Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 28
Capítulo 28 - PARTIDA & REENCONTROS


Notas iniciais do capítulo

A fé que é amadurecida no conhecimento e provada pela experiência é preservada no sofrimento e alimentada pela existência.
NeoqJav



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Mais um dia de trabalho na pequena venda da reserva. Leah tirava o pó das prateleiras, com um espanador, quando ouviu os sinos da porta de entrada, anunciando um cliente que chegava. Ela se encaminhou para a frente da loja, mas já estava de cara feia, pois sabia quem estava ali.

– O que quer, Jacob?
– O quê? Não posso fazer compras?

– Que seja, então.

Leah já virava as costas para continuar a tirar o pó das prateleiras.

– Não. Espera, Leah! A Nessie pediu para eu vir aqui. Ela quer saber se é verdade que vai viajar amanhã?

Leah se virou, bufando, olhando um Jake constrangido.

– Você não tem vergonha, Jake? De bancar o garotinho de recados da Nessie?

Jacob ignorou a provocação dela. Sabia que era uma defesa, para fugir das situações que ela não gostava de enfrentar.

– Eu não precisaria bancar o garoto de recados, se você atendesse os telefonemas da Nessie, e não tentasse fugir dela, toda vez que a encontra na reserva, Leah. Sabia que isso a magoa???

Leah suspirou derrotada.

– Eu sinto muito, se isso a magoa. Não é minha intenção magoar ninguém, Jake. Mas eu não posso mais ficar aqui. Olha pra mim, Jake!

Leah parou por um instantes. Um bolo começava a crescer em sua barriga. Ela já sabia o que viria no fim. Ia chorar como uma garotinha assustada. Mas seu autocontrole foi ao seu socorro, não permitindo. Teve apenas que engolir aquele bolo de ar e angústia, que por vezes vinha de dentro dela. E continuou a falar.

– Você acha que foi isso que eu sonhei pra minha vida?? Trabalhar na venda da reserva, tendo Emily, Kim e as outras como clientes, ensacando suas compras, para elas levarem para suas famílias. Famílias, Jake... E eu?

Jake abaixou a cabeça. Podia entende-la. Já tinha por diversas vezes estado na mente dela. Sabia como funcionava. Podia sentir o quanto difícil era para ela. Ele mesmo, já tinha experimentado algo muito parecido. Mas Jake afastou-se daquelas lembranças. Isso nada mais era para ele. Mas Leah ainda vivia seu pequeno inferno, e ele entendia de infernos. Olhou para ela, que tão valentemente brigava para que lágrimas não caíssem de seu rosto.

Sem conseguir mais se controlar, Leah se abaixou, encostando seu corpo em uma prateleira. Se sentia fraca e com o gosto amargo de derrota em seus lábios. Jake se sentou ao seu lado, segurando sua mão. Ela tentou puxar, mas ele a manteve firme.

– Não precisa tentar se sentir forte o tempo todo, Leah. Ninguém espera isso de você. Chore quando tiver vontade. Não tem problema, eu entendo você. Não precisa ficar se não quiser. Ninguém vai obriga-la a isso. A Nessie só queria saber se você está bem. Se ela não tinha assustado você. Só isso!

Leah não conseguia falar. Tentava se segurar. Sabia que se falasse, as lágrimas não iam mais ficar retidas. Só balançou a cabeça em confirmação. As palavras de Jake, puxando sua mão, que ele soutou. Se levantou, ajeitando o avental do uniforme e deu um sorriso fraco para o seu alpha.

– Eu estou bem, Jake. Desculpe o desabafo ridículo. Diga a Nessie, que eu vou viajar amanhã, e que ela não me assustou. Está tudo bem!

– Tá, eu digo. Bem, se eu não te ver mais... Boa viagem! Espero volte algum dia.

– Claro! Venho para o casamento do Seht com a Sarah.

– Há! Por favor... Isso vai demorar uns… cinquenta anos.

Os dois riram da possibilidade, e do ciúme que Jake sentia da filha. Jake abraçou Leah, mesmo ela empurrando ele, para parar.

– Me solte, Jake! Sabe que eu não sou disso!!

– Mas eu sou. E vou sentir falta da minha Beta. Então, cale a boca e me abraça, Leah. É uma ordem.

Leah o abraçou sem jeito, e mais uma vez teve que segurar a respiração, para que as teimosas lágrimas não caíssem.

– Agora chega! Me solte, antes que os fofoqueiros vejam essa cena, e você já sabe...

Jake sorriu, soltando Leah de seu abraço. Deu um beijo em sua testa, saindo da loja.

Leah se manteve firme por míseros cinco minutos. Depois se entregou ao desespero de suas lágrimas. Estava há muito tempo brigando com elas, para que não saíssem. Cansou disso. Precisava esvaziar seu coração amargurado. Era sempre assim, quando se via sozinha. Se entregava ao desespero. A solidão era algo assustador. Se sentir numa encruzilhada, sem saber o caminho ao qual tomar. Era devastador! Sempre parada, ou por vezes, quando resolvia tomar um caminho, era o errado.

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– Estas também, Seth. Leve estas aqui…

– Caramba, Leah! Você vai levar tudo?

– Não! Só algumas coisas.

Leah apontava para as caixas que o irmão tentava empilhar, para levar para o carro. Ele descia com três caixas empilhadas, uma em cima da outra, se desviando do caos que estava o pequeno quarto, cheio de sacolas e malas. Sue olhava a filha fechar mais uma mala, com a mão no peito, sentindo a dor da partida da filha. Leah encarou o rosto da mãe e sorriu carinhosamente para ela.

