Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 4
O Reencontro de Blaze e Guilmon




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Verônica estava encurralada. Havia dito a Flávia que havia passado a tarde do domingo estudando quando, na verdade, estava no Mundo Digital com os demais amigos. E agora, a garota a questiona dizendo que sua mãe havia lhe dito que ela estava com João.

— E então? Por que esse suspense? – Sorri.

— Que suspense, Flávia? – Contorna Verônica. – Que horas que você passou lá em casa?

— Duas e meia. Passei lá pra gente dá uma volta, ou até pegar uma praia e nada! Te liguei e seu celular dava caixa.

— Eu passei na casa do João, acabei almoçando lá com ele e meu celular descarregou.

— Ah bom! Agora dizer que estudou a tarde toda é demais.

— Foi praticamente a tarde toda amiga. Larga de ser chata.

— Está de segredinho, né, sua ingrata! Taradinha.

— Que segredo, Flávia? Ta maluca? A única tarada aqui é você!

— Eu to brincando, Véu. Relaxa. Olha os meninos ali. Vamos conversar com eles.

Verônica e Flávia se aproximam do trio.

— Eu estava querendo fazer a um bom tempo, mas sempre adiava. – Pontua Rafael.

— Swing? – Questiona Flávia assim que se aproxima.

A garota magra de cabelos volumosos beija João, que gargalhava com a pergunta feita pela garota loira.

— Acha mesmo que nunca fiz isso? – Retruca Rafael olhando nos olhos da garota.

— Olha o clima! – Adverte Carlos, sorrindo.

— Pelo menos, nunca comigo!

— Vamos mudar de assunto antes que essa conversa se torne uma baixaria. – Propõe Verônica.

— Agora falando sério. O que é que você sempre adiava?

— Intercâmbio! – Responde.

— Que máximo! – Comemora Verônica. – Vai quando?

— No meu caso é mais definitivo. Eu to de mudança para a Austrália. Sérgio foi resolver alguma coisa da empresa e recebeu o convite da transferência. O salário foi fator decisivo pra ele aceitar a oferta.

— Nossa... Logo agora que estávamos nos dando bem. – Pontua Verônica com pesar.

— Pois é! – Concorda o garoto de braços musculosos. - Fiquei sabendo dessa novidade ontem, quando voltei do Mundo Digital.

 Rafael acaba esquecendo que Flávia estava por perto.

— Mundo Digital? – Questiona a garota confusa. - O que é isso?

Os domadores se olham constrangidos.

— Mundo Digital? – Inicia Rafael. - É um...

— Um jogo de PC em que você luta contra monstros. – Diz Carlos de forma atropelada numa tentativa de encerrar os questionamentos.

— Esse jogo é novo pra mim. Nunca ouvi falar.

— E vocês irão quando? – Pergunta Verônica mudando de assunto.

— Ainda essa semana. Minha mãe ta resolvendo essas paradas de passaporte, passagens...

— E por que não fica?

— Porque eu estava querendo fazer intercâmbio a um bom tempo e sempre adiava.

— Se você ficar eu te quebro. – Pontua o garoto de barba arrancando sorrisos dos demais.

— Não fique assim, Guilmon! Garanto que Antônio vai te trazer notícias de Blaze!

 

Um besouro mecânico de carapaça azul, com um chifre sobre a cabeça, dois pares de braços e um lenço laranja atado ao pescoço estava as margens de um riacho acompanhado de outros dois digimons.

— Pastreli também prometeu. – Pontua o dragão roxo com pequenos braços e asas, além de uma robusta calda e um triângulo vermelho desenhado na testa.

— Cansei de ouvir isso todo dia. – Esbraveja o tiranossauro vermelho com grandes garras, olhos amarelos e sinais negros espalhados pelo corpo. - Seus domadores são egoístas!

— Veja lá como fala do Bruno Pastreli. – Pontua Dorumon, o digimon dragão. - Ele ajudou teu domador com os primeiros-socorros.

— Eu e Antônio carregamos Blaze para cima e para baixo no Mundo Digital.

— Eles só fizeram isso porque todos estavam por perto!

