Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 21
A Guerreira Ranamon




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Verônica seguia tentando se manter na superfície da água. O rio que cortava aquela floresta do Mundo Digital possuía um estranho movimentos de águas que se mantinham paradas, sem correr como os demais, enquanto borbulhavam como se fervessem, impossibilitando que os garotos e digimons se mantivessem na superfície. A domadora de Plotmon consegue se segurar em um troco de árvore que boiava. Ao olhar para os lados e ver que muitos dos seus amigos e digimon também se desesperavam em busca de algo que, por ser tão simples, passa despercebido no nosso dia a dia: respirar.

Após se indignar com aquela cena e gritar pelo nome da sua digimon, que também se afogava, uma carta emerge do leito do rio. A carta possuía uma gota de água desenhada, seguida de uma frase logo abaixo: Carta das Águas. Ao segurar a carta com uma das mãos, um novo digivice amarelo surge na sua mão oposta. Diferentemente do anterior, o novo aparelho possuía uma fenda na lateral direita.

Fernanda, Alex, Leomon e Blimpmon observavam, espantados, aquela movimentação.

— O que significa isso? – Indaga a garota sem entender.

— Não acredito que esses vermes e seus digimons possuem truques que não conheçamos. – Diz Alex de maneira séria.

Enquanto seus amigos e digimons seguiam observando a origem do forte brilho que emergiu das profundezas do rio, Blaze estava preocupado com o Growmon. Seu tiranossauro vermelho transpirava e ofegava de maneira insistente. Os ferrões da Fanbeemon ainda estavam presos em seu antebraço.

— Está tudo bem, Growmon?

— Sim, Blaze! Só estou um pouco cansado.

— Retire esses ferrões do braço. Está me dando calafrios vê-los aí.

Com uma rápida passada de mão, o tiranossauro retira os ferrões.

Uma força, semelhante a um ímã, atrai a carta nas mãos da garota para a fenda presente no digivice. Verônica, então, passa a carta pela fenda e o seu mais novo aparelho emite uma poderosa luz de cor azul. Plotmon rapidamente é envolta por uma gota de água que cresce, adquirindo a mesma altura que Bruno Soares.

A namorada do João e os três domadores rivais se surpreendem com a presença de uma digimon humanoide de forma feminina após a gota de água evaporar-se. Sua pele é inteiramente azul. Veste um maiô azul cintilante, touca de banho de mesma cor e que possui um pendão, além de círculos vermelhos sobre as orelhas e o topo da cabeça. Tecidos do mesmo material do maiô envolvem suas coxas, além de luvas que seguem até o cotovelo. Pés descalços e minúsculas nadadeiras nas laterais da cabeça e do quadril.

A nova digimon flutua a poucos centímetros da água do rio, que agora voltara ao seu fluxo normal.

Blaze, Alex, Fernanda e seus parceiros olhavam sem entender a nova forma de evolução.

A digimon de pele azul faz um movimento com uma das mãos e rapidamente consegue fazer com que todos os seus amigos que estavam submersos, retornassem a superfície, criando uma espécie de espelho d’água, onde os domadores e digimons podiam andar como se estivessem em terra firme.

Verônica ergue seu novo digivice na direção da digimon e rastreia suas informações.

 

Ranamon, uma digimon Híbrido. Essa guerreira controla a força das águas a sua volta, possuindo técnicas originadas a partir desse elemento. Consegue disparar um jato de água sob alta pressão do seu punho.

 

Enquanto os demais garotos e digimons seguiam, ainda assustados, respirando de maneira profunda e tossindo de maneira insistente, Bruno Soares estava desmaiado e sem sinal de respiração. Ao vê-lo nessa situação, o Patamon que possui uma cicatriz próxima a boca se desespera e salta sobre sua barriga, fazendo-o expelir toda a água armazenada em seus pulmões.

— Você está bem? – Questiona a garota loira que havia se aproximado para ajudar.

