Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 34
O Mistério do Farol




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— PALMON!

Terriermon, o digimon de grandes orelhas que se arrastam pelo chão, fica radiante ao ver que sua amiga, uma digimon vegetal um pouco maior do que ele, com longos braços em forma de palmas, flor rosada com pétalas caídas sobre a cabeça e corpo humanoide havia chegado ao local do encontro marcado por Carlos no dia anterior acompanhada do seu domador.

— Deba!

Palmon alonga os cipós que fazem as vezes de dedos, em suas mãos, e agarra Terriermon, trazendo-o para próximo de si e o abraçando.

— Eu não sou Deba! – Diz, se livrando da Palmon e alisando suas orelhas.

— É sim!

O garoto magro e alto, de cabelos avermelhados e rosto cheio de sardas, segue cumprimentando a todos e fazendo as devidas apresentações.

— Não sei se você sabe, mas nós estamos passando por, digamos, uma “crise” entre os domadores.

— Murilo me contou. Não vou mentir que é difícil acreditar em tudo isso, primo. Logo Blaze? Agora, quanto a Alex, não me surpreendeu em nada!

— Ele nunca fez questão de esconder a inveja que sente de mim.

— E Fernanda quer o que nesse meio? Que patricinha mais chata!

— Meninos, – interrompe a garota de voz rouca - acho que isso é assunto para outro momento. Vamos logo atrás dessas cartas!

— Eu andei pensando a noite toda nessas novas cartas, - manifesta-se Verônica - quase não dormir direito. Descobri no nosso digivice um dispositivo que localiza essas cartas. Mas acho que no digivice antigo não tem como.

— Qual o nome do dispositivo?

— Procurem aí, pessoal, no aparelho de vocês. – Prossegue a garota ignorando a pergunta feita pelo garoto de barba cerrada. - Rastreador de Cartas.

Todos sacam seus digivices e procuram o ícone dito pela Verônica. Aos poucos cada um dos domadores seguia se manifestando quanto a presença do rastreador.

— O meu não possui isso. – Diz Davi com pesar.

Os seis domadores que possuem digivices com leitor de cartões ativam o rastreador. Um triângulo vermelho surge na tela do aparelho, e no rodapé surge a seguinte legenda: Continente Perdido.

— Continente Perdido? – Balbucia João. – Você conhece, Betamon?

— Nunca ouvi falar.

— Além de procurarmos as cartas, teremos que achar esse bendito continente, é isso?

— Descobriu um novo planeta, você! – Pontua Flávia com deboche, arrancando gargalhadas dos humanos e digimons.

— E o que eu disse demais? – Indaga Murilo sem entender.

— Esquece, colega! Vamos andando, sim? Tenho planos de chegar em casa ainda hoje!

 

Do grande salão onde os Orgemons haviam sido destruídos, o digimon misterioso recebia informações sobre todos os domadores.

— Mobilizem-se e achem as cartas. Todas elas! Nosso futuro depende de vocês.

Os reféns crucificados a parede e amordaçados olhavam com muito ódio para o digimon.

— Por que me olham desse jeito? Não percebem que é o melhor para todos? Se eles conseguirem achar todas as cartas vão acabar com Blaze, Alex, Fernanda e esses novatos. Se eles não tivessem recebido aquela mensagem informando-os de que os seus oponentes eram os Domadores Beta, seria bem mais fácil. Mas isso não atrapalhará. Tenho absoluta certeza de que conseguirão.

Dois Gazimons chegam ao salão oval trazendo consigo um carrinho de refeições coberto por uma toalha branca.

— Hora da comida! E vocês, - diz o digimon misterioso para os Gazimons - não se esqueçam de alimentar o preso que está no cofre! Atenção redobrada com ele. Nada de deixar a porta aberta por muito tempo!

 

Alex, Blaze, Fernanda e Bento olhavam admirados o grande casulo de luz que envolvia o digimon guardião daquela cidade.

Kudamon, Veemon, Monodramon e Lalamon permaneciam próximo do Elecmon.