– Pare com isso, Dona Sue. Parece até que eu não vou mais voltar. Que isso? Eu venho sempre.

– Natal e aniversários, não são a mesma coisa, filha.

– Eu sei, mãe! Mas eu preciso ir. Você sabe, não? Você mesma me mandou dar um jeito na minha vida. Então? Tô dando!

Leah tentou dar o seu melhor sorriso para sua mãe, fazendo um carinho em seus cabelos. Não queria guardar a lembrança dela assim, triste com sua partida. Já tinha dado muitas preocupações à Sue. Isso tinha que acabar.

– Sei! Desculpe sua velha mãe. É difícil ver meus filhos indo embora. Logo, Seth vai também. E eu vou ficar sozinha.

– Olha, mas que bela chantagista você está ficando Dona Sue Clearwater. Pensa que eu não sei que assim que o Seth sair, ou você vai morar de vez com Charlie, ou ele vem pra cá.

Sue ficou com as bochechas vermelhas. Leah beijou uma de cada lado.

– Para com isso.

Leah ria da cara vermelha de sua mãe.

– Para com isso, Leah. Eu e Charlie somos amigos.

– Sei! Amigos. Sei! Para com isso, mãe! Você tem todo o direito de ser feliz. Eu não estou criticando você, mãezinha. Eu quero mais, é que a senhora seja muito feliz.

– Vou ficar feliz, quando meus dois filhos estiverem felizes.

Leah abraçou a mãe, esticando um sorriso na face da mãe, com seus dedos.

– Então, pode sorrir assim! Por que o Seth, depois que teve o imprintg, parece andar nas nuvens. E eu estou ótima.

Sue segurou as mãos da filha, tirando-as de seu rosto.

– Sei que não está... Mas algo em meu coração, diz que isso vai mudar, Leah. Não se feche de novo. Esteja atenta aos sinais. Mantenha a mente aberta, filha.

Leah sorriu, dando um beijo na testa de Sue.

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(AEROPORTO DE SEATTLE)

O carro parava bruscamente fora da vaga, em local proibido para estacionar.

– Senhorita, não pode estacionar aqui!

Leah olhou para trás, para poder confirmar o que seu olfato já lhe alertara. Olhou a pequena confusão instalada na frente do aeroporto de Seattle.

– Senhorita, já lhe disse não pode parar aqui!

O funcionário tentava mais uma vez, já de forma aflita, falar com a mulher de cabelos cor de bronze, que parecia ignora-lo, esticando o pescoço para dentro do aeroporto.

– É só um segundo, já disse! Preciso falar com uma amiga que vai embarcar agora. É urgente!

Leah balançou de forma contrariada a cabeça, saindo da poltrona da sala de espera do aeroporto. Foi para o lado de fora, rumo à pequena confusão.

– Moça, ou a senhora tira carro daqui, ou vou chamar o guincho e a polícia.

– Pois chame! Já disse que preciso falar com uma amiga que vai embarcar agora mesmo. É um assunto de vida ou morte. Você é um intransigente!

– Renesmee!

Leah falou, para uma Nessie esbaforida e já descabelada, que enfiava o dedo na cara do pobre funcionário do aeroporto. Ela estava tão acalorada pela iminente discussão, que nem percebeu o chamado de Leah, que tentou mais uma vez chamar sua atenção.

– Renesmee!

Finalmente, Nessie se dá conta de seu chamado. Uma pequena aglomeração de curiosos já começava a se instalar próximo a eles. Leah fez um sinal de desentendimento a uma confusa Renesmee, que agora a olhava com um alívio nos olhos e a mão espalmada no peito.

– Leah! Graças a Deus que ainda não partiu. Eu estava nervosa, achando que não ia conseguir falar com você.

Renesmee falou isso, já abraçando Leah, que a recebeu de forma sem jeito, em um abraço estranho, mas que Renesmee não parecia se importar e nem fazer menção de solta-la. Leah se soltou da maneira mais delicada que pôde, dando pequenos tapinhas nas costas de Nessie.

– Tá bem! Tá bem! Calma, agora.

Leah fazia tentativas para acalma-la, enquanto o manobrista do aeroporto gesticulava impaciente com o carro, que continuava parado irregularmente na porta do aeroporto.

– Nessie, tem que tirar o carro dali. Vão reboca-lo.

Nessie a solta, olhando feio para o pobre manobrista, que estremeceu um pouco com o olhar que Renesmee lançava a ele agora. Mas ela o intimidou mais, indo em sua direção, quando Leah começava a arregalar os olhos, preocupada. Nessie fechou os punhos à frente do rosto do homem, que se encolheu um pouco e soutou palavrões abafados, que saíram de forma inteligível.

– Você deveria ser mais compreensível, meu senhor. É um caso de vida ou morte!

Disse isso, e abaixou as mãos para pegar a carteira em sua bolsa. Estendendo a ele, uma nota de 100 dólares e a chave do carro. O homem antes encolhido, esticou os olhos, que brilharam ao reconhecer o valor da nota. Olhou desconfiado, de um lado para outro. Os curiosos de antes já tinham se dispersado. Ele pigarreou, limpando a garganta. Disfarçou, pegando a chave e a nota que eram estendidos a ele.

– Vou coloca-lo na garagem do aeroporto. Estarei aqui com a chaves logo que retorne, madame.

– Obrigada!

Leah olhou, sem acreditar na cena. E assim que Renesmee se virou para ela, Leah disse.

– Teria estacionado para você, só por vinte.

Renesmee revira os olhos, a puxando para dentro do aeroporto.

