Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 30
Evolução de Dados, Já!




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Os cinco domadores, acompanhados dos seus digimons, seguiam caminhando por uma rua inteiramente forrada por emborrachados coloridos, encaixados um ao outro como se fossem quebra-cabeças. Nas calçadas haviam postes coloridos e hidrantes infláveis. As casas e prédios seguiam o mesmo padrão de cor, sempre com cores vibrantes. Aviõezinhos de papel voavam em bando, semelhante às aves migratórias. Mais à frente, o grupo se depara com um enorme espaço acolchoado, com árvores de copa densa e um lago, repleto de patinhos de borracha, ao meio. No local havia ovos com cascas em cores e formas geométricas diferentes desenhadas.

— Quantos ovos! – Brada Júnior, impressionado. Kudamon estava sobre seu ombro.

— São muitos digimons! – Diz Lucas limpando os óculos na camiseta.

— São enormes. – Pontua o garoto de pele morena. - Lembram ovos de avestruz!

Caio se abaixava para tocar um dos ovos, quando é advertido pelo garoto alto e magro:

— Melhor não tocar em nada, Caio. Não sabemos se é permitido.

— Ok, Júnior! – Responde, visivelmente chateado.

O pequeno dragão roxo o olha com pesar.

— Ele tem que estar aqui em algum lugar... – Balbucia o garoto de cabelo verde, enquanto deslizava o olhar de maneira incansável da tela do seu digivice, que exibia uma seta vermelha, para os inúmeros digitamas espalhados ao redor.

Repentinamente um filete formado por dados multicoloridos surge no céu sobre a enorme clareira existente no centro da cidade, e seguem descendo até tocar o chão, metros à frente dos garotos. Os dados seguiam se acumulando até que, após emitirem um forte brilho, tomam a forma de um digitama.

— Que legal! – Diz Caio ao ver a chegada de mais um digitama.

A seta vermelha que surgira no digivice de Kau seguia indicando uma direção, a qual ele fazia questão de seguir. O garoto seguia olhando atentamente ao redor quando, próximo ao lago, um ovo com círculos verde por toda a casca, seguia brilhando à medida que o sinal sonoro emitido pelo digivice tornava-se mais constante.

O garoto logo corre em direção ao ovo, acompanhado pelos seus amigos e digimons.

— É ele! – Diz o domador ao perceber que a seta vermelha havia se transformado em um xis de mesma cor.

— ¿Seguro? ¿Tem certezia?

— Leon, - corrige o garoto moreno de olhos verdes - se pronuncia certeza e não certezia.

— Gracias, Caio.

Kau pega o digitama do chão e o observa por uns instantes.

— Agora é só esperar nascer.

O digitama pisca por três vezes seguidas e logo depois se transforma em um pequeno digimon de cor verde. Redondo, possuí uma espécie de calda, que mais parecia com uma grande folha, sobre a cabeça. Em sua boca havia uma chupeta rosa e redonda.

Todos olhavam para o pequeno digimon que ainda estava de olhos fechados.

Ao abrir os olhos, o digimon bebê olha todos a sua volta e, ao ver o rosto do garoto de cabelos verdes e argolas no nariz e orelhas, fica feliz.

Júnior utiliza seu digivice para checar as informações do digimon.

 

Leafmon, um digimon no nível Bebê. Esse pequeno digimon usa sua calda em forma de folha, que fica posicionada sobre seu corpo, para se proteger.

 

— Leaf! – Balbucia, feliz, o pequeno digimon ainda olhando para o seu domador.

— Muito bonitinho!

— Todo mundo adora bebês, não sei por que!

— Olha aí, Júnior! – Diz Caio, gargalhando. - Kudamon está com ciúmes de você!

— Não to, nada! – Protesta o digimon furão que estava sobre o ombro do seu domador.

— Ta sim!

— Não to.

— Ta!

— Larga de ser chato, Caio. – Interfere o garoto de óculos. - Deixa Kudamon quieto.

— Caramba! Até Lucas está mandando você ficar quieto.

— Leon, – diz o pequeno dragão azul - vamos dar uma volta por aí.

— Vocês vão onde? – Interrompe, Júnior.

— Vamos andar pela cidade.

— É melhor ficarmos juntos, Veemon! Não podemos nos separar.

— ¿Por qué no? No voy a desaparecer.

— A gente não vai desaparecer! – Diz o digimon ratificando a frase dita pelo seu domador.

— Acho melhor voltarmos para o nosso mundo. – Interfere Lucas. - Depois cumpriremos nossa missão.

