Loves Ways escrita por lollyb


Capítulo 11
Adivinha quem aprontou?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Estou de volta... Peço mil perdões pelo tempo que fiquei fora. Acabei me concentrando no ff.net e acabei esquecendo de postar aqui também. Boa notícia: a fic está concluída, com direito a capítulo extra sobre o passado do Snape e da Alexia, bônus e epílogo. Muitas surpresas, garanto! Quero agradecer pelo pessoal novo que está acompanhando a fic, pelos favoritos, por tudo... Perdoem esta vestibulanda autora. Vou tentar postar sempre que possível. Espero que gostem dos próximos capítulos! :D



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O dia do baile – para a grande alegria de Eliza – finalmente chegara. Hogwarts explodia em excitação, todos especulando como seria a fabulosa decoração do Salão. Elizabeth quase não dormira, fora cedo para o Salão e lá esperava Serena para tomarem juntas o desjejum.

O humor de Severo Snape não poderia estar pior naquele dia, e o professor já subira as masmorras ostentando uma carranca, sem paciência alguma com festejos e gracejos dos estudantes já pela manhã. Sua capa esvoaçava mais do que nunca, dando-lhe um ar mais temeroso.

Fazia um dia belo, apesar da neve que cobria toda a extensão dos terrenos da escola e além do povoado de Hogsmeade. O sol brilhava fraco por trás das nuvens, dando a elas um brilho perolado, e a neve caia uniforme, em flocos mínimos, dando harmonia à paisagem.

Serena chegou até a mesa da sonserina depois que o café já tinha começado a ser servido. Perdera o horário de acordar. Não estava realmente muito ansiosa para o baile de inverno. Eliza caminhou até ela, sorridente como estivera na última semana.

‘-Bom dia, Serena’ – cumprimentou, alegre – ‘Venha aqui, temos que combinar que horas vamos começar a nos aprontar.’

Serena concordou com a cabeça, sonolenta demais para negar qualquer coisa.

Eliza desatou a falar sobre sua programação do dia, enquanto Serena tomava, calmamente, seu café da manhã. Quando terminaram o café, as duas desceram até as masmorras, com destino ao dormitório. Cate e Felicia já lá estavam, colocando seus vestidos metálicos forrados de paetês contra o corpo, uma avaliando a outra.

Serena revirou os olhos quando Cate retirou do malão um enorme estojo de veludo vermelho e revelou jóias pesadas e negras, juntamente com um broche de brasão, que provavelmente era o brasão da família. Felicia abrira um pequeno baú – antigo e bem conservado – e começou a retirar gargantilhas delicadas de ouro branco, anéis e brincos pequenos.

Conversaram um pouco, Eliza falara e Serena ouvira pacientemente até o horário do almoço.

‘-Nós não escolhemos os sapatos...’ – comentou, pensativa.

Então as duas retornaram às masmorras – desta vez sozinhas no dormitório. A garota loira estava animadíssima, seguiu até sua cama e correu as cortinas furiosamente, um sorriso estampava seu rosto e os olhos brilhavam.

‘-Elizabeth, você acha que eu realmente vou ficar escolhendo sapatos?’ – perguntou, fria – ‘Como se já não me bastasse escolher vestidos...’ – ela resmungou, e se jogou na cama.

‘-Pensei que você também estivesse animada com o baile’ – Eliza foi franca, e deu de ombros, percebendo que havia alguma coisa errada – ‘Se você não quer escolher, eu escolho ‘pra você.’

A garota abriu a mala cor-de-rosa que tirara debaixo da cama, e procurou por um sapato.

‘-Toma.’ – ela jogou peep toes de salto agulha prateados nela – ‘Ficou ótimo em você e combina com o seu vestido.’

‘-Hum, obrigada.’ – Serena agradeceu, conferindo o par de saltos extremamente altos e finos – ‘Acho que vou lá fora. Não quero começar a me arrumar tão cedo.’ – Serena disse, pensativa.

‘-OK. Vou tomar um banho, o banheiro feminino vai estar insuportável daqui a pouco, é melhor você se apressar.’ – sugeriu, calmamente retirando um par novíssimo de cap toes da mala, os cap toes eram sapatos parecidíssimos com os modelo peep, porém ao contrário de uma abertura na frente, eles tinham a ponteira feita de outra cor ou outro material, os de Eliza eram nude com a ponteira dourada.

Fazia frio nos jardins, mas Serena não se importava. Estava em um de seus momentos existencialistas, onde nada parecia fazer mais sentido. Deitou na grama gélida de neve e observou o céu – um azul acinzentado; ou um cinza azulado. Não importava.

Pensou em como sua vida mudara tanto em dois meses e meio, mas não conseguia se decidir se fora para melhor ou pior. Começou a pontuar. Sabia quem eram seus pais, mas sua mãe estava morta. Estava muito próxima de seu pai, mas ele a odiava. Não morava mais em um orfanato, mas não tinha para onde voltar. Fazia magia como se fosse uma coisa normal. Era o único ponto inteiramente positivo.

Serena sentiu um aperto no peito. Era tristeza, era raiva, era agonia, e acima de tudo: era medo. Não que as coisas tivessem sido inteiramente estáveis em sua vida, mas nunca nada fora tão instável. Agora que sabia como Alexandra era, e como amara-a desde sempre, sentia falta da mãe; isso a assustava-a: nunca tinha acontecido antes. Ela se conformara – muitos anos atrás – que família não era algo para ela, que não tinha mãe nem pai. Mas a situação mudara drasticamente. Teria dado tudo para ter convivido com Alexia.