— Estou. - Diz o garoto, tossindo.

Carlos e Terriermon não entendem o que está acontecendo e correm até Verônica, que estava bestificada.

— O que aconteceu? – Pergunta o garoto sacodindo os óculos antes de coloca-los.

— Por que a gente consegue andar sobre a água? – Questiona Terriermon, radiante.

João aproxima-se com Betamon.

— Esse cartão emergiu do fundo do rio e veio parar em minhas mãos. Depois esse digivice apareceu e logo quando eu passei a carta por ele, Plotmon evoluiu para essa guerreira que controla as águas. Ela se chama Ranamon.

— Como ela conseguiu esse digivice? – Pergunta Blaze, estupefato.

— Desgraçada! – Esbraveja o garoto de olhos rasgados. - O maldito Culumon deve estar ajudando-os.

— Blimpmon, ataque-os! – Ordena a garota de longos cabelos ondulados.

— Leomon, acabe com a brincadeira a agora!

— Você também, Growmon!

— Explosão de Zeppelin!

— Punho do Rei das Feras!

Growmon se preparava para atacar juntamente com os seus colegas quando acaba caindo de joelhos visivelmente cansado, preocupando ainda mais o seu domador.

Os ataques avançam na direção de Ranamon que rapidamente ergue um paredão de água e amortece a explosão, que lança água para todos os lados.

A digimon que controla a água, ainda levitando, avança de encontro ao Leomon. O digimon de Alex se preparava para ataca-la com um golpe de espada, quando a digimon híbrida lança um poderoso jato de água sob alta pressão, a partir do seu punho direito. O golpe atinge o rosto do digimon leão, lançando-o a alguns metros. Um cilindro de água passa a envolver a Ranamon, que prontamente olha na direção de Blimpmon.

— Míssil de Água.

A digimon se lança como um torpedo, de punhos fechados e unidos sobre a cabeça, na direção da digimon dirigível.

— Contra-ataque!

Após a ordem da sua domadora, Blimpmon dispara uma poderosa energia vermelha a partir da lança alojada da parte frontal do seu corpo. Ranamon seguia afrontando a técnica da sua rival, que não consegue resistir por muito tempo e é atingida, se esbarrando contra as árvores.

A nova digimon evoluída a partir de Plotmon com auxílio da carta das águas seguia levitando a alguns centímetros do chão de forma graciosa.

— Leomon, levante-se agora!

— Blimpmon, você não pode perder pra digimon dessa garota irritante!

Aproveitando o momento de distração dos inimigos, Ranamon se aproxima dos seus amigos e foge do local em alta velocidade, levitando sobre o rio e levando consigo os domadores e digimons sobre o tapete d’água que criara.

— A gente não pode deixá-los fugir! – Diz Alex, impaciente.

Blimpmon regride e se aproxima da sua domadora.

Growmon ainda transpirava e ofegava quando tenta ficar de pé e acaba regredindo.

O garoto de pele clara e olhos verdes se aproxima do seu digimon e, ao tocá-lo, percebe que o mesmo ardia em febre. Ele ainda carregava a Lunamon, que continuava desacordada.

— Eu to começando a ficar com medo dessa brincadeira.

— Vai dar para trás agora?

— Não disse isso, Alex! Mas o que acabou de acontecer me intrigou. E se todos eles conseguirem essas tais cartas? Nossos esforços de destruir os digivices foram em vão.

— A gente tem que mandá-los de volta o mais rápido possível.

— Não vamos mais brincar de caça e caçador?

— Vamos sim, guria. Não é mesmo Blaze?

Alex olha e vê que o seu aliado estava agachado ao lado de Guilmon.

— O que aconteceu, guri?

— Ele está ardendo em febre. – Diz o domador, preocupado. - O veneno daquela digimon fez muito mal a ele.

Fernanda se aproxima do domador e o abraça.

— Vamos indo? A gente faz o que tem que fazer e depois vamos embora.