– É sério! Está superfaturando o preço das propinas. Agora acabou de subir. O próximo que fizer isso, precisará de quanto? Cento e cinquenta dólares?

Nessie não ia responder as provocações de Leah.

– Que horas é seu voo?

Leah suspirou azeda. Não queria que ela estivesse aqui. Tinha dispensado Seth e Sue. E então, Renesmee aparecia do nada, para um adeusinho em seu embarque.

– Não vou embora, Leah. Vai me dizer, ou teremos essa conversa aqui, no meio do saguão.

Leah desistiu. Nessie era impossível quando estava determinada a fazer algo. Discutir com ela era total perda de tempo.

– Temos tempo. Vamos tomar um café. O voo atrasou mesmo.

Nessie não disfarçou seu sorriso de vitória.

As duas se sentaram em uma cafeteria dentro do aeroporto. Leah atenta a chamadas do voo, que a qualquer momento, poderia chamar.

Nessie pediu dois cafés à garçonete. Cruzou as mãos sobre a mesa, olhando fixamente para Leah, que agora parecia constrangida, com ela a encarando.

– Esteve fugindo de mim nas últimas semanas, Leah.

Não foi um pergunta. Então, Leah apenas a encarou de volta, calada, enquanto a garçonete servia os cafés que trouxera, saindo em seguida.

– Não sabia o que dizer a você, Nessie.

– Eu entendo! Não precisava fugir. Não ia tentar amarra-la em uma árvore da reserva, para que não partisse.

Leah riu, imaginando a cena. Nessie sorriu também, sabendo que ela estava imaginando isso.

– Conversei com Claire, sobre meus sonhos. Ela acredita em mim.

“Claire deve ser a única, então.” Leah pensou, tomando um gole do seu café.

Nessie continuou.

– Mas ela acha que não é Jason que está tentando falar comigo, já que ele não conhece você.

Nessie calou-se, analisando o rosto de Leah, que tinha resolvido ficar muito calada de repente.

– Ela acha que são os espíritos, que de alguma maneira, estão tentando uni-los, Leah. Eles apareceram para mim, na forma de Jason, para que eu entendesse melhor o recado. Sei que acha isso besteira, que eu sou louca e que Claire é louca também, por ouvir meus sonhos e ainda tentar interpreta-los. Mas eu sei, que eu estou certa!

Leah olhou para os lados, rezando para que seu voo finalmente saísse e fosse chamando os passageiros. Não sabia como conversar com Nessie. Ainda mais, quando ela começava com esse assunto.

– Não tenho que acreditar em você. Se você acredita! Se isso te conforta de alguma maneira, tudo bem, Nessie. Mas eu não posso continuar na reserva. Isso já deu pra mim. Tenho planos. Vou para Califórnia. De lá, vou viajar em uma excursão pelo mundo. Não vou voltar para reserva tão sedo, lamento. Mas isso é minha vida, e nada tem a ver com a sua, ou com a de seu filho perdido em Volterra. Não quero ser grosseira com você. Eu não sei ser sutil com palavras. Eu não sei ser delicada. Desculpa, se estou sendo rude. Mas é assim que eu vejo as coisas.

Nessie olhou para a xícara de café branca, com o líquido negro dentro e a fumaça que saia dela. Brincou com a colher, mexendo o café de leve, mas sem interesse, na verdade. Já esperava a reação de Leah, mas isso não ia fazer com que ela desanimasse.

– Não estou aqui, para pedir que fique.

Notou as sobrancelhas de Leah se levantarem, e sua expressão de surpresa.

– O que quer, então?

– Quero que não pare de se transformar. Que mande notícias sempre. Que mantenha sua mente ligada no lobos, toda vez que se transformar.

Leah não pretendia fazer isso. Na verdade, já tinha se matriculado online, em um curso de ioga, para aprender a controlar melhor seu corpo. Queira abandonar sua forma lupina. Já tinha decidido. Envelheceria, como uma mulher comum.

– Não, Nessie! Isso não vai acontecer.

Disse, deforma taxativa.

– Por favor, Leah! Mantenha a mente aberta. É um pedido meu. Não é egoísta. É simples, até. Me dê algum tempo, Leah.

Nessie falava, mas Leah apenas ficou com a frase “Mantenha a mente aberta.” gritando na sua cabeça. Droga! Nessie tinha dito a mesma coisa que sua mãe. Seria muita coincidência?

Nessa hora, a voz da locutora do aeroporto anunciou o embarque para o voo, dos passageiros que iam para Califórnia. Leah tentou pagar pelo café, mas Nessie não deixou, sendo mais rápida. Elas seguiram calada para o portão de embarque. Nessie foi até onde pôde, com Leah.

Quando Leah entregou a passagem para a atendente do embarque, as duas se olharam.

Nessie tinha os lábios espremidos e as mãos unidas em uma expressão de dor silenciosa. E algo naquele gesto dela, fez Leah se quase se comover.

Ela virou para entrar no portão de embarque, mas antes olhou para Nessie mais uma vez.

– Tudo bem!

Os ombros de Nessie caíram levemente, como se ela estivesse relaxando pela primeira vez, desde que tinha entrado naquele aeroporto.

– Obrigada!

Nessie disse, quase sussurrando. Só Leah podeira ter ouvido. E ela balançou a cabeça, confirmando ter entendido, e se foi pelo corredor de embarque.

Nessie ficou ali até que não pudesse mais vê-la. Uma lágrima escorreu sobre seu rosto, e ela não se importou. Estava vendo partir alguém importante para seu filho Jason. Ela sabia, mas tinha feito tudo que podia, para tentar faze-la entender...

