Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 16
Capítulo 16 - METAFORICAMENTE


Notas iniciais do capítulo

EXTRAORDINÁRIA !! E A RECOMENDAÇÃO QUE A FIC GANHOU
DA DESTINY !!QUE LINDA AMEI , OBRIGADA , LINDA , ESTE CAPITULO E DEDICADO A VOCÊ ! OBRIGADA, PELO CARINHO !
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Uma das trágicas coisas que eu percebo na natureza humana é que todos nós tendemos a adiar o viver. Estamos todos sonhando com um mágico jardim de rosas no horizonte, ao invés de desfrutar das rosas que estão florescendo do lado de fora de nossas janelas hoje.
Dale Carnegie



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(NESSIE )


– O que faz ai parado, Seth? Entre logo!

Tinha ouvido a algum tempo sua aproximação , mas tive que verificar o que o tinha detido no caminho , pois ele não entrava em casa olhei para ele confusa. Seth parecia indeciso, olhando pelo lado de fora, a janela do quarto de Sarah.

– Ela está dormindo, Nessie ?

Sorri para ele, confirmando com a cabeça. Enquanto finalmente ele decidia entrar.

– Eles estão dormindo. Vem, vamos! Eu mostro a você.

Ele me seguiu, ainda meio confuso. Tive que apressa-lo, pegando ele pela mão, até o quarto de Edmond. A cena era a mais fofa de todas. Edmond dormindo, em meio à almofadas jogadas no chão. Sarah deitada, com a cabeça na barriga dele e os pés sobre a barriga de Makilam, que também dormia deitado no chão, sobre almofadas. Fiz um silêncio para o Seth, para sairmos e deixa-los descansar. Descemos e fomos até a cozinha, onde eu ia terminar de lavar a louça. Seth já pegava um pano de prato para me ajudar a seca-las e guarda-las. Seu semblante era de preocupação e algo mais, que eu não pude identificar. Estava estranhamente silencioso e tentava se concentrar em sua tarefa doméstica, de secar e guardar a louça, que eu lavava calmamente.

– Vai me contar o que está passando em sua cabeça, Seth? Ou é assunto de lobo e só vai falar com Jacob? Se for isso, lamento. Ele foi até Seattle, buscar algumas encomendas para a oficina.

– Não é nada grave, Nessie. Só estou um pouco frustrado. Só isso!

– Frustração, meu amigo... Por quê?

Seth olhou para as escadas que levam ao andar de cima, como para se confirmar que ninguém poderia descer e nos ouvir. Mas eles estavam dormindo pesadamente. Tinham passado a manhã brincando. Depois comeram, como se fossem acabar com a comida da casa e foram ver filmes. Caíram no sono, ainda com a TV e o dvd ligado.

– Pode falar, Seth! Eles não vão acordar tão cedo.

Disse, entregando a ele, o último prato para que ele secasse. Ele pegou, secando e guardado-o.

– Vamos lá pra fora. É melhor, Nessie .

Seguimos até a messa do jardim, e ele parecia tão triste, que fiquei calada, apenas observando o mar de longe, dando o tempo que ele julgava necessário para falar.

– Acha que Sarah pode estar sentindo algo… Nessie ?

Olhei para ele, quando finalmente, parecia começar a desembuchar.

– Droga! Eu nem sei como dizer isso, Nessie… Seria possível Sarah estar sentindo alguma coisa…

Tive que tentar acalmá-lo nessa hora .

– Respira, Seth, e tente se acalmar. Você tá tremendo e ficando vermelho, Seth.

Ele parecia que ia explodir em lobo bem ali, na minha frente. Tremia e ficava vermelho, e sua temperatura já elevada, começava a aumentar. Ele colocou a mão no peito e eu alisei seu ombro, em uma tentativa de ajuda-lo .

– Calma, amigo! Respira, aí.

Seth fechou os olhos, e parecia voltar aos poucos, ao normal.

– Eu não vou conseguir falar, Nessie. Me ajude... O que está acontecendo com a Sarah… é culpa minha?... É culpa do Imprinting…?

Deixei a minha mão cair de seu ombro e peguei sua mão, ainda levemente trêmula.

– Não exatamente, mas de certa forma.

Ele gentilmente separou nossas mãos e cruzou os braços no peito. Ele tentava se manter firme, quando seu corpo parecia querer traí-lo em um acesso de descontrole.

– O que... O que eu tenho fazer, Nessie? Vim aqui, certo em contar a ela, sobre o imprinting. Mas olhe para mim... Nem consigo falar direito com você. O que vai acontecer, quando tiver que falar disso à ela?

– Calma, Seth. Vou ajuda-lo.