Algumas lágrimas brotaram de seus olhos, e ela limpou-as raivosamente. Não queria ir a baile nenhum com Potter nenhum. Não queria usar um vestido preto super justo e descolado, nem peep toes prateadas. Queria apenas estar ali, com a capa gelada de neve, as bochechas rosadas pelo vento, deitada no jardim e pensando em tudo, e ao mesmo tempo em nada.

Depois de um longo tempo, Serena resolveu voltar ao castelo. Estivera solitária todo o tempo – ninguém seria louco de ir até os jardins em pleno auge do inverno, mas para Serena parecia reconfortante.

Quando chegou ao seu dormitório, viu Eliza trajando o vestido, os sapatos altos, e um robe branco de cetim por cima, provavelmente para não sujá-lo. Ela tinha bobes grandes nas pontas dos cabelos dourados, e colocava um colar de contas pequenas. A nécessaire de maquiagens dela estava espalhada pela cama, um enorme espelho e uma mesinha tinham sido conjurados no dormitório – os quais as meninas revezavam. Pareciam todas ter se esquecido de que eram bruxas.

‘-Serena!’ – Elizabeth exclamou, indo até ela – ‘Você vai se atrasar... Ainda nem começou a se arrumar!’

‘-Eu perdi a hora. Hum, acho que vou tomar um banho...’ – disse, ainda confusa e com frio, Eliza somente olhou-a de esguelha e concordou.

Apesar de não ter vontade de ir ao baile, não deixaria Potter esperando-a na entrada do Salão Comunal a noite toda. Quando saiu do banho, Eliza estava soltando os bobes do cabelo, para depois prender metade deles e deixar a outra metade solta. Cate e Felicia já haviam subido para o Salão Principal, e Elizabeth pegava sua bolsinha ornada de pequenas contas branco-peroladas.

‘-Eu vou indo, Blaise está me esperando no Salão Comunal. Você precisa de ajuda em alguma coisa?’ – perguntou, preocupada, ajeitando os sapatos nos pés.

‘-Não, me viro bem, e não demoro muito, obrigada.’ – Elizabeth sorriu, acenou e deixou o dormitório.

Serena suspirou e com um aceno de varinha secou os cabelos, eles lhe escorreram lisos e negros pelas costas. Ela correu a cortina, de forma a pegar o vestido, e encontrou uma enorme caixa parda sobre sua cama, Para Serena Snape, estava escrito em um papel afixado à caixa, em uma letra caprichada. A garota sentou-se na cama e puxou o embrulho para si, retirando a tampa. O que quer que fosse que estivesse dentro estava embrulhado cuidadosamente por um papel de seda verde claro, e havia mais um pedaço de pergaminho sobre o embrulho.

Você não é obrigada a usar.

Severo Snape

Snape lhe mandara algo. Estava curiosa para saber, então tirou o bilhete e viu que um adesivo grande selava o pacote, o fundo roxo exuberante mostrava uma bruxa vestida de verde, que acenava, e se lia, no mesmo verde das vestes dela, Madame Malkin – Vestes Especiais. Ela pegou o pacote e removeu a película fina de seda, que revelou um vestido azul, curto e delicado.

Serena estava encantada. O busto era trabalhado, feito de um tecido leve, de corte imperial e sem alças. A saia do vestido era de um tecido nobre e era parcialmente coberta por um tecido azul mais delicado e fino. Havia mais alguma coisa na caixa: era uma echarpe de um azul quase transparente, que estranhamente combinava com os olhos da garota.

Ela sorriu, e experimentou-o. Olhou-se no espelho. Agora sim ela sentia que estava com a roupa perfeita. Calçou os sapatos prateados – que graças a Merlim combinavam com o vestido novo, e colocou os brincos de diamantes grandes que Eliza tinha separado para ela. A nécessaire da amiga ainda estava jogada sobre a cama, e Serena aproveitou-se para maquiar-se, esfumando os olhos com sombra preta – o que só fez a destacar suas orbes azuis.

Quando tudo já estava finalizado, Serena prendeu, com ajuda de magia, os cabelos negros em um coque baixo, na nuca, deixando a franja que chegava ao queixo solta na frente. Pegou uma bolsinha prateada, também emprestada de Elizabeth, e guardou os bilhetes e os embrulhos na caixa grande, jogando-a depois embaixo da cama.

Serena jogou a nova echarpe nos ombros, o acessório deslizou e parou na altura dos cotovelos. Saiu logo, estava quase meia-hora atrasada – o que ainda não era muito, considerando o quão tarde começara a se arrumar.

Harry Potter estava esperando-a, quase sem esperanças, recostado à uma parede fria das masmorras.

‘-Pensei que não vinha.’ – ele disse, sorrindo, e indo até ela.

‘-Me atrasei.’ – ela deu de ombros, e aceitou o braço que ele oferecia.

‘-Você está... bonita. Muito bonita.’ – ele disse, envergonhado.

Ela sorriu de lado, e o acompanhou até o Salão Principal.

