Shadows Of The Soul- Livro 1 escrita por Taty Kiss


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/314931/chapter/9

Andamos ate não ouvir mais o barulho da festa, estávamos em uma campina, que reconheci como a mesma em que ele sumiu no dia que nos conhecemos. Percorri o lugar com os olhos a procura da entrada do túnel, e la estava. Pensei que entraríamos para conversar, mas ao invés disso ele me puxou para um canto onde havia uma pedra grande o suficiente para abrigar dois corpos sentados sobre ela. Com um movimento rápido ele me segurou em seus braços e me colocou sentada na pedra, minha respiração falhou quando nossos olhos se cruzaram e ele logo se afastou.

-Bem, aqui estamos nos, o que você quer saber?

Tentei regular minha respiração antes de responder.

-Bem, eu comprovei que você é mais rápido que eu, sua pele nunca está na mesma temperatura que a minha, você entrou em meus sonhos literalmente e hoje para finalizar mostrou que tem uma força muito grande.

Falei a ultima parte me lembrando da cena dele sufocando o garoto do time de futebol, o cara era muito grande, por conta dos exercícios que o professor passava e os anabolizantes que ele tomava, era praticamente impossível acreditar que um rapaz com Jon pudesse ter feito isso, ele não era muito musculoso e nem tão grande. Balancei minha cabeça espantando as imagens e clareando minha mente, esperando que Jon resolvesse me responder.

Ele suspirou e começou a falar andando de um lado para o outro.

-Bem, eu poderia te dizer apenas que eu já pratiquei corrida por muitos anos explicando minha rapidez, para a pele fria eu colocaria que meu sangue é frio, o que me faz ficar sempre em temperatura baixa, esse é um problema apresentado por um grupo considerável de pessoas por todo o mundo, quanto ao fato dos sonhos, talvez tenham sido apenas sonhos, você pensou tanto em me encontrar que nossas mentes se conectaram, há estudos em uma universidade falando sobre o poder dos desejos da mente humana, é algo interessante de se ler e por fim a força, bem junte a adrenalina e o fato de o oponente estar bêbado, assim fica fácil derrubar qualquer um.

Escutei calada tudo o que ele dizia, uma pontada de raiva fervilhava dentro de mim. Desci da pedra disposta a sair dali, eu não queria chorar na frente dele, quando ele viu minha reação me encarou como se não entendesse.

-Aonde você vai?

Engoli o no que havia se formado em minha garganta, era questão de tempo para as lagrimas transbordassem em meus olhos, eu não podia acreditar que ele realmente esperava que eu acreditasse naquela baboseira toda. Respirei e respondi simplesmente.

-Embora.

Ele puxou meu braço e me prensou contra a pedra impedindo que eu me movesse.

-Eu ainda não terminei, eu disse que isso é o que eu poderia dizer e não que era a verdade. Por favor fique e escute.

Respirei colocando minhas ideias no lugar, Ok, ele iria me contar a verdade. Estava apenas aumentando minha expectativa. Confirmei com a cabeça, dizendo.

-Tudo bem, então responda “O que você é”.

Ele se manteve em minha frente, olhando em meus olhos aquela ligação era tão forte que me fez tremer. Ele respirou e seu halito doce atingiu minha face, perdi o compasso e quase desfaleci em seus braços. Foi ai que ele disse o que eu já devia saber, mas minha mente teimava em negar.

-Eu sou um vampiro.

Eu não sabia o que responder, na verdade não sabia se havia uma resposta praquilo. Ele se manteve quieto acredito que avaliando minha reação. Eu tinha muitas perguntas mas não achava nenhuma que saísse com facilidade de meus lábios. Ele enfim falou, e não era uma pergunta.

-Você não esta com medo.

-Não vejo porque temer você, sei que não faria mal nenhum pra mim.

-Ai é que se engana, eu desejei seu sangue desde o momento em que te vi pela primeira vez. Precisei me esforçar muito pra não ceder a meus desejos.