Aos poucos, o casulo de luz segue se dissolvendo e revelando a presença de um enorme leão de pelagem castanha, juba marrom, duas argolas em cada orelha e duas caldas.

— Chega! – manifesta-se o enorme leão de corpo robusto, batendo sua pata dianteira esquerda no chão com força - Não quero batalhas aqui na cidade!

 

Raiamon, um digimon no nível Adulto. Esse leão quadrúpede evoluído do Elecmon possui duas caldas e brincos em suas orelhas. Seus ataques corporais são extremamente poderosos e sua técnica é o “Trovão do Rei”.

 

— Como tu conseguiste evoluir sozinho, sem o auxílio de um domador? – Indaga Alex após rastreá-lo com o digivice.

— Mestre Culumon me concedeu esse privilégio para que eu pudesse defender a cidade, os digitamas e os bebês de qualquer ameaça.

— Não vamos nos entregar tão fácil assim. Temos um objetivo e vamos seguir com ele! Avance, Leomon!

O digimon leão humanoide avança de sabre em punho na direção do guardião, que apenas o aguardava se aproximar.

— Afastem-se! – Diz Raiamon para os quatro digimons Novatos. – Procurem um local seguro e aguardem a chegada dos seus domadores.

Leomon ergue sua espada para atingir o guardião, quando o mesmo salta para trás.

Ainda em pleno ar, a juba e a extremidade da calda do Raiamon mudam de tonalidade, tornando-se amarelos, e o digimon dispara uma poderosa descarga elétrica em forma de raio na direção do inimigo, eletrocutando-o.

Leomon cai de joelhos.

Os quatro digimons seguem a ordem dada pelo Raiamon e fogem do local.

— Growmon! – Ordena Blaze. - Atrás deles!

O enorme tiranossauro passa a perseguir Lalamon, Kudamon, Veemon e Monodramon.

Blaze, Fernanda, Solarmon e Bento passam a seguir o tiranossauro vermelho.

— Por que você tem que destruir esses pequeninos? – Questiona o garoto de cabelos cacheados enquanto corria. – Eles não fizeram nada demais!

— Bento, nem tudo que reluz é ouro, guri. – Responde o garoto encorpado com um singelo sorriso - Nós temos nossos motivos. O que predomina, aqui, é a lei da sobrevivência.

— Fique de pé, Leomon! - Diz o garoto de olhos rasgados de maneira fria.

Leomon tenta ficar de pé, apoiando-se sobre sua espada. Ofegava bastante.

— Vamos mostrar a esse digimon nossa verdadeira força!

Os digimons Novatos seguiam correndo pelas ruas da cidade, enquanto se desviavam das constantes lâminas energizadas lançadas pelo tiranossauro Adulto de Blaze. A cada esquina e obstáculos, os pequeninos seguiam utilizando a seu favor, atrasando a aproximação do inimigo e dos humanos que os seguiam.

Os digimons já estavam fora do perímetro urbano, corriam por uma estrada de terra e estavam prestes a subir a íngreme montanha localizada no centro da ilha, quando são surpreendidos por uma explosão à sua frente, que causa um enorme desmoronamento que os impede de avançar.

Growmon estava logo atrás. Sua enorme boca brilhava.

Blaze e os demais chegam em seguida.

— Por que nos trouxeram para fora da cidade? – Pergunta o domador.

— Não queríamos que machucassem os bebês! – Responde o digimon furão de coleira dourada.

— Que gracinha. Estão preocupados com os menores. – Ironiza Fernanda. - Se eu estivesse no lugar de vocês, estaria preocupada com minha pele.

— Lucas, cadê você! – Balbucia a digimon redonda com voz de choro.

Blaze gargalha ao ver o desespero da pequena digimon.

— Olha que lindo! Ela ta chamando pelo domador quase aos prantos.

Kudamon, Veemon e Monodramon estavam irredutíveis, apesar de temerosos com o que pudesse acontecer.

— E agora, o que faremos? Preciso de Caio pra poder lutar! - Sussurra o pequeno dragão.

— Vamos calando a boca? Growmon, destrua-os!