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( Enquanto isso, na mansão dos Cullen )


– Não estamos mais no mesmo hotel. Saímos assim que vimos Jane com ele, no bar do hotel.

Jasper disse. Mas sua voz era preocupada.

Edward ouvia com atenção, seu irmão pelo telefone. Bella e Esme estavam ouvindo toda a conversa. E as duas se abraçaram, visivelmente comovidas.

– Tem certeza que era ele, Jasper?

Silêncio no outro lado da linha. Somente para perceberem que o telefone estava sendo passado para outras mãos. Era Alice.

– Era ele mesmo, Edward. Minha visão tinha sumido há alguns minutos antes, mas eu não dei atenção. Estava mostrando as fotos para Rose na hora. Era ele mesmo. Já é um homem já!E está impressionante, Edward. Nessie teria ficado enlouquecida se tivesse visto. Tivemos, que praticamente, arrastar Rose de lá. A louca queria falar com ele. Mas Jass avisou que ele não poderia estar ali sozinho. Fomos para o quarto, e Jass e Emmet fizeram a busca pelo hotel. Jass viu ele no bar, conversando com Jane. Assim que soubemos que ela estava lá, partimos. Mas Jass voltou ao hotel e conseguiu informações. Parece que chegaram há dois dias, e Felix estava com eles também, mas já partiu. Tem mais alguma coisa...

Alice não parecia certa se devia dizer, mas concluiu que Edward ia ficar sabendo do mesmo jeito.

– O quarto onde ele estava, na suíte, foi lacrado assim que eles saíram. Jass mais uma vez, conseguiu descobrir o que tinha acontecido. Parece que foi destruído completamente. Uma luta aconteceu lá. Mas não conseguimos saber o que houve, na verdade. Estamos na espreita deles, Edward. O que acha que devemos fazer?

– Onde eles estão agora?

– Foram para casa de um clã de vampiros daqui. Rose disse que já ouviu falar deles. Os Salvatore.

Nessa hora, Esme pegou o telefone.

– Volte para casa, Alice! Não vá até até lá! Nenhum de vocês deve chegar perto desse clã. Eles são perigosos.

– Rose não quer partir. Não podemos deixa-la. Ela quer ver Jason mais uma vez. Mesmo que de longe.

Esme passou as mãos nos cabelos, em sinal de preocupação.

– Tenham cuidado, por favor.

Esme pediu em um quase sussurro .Edward pegou o telefone de volta.

– Alice, deixe-me falar com Jasper.

Jasper pegou o telefone.

– Tire-os daí, Jass, assim que possível. Não confio em Rose, quando ela fica emotiva. Ela faz coisas imprudentes. Não podemos arriscar, ela tentar se aproximar de Jason e falar mais que deveria para ele, com Jane estando por perto.

– Concordo! Vamos voltar assim que possível. Não se preocupe. Manteremos contado... E Edward... Como irá contar isso à Nessie e Jacob?

Edward se calou por instantes, procurando os olhos de Bella.

– Não vou contar... por enquanto. Não, até que vocês voltem. Se a reação de Rose foi essa, não posso nem imaginar qual será a de Renesmee...



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( Madri - Espanha )

– Bater na porta? Quer eu bata na porta e me apresente? Que gentil, Jane.

– Não quer dar a eles, a chance de cooperar? Estamos dando! Se entrássemos sorrateiramente, não daríamos isso a eles.

– Isso é besteira! Eles já sabem que estamos aqui.

Jane sorriu, aquele seu sorriso satânico. “Vampira diabólica.”

– O que vai acontecer a eles?

Pergunta idiota. Eu sabia. Eles irão morrer. Todos, por estarem escondendo alguém dos Volture. Mas eu queria ouvir dela, como se pudesse comprovar o óbvio que eu já estava cansado de saber. Ela não ia poupá-los.

– Não é a pergunta certa a fazer. A pergunta certa a fazer, é o que eles fizeram para estarem nessa situação?

Com essa ela me calou. Sim! Ela é sinistra, e seu modo de agir era estranho. Mas se estávamos ali, os Salvatore tinham pisado na bola legal, em esconder Joham, sabendo que ele estava se escondendo. Mas havia humanos ali, naquela mansão do século passado, que ficava afastada do centro de Madri. Em uma parte mais ao norte, perto de um bosque.

Um homem de meia idade abriu a porta. Era o mordomo ou algo assim , já tínhamos anunciado a nossa entrada, como Jane sugerira. Então eles no aguardavam. Mas que droga! Pude constatar que havia muitos outros humanos na casa. Além do mordomo, mais três, no mínimo. Podia ouvi-los em outros cômodos da casa. Jane não teria o menor problema em mata-los. Também entraria para a lista de mortes, por estarem no lugar errado na hora errada. Como seria ótimo um indutor de mentes essa hora. Poderia salvar a vida dos pobres coitados.

Fomos encaminhados para um amplo salão, onde dois vampiros nos aguardavam, e vi que eles nos analisavam de forma curiosa.

– Jane, a que devemos a ilustre visita?

O que parecia mais novo falou. Aquele era Estevam. Eu sabia, pela discrição que Jane dera antes.

– Sem rodeios. Estou de péssimo humor, Estevam. Onde está Joham?

Os vampiros se olharam, em uma comunicação estranha e física.

– Ele não está mais aqui, Jane. Pedimos para que se retirasse, assim que descobrimos o que ele andou aprontando por aí. Pode verificar com seus próprios olhos e percepção, minha cara.