Ele me olhou, com a sobrancelha erguida, em um clara expressão de dúvida.

– O que vai fazer?

– Confie em mim. Só preciso que esteja em um certo lugar, em uma determinada hora, e fale sinceramente com ela. Tenha em mente, que a verdade sempre é o melhor. Sarah não vai se sentir mais confusa do que já está. Acredite. Mas depois… Seth, talvez eu seja cruel agora com você, em pedir mas…

– Fale, Nessie!

– Dê um tempo à Sarah, para que ela possa digerir tudo, sem estar constantemente encontrando com você. Eu sei que você deve ter percebido, Seth o quanto sua presença afeta a ela. Não é de um jeito ruim. Não entenda errado! Mas é de um jeito, que agora ela não entende, e nem você pode entender. Olha seu estado... Nem consegue admitir isso em voz alta. Seu lobo quer tanto protege-la, que não aceita isso.

– Me afastar da Sarah, Nessie? Não sei se consigo fazer isso.

– Se for pelo bem dela, você conseguirá. Sei que Jake precisa que alguém vá a Nova York semana que vem. Ele ia pedir à Sam, mas você poderia ir.

Seth me olhava com pavor nos olhos, sem conseguir digerir as palavras que eu dizia à ele.

– É uma viagem de três meses, Nessie. Emily iria com ele.

– É um tempo, Seth, que será bom para você e para Sarah. Entenda, meu amigo. Desde que ela nasceu, ou mesmo antes, você é parte de sua vida. É natural, que ela se sinta confusa em relação à você. Conte a verdade a ela. Diga sobre o imprinting e depois dê um tempo para que ela assimilar tudo isso, sem ficar se sentindo uma menina esquisita. Não aquento mais minha filha dizendo isso, Seth.

– Eu não sabia que ela se sentia assim, Nessie. Eu... Sinto tanto…

– Sei que fará o certo, Seth. Fale com ela e depois diga que terá que viajar a trabalho. Ela vai ficar triste e sentirá saudades, mas é o melhor para ambos.

Seth respirava com dificuldade agora, como se sentisse já a falta de uma parte essencial à ele. Me senti uma monstra, em sugerir isso, mas o que fazer? Devo deixar isso do jeito que está? Minha filha sofrendo por algo, que não tem como se evitar. Meu amigo sofrendo em vê-la sofrer. Uma bagunça geral.

– Ela ficará bem, Seth. Essa amizade com Makilam, está sendo muito boa para ela.

Disse isso, na esperança de animá-lo. Mas seu olhar sobre mim, nessa hora, foi escurecido e estranho.

– Makilam é muito mais velho que ela. Não sei se é boa amizade para Sarah. O garoto é cheio de ideias, e vive brigando com Sam.

Claro! Que idiota eu sou. Ciúmes de lobo! Tive que prender os lábios, para não rir da cara que ele fazia agora.

– Claro, Seth! Mas vamos ao meu plano, de como contar à Sarah e de como eu vou ajuda-lo com isso.

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(Manhã do dia seguinte )


– Mãe, onde vamos?


– Em um lugar especial, já disse.

– Por que Edmond não pôde vir com a gente?

– Edmond ficou com seu pai, ajudando arrumar a garagem, Sarah. Mas qual o problema? Não gosta de sair com sua mãe?

– Não é isso. Só estou achando estranho, essa exploração, pela reserva.

– Eu conheço essa reserva e toda a floresta, como a palma da minha mão, Sarah. Cresci aqui.

Falei calmamente, colocando mais umas frutas na nossa cesta de picnic.

– Por que vamos comer no mato?

– Não é comer no mato, Sarah. É um picnic, com direito à toalha xadrez e algumas formigas intrujonas, que vão tentar roubar nossa comida.

Apertei o nariz dela, que olhava toda curiosa, para ver o que já tinha na cesta.

– Podemos chamar o Makilam, então?

– Não, Sarah! Não vamos chamar ninguém. Já disse! Quero que você conheça um lugar especial, e você fica querendo chamar todo mundo.

Ela agora arregalava os olhos, com as mãos juntas em expectativa. Parecia uma boneca, sentada no balcão da cozinha. Tive que sorrir, ao vê-la assim. Minha filhinha! Minha doce Sarah!

– É um lugar secreto, mãe?

– Não exatamente. É mais, um lugar especial pra mim e seu pai, e quero compartilhar com você.

– Especial, para você e papai? Caramba, mãe! Tô com frio na barriga agora. Tô morrendo de curiosidade.

– Então vamos logo, curiosa, antes que sua barriga vire um freezer.

