Sangue, sobrevivência e Supernatural escrita por Lorena B


Capítulo 2
Capítulo 02 - Castiel é o melhor anjo do mundo.




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Eu suspirei, vencida pela animação dele, que ficou enchendo minha paciência até eu quase jogá-lo janela abaixo do pavilhão de química.

– Tudo bem, eu vou. – Falei por fim, pegando a lista de convidados da mão dele e rasgando-a, logo depois jogando no lixo. Ele fez uma falsa cara de tristeza, que eu respondi com uma expressão de nojo, que então fez um sorriso invadir o rosto dele. Sério, ele é extremamente irritante, e odeio o fato dele sempre fazer tudo para que você faça o que ele quer. Finalmente, chegamos a sala de aula, entramos e sentamos no fundo. No meu lado direito, havia Kimberly e mais umas cinco meninas ao redor dela, admirando sua suposta beleza e perguntando sobre a festa. Elas deram gritinhos abafados quando Ian entrou na minha frente, e logo que me viram cochicharam entre si e riram. Nada que saia da minha rotina matinal. Do meu lado esquerdo, Ian sentou calmamente e se escorou na cadeira, jogando os livros sem vontade na mesa. Ele sempre faz isso. Sentei-me calmamente e coloquei minha mochila presa à cadeira, tirando meus livros de química e colocando-os na mesa. Alguns minutos depois, o professor chegou com uma expressão cansada e olheiras pesadas embaixo dos olhos. Com a “animação” de sempre, ele deu o conteúdo e logo depois saiu, alegando que iria à enfermaria pegar um remédio para dor de cabeça. Fingi que prestei atenção – para falar a verdade, queria ter prestado – mas não conseguia parar de pensar em que roupa eu usaria. Senti-me extremamente idiota por me preocupar com isso, mas afinal, resolvi ir com uma roupa qualquer, já que ficaria, no máximo, trinta minutos lá.

**************

As aulas passaram normalmente, comigo tentando prestar atenção nas aulas enquanto Ian dormia e Kimberly continuava fofocando com as amigas, mesmo que o professor reclamasse. Quando chegou o intervalo, mantemos o hábito de subir até o terraço do pavilhão de química para comer alguma coisa aleatória que o Ian sempre traz. Dizendo ele que é ele quem cozinha, mas eu duvido muito, já que eles são tão ricos que ouvi dizer que eles têm cozinheiros em casa. Enfim, subimos as escadas e, chegando ao terraço, sentamos perto da grade protetora e sentamos no chão com as costas encostada nela, já que é o único lugar em que faz sol. Ele abriu a mochila desajeitadamente, quase rasgando o zíper (particularmente, ele é uma mula) e pegou uma caixinha aparentemente de madeira de dentro. Quando ele a abriu em minha frente, eu quase vomitei um arco-íris com purpurina. Era um Ben-to todo arrumadinho, com arroz e alguns sushis do lado, e havia um pouco de alga em cima da parte do arroz, em formato de pequenas asas. Quase vomitei arco-íris de novo ao me lembrar do Cass.

– Fiz pensando em você. – Ian começou, todo pomposo e com cara de super chef de cozinha.

– Eu tenho certeza que não foi você que fez isso. – Retruquei, rindo enquanto ele pegava o garfo e a faca em outra embalagem que estava na mochila dele. Ainda bem que ele não trouxe hashis, porque eu não faço a mínima ideia de como usá-los, apesar de amar comida asiática. Comemos em silêncio porque a hora da comida é sagrada e, pelo menos nisso, ambos concordamos. Ao terminar, ele guardou o Ben-to na mochila de novo e ficamos sentados olhando para as nuvens enquanto esperávamos o sinal bater.

– Com que roupa você vai? – Ele perguntou quando eu estava quase dormindo, apesar do sol estar no meu rosto.

– Eu não sei, vou com qualquer uma. – Respondi rápido, voltando a fechar os olhos, tentando ter algum descanso antes de ir pro inferno que é a aula de física. Alguns minutos depois, senti uma sombra pairar sobre mim, então abri os olhos e dei de cara com o Ian em cima de mim e em pé, me encarando.