— Podem ir. Vou ficar e cuidar de Guilmon.

— Para de ser fresco! – Diz o garoto de olhos rasgados, sorrindo. - Ele é um digimon e logo ficará bom.

Blaze se levanta aos gritos. Lágrimas inundavam a linha dos seus olhos.

— Cale a boca, seu otário. Ele é mais do que um digimon, para mim.

Alguns segundos de profundo silêncio de fazem presente no local. Apenas o barulho do vento nas árvores e o rio que corria entre as pedras eram escutados.

Alex nada mais diz e segue andando, até parar de caminhar um pouco mais à frente.

— Eu e Fernanda vamos seguindo. Não podemos deixar que encontrem mais dessas cartas, se é que existem. Qualquer eventualidade, sabe como nos encontrar.

Alex segue andando e Leomon o acompanha.

Fernanda se despede de Blaze com um beijo no rosto passa a seguir, juntamente com sua digimon redonda, o garoto magro de cabelos negros e lisos.

 

Ranamon seguia comandando o tapete de água que criara para salvar os domadores e digimons até que, quilômetros após o local da batalha, deixa todos em terra firme e regride em seguida, tornando-se Plotmon.

— Plotmon, você foi incrível! – Diz a domadora pegando sua digimon, que é semelhante a um cachorrinho de pelúcia com enormes olhos azuis, nos braços.

— Eu não sei como que eu fiz isso.

— Você conseguiu essa nova evolução por causa dessa carta aqui.

A garota mostra a carta e o novo digivice para a sua digimon.

Carlos se aproxima e pega a carta da mão da Verônica e a analisa minuciosamente.

— Estranho...

— O que é estranho? – Questiona Bárbara. - Os digimons não fazem isso constantemente?

— Quando Carlos diz ser estranho, é porque Plotmon normalmente não evolui para Ranamon, entende? Ela evolui para outro digimon diferente.

— Não se trata somente disso, Igor. – Adverte o garoto. - Por que nunca fomos informados sobre esse tipo de evolução que utiliza cartas? E também, nossos antigos digivice não tinham leitores de cartão.

— E onde você quer chegar com esses questionamentos?

— Que essa é uma técnica nova. Deve ter sido criada recentemente.

— Não necessariamente. - João atrai a atenção de todos negando a afirmação do amigo. - Possa ser que Culumon não tenha nos informado antes porque não era necessário, ou Levi se esqueceu de nos contar tudo o que Culumon lhe disse.

— Levi? – Exclama Murilo, assustado. - Você ta falando do Levi...

— Se for o Levi amigo do meu primo Davi... – Interrompe o líder dos domadores.

— Levi é meu amigo há muitos anos! Ele desapareceu faz uns seis meses. Todos estão preocupados. Inclusive conheci Davi numa dessas visitas a casa dele em busca de informações. Vocês sabem onde ele está?

— Ele foi atacado por um grupo de digimons ditadores que se auto intitulavam “Hexágono do Mal” para nos proteger.

— Quer dizer que ele também é um domador?

— Sim... E o mais corajoso que já existiu.

— Já existiu? Quer dizer que Levi está mesmo morto?

Os domadores nada mais dizem. O silêncio acaba respondendo à pergunta do garoto, que desmorona no chão num misto de dor e alívio. Dor por saber da morte do amigo e alívio por saber que as constantes buscas e dúvidas chegaram ao fim.

Verônica e Plotmon se aproximam, numa tentativa de confortá-lo.

— Eu preciso contar isso aos pais dele! Vocês não fazem ideia do sofrimento deles dois e da irmã de Levi. Eles ainda mantêm esperanças de encontra-lo com vida.

— Infelizmente você não poderá fazer isso! – Diz Plotmon de maneira taxativa.

— Vocês três ficaram presos por que não deveriam saber de nossa existência e da existência do nosso mundo. – Explica Betamon. – Se você contar o que aconteceu com Levi, as consequências serão inimagináveis.