Ela saltou do balcão da cozinha, com a cesta na mão, e seguimos rindo pela reserva. Era um dia agradável. Poucas nuvens cinzas no céu, mas mesmo assim, o sol era uma rara figura a poder ser vista. A trilha que seguimos não era difícil. Andamos em velocidade normal, para não chamarmos atenção. Era um passeio tranquilo e agradável. Quando chegamos lá, Sarah pareceu perder o ar, porque parou de respirar de repente, e eu olhei preocupada para ela.

– Tudo bem, filha?

Ela voltou a respirar, me olhando agora. Um sorriso lindo começava a surgir em seu rosto.

– É o penhasco, onde papai e você se beijaram pela primeira vez. Foi aqui, não foi?

Confirmei, com um gesto simples, com a cabeça. Ela foi caminhando até a borda, em uma distância segura, mas não olhou para baixo. Olhou para cima, ao redor, como se absorvendo o cheiro do lugar. Seus olhinhos eram brilhantes e gravavam cada detalhe daquela paisagem. O mar ao redor, a reserva à baixo de nós, a floresta em toda sua beleza, atrás .

– É um lugar mágico, mãe.

Sorri, com sua palavras infantis, que conseguiam ver magia em tudo ainda, como se tudo fosse tirado de páginas de um lindo conto de fadas. Não pude deixar de concordar com ela, em alguns aspectos.

– Sim, filha! É um lugar mágico, sim.

Armamos a toalha com as guloseimas e tudo, e nos divertimos das formigas, que realmente apareceram sem cerimônia, para participar.

– Nossa, mãe! Acho que você exagerou um pouquinho. Sei que ando comendo quase como Edmond, mas tem comida demais, aqui.

– Não disse a você, Sarah. Mas temos um convidado.

Ela me olhou, sem entender. Mas como se atraída por um chamado silencioso, começou a olhar para um ponto fixo da floresta. Era incrível ver isso. Não dava para saber o cheiro. Não tinha chegado até nós ainda, e ela já sabia quem era. Podia senti-lo, sem nem mesmo eu precisar falar mais nada.

– Seth... Por que chamou ele, mãe?

– Precisam conversar algo, filha. Você e ele. E aqui, é o lugar perfeito para isso.

Levantei, sacudindo os farelos de biscoito e bolo, que estavam em meu vestido. Sarah ainda olhava o ponto na floresta, quando eu me aproximei e dei um beijo em sua testa.

– Seja boazinha, meu amor. Ouça o que Seth tem a dizer, está bem? E depois, ele levará você para casa. Tudo bem?

Ela não disse nada. Somente confirmou fracamente com a cabeça, quando eu a soltava das minhas mãos, que tinham pego seu rosto, para que ela me olhasse por um instante.

Saí, quando cheiro de Seth estava mais próximo. De longe, podia ouvir seus passos sobre as folhas da floresta…


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Renesme saiu, mesmo se sentindo preocupada pela apreensão que viu nos olhos de Sarah. Era nítido seu nervosismo, mas ela precisava saber. Só a verdade libertaria Sarah, da angústia que tinha se condenado desde que se sentiu apaixonada por seu amigo.



Seth não tinha pressa. Podia já, sentir o cheiro de morangos e framboesa de Sarah, e percebeu Nessie já se afastando. Quando finalmente apareceu, pode ver Sarah com seus olhos arregalados, sentada na toalha xadrez de picnic. Se sentiu literalmente o lobo mal da história de chapeuzinho, quando olhou a cesta de picnic no chão e os olhos assustados de Sarah.


Sarah, como se entendesse o que passava na mente dele, olhou para a cesta, e sua expressão de apreensão e nervoso diminuiu e um sorriso travesso, já despontava a sair.

– Estamos interpretando aqui, Seth? Mas você não se encaixa muito bem no papel de lobo mal, e eu não poderia nunca ser a chapeuzinho vermelho. Não gosto de capas, e vermelho, definitivamente não é minha cor.

Seth sorriu com o comentário dela. Ela tem isso, de saber o que deveria ser usado ou não. Alice tinha sua influência nisso, e ela aprendera muito bem as dicas fashionistas dela.

– Mas talvez, eu vá roubar esta cesta de picnic. Posso sentir daqui, o cheiro de bolo de frutas e... sanduíche de presunto. Sinto muito, mas vou ter que levar tudo.

Sarah sorria abertamente agora, se endireitando na toalha, para que Seth sentasse ao seu lado.

– Sente aqui, lobinho nada mal. Vou cortar o bolo para você.