— Hei Guilmon... – Pontua o besouro azul, Kokabuterimon. - A gente se dispõe a fazem companhia pra você e é assim que você agradece? Você é muito turrão, encrenqueiro. Blaze não soube te domar!

— Ei, pessoal!  - Interfere Dorumon. - Nada de brigas!

— A gente quer ajudar e ele fica inventando problemas.

— Cala a boca! Bola de Fogo.

A esfera incandescente que sai da boca do tiranossauro vermelho avança na direção do Kokabuterimon que consegue se desviar por poucos centímetros. Instantes depois o pequeno besouro de cor azul nota que o lenço em volta do seu pescoço está pegando fogo e tenta apagar a chama, tirando-o do seu pescoço e jogando-o no chão, pisando diversas vezes sobre a chama.

— Apaga! Apaga! Apaga!

Finalmente o digimon mecânico consegue apagar o fogo do seu lenço e torna a vesti-lo.

— Eu também tenho meus truques, Guilmon. Quer ver?

Dorumon interfere na briga dos dois digimons, pondo-se no meio.

— Agora chega, está bem?

Um pequeno digimon branco, que voa com suas orelhas abertas como leques de extremidades roxas e um triângulo vermelho desenhado na testa, surge voando e pousa próximo dos digimons.

— O que está acontecendo, culú?

— Mestre Culumon, você voltou! – Manifesta-se Kokabuterimon.

— Voltei. Consegui me libertar dos digivices dos Domadores Beta.

— Eles estão por aqui?

— Não mudem de assunto, culú! – Impõe-se o deus-digimon - Vocês estavam brigando?

— Estávamos apenas conversando.

— Guilmon. Eu estava te procurando.

— O que você quer? - Pergunta o digimon de maneira ríspida.

— Eu conversei com João e o mandei ir atrás do Blaze no Mundo Real, culú. O digivice do seu domador está com ele.

O pequeno tiranossauro, que tem o mesmo tamanho que Dorumon e Kokabuterimon, fica radiante com a notícia.

— Ele está bem?

— Não sei dizer. Como ele estava sem o digivice não podia vir para cá antes. Mas, a essa altura, eles já devem ter encontrado seu domador, culú. Em breve ele virá te ver.

 

Um rapaz, alto, magro, cabelos negros e curtos conversava com a mãe do Levi, uma senhora negra de cabelo atado em um coque e óculos quadrados, em busca de notícias do garoto.

Muito tempo havia se passado e todos estavam intrigados com tal acontecimento. Alguns já haviam perdido as esperanças e outros lutavam com os restos que sobravam.

Ao sair da frente da casa do garoto, o rapaz se esbarra no Davi, que morava a poucos metros da casa do domador desaparecido, derrubando seus livros e papéis no chão.

— Me desculpa. – Diz o rapaz recolhendo os papéis. – To com a cabeça no mundo da lua.

— Relaxa... Você não é o único por aqui! – Diz o garoto ruivo.

Após recolherem todos os livros e papéis, o rapaz observa Davi antes de falar.

— Você é amigo de Levi, não é?

— Suponho que também seja.

— Estudamos juntos há oito anos. Acabei morando em outro estado durante por alguns anos e o reencontrei dois meses antes dele desaparecer.

— Há uns três anos me mudei para esse bairro e o conheci. A princípio não tínhamos amizade. Me chamo Davi.

O garoto ruivo estende e mão para o rapaz, que o cumprimenta.

— Murilo. Tudo bom?

— Tudo sim.

— Depois a gente se fala com mais calma. To muito atrasado. Até logo!

 

Com o retorno de Culumon, os digimons domados sempre o procuravam para conversar sobre a terrível batalha que tiveram contra os ditadores ou até mesmo sobre seus domadores.

O deus-digimon cochilava sobre o galho de uma árvore até a mesma é intensamente sacodida, acordando-o. Ao olhar para baixo, o pequenino digimon branca nota que o tiranossauro vermelho de olhos amarelos e poderosas garras nas patas dianteiras seguia disferindo insistentes cabeçadas no tronco da árvore.

— Hei, você! – Grita Guilmon olhando para o alto. - Acorda!