O Salão Principal estava ricamente decorado, com flocos de neve brilhantes, suspensos no ar por magia. O Salão estava todo decorado em dourado e branco perolado. Uma enorme mesa com os mais diversos quitutes estava coberta por uma toalha pérola, com travessas de ouro. Alguns casais dançavam ao som de uma música animada, alguns comiam, outros confraternizavam. A porta para os jardins estava aberta, e uma brisa gelada entrava, mas não era o suficiente para esfriar o ambiente, magicamente aquecido.

Ela e Harry foram o último casal a adentrar o Salão. Algumas pessoas pararam para olhar, abismados. Outras se juntaram a essas primeiras, e mais outras, de repente todo o Salão olhava-os. Por onde passava, Serena estava chamando a atenção, estava lindíssima e ostentava um sorriso torto no rosto, tão diferente do olhar mortal que geralmente lançava a todos.

Minerva McGonagoll esbarrou certa hora com os dois, pedindo perdão, e logo voltando para ver a menina, a professora comentara como Potter tinha sorte em ter levado uma das meninas mais lindas ao baile.

***

Severo acordara com o pior humor possível naquela manhã. Ainda tinha muita coisa para pensar e fazer, simplesmente não conseguia aturar aqueles alunos insolentes dando gritinhos de alegria pela manhã.

Após um breve desjejum, ele ainda precisava pegar sua encomenda no beco diagonal, com a Madame Malkin, em sua mais nova loja, a Madame Malkin – vestes especiais. Durante a semana dera um jeito de saber se Serena iria ou não ao baile, sugerindo a Eliza, ao final de uma aula torturante de Poções, que ela não iria ao baile se não fizesse um contraveneno corretamente. Ela rapidamente mordeu a isca, falando que não poderia deixar a amiga sozinha, tentando convencer o professor, mas ao contrário disso deu-lhe exatamente a resposta que desejava.

Sabia que Serena iria ao baile, porém Madame Malkin fazia trajes de acordo com a medida de seus clientes; Severo não tinha as medidas de Serena. Portanto, fora até o beco Diagonal e conversara sobre isso com a própria dona da loja. A senhora dissera-lhe que isso já não era mais problema – em sua mais nova loja as roupas eram enfeitiçadas para caberem em qualquer corpo, já que se ajustavam a pessoa.

No domingo, Snape fora buscar as vestes da garota. O único problema era como colocar a caixa lá sem nenhuma menina fofoqueira ver – inclusive Elizabeth Duncan. Na hora do almoço, Severo esperou todas as garotas saírem do dormitório e todos os sonserinos saírem do Salão Comunal. Não era uma coisa muito comum vê-lo por lá.

Deixou a embalagem sobre a cama arrumada de Serena e correu as cortinas. Suspirou, e torceu para que Serena usasse o vestido, achava que ela ficaria magnífica nele.

Na hora marcada para o baile, Severo subiu as masmorras, vestindo um smoking trouxa inteiramente preto, acompanhado por uma capa preta, muito mais elegante do que a habitual, os cabelos cuidadosamente arrumados, sem o aspecto oleoso.

Perambulou pela agitação de pessoas, que dançavam, comiam e riam, porém sem encontrar Serena. Os professores o cumprimentavam, os sonserinos os saudavam, de resto Severo Snape passava afastando o restante de alunos, que nada faziam exceto olhá-lo temerosamente.

Desistindo da procura, Severo serviu-se de um pouco de suco de abóbora com gelo e água gaseificada – uma espécie de tradução bruxa do ponche. Lá estava a Srta. Duncan, usando um vestido rosa, e acompanhada por – inesperadamente – Blaise Zabini. Elizabeth lhe lembrava alguém, quem ele não sabia dizer. Mas Serena não estava com eles, provavelmente não viria.

Afastou-se da mesa principal, quando notou que todos os olhares se dirigiam para a porta esplendorosa do Salão Principal. Abriu caminho e pôde ver. Uma garota usando um vestido azul e sapatos prateados entrou, sorrindo torto; ela era linda. Parecia Alexia. Ele teve ímpeto de correr até ela e beijá-la, dizer-lhe que sentira sua falta, mas havia algo errado. Onde estavam os cabelos ruivos? Então Severo apercebeu-se: aquela era Serena. Não reconheceu-a; ela parecia uma mulher, o vestido caiu-lhe perfeitamente bem, e – como Severo previra – acentuava seus olhos azuis.

Serena não estava sozinha. Era acompanhada por uma figura alta, de cabelos espetados e negros, e os olhos da garota que já fora sua amiga um dia: Lilly. Lilly Potter. O que raios Serena estava fazendo acompanhada de Potter ao baile?

Severo teve ganas de pular no pescoço do rapaz e de Serena ao mesmo tempo. Aquilo era provocação; só poderia ser. Não queria sua filha metida com um Potter. Snape assustou-se ao pensamento. Era completamente estranho pensar em Serena como sua filha. Sentia que não era merecedor desse pensamento.

Estranhamente, Draco parecia quase tão furioso quanto Snape. O professor então aproximou-se do afilhado.

‘-O que houve, Draco?’ – perguntou, achando graça da feição do rapaz – ‘Gnomos te morderam? Ou Pansy veio com outro?’

‘-Não.’ – respondeu, mal-humorado – ‘Pansy veio comigo, mas está por ai.’