Seth sentou ao seu lado. Conversaram coisas bobas. Por um momento, foi como antes. Ela era sua garotinha risonha de novo e ele se sentia feliz assim, sem complicações de imprinting e nada disso. Mas depois de Seth ter acabado com toda a comida, o silêncio veio como uma sombra de aviso, se sentando sem convite no meio deles.

– Minha mãe disse que tem algo a me contar, Seth. E eu sei, que vem tentando falar disso há um tempo, sem conseguir.

– É difícil dizer Sarah! Não é como falar simplesmente. É estranho, como muitas coisas em nosso mundo.

– Coisas estranhas? É mesmo .Bem! Coisas estranhas fazem parte do meu D.N.A., Seth.

Sarah encolheu os ombros, em sinal de indiferença ao assunto. Seth a olhava com profunda atenção agora, registrando cada pequeno gesto seu.

– Conhece as lendas, Sarah. Sabe todas. Sam as conta na fogueira.

– O que tem isso?

– Tive um imprinting.

Sarah se levantou sobressaltada, em um salto, assustando Seth, que a segurou rápido em seu pulo. O penhasco dava para o mar e estava à poucos metros de distância deles.

– Calma, Sarah! Deixe-me falar. Sente de novo.

Sarah foi cedendo ao seu aperto forte, que direcionava ela a sentar de novo ao seu lado. Mas seu corpo estava rígido como uma pedra e sua temperatura, pareceu ter finalmente sumido completamente do corpo. Sentia-se fria como o vento, que começava a soprar pelo penhasco, vindo do mar. Seth tinha o olhar atento a ela e não a soltou. A segurava com uma mão firme em seu ombro e outra o seu queixo, a obrigando encará-lo. Suas palavras saíram firmes, como se alguém estivesse dando uma instrução, ou uma ordem.

– É você, Sarah! Tive meu imprintng há quase cinco anos atrás. ...E foi com você, Sarah.

Sarah tinha ouvido muito bem, mas sua cabeça parecia girar em outra direção, em outro momento que não era esse. Ele tinha dito isso. Ela sabia o que significava. Entendia sobre imprinting, mas não era o que ela queria que ele disse-se a ela. Não era isso. Era como se dizer não. Não Sarah! Não é assim, como você pensa. Mas o que era afinal?

– E agora, Seth?

– Nada, bebê. Você só precisava saber, e é isso.

– Nada? Como nada, Seth? ...EU ESTOU APAI...

Seth não deixou Sarah terminar. Fechou os olhos, tentando acalmar as batidas frenéticas do seu coração, enquanto gentilmente colocou dois dedos, selando a boca de Sarah, que a impediam de continuar a falar. Depois, abriu os olhos, já mais calmo e falou da maneira mais gentil do mundo.

– Não, Sarah! Você só está confusa. Eu não posso... Você não me vê assim. Acredite! Eu saberia, se visse.


Sarah se levantou calmamente, para se afastar um pouco dele. Doía ouvi-lo falar assim, como negando ou a repelindo, pelo que sentia tão dolorosamente.


– Não pode ter certeza sobre isso. Não sabe o que está dentro de mim.

– Quase sempre posso sentir o que está em você, Sarah. Posso sentir em cada parte do meu coração. Quando está triste, confusa, com medo ou feliz. Sinto tudo, junto com você, bebê.

Sarah o desafiava, com o queixo um pouco erguido, não podendo acreditar totalmente no que ele falava. Se ele a sentia, porque não entendia o que ela sentia? Ela não era como ele, mas podia senti-lo também. E o dela, é real.

– Não sou loba, mas sinto você, Seth. Sei quando está perto ou longe. Quando me chama, mesmo sem dizer nada. Quando me olha pelo canto dos olhos, sem querer que eu veja que está me olhando. Imprintig ou não, sinto o que sinto. E dói saber, que isso é estranho.

– NÃO diga isso, Sarah! Só não é real desse jeito que você está vendo, Sarah. É como amar um amigo. Um irmão. Só isso. E com o tempo, pode mudar e parar... Não é para sempre, porque o imprinting é meu. Eu que tive. Você pode crescer e olhar para… outro. E fazer escolhas diferentes , se quiser. Pode até mesmo se transformar e ter…

Seth achou melhor se calar. As possibilidades eram tantas. Os caminhos que ela escolhesse eram tantos e ele se sentia tão pequeno. Quando ela fosse... Tudo o que ele sabia que ela seria, um dia... Poderosa, linda, forte e talvez, inacessível para ele.

– Posso ser uma loba, e ter meu próprio imprinting? Nem mesmo Leah teve, Seth. Isso é muito raro. Sabe disso.

