Nami In Wonderland escrita por Leh Paravel


Capítulo 13
Verdade




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Nami entrou no quarto completamente furiosa, com o Chapeleiro, com o Luffy, com a Robin, com todo mundo. Eles não cansavam de esconder as coisas dela não?

Depois daquela pequena revelação no corredor, Nami se afastou do chapeleiro e foi correndo para o quarto, precisava se acalmar. Uma luz saiu de repente das dobras do seu vestido e Nami sabia que era o Lightning prestes a se manifestar pra ela. Ela pegou o cetro e jogou na cama e dele uma menina de mais ou menos três anos de idade saiu. Seu longo cabelo alaranjado estava preso em uma maria chiquinha.

“Lightning? Quem é essa?”

“Esta é você, Nami. No seu aniversário de vinte e cinco anos” a menina de grandes olhos castanhos sorriu. “Achei que se aparecesse nessa forma você entenderia melhor o que vou te contar”

“Tentando comprar minha simpatia com a imagem de uma criança? Isso é muito baixo” Nami foi até a varanda, ignorando a menina.

“Não estou querendo comprar sua simpatia, minha princesa, quero que veja a idade que tinha quando nos encontramos pela primeira vez” Nami encarou a pequena versão de si mesma, tão inocente e frágil.

“Nami, a roda do destino está se movendo muito mais rápido do que eu imaginava. Eu queria que tivéssemos mais tempo, mas acho que não tenho escolha” Nami se aproximou intrigada. Do que Light estava falando? “Nami, aquilo que o Chapeleiro falou é verdade” a ruiva arregalou os olhos “Mas não fique brava com mais ninguém, pois só ele sabia disso”

“Por que?”

“Porque só ele estava lá quando você entrou no escritório de sua mãe pra tentar me pegar” a menina disse entre risos, mas Nami não estava achando a menor graça. As duas voltaram para dentro do quarto e sentaram na cama.

“Por que eu tentaria roubar a minha própria mãe?” Light fez uma expressão que Nami viu muitas vezes no espelho quando estava prestes a contar uma travessura.

“Quem disse que a ladra era você? Eu te atrai” Nami franziu o cenho.

“Por que me atraiu? Minha mãe não era sua mestra?” o sorriso de Light diminuiu

“Eu posso obedecer a sua família, Nami, mas são vocês que me servem. Eu protejo Wonderland em troca de um protetor forte e com muito potencial” Nami arregalou levemente os olhos “Sabe porque os governantes de Wonderland costumam ter mais de um filho? Pra que eu possa escolher qual é o mais digno de ser o rei ou rainha”

“E se tiverem apenas um filho como meus pais?”

“Se o único filho não tiver potencial então eu esperarei que ele tenha um irmão ou um filho. Eu não obedeço quem eu não quero, Nami”

Nami nunca tinha pensado do ponto de vista do Lightning sobre toda essa situação. Era óbvio que ela não era apenas uma arma, mas uma existência com consciência própria.

“O que é você, Lighting?” a menina ponderou a resposta e Nami percebeu pela primeira vez a real idade de Lightning através dos olhos dourados.

“O nome Lightning não foi escolhido por acaso, sabia? Depois que eu e os outros criamos Wonderland, eu fui a única quem decidiu ficar para descobrir o que ela se tornaria. Qual foi meu erro” uma risada amarga saiu dos lábios dela “Eu fui capturada pela família Donquixote, é eu sei, uma deusa do raio capturada por humanos, que coisa mais clichê” Light fez surgir uma xícara de chá na mão de ambas, se ela percebeu as mãos trêmulas de Nami ela não disse nada “A família DonQuixote tinha uma gota de nosso sangue em sua linhagem, nós os criamos para que protegessem Wonderland, mas eles eram fracos demais, por isso o filho do rei me capturou e me transformou numa arma para que eu fosse a juíza do seu pai” ambas tomaram um gole de chá “Mas eu vi que ele estava perdido e inapto para governar então escolhi outro no lugar dele, um plebeu” Light riu da lembrança “Meu novo mestre era íntegro e amável e destronou os Donquixotes, mas sem baní-los. Ele foi o primeiro e único a conseguir usar todo o meu potencial” Light mirou a ruiva nos olhos “Até agora”

“Light...”

“Quando você nasceu eu sabia que era diferente. Eu te chamei naquele dia porque queria medir o seu potencial e qual foi minha surpresa quando vi que você já era capaz de me controlar desde aquela idade” Light segurou a mão de Nami com carinho. Nami queria chorar.