Bento segura o Blaze pelo braço com força.

— Não faça isso Blaze, por favor! Você não tem motivos para destruir esses pequenos.

O domador puxa o braço com força, livrando-se do humano simples.

— Bento, entenda uma coisa: Aqui, vale a lei da selva! Se eu os deixarem viver, eles irão atacar, entende?

— Os pobrezinhos não fizeram nada.

— Sem frescuras, querido! Growmon prossiga!

— NÃO!

Um grito ecoa momentos antes de Growmon atacar os digimons. O garoto alto e magro, assim como Davi, havia retornado e estava logo atrás dos garotos.

— JÚNIOR!

— Evolua, Kudamon! – Brada o garoto erguendo seu digivice.

Rapidamente o pequeno digimon furão se torna uma raposa de pelagem marrom com uma calda em forma de foice. Leppamon avança em Growmon e tenta morder seu braço direito, só que o digimon de Blaze lhe aplica um ataque com sua calda e o digimon cai de pé no chão.

Júnior corre, passando pelos digimons que batalhavam e se aproxima dos digimons dos seus amigos.

— Leppamon, mostre a ele do que somos capazes!

Leppamon corre na direção de Growmon e salta, girando como um tornado. Sua calda em forma de lâmina se torna uma arma muito potente.

— Redemoinho de Lâminas.

— Chama Extrema.

O ataque de Leppamon avança em meio à rajada de fogo disparada por Growmon e o atinge em cheio.

Bento olhava para a luta sem entender absolutamente nada.

— Por que vocês brigam sem nenhum motivo?

— Porque aqui é assim: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!

 

O guardião da cidade seguia correndo, indo na direção oposta à tomada pelos digimons, fugindo de Leomon, que o seguia enquanto carregava o seu domador sobre o ombro. O digimon humanoide seguia disferindo diversas investidas contra o Raiamon, que conseguia desviar.

— Punho do Rei das Feras.

Leomon finalmente consegue atingir o leão de juba marrom nas patas, fazendo-o perder o equilíbrio e rolar por vários metros até se esbarrar em uma árvore. O digimon de Alex, então, o deixa no chão e avança aos socos e chutes no rival.

 

Patamon voava à frente do grupo. Murilo seguia observando seu digivice. Logo atrás dele seguiam Verônica e Plotmon, Flávia e Lunamon, Carlos e Terriermon, Bárbara e Fanbeemon.

Todos caminhavam por uma floresta.

João e Davi estavam um pouco mais atrás juntamente com seus parceiros.

— É impressão minha ou ta rolando um clima estranho entre você e Verônica?

— A gente discutiu feio ontem à noite.

— Por quê?

— Porque ela é ignorante. Eu disse que eles me tratam com grosseria. Mas veja se eu não tenho razão: Eu, durante o torneio, estava preocupado com a próxima gracinha de Alex e eles dizendo que eu sou ignorante, que eu sou grosseiro. Ah, francamente... Você precisava ver o que Blaze fez com Antônio. Kokabuterimon quase vira dados!

— João, Verônica, Davi... Olhem só isso!

O chamado de Carlos dispersa as conversas que havia se formado em duplas e trios e atrai a atenção de todos os presentes para o local que ele indicava: Tratava-se do Farol. Réplica idêntica à existe na cidade de Salvador. Estava logo abaixo, após uma íngreme descida.

— Odeio quando isso acontece. - Bárbara puxa Flávia pelo braço. - O que aconteceu?

— É que Carlos avistou um farol, muito parecido com o Farol da Barra de lá de Salvador, no descampado.

O garoto de olhos verdes, óculos de grau e cabelos negros desgrenhados corre até a construção acompanhado pelo seu digimon. Os demais o seguiam.

Chegando lá, Carlos passa a investigar o farol junto com seu digimon.

— Pessoal, - inicia João - foi exatamente neste lugar, há aproximadamente seis meses, que chegamos ao Mundo Digital pela primeira vez. Salvador foi denominada pelo Culumon como Cidade Portal. Isso só fortalece uma teoria: A de que o Farol da Barra e essa réplica aqui fazem às vezes de “cordão umbilical” entre os dois mundos.

