então, se não esta aqui, onde ela estaria?
- Não sei mas podemos procura. - Ela tinha empolgação na voz.
 Eu realmente estava curioso, mas o frio só aumentava, as cãibras me atormentavam e o sono me consumia, já estava na hora de voltar aos dormitórios e tirar uma boa noite de sono ou pelo menos o que ainda restasse dela, pois a chave não iria sair dos meus pensamentos, mesmo sabendo da empolgação da Tess achei que deveria a alertar. Ela estava muito distraída e não tinha percebido que já havia passado bastante tempo desde quando chegamos. 
- Tess, você não acha melhor nós voltarmos aos dormitórios antes que alguém perceba que nós sumimos? Afinal eu não esperei que passassem no meu dormitório para ver se todos estavam na cama, e minha esta vazia, alguém já deve estar me procurando!- Eu disse preocupado.
- Eu acho que você esta com muito sono, afinal... você deve estar acostumado a ir dormir cedo, mas nós acabamos de encontrar uma coisa realmente legal! - Ela disse com uma voz superior.
Dessa vez a personalidade de Tess, de agir como uma adulta não me agradou muito e fez com que me irritasse, não era tão difícil já que estava com sono.
-Estou com sono sim! Mas se tivesse que dormir cedo o próprio não estaria aqui!-Eu falei num tom diferente do que costumara ter.
- Para de gritar comigo. - Falando num tom ainda mais alto.
- Para você de gritar, quer que nos pegue aqui!- Eu falei desconfiado de barulhos de passo que pareciam vir de muito perto.
Ela continuava a gritar coisas sobre mistérios e chaves um tom de comando, mas estávamos a poucos passos de sermos descobertos.
- Xiiiii! Fique quieta. Ouço passos.
- Você quer é me amedrontar! - Ela disse contrariando.
- Xii! Ouça!
- O que nós faremos agora?  - Ela finalmente tinha percebido. Olhei para todos os lados, mas não vi nenhuma saída, quando finalmente reconheci o que parecia ser uma janela.
- Olha, bem ali tem uma janela, vamos até lá com cuidado.
Logo depois de pegar a chave começamos a dar pequenos passos silenciosos em direção a janelinha do porão, não conseguiríamos alcançar ela se não tivesse uma pilha de livros velhos bem de baixo dela.
   Estava com muito medo, mas não esqueci o cavalheirismo e permiti que ela passasse primeiro, depois de ela estar do lado de fora tinha chegado a minha vez, apaguei a vela e comecei a sair, enquanto isso meus pensamentos eram só de preocupação, se desse algo errado eu teria de levar a culpa porque convenci a mesma a ir ao porão.
No mesmo instante que eu consegui sair escutei pesados passos e pela janela vi a maçaneta da porta se mover.
- Silêncio, alguém esta abrindo a porta. - Eu sussurrei colocando a mão na boca da Tess que estava bem perto de mim.
Só pude ver um pouco de claridade que vinha da vela que a pessoa segurava, depois de alguns minutos, a mesma  percebeu que já não havia mais ninguém ali, fechou a porta ruidosamente.
- Pronto conseguimos, mas agora vai ser um pesadelo voltar aos dormitórios. - Eu previ.
- Concordo plenamente, devemos ter muito cuidado, mas como iremos voltar?
- Tivemos sorte, pois quem quer que tenha vindo, esqueceu de trancar a porta. - Eu me levantei e percebi que estávamos atras de um arbusto, aquela janelinha nunca teria seria descoberta se aquele arbusto ficasse intacto, assim nós poderíamos usa-la sempre que preciso. - Vamos voltar por essa janela e sair pela porta mesmo, só temos que esperar mais um pouco pois a pessoa ainda não deve ter voltado ao seu dormitório, vamos aproveitar esse tempo para arrumar as coisas que tiramos do lugar.
- ... - Ela apenas assentiu com a cabeça.
- Em silêncio. - Dei bastante ênfase na última palavra e comecei a descer antes mesmo do protesto que ela estava prestes a fazer.
Ascendi novamente a vela e a ajudei a descer, e depois de arrumarmos tudo rapidamente,  nos aproximamos da porta. Nós estávamos nos encarando sem saber o que falar.
- Desculpe... Eu não queria gritar daquele jeito...
- Eu sei, tudo bem. - Porque ela estava me fazendo corar? - Só tenha cuidado quando voltar.  
E assim fomos para os dormitórios, de fininho, sem descuidos, sempre alerta e com muito cuidado. Tess foi direto para o corredor que levava até o dormitório feminino, e eu segui em frente subindo as escadas.
Quando cheguei no meu dormitório já tinha um garoto na minha cama, eu não ia acorda-lo, ele não falava comigo e se eu o acordasse nunca falaria, achei que o melhor a fazer era pegar outro colchonete e me deitar no cantinho do quarto. Não estava nem um pouco confortável mas peguei no sono rapidamente,  mesmo tendo na minha mente conturbada por pensamentos sobre aquela chave, que até em meus sonhos apareceu.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, é que essa a história é escrita em conjunto e é meio difícil de nos juntar : p



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