-E você conseguiu. Não há motivos pra te temer. Mas por favor me conte mais, isso é tão novo pra mim, há quantos anos você é assim?

-Há 300 anos.

-Como foi?

-Bem vamos nos sentar, a historia é longa.

Ele voltou a me sentar na pedra dessa vez se sentando a meu lado. Nossas mãos ainda entrelaçadas, fiquei em silencio esperando que ele falasse, e assim ele fez.

 -Minha mãe era uma bruxa, e escondia esse segredo há muitos anos. Quando o povo da tribo descobriu invadiu nossa casa e prendeu eu minha irmã e meus irmãos. Minha mãe havia saído da tribo para buscar algumas ervas na floresta para Maya que estava muito doente.Quando voltou e descobriu o que estava acontecendo ficou desolada. Eles iriam nos jogar em uma fogueira. Maya só piorava, eram questões de dias para que a morte a levasse. Foi trazido a nossa cela um homem que disseram ter pacto com demônio, o que não sabiam é que ele era um demônio verdadeiro que fora invocado por minha mãe na esperança de nos salvar. Ele se apaixonou por Maya assim que a viu. Ele disse que salvaria eu e meus irmãos se Maya fosse com ele para seu submundo. Maya vendo que aquela era a única maneira aceitou. O ritual era simples, ele daria a cada um de nos uma gota de seu sangue, depois deveríamos “morrer”. Fechamos os olhos como humanos filhos de uma bruxa dentro de uma cela e reabrimos como três vampiros livres. Katerine, nossa mãe, estava ao lado de nossas covas quando acordamos, ela nos explicou o que éramos que a partir daquele dia nos alimentaríamos de sangue, que a sede nos guiaria ate que aprendêssemos a controlar... Eu me senti horrível sabendo que seria um monstro por toda a eternidade.  Meus irmãos ate que reagiram bem. Quando perguntei por Maya minha mãe chorando disse que ela havia feito à escolha mais difícil de todas, nos ver morrer ou se entregar no nosso lugar. Ela havia ficado com a segunda opção. Eu me revoltei e resolvi que não queria aquela vida, então fugi, Passei 10 anos atentando contra minha vida, percorrendo o mundo e matando criminosos, o sangue era maravilhoso, a sensação da vida deles se dissipando era algo relaxante pra mim. Mas depois de cada morte me martirizava, eu era um monstro e sabia disso.

Nesse momento ele parou, acredito que pra verificar meu estado. Eu estava vidrada em cada palavra que saia de seus lábios, eu sentia pena dele, e o amava a cada minuto mais. Ele olhou em meus olhos e tentei mostrar que aquilo não mudariam meus sentimentos, pelo contrario, só aumentariam. Apertei sua mão tentando demonstrar que eu compreendia sua dor, e que eu ainda o amava e desejava.

-Você já deveria ter saído correndo...

-Eu sou mais forte que você pensa Jon, por favor, continue.

Ele assentiu e continuou narrando sua triste historia.

-Uma tarde matei um garoto que havia acabado de roubar uma senhora. Suguei cada gota de sangue que havia no corpo dele. Quando terminei deixei o corpo numa esquina, antes que me retirasse do local uma garota se aproximou e viu o corpo, consegui me esconder nas sobras dos prédios, mas os gritos que ecoavam invadiram minha mente, era a mulher dele, foi ai que percebi que não poderia mais tirar vidas, eu queria me redimir, procurei por meus irmãos e minha mãe. Pedi perdão e implorei que ela me ajudasse. Seu amor incondicional me salvou, mas eu ainda me sinto atormentado pelas vidas que tirei.

Um tremor passou por meu corpo, imagina-lo tirando uma vida não era algo agradável, mas mesmo assim eu ainda não o temia!

-E quanto a sua irmã?

 -Nunca mais foi vista. Minha mãe usou algumas magias que conhecia, mas nada funcionou.