‘-Por que Pansy está por ai?’ – Severo provocaria Draco, isso faria o esquecer-se de Serena e Potter idiota.

‘-Eu a mandei passear um pouco. Se eu descuido ela começa a tirar aquele vestido púrpura aqui mesmo.’ – Draco revirou os olhos.

‘-Você mandando Pansy Parkinson passear?’ – o homem riu de deboche – ‘Isso é novo.’

‘-Eu me cansei dela, tio.’ – falou, parecendo uma criança, e tratando Snape – sem perceber – por tio – ‘Ela está sempre aqui, lambendo meus sapatos, pronta pra polir minha varinha. E ela é uma vadia. Você viu as fendas e decotes daquele vestido?’ – o rapaz abaixou a cabeça, irritado e impaciente.

‘-Você encontrou alguma garota nova.’ – era uma afirmação, não uma pergunta, e os olhos de Severo estavam enigmáticos.

‘-Hã, talvez.’

‘-Você só enjoa de Pansy quando tem alguma nova. Bom, mas continua com ela, e cantando a outra. Te conheço, Draco.’

Draco riu. ‘-Bom, essa menina não é como Pansy e as outras. Ela é uma fera.’

‘-Só espero que não seja grifinória, Draco. Eles são insuportáveis.’ – disse, e automaticamente pensou em Alexia. Não, os grifinórios poderiam se tornar as pessoas mais especiais na vida de alguém.

‘-Fique tranqüilo, Severo.’ – Draco riu baixo, ainda infeliz.

‘-O que aconteceu com Zabini para trazer a senhorita Duncan? Ela não faz muito estilo dele.’ – perguntou, intrigado, vendo-os dançar na pista, felizes como um casal apaixonado.

‘-Eu continuo a me perguntar isso. Ele está de olho nela faz tempo, desde o ano passado, mas tinha medo que ela o rejeitasse.’ – ele revirou os olhos – ‘Acho que ele gosta mesmo dela, tio. Blaise Zabini não costuma ter medo de rejeição. Ele só não saiu com ela antes porque falei ‘pra ele que ela não parecia ser uma garota para iludir, como ele sempre faz. E ele tem que manter a fama de galinha.’

Snape ergueu as sobrancelhas, impressionado.

***

‘-Você quer dançar?’ – perguntou Harry, tímido.

‘-Eu não danço, Potter.’ – ela resmungou, vendo Pansy tentar puxar Draco para a pista de dança.

‘-OK.’ – ele concordou, e se sentou ao seu lado.

Draco, vendo ela e Harry conversando muito próximos um do outro, repentinamente, aceitou o convite choroso de Pansy.

‘-Hum, eu gosto dessa música. Vamos dançar, Potter?’ – perguntou, levando Harry para um lugar muito próximo de Malfoy e Parkinson. Harry não estava entendendo nada, mas ainda assim aceitou o convite.

Pansy se esfregava no garoto, que só tinha olhos para as mãos de Potter na cintura fina de Serena, ela passara os braços pelo pescoço dele, dançando no ritmo lento da música. Por Merlim, ele queria dar Harry de comida a um Rabo-Córneo Húngaro com uma ninhada bem grande de filhotinhos comedores de idiotas.

Depois de dançar por um bom tempo, Harry ainda estava animado. Serena não. Ele queria dançar mais, conversar com os amigos, e a garota não simpatizava com nenhuma das coisas.

‘-Vá, Potter. Vou dar uma volta, e aproveite que a Weasley fêmea deu um pé na bunda do Thomas e convide ela para dançar.’ – disse ela após ele muito insistir em ir falar com a sabe-tudo Granger e o Weasley.

Harry saiu, não gostou da forma como ela falara com ele, e Serena seguiu sozinha para os jardins frios.

***

Severo vira Serena dançando com Potter, e sua raiva aumentou. Nesta noite ela se parecia tanto com Alexia que chegava a doer. Viu quando ela dera um sorrisinho para a amiga Elizabeth, as covinhas rasas eram idênticas. As bochechas coradas lhe lembravam o quanto ele apreciava as da esposa.

Lembrou-se de quando estavam no sétimo ano, e o pequeno relacionamento que tiveram já fora escondido, devido a família de Alexia – uma família rica e influente no mundo bruxo – a mãe, que saia em quase todas as edições do Semanário das Bruxas, iria odiar descobrir – e inda mais se a imprensa descobrisse – que a filha dela estava metida com Severo Snape.

O último – e único – baile ao qual levara Alexia fora depois de já estarem casados, quando ambos lecionavam em Hogwarts, e ela já estava grávida. Lembrou-se então que Alexia também vestira um vestido azul – um pouco mais longo e de um tom mais claro do que o de Serena. Nessa época ele ainda ostentava a pior carranca que os alunos já viram; foi logo após descobrir a gravidez de Alexia.

Ela, completamente ao contrário do esposo, estava mais feliz do que nunca, o que a tornava ainda mais bonita e carismática. Ela e Severo não puderam nem dançar durante o baile todo, seria suspeito demais; ele levara-a com a desculpa de que a estava acompanhando porque o marido da professora não pudera deixar o trabalho para comparecer ao baile, e que ele e Snape eram amigos próximos.