A voz de Sarah o despertou da visão futurística que ele tinha tido, a segundos atrás, ao imagina-la adulta. Ao olha-la agora, pequena, frágil e vacilante à sua frente, se sentiu inútil. Da mesma maneira, ela já estava ficando inacessível a ele. Mas ia tentar quebrar suas defesas.

– Pensei que ia ficar aliviada de saber, mas parece que não.

– Aliviada? Em saber que você está preso à mim? À uma criança! Como isso me aliviaria, Seth? Pensa que quero você preso a mim, assim, sem poder ser feliz? Até talvez eu atingir a maior idade? Quanto tempo? Daqui a dezessete anos? Não cresço como Edmond. Olhe pra mim. Sou estranha! Tenho onze anos. Acredite, não me sinto assim. Me sinto com meus quatro anos às vezes. Mas agora, olhando para você, me sinto velha. Quase tão velha, quanto minha mãe. Sou esquisita! Não sou uma coisa, não,s ou outra. Sou um ponto de interrogação ambulante.

Seth enrugou a testa, e pela expressão de seus olhos, Sarah sabia que tinha pisado em um lago congelado, que começava a rachar embaixo de seus pés.

– PARA!!! Sarah, pare. Você está sendo egoísta.

– Egoísta?

A palavra saiu estridente, e como um disparo de bala por sua boca. Teve que colocar a mão na testa. O mundo parecia começar a girar rápido demais.

– Sim. Você quer o que não pode ter. Cansou de me ter como amigo. Quer outra coisa. É como quando quer coisas, que não pode ter.

– DO QUE ESTÁ FALANDO?

– De quando você quer algo, tem que ter. E se não pode, faz pirraça, ou faz as pessoas se sentirem tão culpadas de não darem a você, que acabam cedendo. Nem tem consciência disso. Mas é isso que faz. Se acha esquisita? Não acredito que realmente ache isso. Fica só repetindo, para que todos tenham essa impressão e acabem cedendo a você. Lamento, garotinha, mas isso não funciona comigo. Vou defende-la, mesmo de si mesma, Sarah. É por isso, que o fato de eu ter contado o imprintig não deixou você feliz. Isso não resolve o seu problema de querer o Seth. Isso só me afastará de você. Pois eu sei o que é melhor para você agora !

– Esta dizendo que o que eu sinto não é de verdade? Que é tudo coisa da minha cabeça? Que eu invento coisas, para as pessoas ficarem com pena de mim e darem exatamente aquilo o que quero?

– Sabe que faz isso, Sarah. Isso não torna você uma pessoa má. Mas às vezes, podemos fazer maldades sem querer. Sem entender o que fazemos ou por que. Mente às vezes. Eu já vi fazer, até mesmo com seus pais e seu irmão. Eu sei, Sarah! Não pode esconder isso de mim. Não de mim, acredite.

Sarah se encolheu envergonhada. Como ele sabia ? Mas era vergonhoso que logo ele soubesse de suas pequenas mentiras, suspirou derrotada , confessando seus crimes a ele .

– Eu minto por vezes, mas não faço por mal, Seth. É só...

– Mais fácil. Eu sei, Sarah! Sei, que muitas vezes não faz de propósito. Sei que é involuntário. Mas faz. E isso vem aumentando com o tempo. Se engana, pequena, quando acha que isso não faz mal, porque faz. Veja você. Está se machucando sozinha, por um sentimento que não é real desse jeito, que você acredita que seja.

– Não menti, quando disse que te amo, Seth.

– NÃO! Claro que me ama, bebê. Mas não assim, do jeito que você pensa que seja o amor. É um amor de amigo. De irmão. É isso. Sarah... E vai ser assim, pelo tempo que for. Eu não tenho pressa, Sarah. Eu quero a minha amiguinha de volta. Eu quero o meu bebê. Não essa menina, que fica falando que é esquisita. Quero aquela, que fica pesquisando sites de moda na internet, cortando fotos de vestidos que quer comprar. E não nadando nas profundezas, procurando ilusões.

– Acha que eu não quero que isso acabe? Eu quero muito, Seth.

– Então, pronto. Acabe com isso! É uma ilusão, Sarah, que você criou para ter algo que não pode. Que ainda não entende. Não é real, acredite.

Sarah colocou a mão no peito, como se constatando se ele ainda estava ali e batia. Porque a dor era sufocante, como se alguém viesse com mãos cirúrgicas e tentasse operá-la no peito, mesmo ainda estando acordada. Se deixou cair de joelhos na grama do penhasco, olhando o mar, que começava a se rebelar com a maré que aumentava. Seria isso? Sua mente brutal tinha lhe pregado uma peça maldosa? Ter feito ela acreditar que poderia amar assim, como uma mulher ama? Que maluquice! O que ela criou? Uma ilusão em si mesma? Poderia fazer isso? Criar ilusões na mente das pessoas, inclusive na dela mesma.