— O que é que você quer, culú?

O deus-digimon voa e pousa ao lado do digimon.

— Cadê Blaze? – Prossegue o tiranossauro vermelho do nível Novato. - Você me disse que João foi atrás dele, e até agora nada!

— Tenha calma, culú, logo seu domador virá te ver.

— Eu to cheio das mentiras de vocês! – Esbraveja o digimon.

— Eu não to mentindo!

— Ta sim! Por que ele não apareceu ainda?

— GUILMON!!!

O grito atrai a atenção do digimon que rapidamente se volta na sua direção.

Um garoto alto, encorpado, de pele branca e olhos verdes, acenava distante alguns metros para o digimon vermelho com sinais negros pelo corpo.

Sem hesitar, Guilmon corre na direção do seu domador, que se ajoelha de braços abertos esperando-o chegar. O digimon salta sobre seu domador, derrubando-o no chão e lambendo seu rosto.

— Guilmon. Que saudades de você!

— Que bom que você está vivo, Blaze.

— Serão necessárias várias quedas como aquela para destruir seu domador! Agora sai de cima de mim porque você é bem pesadinho.

Culumon se aproxima voando enquanto domador e digimon ficavam de pé.

Ao notar a aproximação do deus-digimon, Blaze se recorda das palavras ditas pelo Alex. “Culumon estava contigo e não te salvou. Ele é o deus-digimon. Poderia muito bem ter evoluído seu digimon para poder te salvar.”

— Blaze! Que bom que está bem, culú!

O garoto ignora a presença do digimon branco, que pousa a sua frente.

— Eu mandei que João fosse a sua procura lhe devolver seu digivice. – Prossegue. - Guilmon estava ansioso para te reencontrar!

— Guilmon, – propõe o garoto - vamos dar uma volta? Temos muita coisa para conversar.

 

Um garoto magro de cabelos loiros e olhos verdes estava sentado sobre o ombro de um enorme tiranossauro de couro laranja com riscas azuis e uma forte carapaça marrom sobre a cabeça com três chifres pontudos.

Domador e digimon caminhavam por uma larga trilha que cortava uma floresta repleta de gigantescos cogumelos artificiais e coloridos.

— Greymon, - diz o garoto sobre o ombro do digimon - a gente já ta andando a um bom tempo. Vamos descansar um pouco.

O digimon nada diz e coloca o garoto no chão.

Greymon brilha intensamente e reduz de tamanho, voltando a ser o pequeno tiranossauro de cor amarela.

— Hei! Victor! Agumon!

Um garoto alto, magro e desengonçado se aproximava correndo. Ao seu lado seguia uma digimon vegetal que possuía um botão de flor revestindo sua cabeça e pétalas vermelhas ao redor de pescoço. No lugar de mãos, a digimon possuía flores.

— Olha, Victor. – Manifesta-se o pequeno tiranossauro. – É Guilherme e Floramon.

— E ai, Victor! Como que você está? – diz Guilherme cumprimentando-o.

Os digimons se cumprimentam com um forte abraço.

— Eu to bem cara. – Prossegue o garoto menor. - E você?

— Melhor impossível! Tem mantido contato com o pessoal?

— Raramente eu apareço por aqui. To meio sem tempo.

— Não tem conversado nem com Matheus, Albert e Alex? Vocês viviam grudados...

— Pouquíssimas vezes nos falamos. Já encontrei Alex por aqui algumas vezes. Albert ainda está traumatizado com o que aconteceu a Lopmon. Disse que não quer vir aqui. E Mateus, nunca mais consegui falar com ele.

— Às vezes converso com Bruninho, Luiz Filipe e Will pelo digivice. Com os Betas também. João me disse que não está conseguindo falar com Blaze. Ele precisa devolver o digivice.

— Alex me disse que sabe onde Blaze está! - Diz Victor. - Mas ele disse que se João quiser, que o procure!

 

Blaze senta-se em uma enorme pedra, próximo a uma cachoeira, acompanhado do Guilmon. Um ambiente tranquilo, que despertava até nos mais revoltosos corações a sensação de paz.