O vampiro tinha uma fala mansa e quase hipnótica. Mas Jane parecia firme, e seus olhos de fixaram em um ponto especifico. Eu tinha estendido meu escudo para ela, mas não era isso. Não estávamos sendo atacados. Ela parecia farejar algo no ar, e eu agucei meus sentidos, para tentar sentir o que ela sentia também. Droga! Havia uma bebê ali. Uma criança! Mas não era humana. Criança! Droga! Seria um daqueles bebês transformados? Cada vez mais me arrependia de não ter trocado com Felix, ou ter insistido para que ele ficasse.

– O que temos aqui, Estebam?

Jane perguntou, de forma fria.

O vampiro perdeu a face de calma que vinha sustentando desde nossa chegada. Tentou se aproximar de nós, mas caiu de joelhos, se contorcendo em dor. Mas mesmo preso sobre o julgo de Jane, ele falou.

– Ela é minha filha legítima, Jane. Volterra não tem poder sobre isso. Seria sequestro.

Filha legítima. Uma híbrida. Caralho, agora isso ia feder. Aro tinha proibido severamente a procriação. E criação de híbridos era um crime tão grave, como qualquer outro. Aquele clã tinha acabado de assinar sua sentença de morte. Mas, e a criança? O que faremos com ela?

– Isso não funciona mais assim, Estebam. Ela não é mais sua filha. É o seu crime, agora!

Jane se aproximou do homem de joelhos, que tentava se manter em meio aos espasmos de dor, que sacudiam todo o seu corpo. Ela agarrou em seu cabelo e ele não reagiu. Minha reação estava além daquilo. Estava de olho no outro vampiro, que era seu pai. Com certeza seu criador, que parecia estarrecido com a cena. Eu estava atento a ele. Se ele se mexesse, eu teria que detê-lo.

Jane segurou o homem pelo cabelos, e ele começou a falar desembestadamente, tudo que tinha acontecido com a criança. Ela era fruto de relacionamento dele com uma humana. Já tinha ouvido de Joham, que isso poderia acontecer. Eles eram amigos confidentes. Ele realmente tinha aparecido ali na mansão para pedir guarida. Mas eles o mandaram embora, sabendo que logo os Volturi estariam atrás dele. Ele falava de forma desesperada, contando tudo em espanhol. A história sórdida. A pobre mulher que tinha dado a luz a criança híbrida, para suprir os caprichos da sua mulher vampira. Jane o soltou, depois de constatar que a estória tinha terminado. Até ela mesma, parecia meio enojada com a atitude do vampiro.

– Ela é minha filha. Não podem leva-la. Minha mulher morreria. Por favor, eu imploro.

O vampiro se arrastou até Jane, em uma postura submissa e suplicante. Desprezível! Eu não aguentava mais aquilo.

– Deixou de ser sua filha quando foi concebida premeditadamente. Pagou a humana para ter sua filha. Só esqueceu de informa-la que morreria no processo, e nenhum dinheiro no mundo traria sua vida de volta.

Jane disse, cuspindo fogo. A estória fedia. Nunca tinha ouvido tal loucura. Se isso virasse moda, estaríamos em meio ao caos, no mundo dos vampiros.

– E, desde quando a vida humana ficou tão valorizada em Volterra, Jane?

O Outro vampiro finalmente falou, saindo de seu torpor de horror. Jane voltou sua atenção a ele.

– Aro não quer que isso abra precedentes, Alessandro. Sabe que isso não é um bom precedente.

O vampiro desviou seu olhar de Jane, para mim.

– É! Estou vendo o porque.

Jane não confirmou, mas eu sabia que estava sendo incluído naquele diálogo de palavras não ditas. Ele sabia quem eu era. Conhecia minha mãe? O que ele saberia?

– Híbridos são perigosos e imprevisíveis. Entregue a criança, e os deixaremos vivos.

Jane falou, mas eu sabia que era mentira. Ela não ia permitir que eles vivessem. Nem antes, e agora, mais que nunca. Mas a vida dos humanos ali me preocupava. Até mesmo a pequena criança, que não tinha nada ver com essa merda toda.

– Ninguém vai levar minha menina.

A voz veio em um tornado. Uma vampira, de cabelos cor de fogo, praticamente saltou em cima de Jane, que se desviou rápido de seu golpe. Os outros dois homens tentaram segura-la. Mas ela já estava no chão.

– Dor.

Jane disse, enquanto olhava a mulher. A vampira caiu, e foi rolando pelas escadas que levavam a um andar inferior. O mais velho veio para cima de mim. Eu apenas o detive, segurando ele pelo pescoço, mas sem decapitá-lo. Estebam foi socorrer a vampira caída, e Jane o derrubou também, com seu dom. Ela o chutou com força, e ele bateu em uma coluna de mármore, que foi quebrada de ponta à ponta.

Eu soltei o homem. Nessa hora, a casa parecia estar sofrendo um terremoto.

– Droga, Jane! Você abalou a estrutura, destruindo essa coluna.

Ouvimos gritos nessa hora. Os humanos saíam pela porta principal, em uma correria. Os detectores de incêndio foram ativados, e toda a mansão estava sendo molhada. Mas isso não parou. A louca da Jane, que descia escada à baixo, arrastando o vampiro pelos cabelos até a outra vampira, que tentava se proteger.

Eu me sentia mergulhado em um filme de terror. Alessandro subia como um relâmpago para o outro andar, provavelmente fugindo, para pegar o bebê. Ele ia fugir com ela. Jane no andar de baixo torturando suas vítimas. Podia ouvir os gritos desesperados da vampira e do seu marido em dores. “Sádica! Por que não os mata de vez? Inferno de mulher!”