Seth lutava contra a força de seu corpo, que queria tirá-la daquele chão e pega-la nos braços, consola-la e afastar ela de todo o mal. Mas o que fazer, quando o mal é sua própria mente?

Não há inimigos, que se possa lutar lá dentro. É uma luta solitária e silenciosa. Ele sabia o quanto difícil, era acreditar. Mesmo ele não entendeu a princípio. Mas os olhos de Sarah... Aqueles oceanos infinitos, foram o que entregaram a verdade a ele. O momento que ele disse sobre o imprinting... A reação dela, não foi de esclarecimento. Foi o de uma criança que teve o brinquedo arrancado das mãos, sem ao menos ter tido a chance de brincar com ele. O amor que ela julgava sentir, era uma linda e triste ilusão. Linda aos olhos de quem vê. Mas triste ao coração de quem sente. Tirá-la desse mundo, seria tão doloroso, quanto deixa-la lá. Deixa-la sentir isso era errado, como se deixar crescer uma árvore torta, sem tentar podá-la, para que por fim, floresça forte e bela.

Sarah tinha os braços fechado em um abraço a si mesma. Sua postura de joelhos, sobre a grama, lembrava alguém fazendo uma fervorosa oração no templo. Estava tentando se encontrar, em meio a um caos interno. A dor no peito, era única coisa real no momento. Era a única coisa que parecia dizer que isso era o que era. Falou, ainda mantendo seus olhos fechados fortemente. O que fazia as pálpebras enrugarem, pelo esforço que fazia.

– E se não acabar? Há coisas que nunca mudam. Eu tenho certeza, que essa é uma delas.

Seth se aproximou lentamente, ficando sobre um de seus joelhos, se agachando, para enfim abraça-la. A abraçou firme, cheirando seus cabelos, que balançavam com o vento frio, que parecia rodar em volta deles como um mini tornado.

– Não pode ter tanta certeza sobre isso, Sarah.

– Mas eu tenho. E vou ter sempre. Eu posso ter me iludido quanto ao que sinto. Mas eu ainda posso sentir, Seth. Verdade ou não, está aqui dentro de mim, agora mesmo.

– Vai passar. Eu vou te ajudar. Vai passar! Não fique assim,bebê. Eu morro aos poucos,vendo você assim.

Seth se afastou de Sarah, para poder secar seus olhos, que estavam molhados pelas lágrimas que caiam desde o momento que ele a abraçara.


– Tem que tentar, Sarah. Eu sei que pode. Sei que é forte para isso. Deixe ir! Deixe ir embora. Só isso!

– Tem noção, de quanto é estranho, o que me pede? Pede para eu deixar de sentir o que sinto por você. Pede para eu não ama-lo, Seth…?

– Sim, peço. Porque, acima de mim. Acima de tudo, Sarah. É você! Só você importa. Quero vê-la feliz. E se essa ilusão sobre o amor é o que está te impedindo de ser feliz, quero que jogue fora. Quero que jogue fora agora mesmo.

– E se eu conseguir jogar fora e não poder mais achar depois, Seth? Como você vai ficar?

– Como eu vou ficar? Eu estarei igual. Feliz, se estiver feliz.

– Simples assim? Feliz, mesmo se eu estiver com outra pessoa quando crescer?

– Se for assim que quiser, eu ficarei bem. Só você importa, bebê. Eu sou o que você precisar que eu seja.

Sarah secou as últimas lágrimas que caíam e pegou a mão de Seth, entrelaçando seus dedos desproporcionais. Pequena demais, para sua mão de homem. Mas que estranhamente, pareceu acolher a sua minúscula, como se acolhesse de forma perfeita.

– Não vai acontecer. Não serei de outra pessoa, Seth. Posso criar ilusões em minha mente, mas meu coração não. Ele sabe! Eu serei feliz. Serei uma boa menina. Não vou mentir mais. Eu prometo a você. Nem mesmo uma pequena mentira eu contarei. Nunca mais. Vou ficar bem, para que fique também. Já que sente o que eu sinto. Ficarei feliz, para que também esteja feliz.

Um nó infernal começava se montar na barriga de Seth, como se uma subconsciência das coisas que Sarah dizia. Ela não estava medindo palavras, ou tentando se conter. Eram verdades de todas as maneiras, que ela pôde ser mostrada ou dita. Ela será feliz. Será seu novo projeto de vida. Isso! Se empenhará, quase segundo, por segundo à isso, de forma quase compulsiva. Mentiras? Não contará nem mesmo, para consolar alguém que precise. Sarah podia ser assim. Compulsiva e objetiva em tudo que quer, de forma quase destrutiva a ela mesma.