– O sinal já bateu. – Ele disse, calmamente. – E você vai passar na minha casa antes de irmos à festa. – Assenti com a cabeça, levantando-me logo em seguida e arrumando minha farda. Descemos as escadas e fomos cada um para sua sala. Ele, para educação física e eu para física. Incrível como apenas uma palavra tão vaga como “educação” pode mudar sua vida. Confesso que dormi nas duas aulas, e quando acordei recebi um sermão do meu professor quando todo mundo já tinha saído. Digamos que, apesar de eu não gostar de nenhum professor, eles me amam por causa de minha atenção em suas aulas e minhas notas. Ele parecia realmente bem preocupado comigo quando falou que eu deveria dormir cedo. Ou foi preocupação ou ele realmente se expressa mal. Com o sinal batendo, fui para frente do colégio, peguei o ônibus e voltei para casa.

***********

Depois de uns 20 minutos, cheguei exausta em casa e fui tomar banho enquanto minha mãe preparava alguma espécie de lanche para eu comer antes de ir a festa. Depois do banho, encarei meu guarda-roupa durante algum tempo, até decidir pegar uma calça jeans escura e uma blusa branca que é uma espécie de casaco, com um capuz e mangas até o punho, que eu dobrei até os cotovelos, e calcei um allstar também branco. Penteei meu cabelo e deixei-o solto de qualquer modo, não ligando muito para qualquer coisa. Sinceramente, eu estava falando a verdade quando disse que não pretendia ficar lá por muito tempo. Desci as escadas, comi alguns biscoitos de morango que minha mãe tinha achado no armário, tomei um copo de suco de laranja e saí, enquanto minha mãe batia palmas animadas por eu estar saindo para “algo social” depois do colégio. Ah, mães, sempre sendo mães. Ela gritou um “Que Castiel te proteja” enquanto eu saia porta afora.


Cheguei a casa do Ian alguns minutos depois. Fui andando porque não tive paciência para esperar um ônibus no ponto, e como a casa dele não é tão longe assim da minha, esta me pareceu a melhor opção. A casa dele parecia ainda mais majestosa de noite, pois haviam luzes que focavam na mesma e também nos canteiros de rosas coloridas que eles tinham pelo quintal. Toquei a campainha duas vezes até a mãe do Ian abrir a porta com um sorriso doce no rosto. Entrei sussurrando uma “boa tarde” e sentei-me no sofá. Demoraria muito tempo para descrever a casa dele toda, portanto darei uma pequena descrição da sala. É bem espaçosa, obviamente, e tem um grande sofá branco. Na frente, uma mesinha de centro de vidro, e um vaso de orquídeas cor-de-rosa dentro. No chão, um tapete felpudo e preto. A tela era extremamente grande, e juro para você que dava para ver até os poros dos atores. Alguns minutos depois, Ian desceu as escadas com um smoking completo, parecendo um galã estilo James Bond, e eu não pude fazer nada a não ser rir. Ele me olhou indignado e aparentemente ofendido. Andou com passos rápidos até mim, sussurrou um “O que você pensa que está fazendo?” e me segurou pelo braço, me arrastando escadas acima até o quarto dele, e então me fez sentar na cama dele. Caramba, o quarto dele parece outra dimensão. Para começar, eu estava sentada numa cama de casal enorme. Uma rápida pergunta de “Com quantas garotas será que ele já dormiu aqui?” me passou pela cabeça, mas achei melhor não perguntar. Ele começou um sermão do qual eu não ouvi uma palavra. Acho que se referia a minha roupa, ou algo assim. Então ele saiu do quarto e voltou com um vestido branco e aparentemente leve (algo que uma hippie usaria) e disse que eu poderia usar o meu allstar branco.

– Não vou usar isso nem morta. – Disse, levantando e cruzando os braços em protesto.

– O que?! Você vai usar sim. Não pode aparecer na festa de ano novo da Kimberly de jeans, você já sofre bullying o suficiente. – Ele falou, decidido. Suspirei e continuei em minha posição, de braços cruzados. – Se você não vestir por bem, eu te obrigo a vestir. – Ao completar a frase e não ouvir nenhuma resposta de mim, ele colocou o vestido em cima de uma cadeira que estava perto dele e veio até mim. Com uma expressão séria demais para indicar que ele estava brincando, ele me segurou pelos ombros e me sentou na cama. Logo depois, aplicou força nos meus ombros o suficiente para que eu não conseguisse mais me equilibrar, então acabei deitando na cama enquanto ele passava por cima de mim e então prendia meu corpo entre as pernas dele. Por ele ser mais alto do que eu, seus joelhos estavam ao lado do meu quadril, pressionando levemente o local para que eu não me movesse, e enquanto isso ele se ajeitou e segurou ambas as minhas mãos acima de minha cabeça, usando apenas uma mão dele. Não deu tempo nem de eu pensar antes de me dar conta de que estávamos em uma posição completamente...comprometedora. Ele aproximou o rosto do meu, me encarando seriamente.