Naquela noite, ao voltarem – de forma discreta – para os aposentos que compartilhavam Alexia não exibia a expressão normal: relaxada e esboçando um leve sorriso; ela parecia preocupada. Perguntou-lhe, certamente, o que acontecia com ele, já que estava tão distante e tão mal-humorado. Ele insinuou o motivo principal: o bebê, e ela – mais uma vez – dormira chateada com ele.

Se ele soubesse o que aconteceria depois nunca, jamais, teria discutido ou chateado Alexia por esse motivo. A realidade, pensou Severo, é que sempre teve medo, e nada diferente disso. Medo por Alexia, depois medo pelo bebê. Medo de ser pai.

Teria dado tudo por Alexia viva e Serena junto deles.

Olhou ao redor, procurando a menina. Avistou Potter, mas Serena não estava com ele, e sim Granger e Weasley. Em uma olhada rápida para a porta dos jardins, viu o vestido azul saindo para fora. O que diabos Serena faria no jardim?, Snape se perguntava, estava frio, e ela usava um vestido curto!

Fez menção de acompanhá-la, mas decidiu que seria melhor ficar ali e esperar seu regresso. Ela não ficaria, certamente, lá fora por muito tempo com o frio que fazia. Então sentou e esperou, os olhos focados na porta.

***

Serena estava farta de Potter. Uma visita ao lado de fora do castelo far-lhe-ia bem, embora usasse roupas curtas. Ao sair notou uma presença conhecida recostada a uma grossa parede de pedra, pouco mais fechada e segura – e quente, pensou ela.

Avançou então para perto e sentou-se ao seu lado.

‘-Pansy não quis ir pra sua cama cedo hoje, Malfoy?’ – perguntou, arqueando a sobrancelha.

‘-E Potter? Foi lustrar seus sapatos como o trouxa que ele é?’ – falou ele, mal-humorado.

‘-Potter está com Weasley e Granger. Ele é tão sem graça.’ – desabafou Serena, encostando-se à parede com um longo suspiro.

‘-Afinal,porque a senhorita Serena Snape, terror de Hogwarts veio com o Potter metido a herói?’

‘-Pelos mesmos motivos que você veio com a Parkinson cara de buldogue.’ – ela deu de ombros e deu um sorrisinho.

‘-O jeito que Potter pegava em você... Foi tão nojento! Eu teria vergonha de fazer isso em público.’ – disse, cheio de ciúmes.

‘-Potter não pegava em mim. Estávamos dançando, assim como você e a buldogue, digo, Parkinson. Você teria vergonha, Malfoy? Então porque vocês estavam dando uma pequena demonstração do que seus hormônios adolescentes podiam fazer no meio da pista de dança. Sério, a Parkinson é uma vadia.’ – ela o cortou, satiricamente – ‘E porque você está aqui, encolhido nos jardins?’ – ela ergueu uma sobrancelha novamente.

‘-Mandei Pansy ir passear; ela se ofendeu. Cansei da festa; vim pra cá.’ – Draco disse, cansado.

Ambos ficaram em silêncio, se encolhendo da noite fria.

‘-Sabe, eu ia te convidar naquele dia, com o Zabini. Mas Pansy chegou e me arrastou para os jardins, dizendo que minha roupa teria que combinar com a dela...’ – começou Malfoy, explicando-se.

‘-E eu não iria aceitar. Seria ridículo entrar no Salão com você do meu lado. Não pense que temos alguma coisa séria, Malfoy.’ – Serena foi decidida, e até um pouco dura

‘-Olha o que você faz comigo, Snape...’

‘-O que? Te fiz ficar cansado da cachorkinson?’ – Serena riu baixo do apelido que acabar de inventar.

‘-Me fez ficar cansado de todas as outras. E querer só você.’

‘-Você me quer, Malfoy?’ – perguntou, rindo e ajoelhando na frente dele – ‘Bom, infelizmente eu sou o que você não pode ter.’

Serena saiu correndo em meio à neve do jardim, encolhida em sua echarpe fina. Draco correu atrás dela e puxou-a pela cintura. Ela tentou, em vão, libertar-se, mas ele era muito mais forte do que ela. Acabaram os dois caindo na neve, Malfoy por cima.

Então, fogosos, se beijaram novamente, esquecendo completamente da gélida neve que cobria seus corpos e roupas. Serena parara o beijo repentinamente. Olhou-o e deu um sorrisinho, depois voltou a beijá-lo. Aquele sorriso fora o primeiro verdadeiro que recebera alguma vez de Serena, e o garoto deixou aquilo registrado na memória. Como os lábios dela eram cheios, como as covinhas apareceram sutilmente e, principalmente, como os olhos azuis iluminavam-se diante daquele mínimo movimento muscular.

‘-Sai de cima de mim, Draco.’ – pediu, ainda rindo.

A garota correu e aninhou-se no canto quente em que estiveram antes.

‘-Ei, Serena, me espera.’ – ele disse, e correu ao seu encontro.

Malfoy sentou-se junto a ela, que se encolhia, com frio.

‘-Finalmente descobriu meu nome?’– o garoto sorriu de lado.

‘-Não, querido. É que Malfoy é muito mais dramático’ – respondeu Serena, irônica

‘-Vamos regredir, Serena? Para Malfoy e Snape de novo?’ – perguntou, sem expressão.

‘-Hum.’ – Serena resmungou somente.