– Sarah, entenda… que é o melhor.

– Claro! Eu entendi, Seth. Eu entendo. NÃO MENTIR. SEJA FELIZ ,E JOGUE FORA O QUE NÃO É REAL! Não esqueci nada?

– Está triste?

– Não! Claro que não…

– Disse que não mentiria, e está mentindo.

– Estou tentando me animar. Ser feliz é isso. Começa assim, dizendo que esta feliz, mesmo não se sentindo totalmente. É um processo, Seth.

– Agora, está sendo sarcástica.

– Qualquer coisa, Seth. Não sou perfeita. Estou a milhões de léguas disso. Eu quero ser melhor. Você merece o melhor de mim. Não mereço você agora, e talvez nunca venha a merecer. Mas vou fazer o meu melhor, Seth.

– Não quero que faça isso por mim. Quero que faça por você.

Sarah tinha uma expressão de desentendimento ao que Seth dizia.

– Vai se casar, Seth?

A pergunta, feita sem rodeios, pegou Seth sem ação, fazendo-o levantar em um movimento brusco. Sarah também ajeitava a postura, se levantado, esperando uma resposta que não veio.

– O QUÊ?
– Não vai. Vai ter namoradas? Não, não vai. Por que? Por causa de mim. Querendo ou não, é um peso que eu tenho. Me desculpe, se tento ser alguém melhor para você. Algum dia... Mas é assim que vai ser, Seth. Eu aqui, tentando me organizar em meu caos interno e você aí em sua vida de espera sem pressa.


Seth fechou a boca, que tinha esquecido aberta. Cada vez mais, Seth perdia o rumo com Sarah. Como se tentar entende-la fosse uma expressão de álgebra complicada, a qual sua mente parecia estar engatinhando ainda.


– Não precisa ser assim. Viva a vida! Seja feliz! É tudo que eu quero para você, Sarah.

– E tudo o que eu quero , não importa ?Eu quero ser boa o suficiente para merecer você Seth Clearwalter, quero ser merecedora do seu imprinting. Como minha mãe é para meu pai.

Seth enterrava os dedos da mãos no cabelo alisando-os de forma nervosa .

– Você está me enlouquecendo, Sarah Black!

– Ótimo! Bem vindo à minha mente! É aqui que eu estou agora, no meio desta loucura!

Sarah bateu o pé com força, em uma birra frustada, que era um contraste com as palavras que dizia.

– Está falando como uma velha de cinquenta anos.

Seth segurou a cabeça, como se pudesse organizá-la com o gesto.

– Estamos falando de tempo, Seth? Eu poderei chegar até lá. Me pergunto, o quanto de loucura posso gerar em minha volta até então.

– Estamos falando de um futuro, que pode nem mesmo chegar, Sarah. Pare com isso, ou começo achar o penhasco meio tentador a um salto, agora mesmo.

Seth quis devorar sua língua no momento que olhou a expressão de Sarah nesta hora. Seus olhos tinham perdido todo o brilho e se tornaram duas esferas negras. Ela o olhava furiosamente agora. Seus punhos se fecharam e sua mente foi invadida pela imagem mais assustadora da sua vida. Sarah caída, sangrando em meio as pedras, com ondas reivindicando seu corpo das pedras, contorcido e deslocado, como se cada osso estivesse fora do lugar. A imagem era tão real e vívida, que se sentiu no meio do penhasco à meio-fio, pronto para saltar também, se juntando a ela. Mas em vez disso, de sentir seu corpo sendo arremessado às pedras lá em baixo, se sentiu elevado e jogado no chão, em meio ao centro. Sacudiu a cabeça, confuso ainda com a imagem que o atormentava, de Sarah caída em meio as pedras, com a dele caindo e por fim, dele sendo trazido de volta para o centro do penhasco.

– O quê … O quê? O QUE FOI ISSO, SARAH? SARAH?

Olhou em volta, sem enxergar nada. sua mente ainda estava tonta e confusa, mas ela estava ali. só não conseguia vê-la. Mas sentia sua presença.

– Não pode dizer essas coisas, Seth! Nunca mais diga essas coisas para mim.

– O que foi isso? O que fez comigo?

– O mesmo que fez comigo, quando disse que ia se jogar do penhasco. O mesmo! Só o mesmo. Se sentiu mal? Acredite, foi o mesmo para mim. Nunca mais faça isso!