Eu estava ali, no meio daquele caos todo, tendo que tomar uma rápida decisão. Subir e impedir o vampiro de fugir com o bebê, ou descer, e parar a louca da Jane.

Pareceu um momento longo, mas foi em fração de rápidos segundos, que minha decisão foi tomada...

Desci as escadas rumo ao andar inferior, ignorando o vampiro que fugia com a criança, e rezando internamente para que ele seja rápido o suficiente para sair dali com ela. Eu não lembro de alguma vez ter rezado. Era algo que eu nunca tinha feito, e não sabia se estava fazendo certo, nem pra quem eu verdadeiramente rezava.

Desci as escadas, tendo a visão de Jane torturando aqueles vampiros. A mulher com sua roupa molhada pelos jatos de água que saiam do teto. Seus cabelos ensopados, a maquiagem que usava escorria de forma grotesca pelo seus rosto, e ela tinha uma postura de encolhimento, como se tentasse se defender das rajadas de dores que percorriam seu corpo. O vampiro estava ainda seguro pelos cabelos, nas mãos de Jane, que o sacudia por vezes. O rosto de Jane era uma máscara de ódio e horror. Ela, eu e todos ali, estávamos molhados. Mas era como se eu não estivesse participando disso em nenhum momento. Ela parecia nem me notar. Seus olhos estavam fixos em suas vítimas.

Os humanos tinham fugido assustados, da casa. O vampiro Alessandro ainda estava na mansão. Precisava dar mais tempo a ele.

Soltei meu escudo de Jane por alguns segundos só. Ela soltou o homem nessa hora. Suas mãos foram para cabeça, em sinal de uma confusão que está tomando conta de sua mente.

A vampira pareceu perceber, e voou de encontro a ela, mas eu a detive. Queria equilibrar as coisas. Não queria que Jane morresse. Segurei a vampira pelo pescoço. O vampiro macho rosnou em defesa a ela, vindo para mim. Eu o chutei para longe, arremessando ele sobre uma grande estante de biblioteca, onde livros caíam de cima à baixo, em cima dele. A vampira não parava de se mexer e tentar me arranhar com suas garras. Um clique. Eu apenas precisei apertar mais um pouco a minha mão, e o pescoço da vampira rachou, deixando-a imóvel. Rápido demais! Jane já estava atrás dela, arrancando seu braços e pernas, enquanto eu ainda segurava seu pescoço, agora inerte. Jane foi rápida em montar uma fogueira no pátio da mansão. O vampiro Estebam parou de resistir, quando viu o corpo de sua companheira ser decapitado e mutilado.

A expressão que vi em seus olhos, seria algo que iria me atormentar para sempre.

Estevam se agarrava aos restos da sua parceira, em um abraço grotesco, onde mãos e pernas eram algo desconectado do tronco. Segurava tudo em um abraço desesperado. A cabeça da vampira foi a primeira coisa que Jane arrancou dele, atacando ela em meio às chamas. Eu não queria assistir aquilo. Era aterrorizante. Não pela morte, que eu já tinha visto antes. Mas o desespero do homem, era algo sufocante. Ele não podia chorar, obviamente. Mas a expressão de desespero era agonizante. Ele implorava debilmente, segurando os restos mortos da vampira, enquanto Jane ia pegando um à um de seus braços, ateando ao fogo. Eu me aproximei do vampiro, que murmurava em uma língua estranha, um lamento, enquanto Jane ateava fogo em mas um membro da sua companheira. Me agachei para olhar nos olhos dele e sussurrei, de forma que somente ele poderia me ouvir.

– Sua filha está bem. Conseguiu fugir com seu pai.

Ele me olhou incrédulo, mas logo um brilho surgiu em seus olhos vermelhos. Eu confirmei com a cabeça, de forma quase imperceptível. Eu ia me levantar, quando ele me prendeu pelo braço.

– Me mate!

Ele pediu baixo, da mesma forma, para que só eu pudesse ouvir.

– Me mate. Não me deixe vivo, para que ela me torture mais... Não quero viver sem minha Madeleine. Me faça esse último favor, rapaz.

Olhei para trás. Jane parecia entretida com o fogo, o olhando de forma estranha.

Levantei, encostando a cabeça do homem que estava sentado em meu joelho. Em um movimento rápido, quebrei seu pescoço, arrancando sua cabeça. Jane na mesma hora se aproximou sem entender.

– Por que fez isso? Ele poderia nos dar mais informações, sobre Johan.

Não respondi a ela.

– Onde está o outro? E a criança?

Ela perguntou como se só nessa hora, tivesse se dado conta deles. Estava tão entretida em sua tortura, que tinha se distraído momentaneamente.

– Mortos! Eles morreram. Deixe isso aqui assim .Eu cuido do resto. Saia daqui. Os humanos devem ter chamado a polícia e os bombeiros, para ver o que está acontecendo aqui.

Jane pareceu meio confusa sobre isso.

– Saia agora, Jane! É uma ordem!

Ela arregalou seus olhos de sangue.

– Desde quando me dá ordens, cão do inferno?

Foi o que bastou para eu agarra-la pelo punho e sacudi-la, dessa vez sem pena. Estava me enchendo da pequena megera. Eu a levantei como uma pinça nas nãos de um humano, e ele analisasse um inseto. A arremessei para dentro da mansão, e ela caiu, rodando pelo chão. Eu marchei duramente em sua direção, e ela só ia indo cada vez mais para trás. Eu não contive mais o lobo, e ele rugiu violentamente para ela. Ela correu porta à fora, sem proferir mais nada...