— Eles têm razão! – Finaliza Antônio.

— Acho que vocês já podem nos esclarecer tudo isso que está acontecendo. – Manifesta-se a garota loira de voz rouca.

— Concordo com Flávia! – Apoia Bárbara. – Já que estamos no meio de toda essa confusão, nada mais justo do que esclarecerem nossas dúvidas.

— Ok, vocês venceram! – Diz o líder dos domadores após olhar em volta e ver que nenhum dos seus amigos e dos digimons se opuseram ao pedido das humanas simples.

Murilo, Bárbara e Flávia passam a observar atentamente as explicações de Carlos, João, Verônica, Igor, Antônio e Bruno Soares. O trio se impressionava a cada fato narrado pelo grupo. Todos os mistérios daquele novo mundo eram revelados aos humanos que estava ávido por informações e esclarecimentos.

 

Júnior, Caio, Lucas, Kau, Kudamon, Monodramon, Lalamon e Wormmon seguiam deitados, próximos uns dos outros, no centro de um enorme galpão. O local estava escuro e o pouco da luz que iluminava o lugar entrava pelas grades dos enormes vãos cravados na parede, próximo ao teto. Enormes hélices seguiam igualmente cravadas nas paredes, ajudando a ventilar o lugar.

Juntamente com o lento giro dos objetos de metais, uma fresta de luz seguia girando em diagonal até iluminar a pequena digimon redonda como uma uva, que lentamente abre os olhos e se põe de pé sobre seus minúsculos tentáculos que funcionam como pés. Lalamon rapidamente começa a voar, com o auxílio das duas pequenas folhas sobre o topo do seu corpo que giravam velozmente, e checar a presença de todos os seus amigos.

Ao ver seu domador desacordado, a digimon pousa ao seu lado e pega os óculos que estavam próximos a ele.

— Lucas... Lucas... – A digimon sacode seu domador, despertando-o. - Você ta legal?

— To sim, Lalamon. Só com um pouco de dor nas costas.

A digimon lhe entrega os óculos.

— Obrigado.

O garoto olha em volta e percebe que estavam em um local diferente do lugar onde foram atacados.

— Caramba! – Diz o garoto quase sussurrando. – Ei, pessoal! Acorda cambada!

Lalamon segue voando e sacodindo um por um dos digimons, ajudando seu domador que havia se levantado para chamar os demais domadores.

— Ai! - Exclama o garoto de cabelos verdes e braço inteiramente tatuado, alongando o pescoço. - To todo dolorido. Quando eu pegar quem fez isso com a gente, eu acabo com ele!

— Pessoal! - Inicia Lucas atraindo a atenção dos humanos e digimons próximos a ele. – Depois que fomos atacados, alguém nos trouxe pra cá!

Aos poucos os amigos e seus respectivos digimons vão recobrando a consciência e percebem que estavam em um local completamente diferente.

— Isso tem dedo de domador! Nenhum digimon nos atacariam, assim, do nada!

— Será mesmo, Júnior? Todos os outros ficaram na Arena para participar do torneio. Será que já acabou?

— E o que isso importa? Eu quero saber quem nos atacou e quero uma boa desculpa pra ter feito isso!

Um grande estrondo assusta os garotos que rapidamente se aproximam uns dos outros. Seus digimons se colocam na defensiva, preparando-se para uma possível batalha. Lentamente o enorme portão de metal do galpão segue deslizando para o lado direito e pelo pequeno espaço à luz do sol invade o ambiente, ofuscando a visão do grupo.

Com muito esforço, Kau segue olhando na mesma direção do portão e percebe que duas silhuetas, uma mais alta do que a outra, se aproximavam caminhando.

— Pessoal, preparem-se. – Diz o garoto que tem um braço inteiramente tatuado. – Quem quer que seja que nos atacou e nos trouxe até aqui, acabou de chegar.

 

Continua...


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