Seth forçou a vista à enxergar, mesmo com sua mente ainda girando. Olhou a criança à sua frente. Era Sarah! Seus olhos verdes de oceano estavam lá. Mas seus lábios eram uma linha dura, fria e violenta até.

– O que é isso, Sarah? Eu falei metaforicamente. Não ia me jogar. Pelo amor de Deus!

– Não pensei com clareza, Seth. Só acho melhor, guardar suas metáforas para você da próxima vez.

– O que foi aquilo? Criou isso? Fez eu acreditar que tinha caído Sarah! Poderia ter me jogado em desespero, atrás de você.

– Eu teria feito o mesmo, acredite!

Seth levantou olhando Sarah , assustado com o poder dela pela primeira vez . Tinha que se preparar para isso.

– Eu acho melhor irmos agora, Sarah. Sua mãe deve estar preocupada com a nossa demora.

Falou catando as coisas do picnic , Sarah se juntou a ele o ajudando dobrando com calma a toalha entregando a Seth que pegou para colocar de volta a cesta.

– Está com medo de mim, Seth?

Ela perguntou vacilante, e envergonhada , aciosa até pela sua resposta .

– Não! Mas foi meio assustador. Não faça isso de novo, por favor, Sarah.

– Não farei, se me prometer a não ameaçar metaforicamente, ou não, a se jogar de penhascos mortais.

– Prometo. Eu prometo.

– Melhor assim.

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(SETH )

A nossa volta foi bem silenciosa. Sarah ia à frente, colhendo pequenas flores pelo caminho. Eu vinha como uma sombra atrás dela. segurando a cesta de picnic. O picnic mais louco da minha vida. Minha mente ainda tinha bem vívida, a imagem de Sarah nas pedras, sangrando e toda quebrada, como uma boneca de pano jogada. O que ela tinha feito? O que? Sua mente pode criar ilusões amorosas. Imagens tenebrosas, quase insuportáveis de se olhar. Podia me ver realmente no meio-fio daquele precipício. Eu poderia ter pulado em desespero, de poder perde-la.

– Sarah?

((SIM, SETH. ))

Ela confirmou em minha mente, a minha pergunta silenciosa, a ela. Fechei os olhos, tenso e preocupado. Eu realmente tinha tentado pular o penhasco, e por isso fui jogado de volta para o meio da clareira. Ela tinha feito isso. Me condenou e salvou no mesmo dia. Me levou ao inferno, me deu o gosto do desespero, para me salvar depois.

Sarah parou de repente à minha frente, me estendendo um pequeno buquê de flores, que tinha catado por todo o caminho.

– Desculpe, Seth! Eu sei que perdi a cabeça lá. Me perdoa, por favor.

Olhei seu rosto perfeito. Seus olhos de oceano. O que eu poderia dizer a ela? Nada mais! Ela tinha lutado contra seus demônios mais secretos, naquele penhasco. E agora, me estendia um punhado de flores e um pedido humilde de desculpa e perdão, tão sincero e puro, como o pedido a um sorvete ou doce da loja.

– Não tenho o que perdoar, Sarah. Eu falei bobagem. Você reagiu mal, e isso é tudo.

Disse, aceitando seu pequeno buquê de flores. Ela sorriu fracamente, ainda me olhando.

– Eu sei que te assustei. Mas eu mesma, tento por vezes não fazer isso com as pessoas, Seth. Mas imagina-lo morto ou ferido, é algo com que eu não posso lidar. Então isso é o que é. Meu descontrole foi por isso. Em imaginar, mesmo metaforicamente, que você poderia mesmo pular daquele penhasco, enlouquecido pela minha mente. E isso, eu não posso mesmo admitir. Não fará mais isso, nem de brincadeira.

– Eu não farei, Sarah.

– Guarde as flores, então. Mesmo quando murcharem, guarde-as. É um compromisso que assumimos. Nenhum de nós dois, nunca mais fará nada contra as nossas próprias vidas, nem de brincadeira.

– Nada de nadar até o infinito.

– Nada de pular nas pedras de penhascos mortais.

Olhamos em um consentimento de uma promessa feita um ao outro. Sarah sorriu, levantando os braços em desalento.

– Acho que estragamos o lugar especial dos meus pais.

Tive que rir da cara de desculpa, que ela fazia a si mesma.

– Devemos ter nosso próprio lugar especial, quando chegar o momento.

Sarah deu um sorriso envergonhado para os próprio pés, sem poder me encarar nessa hora. Eu apenas dei um beijo no alto de sua cabeça, a puxando pela mão, para seguirmos de volta para casa .


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Notas finais do capítulo

BJS !!



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