‘-Vamos lá, não seja tão orgulhosa. Ah, esqueci, orgulho é o seu sobrenome.’

Serena bufou.

‘-Sabe, você poderia ter vindo com qualquer outro...’ – começou Draco – ‘Por que raios teve que vim com Potter?’ – perguntou, assumindo um semblante de nojo ao falar sobre o outro garoto.

‘-Potter me convidou, e eu aceitei. Nenhum outro me chamou para o baile.’ – disse, com ar de riso, apreciando os ciúmes do loiro.

‘-Potter é grifinório; supõe-se que seja corajoso. Todos os outros devem ter medo de você.’

‘-Eles tem, Draco’ – disse, e corrigiu-se – ‘hum, Malfoy, claro que tem medo.’

‘-Você pode me chamar de Draco, Serena.’ – ele disse, rindo

‘-Claro que eu posso. Você acha que não te chamaria caso você não quisesse?’ – ela arqueou uma sobrancelha – ‘Mas é totalmente estranho não te chamar de Malfoy.’

Draco riu.

‘-É estranho te chamar de Snape.’ – ele tornou-se pensativo, encarando Serena com seus olhos cinzas – ‘Nem Severo consegue te chamar assim...’

Serena sorriu de leve, enigmática.

Draco de repente levantou-se. A garota acompanhou-o, estranhando. Ele saiu correndo em meio à neve que caía, Serena mais uma vez seguiu-o.

‘-O que aconteceu, Malfoy?’ – a garota alcançou-o e segurou um de seus braços fortes, ele parou, deixando-a segurá-lo, já que se quisesse podia escapar facilmente das mãos pequenas de Serena.

‘-Fique aqui Serena, não venha atrás de mim.’

O vento soprou, forte e intenso, trazendo flocos brancos de leve para todo o lado. Draco e Serena se encararam por vários instantes, ela não o soltaria, nem ele queria ser solto, apesar de ser muito mais forte do que ela.

‘-Você acha que manda em mim, Malfoy?’ – ela arqueou uma sobrancelha, mas não pareceu malvada e irritante como sempre, e sim preocupada.

De repente, Draco correu, e Serena seguiu-o, o rosto ainda mais corado pelo vento, os pêlos do corpo todo arrepiados pelo frio cortante, os lábios tremendo. Todo o seu físico desejava voltar para o castelo aconchegando e aquecido, porém não podia ceder ao orgulho e deixar Malfoy ir, sua curiosidade não a deixava parar de correr atrás do garoto, rumo à Floresta Proibida. Draco ainda corria em sua frente, sem aperceber-se dela em sua traseira.

Blaise Zabini deixou Eliza sentada em uma das muitas mesas decoradas com velas que flutuavam. Fora procurar por Draco. Elizabeth se cansou; notou que Serena também havia sumido, Harry Potter confraternizava com Granger e Weasley, sem a garota. A loira, então, decidiu procurar pela amiga também, afinal, pelo jeito, Blaise não voltaria tão cedo.

Eliza parou poucos metros distantes da grande porta que dava para os jardins, sendo ainda debilmente aquecida pelo calor que emanava do castelo. Avistou uma figura de azul, e outra de negro, Serena e Draco. Aquilo parecia uma briga aos olhos de Elizabeth.

A garota não conseguia enxergar o olhar de preocupação que partia dos olhos de ambos, cinzas e azuis. Serena segurava o rapaz e falava alguma coisa, e Draco franzia as sobrancelhas. Havia algo errado. Serena não conhecia e nem falava com Malfoy. Eliza se desesperou. Queria chamar por ajuda. Não, não; ela era uma garota crescida, não podia mais ter medo e esperar que todos fizessem por ela o que ela temia.

Repentinamente, Draco correu. Alguns segundos atrasada, Serena foi atrás dele. Elizabeth desesperou-se. O que faria? Para onde estavam indo? Draco fizera, ou faria, algo com sua única amiga?

Então Eliza correu, avistando Serena em sua frente, um pouco menos distante do que Draco estava da garota morena. Ela estava com medo até o último fio de cabelo, mas era Serena. O frio era cortante, e seu vestido de tecido delicado voava, deixando as pernas ainda mais expostas. Parecia que uma geleira movera-se para dentro dela, não agüentaria muito mais; sentia-se fraca, gelada até a alma, mas tinha que continuar seguindo Serena pela trilha que levava à Floresta Proibida – lugar que tinha prometido a si mesma nunca, jamais, entrar. Mas entrou mesmo assim.

***

Snape notara que Serena dera um chute em Potter, e não pôde negar que estava feliz. Não a queria metida com gente daquela laia. Mas onde, por Merlim, ela estava? Com o frio que se instalara noite afora, Serena tinha de estar de volta ao castelo, ele só não sabia onde.

Esperaria, então. A garota Duncan deveria saber. E ela estava com Zabini; descobriria fácil. Quase certamente, Serena voltara para seu dormitório, entediada com festas, como seria tão típico de sua personalidade.

Mas nem Zabini nem Duncan apareciam. Assim como Serena, Draco também tinha sumido. Mesmo assim, Snape não ligara imediatamente o desaparecimento desses estudantes, que, apesar de sonserinos, a dupla de meninas e meninos não tinha nada em comum.