“Lightning… Recupere minha memória, você pode fazer isso, não pode?”

“Eu… posso, princesa”

“Então faça, quero entender o meu potencial, quero ser capaz de ajudar quem eu amo” Light suspirou, mas faria como lhe era pedido. Com as memórias de Nami seladas, seu potencial total também estava selado e não podia mais esperar pra ver o que ela podia fazer.

Lightning fez um sinal para que a ruiva se agachasse e com cuidado tocou no rosto dela.

“A princesa vai se sentir um pouco tonta, mas é normal”

Recuperar suas memórias foi como levar um soco no estômago. Eram trinta anos de memórias suprimidas em sua cabeça querendo sair. Trinta anos de risadas, trinta anos juntos dos seus pais e família aqui em Wonderland. Sua cabeça se encheu de informações sobre terras, segredos, feitiços e… Luffy, seu amado chapeleiro, o que o tinha feito passar?

“Light, Light eu lembro de tudo!” ela disse eufórica. Virou para a menina e estranhou vê-la ajoelhada no chão, curvada para ela. “Light o que foi?”

“Nami, minha princesa. Você era minha mestra e eu a traí e por isso eu peço desculpas, eu sinto tanto”

“Light do que está falando? Você não fez nada, na verdade você me ajudou”

“Fui eu quem apagou suas memórias” ela disse correndo.

Nami a mirou em choque, Lightning foi a responsável pela sua perda de memória? Mas por que? Por que ela faria uma coisa assim? Não, espere. Lightning era poderosa, mas não poderia ter feito isso sozinha. Alguém a usou. Alguém a mandou esquecer de sua casa e seu chapeleiro.

“Quem te fez fazer isso?”

“Princesa?”

“Quem te mandou apagar minhas memórias?” Nami estava séria e seu ódio queimava por dentro. Lightning não era do tipo que se assustava, mas naquele momento teve medo da ruiva.

“Eu-eu…”

“Lightning, quem foi?”

“Foi sua mãe, princesa” Light sussurrou “Ela me fez lançar um feitiço que faria você e seu pai se esquecerem de Wonderland” Nami levantou da cama e começou a andar pelo quarto como um animal enjaulado.

“Por que?”

“Porque ela não acreditava que você seria capaz de derrotar a Hancock” pelo tom era óbvio que Lightning não concordava.

“Então ela deixaria que Wonderland inteira sofresse só pra me proteger?”

“E que mãe não tomaria a mesma decisão?” Nami não tinha uma resposta.

“Ela não tinha esse direito. Wonderland é meu lar, é meu dever cuidar dessas pessoas”

“Olha, Nami, as pessoas tomam decisões estranhas quando estão com medo. Sua mãe fez o que achou ser certo. Eu não vou defendê-la, mas também não vou reprovar as suas ações. Apenas pense no que você pode fazer agora que tem a sua memória de volta”

Luffy

Nami respirou fundo.

“Light, à partir de agora você me dirá somente a verdade. Sobre tudo”

“Sim, minha princesa” Nami abriu a porta do quarto “Pra onde vai?”

“Onde você acha?”

 

OOO

 

Luffy estava na varanda de seu quarto, não conseguia dormir pensando no dia seguinte, uma parte de si queria ver o Kid morto, mas a outra queria apenas afastá-lo de Nami. Sua querida princesa cor de laranja. Hoje ele quase cometeu um erro, normalmente seu outro lado ficava mais dormente, porém hoje quase matou Kid antes do duelo. Foi covarde e sentia vergonha.

“Não deveria sentir vergonha de fazer o que é certo” ouviu a voz na sua mente dizer “Ele não teria feito falta a ninguém”

“Eu não vou matar alguém sem razão”

“Mataria pela Nami!”

“A Nami não me pediria para matar ninguém”

“Ás vezes eu esqueço o porquê de amarmos essa garota”

“Porque ela é única. Não existe outra como ela” Luffy sorriu e sabia que o outro concordava mesmo sem dizer. “Só queria que ela lembrasse de mim, eu sei que ela me ama agora, mas queria que ela realmente lembrasse de mim.”

Luffy só queria sua Nami de volta, aquela que corria com ele na infância, que o abraçava sempre que sentia medo e que o mandava ficar horas parado só para desenhá-lo. Ele amava esta Nami, mas queria a verdadeira Nami, a que tinha um fogo invencível no olhar.