Fui sincera ao dizer:

-Sinto muito.

Ele mudou rapidamente a direção da conversa.

-Fomos nós que construímos essa instituição. Nos aprendemos a conviver com humanos ficando mais fácil a cada dia, permanecemos aqui por alguns anos, e quando ficou visível nossa falta de mudança física fomos embora.

-Então vocês não mudam?

-Não.

-Vocês dormem?

-Sim.

-Comem?

-Não precisamos, mas toleramos, assim mantemos aparência.

-E quanto ao sol?

-Incomoda, e pode ate nos queimar, mas há alguns anos Katerine aprendeu a usar uma magia que nos proporcionava o poder de andar ao sol.

-Caixões, estacas, criptas?

-Não dormimos em caixões, estacas podem nos matar, mas existem outras maneiras menos teatrais de fazer isso e nada de criptas.

-Uau!

-Mais alguma coisa? Vai sair correndo agora?

Aquela atitude dele já estava me irritando então respondi:

-O que tenho que fazer para você entender que eu não vou correr? Eu quero estar com você, gosto de estar perto de você, me sinto feliz.

Ele avaliou minha resposta por alguns segundos e de repente saltou da pedra parando na minha frente.

-Festa?

Sua mudança de humor me atormentava, num minuto estava irritado, outro com remorso e no próximo já pensava em festa. Sacudi a cabeça tentando me recuperar de sua multi personalidade.

-Se você diz...

-Eu tenho que buscar meus irmãos.

-Como assim? O que seus irmãos tem haver com a festa? Eles estudam no internato?

-Não, eles não estudam aqui, acontece que eles são os novos supervisores.

Aquilo era novo pra mim, então demorei a processar a informação.

-Ok, vamos voltar então.

Caminhamos mais uma vez de mãos dadas pela floresta, de subto uma pergunta surgiu em minha mente.

-Todo vampiro pode entrar na mente das pessoas?

-Não, um dom nunca é igual ao outro.

-E como funciona seu dom? Você pode entrar em minha mente agora?

- Eu tenho que ter contato com a pessoa, um toque no momento em que ela esteja mais relaxada, no seu caso durante o sono. E sim, eu posso me conectar...

Parei de andar drasticamente, ele também parou. As palavras saíram mais acusadoras que o esperado.

-Então você realmente esteve em meu quarto, não era um sonho.

-Eu precisava...

Balancei a cabeça espantando a vergonha que teimava querer me dominar.

-Isso é estranho...

-Peço desculpas...

Voltamos a caminhar.

-Ok, vamos esquecer esse assunto por enquanto. E os seus irmãos tem poderes também?

-Em primeiro lugar não temos “poderes” mas sim dons... Em segundo, sim eles tem, O mais novo, Tayler pode mover qualquer objeto com a força do pensamento, Evans tem dom de persuasão.

Então foi assim que conseguiram uma festa tão estilo jovem com autorização... Isso era interessante.

Chegamos no galpão alguns minutos depois, a batida lenta de When I'm With You tocava, era uma musica relaxante, inovadora, e cheia de significados para mim. Jon apertou minha mão e perguntou:

-Eu poderia ter a honra de dançar essa musica com você?

Assenti e fomos para pista, olhei para o lado e vi Ruby, parada olhando pra nos dois, ela estava de queixo caído, sem duvida espantada pela beleza de Jon, quando voltei a percorrer o local com os olhos pude verificar que todas as garotas e até alguns garotos estavam vidrados em nos, fiquei sem graça no mesmo momento, não estava acostumada com aquele tipo de atenção. Escondi meu rosto no ombro de Jon e disse:

-Tá todo mundo olhando pra gente...

Jon segurou meu queijo e sussurrou, fazendo com que seu halito batesse em meu rosto, prendi a respiração e olhei em seus olhos.

-E você liga pra isso?