– Finalmente!

Me endireitei. Teria que apagar os vestígios daquele show de horrores. Desmembrei o vampiro, ateando ele de uma vez ao fogo, junto com o restante de sua mulher. Procurei mais alguns vestígios de algo naquela mansão que denunciasse a fuga de Alessandro com o bebê. Mas ele não tinha deixado rastro. Tinha sido rápido. Tudo que eu podia fazer era esperar que isso não caia no ouvido dos reis. Ia ser um merda fodida. Eu não ia ter como explicar isso...

Saí da mansão quando sirenes já eram ouvidas de longe. Eu tinha provocado um incêndio. A mansão velha não demorou a ruir inteira logo que eu sai dali. Ia restar pouca coisa para os peritos da polícia e dos bombeiros investigarem o estranho desaparecimento dos Salvatore.

Entrei pela floresta. Não tinha dado alguns passos. Havia alguém ali e não era Jane. Outro vampiro. Alessandro não poderia estar mais ali. Quem estava ali? Um choro de criança interrompeu meus pensamentos e minha percepção. Era a criança híbrida. Mas que droga! Alessandro não tinha a levado. A largou sozinha no bosque?

Ouvi passos de vampiro indo em direção do choro da criança, e logo tinha outros passos ali. Eram três ou quatro. Eu estava cercado! Um vinha pelo alto. Podia ver as árvores sacudindo. Arranquei minha roupa, e logo minhas quatro patas amassavam o gramado. Corri, derrubando algumas árvores, mas parei em forma de lobo, quando encostada em uma grande árvore, eu vi a menina embrulhadinha em uma manta. As duas vampiras de olhos dourados do hotel a protegiam de mim com o corpo. A pequena estendeu o braço para que eu não me aproximasse mais. Elas não estavam se defendendo de mim. Mas não eram as únicas ali. O vampiro grande saiu de dentro da mata, e logo depois o outro. Os olhos deles dourados e estranhos me olhavam sem ódio ou defesa.

Eu não sabia o que fazer. O lobo, estranhamente não tinha vontade de atacar aqueles vampiros. Não tinham o cheiro normal de sangue recém caçado neles. Eram estranhos.

– Não somos seus inimigos.

A vampira pequena falou.

– Alessandro a deixou para trás, com medo de não conseguir escapar com ela.

Ela continuou a falar.

– Nós sabemos o que aconteceu na casa. Jane não nos viu. Ela saiu para a cidade, assim que você a expulsou de lá.

O vampiro magro com dor falou dessa vez. Eles falavam de forma muito consciente de que eu realmente poderia entende-los. Eles sabiam que eu poderia entende-los. Como?

A loira bonita pegou a criança de forma carinhosa, como eu jamais havia visto uma vampira pegar um bebê. Droga! Eu nunca tinha visto uma vampira com um bebê no colo. Nem sabia que elas tinham instinto maternal.

– Vamos cuidar dela. Não se preocupe, meu menino.

A loira disse, de forma doce e acolhedora. Me chamou de menino?

– Rose!

O magro disse seu nome. Mas foi quase como se soasse como um aviso.

– Eu sei! Vou ficar quieta agora.

Ela disse.

– Precisamos que distraia Jane, para que saiamos, sem que ela perceba. Pode fazer isso por nós garoto?

Menino. Garoto. Quem era aquela gente e por que me tratavam assim, de forma quase familiar. Rosnei para eles. Estava me sentindo da defensiva. Eles sabiam quem eu era. E eu não sabia quem eles eram. E isso me deixava em uma desvantagem nada conveniente.

As vampiras entenderam errado meu gesto de desconforto e correram com a criança nos braços. Os dois vampiros se posicionaram em uma postura de defesa à sua fuga, se prostrando à minha frente. Mas eu não ia ataca-los. Apenas bufei para eles na minha forma lupina. O grandão deu um sorriso debochado, como se entendesse o gesto de “Tanto faz, eu não ia fazer nada.”

– Obrigado.

O magro falou correndo, seguido pelo cara grande. Eram rápidos, mas nem tanto. Poderia alcançá-los, mas eu não podia. Tinha que achar Jane e segura-la em um canto qualquer, até que eles estivessem longe.

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Eu e Jane estávamos instalados em uma galpão vazio em Madri. Tínhamos ido para lá depois de encerrar nossa fabulosa estadia no hotel de luxo. Era um lugar vazio, deserto e perto do aeroporto. Perfeito para nós. Apenas uma cama e alguma roupa de cama estava ali. Não íamos mais ficar em hotéis. Eu e ela éramos instáveis demais juntos. Como ter uma granada sem pino no bolso, e a qualquer movimento ela explodisse. Cheguei lá. Ela estava mortalmente quieta, perto da janela, no alto do galpão, como uma aranha me espreitando de sua teia. Seus lábios uma linha seca de ódio. Ela estava prestes à partir minha cabeça, e eu sabia muito bem disso.

Tireia a garrafa de Jack de dentro do saco de papel, ignorando completamente, a aranhazinha de mal humor.

Tirei a roupa, indo pra cama. Ela já tinha me visto pelado mesmo. Tava cagando pra ela. Senti, quando ela saiu de seu posto de observação. Não sei se atraída pelo meu charme, ou se queria mais uma seção de porradaria ao nosso estilo love metal. Vindo dela, tudo era possível. Na verdade. Eu estava sempre pronto para ambos. Bebi um longo gole do meu bom amigo Jack.