***

Draco adentrara a mata, e Serena o seguia com coragem. Enquanto os caminhos podiam ser vislumbrados, ainda que precariamente, com a luz da lua que entrava por entre as falhas na vegetação, a garota não usou o feitiço lumus, não queria que sua presença fosse notada.

Eliza, bem atrás da amiga, tremia de frio e de medo; queria – por Merlim – sair dali, ou, ao menos, usar sua varinha para ter alguma claridade. Mas como nem Serena nem Malfoy haviam acendido as suas, não acenderia também; não queria ser apercebida, de jeito algum.

Serena escorregou em algumas folhas molhadas e se apoiou em uma árvore próxima, sem fazer alarde. Os três andaram por boa parte ainda iluminada da floresta, Draco sem perceber a presença de Serena e ambos sem notarem Eliza por último.

Draco fazia algum barulho, mas Serena se movimentava ágil pela floresta. Chegaram a um ponto em que nada podiam ver; o garoto seguiu, pois conhecia bem o caminho que trilhava, Serena murmurou um ‘lumus’ baixinho, mas nada aconteceu. Tentou lumus máxima, porém também não obteve resultados. Xingou mentalmente. Havia alguém ali. Havia magia protegendo aquele local. Serena só estava rezando para não ser magia negra; e era quase impossível não ser.

Estavam se aproximando de uma clareira, podiam perceber, pela claridade que emanava do percurso a frente, quase como o fim iluminado de um túnel. Draco não podia vê-la; ele não a queria ali, de forma alguma.

Então, logo que Draco alcançou a luz algo aconteceu.

‘-Tem alguém ali.’ – um dos encapuzados sussurrou.

Vários jatos de cor esverdeada voaram na direção de Serena. Foi o único momento em que realmente teve medo em sua vida. Comensais da Morte, pensou, eles não podem entrar aqui; o que fizeram? Quando o primeiro jato estava prestes a atingi-la, pensou em Snape. Merlim, que ele saiba, pelo menos, que estou aqui. Então foi muito rápido. Um jato após o outro. Cinco no total. Serena caiu, pouco afastada da trilha, no escuro e desacordada.

Alguém havia estuporado também Elizabeth, porém acidentalmente.

Zabini aproximou-se do professor Snape. Estava pálido e preocupado.

‘-Hum, professor?’ – Severo olhou – ‘Você viu Draco, ou Eliza, por aí? Fui procurar por ele – e não encontrei – e quando voltei, ela já não estava aqui.’

‘-Você fala de quem? Da senhorita Duncan?’ – perguntou, sem expressão. Começara a preocupar-se com Serena, e Blaise assentira debilmente com a cabeça – ‘A senhorita Serena, creio que o senhor deva conhecer, amiga da senhorita Duncan, também desapareceu... Eu a vi indo para os jardins, mas não voltou.’

‘-Aquela Snape é mesmo louca.’ – disse ele, com as mãos no bolso, temeroso – ‘Que pessoa normal iria lá fora com esse frio? E ainda mais de vestido?’

Snape nem sequer prestara atenção. Onde Serena estava, Merlim? Ninguém notou quando uma figura vestida de púrpura e mostrando demais do próprio corpo apareceu.

‘-Ei, Zabini?’ – chamou ela – ‘Draquinho foi para fora também, e ainda não voltou. O que será que aconteceu com ele?’ – disse, preocupada e artificial – ‘Será que aquela Snape trouxa usou alguma de suas azarações secretas contra ele?’

‘-A garota não é trouxa, senhorita Parkinson’ – respondeu Snape, rápido demais, porém com a voz sem emoção de sempre – ‘ela é filha de uma bruxa sangue-puro e um mestiço.’

‘-Como o senhor sabe, professor? A garota vivia em um orfanato trouxa.’

‘-Eu sei disso, senhorita.’ – respondeu sem paciência – ‘E consta nos arquivos do orfanato’ – disfarçou.

‘-Vamos, Zabini, estamos perdendo tempo. Há alunos desaparecidos. Talvez o vento ainda não tenha apagado as pegadas na neve.’

Blaise seguiu o professor e os dois barram Pansy. Iriam sozinhos.

Saíram para os jardins e havia ali algumas pegadas. Um pouco mais para frente, havia marcas irregulares na neve.

‘-Uh, parece que alguém deu uns amassos aqui.’ – disse o garoto, sem tato algum.

‘-Como você deduz isso, senhor Zabini?’ – cortou o professor, enquanto continuavam a seguir algumas pequenas pegadas.

‘-Há realmente poucos lugares nos quais eu já não dei uns amassos com alguém, professor.’ – ergueu ambas as sobrancelhas.

Havia um rastro mais novo e limpo em meio à neve. Eles o seguiram, mas em alguns trechos ainda era possível três pares de pegadas. Os três estavam juntos. Isso fez com que Snape quisesse correr; sentira a Marca Negra arder, tinha certa desconfiança, mas era realmente impossível que Comensais estivessem em Hogwarts. A não ser que alguém tivesse os colocado para dentro. Não, não. Era só uma brincadeira de criança.

Assim que entraram na mata fechada, havia uma trilha. Severo deu graças a Merlim, mas Blaise estava se molhando de medo. Uma chuva torrencial começou a cair, e o garoto quis voltar. Snape não deixou, e chamou-o de covarde.

