Marcas Do Passado escrita por Mirella Vieira


Capítulo 1
A dor de cada dia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!
Fãs da Stella Miranda, eu consegui escrever bem a personagem?? (grande responsabilidade
Bom espero que compreendam o que eu escrevi, tentei captar toda a dor de uma mãe que perde a filha, ainda mais da maneira como ela perdeu!



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Ela havia parado de se questionar quando teria algum dia fácil de lidar. Tinha sido mais um dia difícil. Aliás, todos os dias eram um desafio para Dulce. Diariamente, ela sempre tinha que lutar para não sucumbir às dificuldades da vida. Esse dia então havia sido demasiadamente cansativo, esgotante e triste. Sentir na pele mais uma vez a dor de perder um filho doía na alma daquela mãe que ainda sofria muito a morte de sua filha. E tendo o trabalho que ela tinha ficava mais difícil ainda de superar a tragédia que aconteceu em sua vida. Afinal, ela tinha que lidar diariamente com perdas. Com pessoas querendo tirar sua própria vida. Da mesma maneira que sua própria filha havia feito anos atrás.

Chegou em sua casa massageando suas têmporas lutando para evitar uma dor de cabeça que insistia em chegar. Seu trabalho não era fácil, afinal ter que aconselhar todos os dias pessoas que querem se matar não é uma tarefa das mais agradáveis. E foi nesse emprego que a pobre mãe quis encontrar uma forma de se punir diariamente pela morte da filha. Uma culpa desnecessária que ela insistia carregar em suas costas.

Os banhos quentes na banheira de sua casa haviam se tornado um gostoso hábito, pois ali naquele banho ela tentava extirpar de seu corpo todas as energias ruins que vinham de seu trabalho. E tentar de alguma forma aproveitar sua vida. Mas que vida? Será que a pobre Dulce poderia chamar o que ela levava de vida como sendo uma vida saudável? De certa forma ela vivia sempre presa ao passado e a melancolia que chegava sempre em sua vida das piores formas possíveis. Relatos de pessoas que queriam se matar, e sendo que, muitas das vezes, eram relatos de meninas que tinham a mesma idade de sua filha.

Ao atender aqueles telefonemas desesperados, a feição mudava no rosto da atendente e uma tristeza pairava sobre aquele dócil corpo. Mais uma menina de quinze anos querendo se matar. Por mais que ela tentasse, nunca iria compreender as razões de fazer uma pessoa tirar a própria vida. Nunca iria entender. Silenciosamente derramava algumas lágrimas. Afinal, ela não sabia se os seus conselhos dariam certo e se evitaria mais uma morte por suicídio.

Os amigos mais próximos viam que esse trabalho como uma forma dela se punir pela morte da filha. Dulce preferiu apenas seguir os conselhos de seu terapeuta e contava sua dolorida história para quem precisasse escutar, mesmo que para isso significasse o seu coração morrer todos os dias lentamente e ter que reviver sempre as dolorosas lembranças que cortavam o seu coração.

Ela entrava na sua banheira e ali os seus pensamentos viajavam dez anos atrás e com isso, as lágrimas insistiam em cair em seu rosto. Ali, em sua casa, ela não precisava ter uma máscara. Ali ela poderia ficar remoendo os seus pensamentos e se lamentando de sua vida que nunca mais voltaria a ser a mesma.

- Mãe! Por favor! Me deixa desfilar  no clube? A mãe da Fernanda a deixou participar. – implora Bárbara.

- Eu já disse minha resposta e não vou mudar de opinião. Acho você muito nova para desfilar de biquíni. E eu acho você muito nova para isso.

- Eu achei que você confiava em mim! Mas pelo visto eu me enganei.

- É claro que eu confio em você! Mas é que esse mundo anda cada vez mais violento e interesseiro. Eu não vou deixar você desfilar. Já tomei a minha decisão e não vou voltar atrás. Eu sou a sua mãe e decido o que é melhor para o seu futuro.

- Eu entendi! Não dá para acreditar na história que você sempre diz. Que é uma mãe amorosa e compreensível. Obrigada por desfazer de todos os meus sonhos.

- Eu tenho certeza de que um dia você irá me agradecer por tudo o que eu estou fazendo por você minha filha. Só acho que aos quinze anos de idade não é para sair por aí desfilando de biquíni em desfiles aonde todos vão te ver.

-Eu já escutei e não tenho mais nada para falar com você. Vou para o meu quarto e espero que não vá me incomodar lá com suas conversas de mãe zelosa e superprotetora.

- Eu tomei essa decisão pensando primeiramente em seu bem.

Bárbara se tranca em seu quarto e nem escuta as últimas palavras de sua mãe.

- Minha filha! Espero mesmo que um dia você entenda todas as minhas razões.

Aquelas lembranças ecoavam na cabeça de Dulce como se estivesse ocorridas há minutos atrás. Alguns dias Dulce nem se lembrava do que tinha almoçado, mas daquele dia ela se lembrava de todos os pequenos detalhes que o transformaram no pior dia de sua vida. Dez anos e ela se lembrava do perfume que sua filha passou para ir estudar. O último perfume, o último dia em que ela foi para a escola. O último dia em que viu sua filha com vida.

- E se a deixasse desfilar? Será que ela ainda estaria viva?

Aquelas perguntas sempre ecoavam em sua mente e por mais que ela tentasse nunca seria capaz de responder. Não sabia responder. Simplesmente doía pensar em sua filha sofrer tanto ao ponto de tirar a própria vida.

- Ou será que ela iria se matar mesmo assim? Só que talvez por um motivo diferente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??????



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