Ouviu alguém bater na porta. Suspirou e gritou um ‘entre’, não ligava muito pra quem fosse.

“Luffy?” aquela voz o fez tremer como sempre. O cheiro de laranjas veio logo em seguida. Olhou pra ela e achou que veria a raiva que viu quando estavam do lado de fora do quarto do Kid, em vez disso viu curiosidade e algo mais.

“Nami? Aconteceu alguma coisa?” ela estava parada no meio do quarto, encarando-o como se o visse pela primeira vez.

“Luffy...” o jeito que ela disse seu nome fez algo dentro dele pular em direção a ela, tinha algo novo ali. “Eu...”

Luffy não era a pessoa mais calma do mundo, normalmente não aguentaria essa enrolação de nenhuma outra pessoa, mas tudo era diferente com ela. Queria saber o que ela tinha a dizer e esperaria o tempo que fosse.

“Nami, o que foi?” Ele sussurrou como se temesse que ela se afastasse se falasse mais alto. Ela levantou as mãos devagar e as levou até seu peito e devagar empurrou ambos para a varanda, onde a luz da lua cheia permitia que os dois vissem melhor um ao outro. Nami estava com o olhar preso no peito dele e sua respiração ficou mais ofegante. Luffy a segurou pela cintura e ficou quieto.

“Lembro que no dia do meu aniversário de vinte e cinco anos, você pediu pro meu pai permissão pra viajarmos por todo o reino pra você contar que agora era meu prometido. Você estava tão feliz naquele dia” Luffy riu com a lembrança.

“Seu pai achou que eu tava brincando e me ignorou, mas então eu busquei você no meio da noite...”

“...E fomos brincar no jardim até que nos acharam cobertos de lama” ela continuou baixinho a história.

“E eu disse no seu ouvido que...”

“Que a gente viajaria o mundo quando ficássemos grandes e que cuidaria de mim” Luffy segurou os ombros de Nami com ambas as mãos trêmulas. Ela levantou o rosto e o moreno viu um par de âmbares o mirando, os olhos com um fogo invencível. Lágrimas rolaram dos olhos negros.

“Eu senti sua falta” ele disse.

“Eu também, meu Luffy” eles se abraçaram como se o outro fosse sumir, como se nunca mais fossem se ver de novo. As mãos de Luffy tremiam, mas Nami não pareceu se importar.

“Nami, minha Nami” Ele inundou seus sentidos com ela, queria senti-la até que não houvesse mais nada além dos dois. “Onde você esteve?”

“Não importa, eu estou aqui agora, estou aqui pra você” ela disse com a voz abafada no casaco dele. “Eu vim aqui pra trazer você de volta também” Luffy franziu e se afastou um pouco.

“Eu?”

“Eu posso curar sua maldição, Luffy” ele arregalou os olhos. Então ela recuperou totalmente a memória.

“Eu não sei se quero, princesa” Nami não se assustou ao ouvir a voz do Chapeleiro, imaginou que ele apareceria.

“Você é uma metade, Chapeleiro, uma metade de um todo que não pode viver separada”

“Eu protejo nós dois”ele grunhiu

“Ele não precisa mais da sua proteção” respondeu firme.

“Porque agora tem você? Um fantasma? Não me faça rir”

“Eu vou tirar a maldição quer você queira ou não” ele rosnou em retorno, mas não se afastou dela “Mas será mais fácil se você me deixar”

“E se nos ferirmos? E se formos atacados? Quem vai protegê-lo?”

“Luffy é forte, você é forte e não precisam de ninguém pra proteger vocês” O Chapeleiro ainda parecia incerto. “Ou talvez você esteja com medo de me perder?” o moreno mordeu o lábio. “Isso não vai acontecer, não com você aqui”

“Fala de nós dois?”

“Vocês são um, está na hora de voltar” o Chapeleiro suspirou. Ela o puxa até a cama e o deita devagar, ele sabe o que vai acontecer, mas segue o ritmo dela.

“Adeus princesa”

“Até mais, Chapeleiro” ele fecha os olhos e Nami segura o rosto dele entre as mãos com cuidado. Ela respira fundo e começa. Ela não precisa mais do Lightning em mãos para fazer essas coisas, contanto que ele estivesse a uma distância razoável. O corpo de Luffy começou a brilhar, era o mercúrio saindo do seu sistema e ela consertando os danos causados por ele.