Seguiram pela trilha, até quase chegarem até a clareira. Porém Blaise tropeçara em algo. Caíra sobre os dois pés de Serena, desacordada. Lumus, Snape ordenou, e da ponta de sua varinha saiu um feixe de luz; ele podia, é claro. Também era um Comensal. E quando Zabini tentou fazer o mesmo e não conseguiu, ele teve medo. Eles realmente estavam lá.

Blaise chamou-o. Severo caiu do lado da menina, desesperado, colocando a varinha em seu rosto para certificar-se de que era mesmo Serena. E, para sua infelicidade, era. Ele tirou sua capa preta de festa, e cuidadosamente cobriu a menina com ela; Serena estava roxa de frio, com os músculos gélidos. Era tarde demais, pensou Snape, com lágrimas nos olhos. Não, não era, ele daria um jeito, rebatia outra voz, em sua mente.

‘-Zabini, procure pela Duncan.’ – ordenou, e o garoto saiu, procurando no escuro.

Tinha de levá-la dali. Imediatamente. Respirava, porém realmente fraco. E a chuva que caía não ajudava em nada. Snape deixou-a ali e foi procurar pelos outros.

Lucio Malfoy estava ali, no final da clareira, seguramente distante de Serena.

‘-O que foi isso, Lucio?’ – perguntou, baixo e em seu tom de voz misterioso.

‘-Havia alguém ali, seguindo Draco. Nós estuporamos. Não sabemos quem é, evitamos deixar marcas nele. Foi uma idiotice, eu sei, mas vamos dar um jeito. Por que não apareceu antes?’

‘-O que houve? Por que chamaram Draco?’ – perguntou, e depois atentou a pergunta anteriormente feita – ‘Estava no baile de inverno. E não é uma coisa muito simples escapar de lá com o velhote e os inúteis dos professores olhando.’

‘-O mestre tinha um serviçinho para Draco, e que tinha de ser avisado por nós o mais rápido possível, ele precisa se preparar. Ele vai precisar de sua ajuda, Severo.’

‘-Tudo bem. Agora preciso levar o aluno para a enfermaria, ou Dumbledore vai desconfiar mais. Saiam logo daqui; e você não escapa de contar-me como conseguiu entrar. Avise Draco para se apressar.’ – sussurrou ele por último e saiu apressado.

Precisava tirar Serena dali, precisava saber se ela estava bem, que iria sobreviver. Correu pela trilha molhada e escorregadia e encontrou Serena. Puxou-a para seus braços e seu corpo esguio se acomodou bem, mesmo desacordado. Snape ajeitou a capa, para que a cobrisse melhor, e debaixo da chuva, chamou por Zabini.

Mandou o garoto carregar Elizabeth e seguiram, a passos largos, para o castelo, Snape sempre na frente, tentando cobrir a distância como se sua vida dependesse daquilo. Não a dele, mas a de Serena, sua filha, e valia muito mais do que sua mísera vida.

‘-Blaise, ande logo, nem parece que joga quadribol desde que saiu das fraldas!’ – Snape estava nervoso, e o garoto não andava depressa o suficiente.

‘-Calma ai, professor. Não é fácil andar com Eliza no colo na neve.’

‘-Vamos, lá, ela é leve, Zabini, não seja fresco.’

Quando Snape finalmente venceu a distancia na neve e chegou ao aquecido Salão Principal ele estava praticamente vazio, exceto por Parkinson e a equipe docente. Todos os olhavam, Snape nem sequer olhou na direção deles, tinha um único objetivo: a enfermaria. Sinalizou para que Zabini também seguisse e Dumbledore os acompanhou, barrando os professores e Pansy.

Dumbledore abriu as portas da Ala Hospitalar e acendeu as luzes com um aceno da varinha.

‘-Acomode-as, Severo, vou acordar Papoula.’

‘-Deixe a senhorita Duncan nesta cama, isto Zabini. Agora pode ir.’- ordenou Snape, e Blaise deixou Elizabeth na última cama, Serena ocupava a penúltima.

‘-Mas e Eliza? Ela vai ficar bem? E a Snape? Ela parece pior do que a Eliza... O Draco não vai voltar, professor, para nos explicar?’

‘-Muitas perguntas, Zabini, muitas perguntas. Eu assumo por aqui. E não abra o bico para ninguém, está me ouvindo, senhor Zabini? As conseqüências serão graves se fizer isto...’ – ameaçou Snape, com uma fúria que o garoto não conhecia, então restou a ele concordar e ir direto para seu dormitório.

Madame Pomfrey veio correndo. Ajeitou seu uniforme e foi até Serena.

‘-O que aconteceu, professor?’ – perguntou ela, também nervosa com o estado da garota.

‘-Também não sei, Papoula. Zabini e eu as encontramos desacordadas.’

Madame Pomfrey pegou a varinha e fez alguns exames rápidos, primeiro em Serena depois em Elizabeth.

‘-Elas foram estuporadas, Severo. Porém Serena deve ter sido atingida mais vezes; o estado dela é realmente muito frágil.’


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Notas finais do capítulo

Espero de todo o coração que vocês tenham gostado. Esse é, na verdade, um bom capítulo para o meu retorno ao Nyah, hahaha. Além de ser um dos meus preferidos, tem drama, romance, intriga e suspense. Me contem nos comentários!

Beijo, L.



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