Neguei com a cabeça, sabendo que minha voz não sairia mesmo se me esforçasse, eu não entendia como alguém pode exercer um poder tão forte sobre outra, mesmo sendo alguém sobrenatural.

Para meu deleite, minha vergonha e meu espanto Jon me beijou, e no mesmo instante me esqueci do restante do mundo, só havia eu e ele ali. Quando a musica parou nos afastamos, eu estava totalmente sem fôlego quando ele sussurrou em meu ouvido.

-Eu me apaixonei por você e agora não tenho a mínima ideia do que fazer. Nos vemos hoje à noite?

Meu coração estava acelerado, a respiração entrecortada eu não tinha palavras. Respirei fundo antes de responder.

-Sim, por favor.

-Combinado.

Ele me deu mais um beijo, esse era mais doce, calmo e com uma promessa de amor eterno embutida.

Antes que ele se afastasse um repaz muito bonito se aproximou de nos.

-Hun, muito teatral não acha?

Olhei curiosa para o belo rapaz tentando compreender suas palavras, foi quando reparei na semelhança entre ele e Jon, sem duvida aquele era um dos irmão.

-Evans, você não deveria estar cuidando dos alunos da festa? Encontrei alguns por ai que não estão nem de longe sóbrios, a Katy avisou que não queria que chamássemos atenção...

-Calma irmãozinho, está tudo sobre controle, mais e ai, não vai me apresentar sua amiga?

Prendi a respiração assim que a atenção dos dois se voltou para mim, Evans, como Jon o havia chamado, tinha a pele tão pálida quanto à do irmão e era muito bonito também. Jon suspirou e fez as apresentações.

-Ally este é Evans um dos meus irmãos, Evans está é Allyce...

Evans segurou uma de minhas mãos teatralmente e depositou um suave beijo na palma, o que me fez rir.

-Senhorita, é uma honra conhece -la.

-O prazer e meu.

Jon retirou minha mão das do Evans e me puxou mais pra perto de si.

-Ei maninho, calma, eu to só sendo educado, que coisa...

-Conheço sua educação, agora fora...

Evans mostrou a língua para o irmão e se retirou. Voltei minha atenção para o Deus grego a meu lado e mais uma vez me derreti, será que algum dia ele deixaria de ter aquele efeito sobre mim? Acredito que não. Ele cortou meus pensamentos com uma pergunta.

-E ai, o que achou do Evans?

-Muito engraçado e bem parecido com você...

-Eu preciso mesmo ir, mas não quero te deixar aqui sozinha com esses bêbados, onde estão suas amigas?

Vasculhei o salão a procura de Janny ou Jully, rapidamente encontrei Janny num canto afastado.

-Pode deixar, já encontrei minhas amigas. Hoje à noite então?

-Sim.

Com um singelo e doce beijo ele se despediu de mim. Fiquei parada, olhando ele se afastar, sorrindo como uma boba, quando o perdi de vista me virei em direção a minha grande amiga, que estava distraída no cantinho do salão. Me aproximei e perguntei:

-Tá tudo bem?

Ela deu um salto assim que ouviu minha voz.

-Ally mais que saco, você me assustou... Tá tudo ótimo, por quê?

Olhei desconfiada pra ela, por incrível que pareça ela parecia alheia aos últimos acontecimentos no salão, mas antes que eu pudesse dizer algo às outras meninas se aproximaram.

-Ally quem era o gato que tava do seu lado? De onde você tirou aquela coisa linda? O Mike disse que nunca viu ele aqui no colégio...

-O nome dele é Jon, e ele não é do colégio mesmo, ele veio junto com os supervisores novos. Agora que tal agente ir embora? To muito cansada.

Com isso encerrei o assunto. Nos dirigimos pra fora, Janny continuava calada, como se estivesse no mundo da lua... resolvi que seja o que fosse podia esperar ate o dia seguinte para que ela me contasse, afinal, hoje eu teria um encontro com minha felicidade...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shadows Of The Soul- Livro 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.