– Melany... – Ele começou a falar, sussurrando num tom rouco. – Se você não vestir isso, eu vou te deixar nua aqui mesmo, e eu mesmo irei te vestir. – Continuou, ainda mantendo a expressão. Eu engoli em seco e assenti com a cabeça, corando levemente. Como se nada tivesse acontecido, ele deu um sorriso e saiu de cima de mim, pegando o vestido da cadeira e entregando-me o mesmo. Suspirei de alívio ou seja lá o que fosse, levantando-me logo em seguida. Eu estava com muito sono para discutir com ele, e troquei de roupa no banheiro. Quando saí, ele me olhou e fez um gesto gay de “amiga, você está a-r-r-a-s-a-n-d-o” e depois me arrastou até a sala de novo, e enquanto a mãe dele dizia que estávamos lindos, saímos de lá e fomos até um carro preto que estava estacionado na frente da casa dele. Entramos e BOOOM! Magicamente, havia um motorista lá dentro, de chapeuzinho e tudo. Eu ri de novo. Acho que estou parecendo uma drogada, mas há algo no perfume do Ian que está me deixando bobamente animada.

– Que perfume é esse? – Perguntei, rindo logo depois.

– Não sei, minha mãe que passou em mim. Na verdade, ela quase me deixou cego porque ficou borrifando na minha cara, mas eu superei isso. – Então ele deu um sorriso brincalhão como sempre. Não tardou muito até nós chegarmos à casa da Kimberly, que é quase uma mansão também. De qualquer modo, dava para visualizar a casa dele um quarteirão antes, porque luzes saiam de lá e também o som estava muito alto. Saímos do carro às pressas porque o Ian ficou o tempo todo me puxando pelo braço. Sinceramente, ele parecia uma esposa atrasada pro casamento. A casa da Kimberly era branca por fora, e parecia haver dois ou três andares, e um quintal. Pelo que eu ouvi falar, havia também uma varanda virada para o outro lado, por onde dava para ver o céu estrelado perfeitamente, e provavelmente dar uma ótima visão dos fogos de ano novo. O gramado em frente à casa estava cheio de adolescentes dançando e bebendo, mas mesmo algumas pessoas parando o Ian para cumprimentá-lo ou olhar feio para mim, ele andou firmemente até a porta da casa e entrou, soltando um sorriso aberto. Andamos até o sofá enquanto nos desviávamos das outras pessoas e sentamos.

– Não acredito que você em obrigou a vir para...isso. – E então tirei uma barra de chocolate em qual eu havia acabado de sentar. Glórias a Deus que ela estava fechada. Ele riu da minha cara e pediu para que eu esperasse no sofá enquanto ele iria falar com algumas pessoas. Quando ele saiu da minha vista – o que não demorou a acontecer já que a casa tava quase que lotada, apesar dela ser grande – eu comecei a reparar que já estava de noite. Que horas seriam? Eu nem fazia ideia. De repente, uma contagem de um minuto começou na televisão gigante que estava pendurada em uma das paredes. Era um minuto para chegar 2011? Impossível o tempo ter passado tão rápido, mas em resposta da aparição, todos deram gritos de animação e levantaram seus copos. Passado algum tempo, já faltavam só cinco segundos.

Cinco. Comecei a me sentir tonta no meio de tanta gente que já estava fedendo a álcool, então me levantei no intuito de ir embora. Quatro. Fui desviando das pessoas o mais cuidadosamente que consegui, enquanto recebia alguns empurrões ou olhares raivosos. Três. Finalmente estava chegando perto da porta, mas então me lembrei de talvez eu devesse avisar ao Ian que estava indo embora antes que ele achasse que eu morri. Dois. De qualquer modo, prossegui até alcançar a maçaneta, pensando que enviaria uma mensagem para ele mais tarde. Um. Uma explosão de fogos de artifício começou, as pessoas começaram a gritar e a se beijar, enquanto outros se abraçavam e bebiam. Fui empurrada para o lado por algum cara que nunca vi na vida, então acabei perto da entrada da cozinha. Podia ouvir alguns celulares tocando e pessoas atendendo e esse tipo de coisa. Não conseguia visualizar Ian em lugar nenhum. Acho que ouvi um grito abafado no meio da multidão, mas provavelmente foi só impressão minha. Mais um grito, e as pessoas começaram a ficar desconfiadas. Mais gritos. O que diabos estava acontecendo?