– O que foi aquilo, Lucian?

Ela disse meio sem graça... Estranhei ela falar assim. O que era isso agora? Olhei duramente para ela. Ela estava estranha.

– Eu é o que, pergunto eu ice girl. Pra que torturar aquele homem, daquele jeito?

– Enlouqueceu? Não ouviu o que ele fez? Acha que eu sou doente? E o que ele fez? Aquela mulher, por capricho, para satisfazer as vontades daquela vampira louca?

Ela tinha um bom argumento. Eu não poderia negar isso.

– Mas pra que a tortura, Jane? Para que isso? Para que prolongar mais isso?

– Eles tem que sofrer, para que entendam, Lucian, o que fizeram.

Havia uma chama horrenda dentro daqueles olhos de sangue. Um ódio acumulado por séculos. Uma herança maldita. Estendi a mão, para tocar seu rosto. Ela se afastou, dando um passo para trás, com raiva ainda. Cheia dela, na verdade. Mas ela me irritava, e me compadecia, eram extremos, ou era apenas eu tentando bancar o maldito salvador de novo. Mas salvar ela de si mesmo, estava muito além de mim. Era uma batalha perdida. Ela não queria ser salva. Ela se sentia salva em seu ódio, em sua sádica tortura aos outros. Abaixei o braço. Ela era inacessível. Por que eu me importava? Não queria isso. Não ia ficar preso a ela dessa maneira. Eu tinha jurado a mim mesmo não sentir essas coisas. Por que estava ali, tentando entender aquela vampira? Tentado salvá-la.

– Pare de fazer isso.

Ela disse. Seus braços em torno de si mesma, em um abraço a si. Seus olhos escuros me olhavam com ressentimento, que eu não entendia.

– Não estou fazendo nada, Jane.

– Está sim! Sabe que está. Está tentando me mudar. Eu não quero! Não vou ser como você, Alec ou seu bando de escoteiros estúpidos. Eu não preciso disso. Não preciso ser salva, poderoso Lucian... Acha que eu preciso de salvação? Acha que pode me salvar?

Ela riu de forma diabólica e demente.

– Não pode! Não quero! Maldito seja você, Lucian! Maldito seja o dia em que meu irmão o trouxe para perto de mim!

Ela tinha os olhos negros agora. Seu rosto contorcido. Suas mãos foram para a cabeça, como se pudesse conter algo ali. E vê-la assim, em um desespero seco e sem vida, era assustador. De maneira displicente, a puxei para mim, em um abraço sufocante, em que ela tentava sair e não conseguia, me socando no peito.

– Shiii! Shiiii! Quieta! Pare com isso. Não pode controlar tudo. Não pode controlar as coisas. Não pode, nem mesmo se controlar, pequena Jane.

Senti seu soco mais forte em meu peito, quando a chamei assim. Sorri despreocupado. Ela não estava sendo muito convincente em suas tentativas de se soltar de mim. Sabia que ela poderia ser mais forte que isso. Comecei a soltar aqueles malditos grampos de seu cabelo. Por que ela tinha que prendê-los desse jeito?

– Gosto deles soltos, Jane.

Ela bufou em meu peito.

– Não vou me arrumar pra você, cão.

Ela disse, meio brava. Sorri ainda mais, terminando de soltar seu cabelo, com apenas uma de minhas mãos. A outra a ainda a mantinha presa.

– Aposto que se arrumaria, se eu pedisse com jeitinho.

Ela grunhiu. Era como abraçar um porco espinho, e eu não me espetava com seus espinhos. Eles só me faziam leves cócegas. Novamente o frio e a sede tomou conta do meu corpo. Fechei os olhos para isso, e para me concentrar.

– Está frio de novo.

Ela disse, com a mão espalmada em meu peito. Tinha parado de se esticar como uma gata brava, e já estava mansinha, aceitando meu abraço.

– Por que fica assim comigo?

– Não sei.

Menti. Eu tinha uma pequena intuição sobre isso. Mas não ia confirmar. Nem pra ela, nem pra mim mesmo.

Ela se esticou, ficando na ponta dos pés, segurando meu rosto com seus dedos frios. Eu sabia aonde aquilo ia nos levar. E mais uma vez, eu me deixei ser levado por aquela infração do mal. A beijei, levantando-a. Ela me apertou em seu corpo, e eu a levei pra cama, tirando sua roupa. Me afundando completamente naquele mar gelado, que é seu beijo. Minhas mãos passearam por entre suas cochas, a tocando no seu centro, a estimulando ali, fazendo-a soltar gemidos abafados e lânguidos. Ela soltava esses gemidos em minha boca.

– O que faz comigo, Lucian?

Ela perguntou, em um gemido desses. Eu não respondi a isso. Apenas a estimulei mais. Ali, onde ela era molhada e menos fria. Meus dedos brincaram ali por minutos torturantes de uma precipitação prazerosa. Minha outra mão percorria a linha de seu pescoço fino e pararam em seu seios, acariciando ali. Apertando em sua área mas sensível. Senti seu orgasmo frio em meus dedos. Os lambi a enlouquecendo. Ela me arranhou por todo meu peito, e eu mordi mais ferozmente seu seio, arrancando um grito dela, que veio com um tapa na minha cara. Não era um briga. Era mais uma provocação sexual. Perigosa e excitante. Segurei as mãos delas, jogando-as para o alto de forma rude. A penetrei. Ela gemeu em resposta, em um misto de dor e prazer. Seria sempre assim com ela? Dor e prazer? Que linha tênue e perigosa para ambos estávamos atravessando?




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