— Destruir os digivices e os digimons dos Betas. – Finaliza o domador do Monodramon.

— Eu escutei bem? Vocês querem destruir os Domadores Beta?

A estranha voz acaba por assustar os humanos e seus digimons. Um pequeno digimon quadrúpede, de pelagem vermelha com listras azuis e calda aberta como um leque, estava logo atrás do grupo de domadores. Possuía o mesmo tamanho que o Betamon.

— Quem mandou se intrometer na nossa conversa? – Questiona o garoto que acabara de reencontrar seu digimon.

— Eu sou o guardião dessa cidade e estava observando-os desde o momento em que pisaram os pés aqui. Vocês são domadores, não são?

— Somos! – Responde, Júnior. - E você? Como se chama?

— Elecmon.

O garoto rastreia suas informações com o digivice.

 

Elecmon, um digimon no nível Novato. Esse pequeno mamífero, uma mistura de cachorro e raposa, é o guardião da Cidade do Princípio, sendo responsável pela proteção dos digitamas e alimentação dos digimons bebês. Muito poderoso, ataca os oponentes com descargas elétricas.

 

— Por que ficou surpreso quando soube que vamos destruir os digivices e os digimons dos Domadores Beta? – Prossegue.

— Porque eles são os domadores mais poderosos que existem!

— Lamento lhe informar, mas estamos seguindo ordens de Culumon.

— Ouvir boatos de que Mestre Culumon não está muito bem. Os anos em que passou como refém dos ditadores deixaram graves sequelas.

— Esses ditadores foram os digimons que queriam controlar esse mundo, não é? – Questiona, Caio.

— Exatamente.

— Sabemos de toda a história, certo Monô?

— Certo!

— Pelo visto você tem muito trabalho por aqui! - Pontua a digimon redonda.

— Sim, Lalamon! Todos os dias vejo se algum digitama eclodiu, alimento os bebês e educo os maiores antes de manda-los para o continente com as balsas.

— Você faz tudo isso sozinho? – Pergunta Lucas.

— Sozinho! – Confirma, sorrindo.

— Bacana da sua parte fazer isso. Parabéns.

— Obrigado. No auge do domínio dos ditadores, Piedmon era o responsável por essa região e mandou soldados para cá. Por sorte, um domador chegou aqui por conta da separação que Devimon fez. Eu e o seu digimon conseguimos destruir os digimons das trevas que estavam por aqui e livramos nossa pequena ilha do império do mal. Não sei se o conhecem, mas esse domador se chama Will.

 

João e Betamon caminhavam por um descampado quando encontram uma pequena digimon chorando sobre uma pedra. Ao se aproximarem, percebem que conheciam a digimon.

— Olha, João, é Lunamon!

Ao perceber a aproximação da dupla, a digimon se assusta e se prepara para atacar.

— Calma, Lunamon. Somos amigos, lembra? Eu estava com meus amigos tentando abrir a jaula para libertar aqueles humanos.

A digimon lentamente baixa a guarda.

— Me desculpa. É que eu to fugindo daquele domador louco.

— Blaze e seus amigos...

— Quero achar Patamon e os humanos simples. Quero me aliar a vocês para fazer esses desgraçados se arrependerem de ter me atacado.

— A gente acabou se separando, nem sei como estão. Só lembro que a minha namorada e aquela menina cega conseguiram os novos digivices. A Fanbeemon agora tem uma domadora.

— Sério?

— É! – Responde o garoto de barba cerrada. - Eu também consegui um digivice novo, só que eles ainda não sabem. Consegui um digivice e duas cartas.

— Cartas?

— Depois te explicamos. – Interfere o digimon que possui uma barbatana laranja.

— Por favor, João, me leve com vocês!

 

— Etemon é um digimon completamente fora do seu juízo perfeito.

— Olha aqui, seu digimon insignificante. – Esbraveja o digimon gorila ao ouvir as palavras ditas pelo Patamon. - Quem está fora do juízo perfeito é você! Eu odeio os humanos e não permito intrusos na minha cidade.

— Você é louco! – Insiste a garota loira, deixando-o ainda mais alterado. - Ninguém pode ser dono de uma cidade.

— Parem de dizer que sou louco!

Etemon joga capacete com força no chão, partindo-o em duas bandas.

— Todo mundo vive dizendo que eu sou doido e nem por isso quero matar todo mundo.

— Cala a boca, Terriermon! – Brada o garoto de óculos. – Você só vai piorar as coisas.