— Blaze... – Diz Guilmon. - Eu prometo nunca mais discutir contigo. Vou acatar suas decisões sem questionar.

O domador estava aéreo em seus pensamentos e não ouve o que o seu digimon lhe fala.

Após alguns segundos...

— Guilmon... O que você acha de João?

— João? Domador de Betamon.

— Você conhece outro?

— Mentiroso! Não só ele como Antônio, Pastreli e Guilherme. Eles ficavam me dizendo que trariam notícias suas e nunca trouxeram.

— Quem me levou pro Mundo Real quando eu estava inconsciente?

— Antônio, Pastreli, Verônica e João.

O garoto novamente fica em silêncio, preocupando o pequeno tiranossauro vermelho.

— O que foi? você ta bem?

— Estou! Guilmon, você tem que me prometer que sempre estará do meu lado. Não confio em ninguém. Em nenhum dos outros humanos.

— Por quê?

— Alex andou me falando umas coisas e me parece que ele tem razão.

— Tipo o que? – Questiona o digimon.

— Ele me disse que João é egocêntrico e que Culumon poderia ter evitado que eu caísse e me acidentasse. Disse também que ele, Culumon, ressuscitou Betamon e não fez absolutamente nada para salvar Antylamon e muito menos para salvar Levi e Renamon.

— Isso é verdade Blaze. Culumon não salvou Antylamon e nem Renamon, mas salvou o Betamon. Achei isso uma injustiça.

Kokabuterimon surge voando, sem perceber a presença de Blaze e Guilmon, e pousa às margens do rio para beber água.

Guilmon e Blaze o observam.

— Inseto mentiroso! – Pontua o digimon transtornado de raiva.

— Quem é ele?

— O digimon do Antônio. Ele me deve uma.

— Andaram brigando?

— Sim... – Diz Guilmon olhando-o com os olhos em brasa. - Blaze, posso ir?

— Guilmon eu não sei o que aconteceu entre vocês dois, mas confio em você meu amigo.

O digimon não pensa duas vezes antes de avançar na direção do digimon inseto mecânico de cor azul e olhos verdes graúdos, dando-lhe uma cabeçada. Com a investida, Kokabuterimon rola no ar sobre o rio parando logo em seguida de frente para o Guilmon.

— O que você quer?

— Acertar nossas pendências.

— Eu não quero brigar contigo!

— Mas eu quero. Bola de Fogo.

Kokabuterimon desvia da técnica do pequeno dinossauro e levantando voo. O digimon besouro tenta fugir das contínuas investidas do Guilmon mas acaba atingido por uma das bolas de fogo e cai ferido.

Guilmon, então, avança na direção do digimon do Antônio e, antes que ele pudesse alçar voo novamente, pisa em sua pata, imobilizando-o.

— Me solta Guilmon! – Diz o digimon se debatendo.

Guilmon disfere uma sequência de socos e arranhões no Kokabuterimon.

Sem dar a mínima importância ao que acontecia entre os dois digimons, o garoto branco de olhos verdes deita sobre a pedra de olhos fechados e coloca os fones do seu MP5 no ouvido, com música no volume mais alto.

— Bola de Fogo.

O ataque explode quando atinge Kokabuterimon.

— Levanta Kokabuterimon.

O besouro mecânico de cor azul se esforça ao máximo para se levantar só que acaba desmaiando.

— Fracote! – Diz Guilmon se afastando do digimon e retornando para próximo do seu domador, quando é surpreendido pelos gritos da Floramon que acaba de chegar ao local.

— O que você fez com ele?

A digimon vegetal do Guilherme corre até o Kokabuterimon.

— Você é outra que merece apanhar junto com o seu domador.

— Por quê? Você enlouqueceu? Não diz nada que faz sentido!

— Se Guilherme tivesse advertido Blaze de que já estava do lado de fora do castelo, nada disso teria acontecido.

— O que aconteceu ao seu domador foi uma fatalidade! – Explica-se a digimon

— Bola de Fogo!

Floramon salta para o lado e desvia da técnica, que atinge a água de rio.

— Para com isso Guilmon! Você ta de cabeça quente! Vamos conversar.

— Isso é só o começo!

 

Continua...


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