Chegamos no internato cerca de 02h20min, as luzes da entrada estavam acessas como toda vez que os profº davam festa, mas estranhamente não havia ninguém para “recepcionar” a entrada. Realmente os irmãos de Jon sabiam fazer milagres... Meg e Ruby ficaram pra trás, se despedindo de seus “amigos” enquanto eu e as gemias nos encaminhamos para nosso quarto. Meu coração começou a palpitar quando me lembrei que logo teria visita, um misto de desespero e adrenalina percorria meu sangue. As garotas entraram no banheiro primeiro, para tirar a maquiagem e se trocar. Na minha vez lavei o rosto duas vezes, mas o nervosismo ara tanto que resolvi tomar um banho pra acalmar os músculos. Liguei o chuveiro e me posicionei sob o jato de água morna que saia. O vapor foi aos poucos dissipando a tensão e quando terminei já me sentia uma nova mulher. Coloquei meu melhor pijama e me olhei no espelho, o que vi me assustou e ao mesmo tempo alegrou, a imagem não era mais de uma garotinha, mas sim de uma mulher, determinada a ultrapassar toda e qualquer barreira a fim de encontrar a felicidade.

Quando voltei ao quarto às garotas já estavam deitadas e dormindo. Sentei em minha cama a fim de esperar meu “convidado”. Não sei dizer exatamente quanto tempo se passou ate que o sono e o cansaço tomasse conta de meu corpo. Acabei dormido. Acordei com um toque frio mas estranhamente familiar em minhas costas.

Me sentei na cama tentando clarear minhas ideias.

-Jon!

-Eu não queria te acordar, passei só pra ver como você está se sentindo...

Sorri pra ele da maneira mais sincera possível e respondi.

-Foi bom que acordei, eu gosto de ter você comigo. E sim, eu me sinto muito bem.

Ele sorri em resposta e meu coração acelerou. Olhei pras garotas a fim de ver se ainda estavam dormindo, eu não tinha ideia do que eu poderia explicar caso uma delas acordasse e pegasse Jon ali comigo. Mas estranhamente eu não ligava, o que queria era ele, ali, ao meu lado.

-Bem, já que acordou que tal falarmos um pouco sobre você?

Suspirei antes de responder.

-Minha vida é muita maçante, nada comparado a suas aventuras pelos séculos. Não ah nada sobre mim que possa valer a pena ser lembrado ou contado.

Ele pegou meu rosto entre suas mãos, o que me fez parar de respirar.

-Eu preciso saber de tudo Ally, você é importante pra mim, entenda.

Ok, eu realmente não tinha como escapar então resolvi resumir minha vida em poucas palavras.

-Bem, vivi com meu pai ate meus 10 anos de idade, minha mãe morreu dando a luz a mim, depois disso meu pai voltou a se casar. Como a nova esposa não gostava de mim tratou logo de arrumar uma desculpa pra que meu pai me trancafiasse aqui. Desde então vivo nesse internato, esperando o dia que eu complete meus tão esperados 21 anos para me ver livre.

Ele me olhava com um olhar curioso, como se tentasse ver através de minhas palavras, como se enxergasse minha alma, foi ai que me lembrei de que ele talvez pudesse ver...

-Você lê pensamentos?

-Na verdade não, eu apenas posso entrar na mente e criar uma imagem, mas tudo é ilusão não leitura.

Balancei a cabeça aliviada, ao menos ele não podia saber o que se passava no fundo de minha mente e eu poderia continuar com meus devaneios sobre nós, a sos, corpos colados. Tentei clarear a mente, aquele não era o momento para aquele tipo de pensamento, aliás, eu nem devia estar pensando naquele tipo de coisa, senti um leve rubor aparecer em meu rosto e mudei o assunto da conversa a fim de acalmar meu corpo.

Falamos sobre muitas coisas nas horas seguintes, ele me perguntou sobre meus ex-namorados (o que se resumem a poucos, três pra ser mais exata...), sobre minhas amigas, sobre minhas aulas, minhas ambições para o futuro, etc... E assim as horas foram passando.

-Bem senhorita Lokwood, já esta tarde. É melhor você dormir um pouco.

Meu coração se apertou com suas palavras, eu me sentia tão bem quando ele estava comigo, eu não queria que ele fosse embora. E se ele não voltasse mais? O que eu faria? Estremeci só de imaginar não mais vê-lo.

-Você já vai?

-Sim, você precisa dormir.

Uma lagrima rolou dos meus olhos antes que eu a detivesse.

-Mas você volta não é?

Ele passou o polegar em meus rosto secando a pequena gota existente ali.

-Sim Ally, é claro que vou voltar, eu só quero deixar você descansar. Agora deite-se e durma, vou ficar aqui ate você pegar no sono, e não chore por favor...

Respirei fundo tentando acalmar meus medos e sorri pra ele. Ele se sentou em minha cama e me aconchegou em seus braços. Antes de cair na inconsequência uma pergunta veio a minha mente.

-Não é difícil pra você? Digo, estar assim, cercado de, sabe, sangue, quente e pulsante?

Seus músculos se contraíram, e eu rapidamente me arrependi de minhas palavras. Mas mesmo assim ele foi muito suave ao me responder.

-Não vou mentir pra você, é realmente um grande desafio pra mim, é por isso que resolvi que deveria caçar antes de me aventurar pelo seu quarto durante a noite.

-Fico feliz que esteja aqui...

A ultima coisa que lembro é de ter ouvido Jon suspirar e me abraçar mais forte. Depois disso fui levada para o mundo dos sonhos ou simplesmente a escuridão...