— Mas eu to sendo sincero. Quando um digimon nasce ele procura a fazer tudo de que já fez algum dia na vida, mesmo que não fosse dia e sim noite...

Terriermon seguia discursando palavras e frases sem o menor sentido, quando seu domador o faz calar a boca de maneira forçada.

O pequeno digimon demônio, de boca monstruosa e dentes desgrenhados, surge voando e pousa sobre a moto.

— Etemon, vamos acabar com todos eles o quanto antes.

— Eu disse que odeio os humanos, então vamos destruir todos eles! – Etemon gargalha. - Eu sou muito inteligente.

Carlos rastreia as informações do gorila que usa óculos de sol.

— Pessoal, ele é um Perfeito! – Avisa o garoto. - Redobrem a atenção.

Etemon passa a caminhar na direção dos domadores, que se veem sem saída. Restavam a eles uma única solução.

Carlos, Verônica, Murilo e Bárbara sacam os cartões e posicionam os digivices.

— Evolução de dados, já!

De maneira sincrônica, cada um dos quatros digimons Novatos são envolvidos pelos elementos primários a formação do Mundo Digital. Terriermon é envolto por um tornado de fogo enquanto Plotmon, por uma gota d’agua. Uma caixa de madeira surge ao redor do Patamon enquanto uma enorme rocha passa a englobar a Fanbeemon.

 

O Orgemon sobrevivente da batalha contra Meramon e Yashamon caminhava por uma gruta de iluminação precária. Gotas d’agua pingavam do teto, fazendo ecoar sons agudos de maneira ritmada. Numemons e Raremons habitavam o lugar e se espantavam ao verem o digimon ogro de longos cabelos brancos, chifres e dentes desgrenhados caminhando por ali.

Após alguns minutos, Orgemon se depara com uma grande porta feita inteiramente de cromodigizóide, o metal mais resistente do Mundo Digital. O digimon hesita por alguns minutos, olhava para o alto na intenção de ver o real tamanho da porta, porém não conseguia. Estava cansado e perdia bits pelos ferimentos espalhados pelo seu corpo. O digimon, após titubear, finalmente consegue, com grande esforço, empurrar uma das metades da imensa porta de ferro e entrar no recinto, que lança uma poderosa luz em sua direção.

Um enorme tapete vermelho iniciava-se do local onde Orgemon estava, próximo do portão, e percorria uma grande distância até subir pelos seis degraus que levam ao altar e descer pela extremidade oposta, até o fim do salão oval, que era mal iluminado nessa região. Outro tapete vermelho, idêntico ao primeiro, seguia perpendicular. Vistos do teto, formavam um enorme xis. Na interseção dos dois tapetes vermelhos, sobre o altar, havia uma confortável cadeira de madeira, acolchoada e forrada de tecido vermelho, de costas para a entrada. Enormes tonéis próximos a parede seguia emanando labaredas de fogo que aqueciam e iluminavam o salão oval subterrâneo. Próximo a cadeira, havia dois desses tonéis. Todo o lugar, inclusive o teto, era formado por enormes blocos de pedra dispostos como um calçamento de paralelepípedos.

O digimon segue caminhando pelo tapete e, ao se aproximar do altar, se põe de joelhos e de cabeça inclinada.

— Mal, mal. Muito mal! – Emana uma voz por detrás do encosto da enorme cadeira.

Orgemon olha assustado para a direção do móvel e não consegue visualizar qualquer presença ou sombra que pudesse denunciar o dono daquela imponente voz.

— Eles são fortes demais! – Balbucia o digimon ogro tornando a baixar a cabeça.

— Eu sei!

Um grande silêncio se faz presente até que o ser misterioso, sentado de costas para o digimon o interrompe:

— Você é corajoso.

— Éramos seis, não sei se o senhor se recorda.

— E restou apenas você. Em poucos minutos os escolhidos de Culumon dizimaram cinco dos meus subordinados. Bom, já que não morreu lá, morrerá aqui.

 O Orgemon tenta fugir do enorme salão, porém rapidamente é envolvido por uma silhueta rosada, que o levita a certa altura.

— Por favor, mestre. Me dê outra chance.

— Tínhamos um acordo, meu caro.

O digimon ogro infla até explodir como um balão, espalhando bits por todas as direções.

Da região mais escura do salão, que estava em frente à enorme cadeira, duas silhuetas com formas humanas estavam crucificadas à parede e amordaçadas, enquanto observaram a destruição do Orgemon.

— Viram só? – Questiona o ser misterioso. – Assim como num jogo de xadrez, precisarei pensar bem a minha próxima jogada.

 

Continua...


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