“Luffy, está me ouvindo? Ou você funde as suas personalidades você mesmo ou eu as junto na força, está me entendendo?”

O chapeleiro começou a levitar na cama, raios de luz o circulavam da cabeça aos pés ficando gradualmente mais rápidos.

“Luffy!” As luzes param e entram no corpo do moreno que cai na cama. Ele mexe na cama por alguns segundos até abrir os olhos “Wow”

“Nami?” Luffy a encarou confuso, sua cabeça doía.

“Ei, fique deitado, como se sente?”

“Como se alguém tivesse me atirado contra a parede, é engraçado estar inteiro de novo shishishi” Luffy percebeu que ela ainda o encarava “O que foi?”

“Seus olhos, eles… é melhor você mesmo ver.” Nami olhou em volta e viu um espelho pequeno na cômoda. Ela pegou e entregou a ele. Luffy olhou seu reflexo e levou um pequeno susto, seus olhos estavam diferentes, pareciam maiores e a maior mudança era um agora ser negro e outro era rubro como o do Chapeleiro. Duas partes fundidas igualmente.

“Que bizarro”

“Eu gostei, combina com você” ela riu vendo ele fazer caretas pro espelho. Ele a mirou de volta com um sorriso.

“Obrigado”

“Não foi nada” ele se jogou em cima dele e o abraçou e Luffy não teve muita escolha além de segurá-la e caírem na cama. Ele não se importava é claro, tê-la em seus braços era sempre um prazer.

“Não deveria ter me esperado, Luffy” ela murmurou no ombro dele “Eu não merecia”

“Não é verdade e você sabe disso” ele respondeu com o rosto enfiado no cabelo dela. Nami levantou o rosto ficando cara a cara com o moreno que apenas sorriu em retorno.

“Luffy...” Nami aproximou seu rosto devagar e com cuidado selou seus lábios nos dele. Luffy suspirou e não perdeu tempo em abraçar a cintura fina dela e aprofundar o beijo, deslizando sua língua nos lábios macios da ruiva pedindo permissão que foi logo dada. Nami pressionou-se contra ele, queria mais contato, mais calor, mais tudo do que ele pudesse dar.

Luffy rolou os dois na cama, sem nunca deixar de beijá-la. Ele abandonou os lábios suaves dela e começou uma trilha de beijos pelo pescoço alvo. Diferente da outra vez com o Chapeleiro, os beijos do Luffy eram suaves, carinhosos e sem pressa. Ele puxou um pouco pra baixo o vestido dela para ter acesso a junção do ombro com o pescoço, onde mordeu com um pouco mais de força.

“Lu...” ela gemeu baixinho e o moreno percebeu que queria mais, muito mais. Luffy segurou o rosto de Nami e a fez olhar pra ele, queria saber o que ela achava, mas ela não lhe deu muito tempo pra pensar já que voltou a beijá-lo e desta vez fez questão de arrancar seu casaco com mais força do que o necessário. Nami nunca foi muito paciente e quase arrancou a camisa junto.

“Nami...” ele também nunca foi muito paciente e abriu o vestido dela nas costas botão a botão pensando que ela o impediria, mas Nami parecia se inclinar mais para facilitar o acesso. Quando abriu todos os botões, ficou desapontado de sentir a camada de baixo com o apertado corpete.

“Eu já falei que odeio roupas femininas, não é?” Nami riu lembrando da última vez em que ele disse aquilo.

“Eu também odeio, não acredito que usei elas durante tanto tempo” os dois riram. “Então, vai me ajudar a tirar ou terei que fazer isso sozinha?” O brilho travesso fez Luffy segurar o tecido nas costas dele e puxar com força, despedaçando-o “Obrigada” ela disse em um sussurro cheio de desejo enquanto segurava com ambas a parte superior do vestido destruído.

“Nami, eu não quero parar” ele estava sério, suas mãos faziam um carinho leve nos braços finos.

“Eu também não” eles estavam sentados na cama agora, ela fazia um carinho em seu rosto e o mirava profundamente nos olhos. Queria que ele visse a certeza nos olhos dela.

“Você não parecia muito certa antes”

“Não éramos nós mesmo antes” ela pegou a mão dele e deu um beijo na palma. “Mas chega de falar, Luffy, por favor” ela se inclinou um pouco, o hálito quente batendo no rosto dele.

Ela não precisou pedir duas vezes.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Mereço?



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