Murilo, Patamon, Flávia, Lunamon, Bárbara e Fanbeemon ouviam atentamente as palavras ditas pelo garoto, enquanto Verônica o ignorava. Plotmon estava em seu colo.

— Quem te ensinou tudo isso? – Questiona a garota de voz rouca com desdém.

— Carlos andou me falando. Essa teoria do “cordão umbilical” é dele.

— ACHEI! – O rapaz grita, animado, deitado de bruços sobre o gramado e observando minuciosamente o rodapé da parede do farol.

Terriermon o imitava na posição e nos movimentos.

— O quê? – Questiona Murilo após o susto.

— Venham ver!

Carlos e se levanta e pega Terriermon do chão, que se sacodia insistentemente numa tentava de permanecer onde estava. Aos poucos, os demais integrantes do grupo se aproximavam para observar o que o garoto havia descoberto. No local indicado, um pouco encoberto pela grama alta, haviam gravuras esculpidas na parede que indicavam que aquele monumento era peça fundamental para se chegar ao “Continente Perdido”. No geral, tratava-se de três círculos ligado um ao outro por setas que direcionavam o caminho da leitura. Dentro do primeiro círculo havia o desenho do farol. No segundo, havia quatro digivices dispostos em volta do monumento. No terceiro, e último, o ápice da torre emitia luz.

— Essa é fácil! – Diz Davi. – Vamos tentar?

João, Carlos, Verônica e Davi pegam seus parceiros nos braços. Murilo, Bárbara e Flávia observavam tudo, cada qual com o seu digimon por perto. Os veteranos se posicionam, cada um em um dos lados da construção, e finalmente erguem seus aparelhos na direção do farol.

Segundos de puro suspense se faz até que a réplica do Farol da Barra entrasse em atividade, emitindo luz enquanto girava, causando uma euforia no Murilo e na Flávia.

— E agora?

— O farol ta funcionando, Bárbara! – Avisa Murilo. – Carlos realmente estava certo.

Do mesmo modo que começou a brilhar, o farol repentinamente para.

— O que aconteceu, Carlos? – Questiona o garoto, domador de Patamon.

— Eu não faço ideia.

Antes mesmo que o domador de Terriermon pudesse completar sua linha de raciocínio, num raio de cinco metros ao redor do farol, o chão se abre como um alçapão, fazendo com que todos ali caíssem em queda livre por uma gruta totalmente escura.

— SOCORRO! -  Grita Bárbara, assustada.

— Lunamon, Evolução de Dados já!

 Flávia consegue passar a “Carta dos Ventos” pelo seu aparelho prateado, possibilitando a evolução da sua digimon.

Kazemon, utilizando-se de seu controle absoluto sobre o vento, reduz a velocidade de queda de todos, como se estivessem sob o efeito de uma telecinese. Após intermináveis minutos de queda, os domadores chegam em um salão subterrâneo que em condições reais seria esculpido pela água durante milhares de anos. Várias colunas de terra e pedra eram visíveis no salão que ocupava uma área de aproximadamente dois campos de futebol. Tochas presas a parede iluminavam o local.

— Kazemon, que ótimo. Você fez muito bem.

— Obrigada, Flávia!

— Estamos muito distante da superfície. – Pontua Carlos. - Mal dá para ver o local por onde entramos.

— Kazemon, por favor, voe e tente achar uma possível saída.

— Patamon vá com ela.

— Você também, Fanbeemon.

Os digimons partem a procura de uma saída e alguns instantes depois retornam com uma péssima notícia.

— Como assim se fechou? – Questiona João assim que Kazemon termina de falar.

— É como se nunca tivesse existido uma passagem. – Explica a digimon abelha.

O garoto de barba cerrada tenta abrir um portal com seu digivice e não consegue.

Davi também tenta, sem sucesso.

Carlos e Verônica só confirmam as suas suspeitas.

— E agora? – Indaga a garota de cabelos volumosos. - Como vamos fazer pra sair daqui?

 

Continua...


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