Continuei a me perguntar isso, porém impossibilitada de sair do lugar devido a quantidade de gente que se mexia, permaneci em frente a cozinha. Um garoto agarrou o outro na minha frente no que pareceu um abraço, mas então o que foi abraçado começou a gritar, até que eu percebi que o outro havia mordido seu pescoço com força, e sangue escorria lentamente pela boca do garoto que mordeu o outro. O QUE DIABOS ERA AQUILO? Pânico começou a tomar conta de mim, então entrei na cozinha e comecei a vasculhar loucamente as gavetas até achar uma faca grande o suficiente para matar o que quer que fosse aquilo. Prosseguiram mais alguns minutos de gritos e desespero, porém, milagrosamente, ninguém entrou na cozinha. Ri nervosamente ao lembrar minha mãe falando para Castiel me proteger. De repente, um silêncio completo tomou conta da casa, porém de onde eu estava dava para visualizar perfeitamente alguns corpos no chão, e sangue escorrendo entre eles. Engoli em seco, com meu corpo começando a tremer. Primeiro, um garoto completamente sujo de sangue de cabelos castanhos e moreno entrou cambaleante na cozinha, com um sorriso maligno no rosto. Logo atrás dele, mais três garotos entraram, até bloquearem toda a visão que eu tinha da sala, me fazendo recuar ainda mais. A faca estava em frente ao meu corpo, e eu segura a mesma com as mãos trêmulas, apontando-a para as criaturas diante de mim. Todos eles pingavam de sangue. Eles começaram a se aproximar, os dedos estendidos para me alcançar enquanto sussurravam algo como “Prometo que irá ser rápido”, até que uma voz grave sobrepôs todas as outras.

– Se alguém tocar nela, morrerá aqui e agora. – Vagarosamente, as criaturas abriram espaço para uma pessoa passar. Ian. Não sei se me sentia aliviada, confusa, com raiva ou depressiva naquela situação. Por que ele ainda estava vivo? Mas ele também estava completamente...sujo de sangue. Ele era um deles. Mantive a faca na mesma posição, e ele observou à mim e a faca, trocando o foco até fixar seu olhar no meu rosto, que provavelmente estava com uma expressão apavorada.

– Melany, por favor, abaixe a faca. – Ele pediu num tom sério e ao mesmo tempo irônico, com um leve sorriso no rosto, enquanto dava passos lentos em minha direção. Estendi os braços para levantar mais a faca, então ele parou novamente, trocando o olhar entre meu rosto e a faca. – Melany, por favor... Você nem gostava deles! – Seu tom mudou para uma espécie de súplica. Ele é um idiota. Ele é um idiota total. Ele é um assassino. Ele me enganou todo esse tempo. Comecei a sentir minha visão ficar embaçada e lágrimas descerem pelas minhas bochechas. – Melany...não chore, por favor.

– MANTENHA-SE AFASTADO. – Gritei com raiva, levantando ainda mais a faca. Agora, ela estava na altura no rosto dele. – SAIA DE PERTO DE MIM, SAIA. – Prossegui gritando, fechando os olhos com força para me livrar das lágrimas, logo depois o encarando nos olhos. – Por que...por que você fez isso?

– Ora, eu tinha que me alimentar, e alimentar meus amigos. É tudo uma questão de cadeia alimentar, Melany. Você sabe disso, você é boa em biologia e adora Supernatural. Em Supernatural não há vampiros? – Ele perguntou calmamente, como se não tivesse acabado de assassinar umas 100 pessoas. Eu o odeio. Eu o odeio. Eu o odeio. Eu o odeio. Eu o odeio. Repeti essa frase mentalmente até embolar as palavras e começar a ficar tonta. – Melany, por favor, venha comigo que eu lhe explico tudo. – Era incrível como ele podia manter-se calmo nessa situação. Eu o odeio.

– Não...chegue perto... – Disse pela última vez, dessa vez num tom normal, enquanto olhava fixadamente para os olhos cor de dia nublado dele. Eu odeio esses olhos. Eu odeio esse sorriso que ele está mantendo no rosto. Eu o odeio. Em um segundo, eu estava apontando uma faca para ele. No outro, a minha faca estava no chão e ele estava me abraçando. Então, em outro segundo, tudo ficou escuro e a última coisa que eu ouvi foi Ian sussurrar que iria ficar tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Então, está aí o segundo capítulo, e o terceiro demorará mais um pouquinho para chegar. Espero que tenham gostado. Eu, sinceramente, odiaria o Ian tanto quanto Melany se não soubesse o que acontecerá depois, portanto podem odiá-lo - eu permito.
So, é isso aí, fiquem a vontade para me enviar qualquer sugestão/aviso de falha. :3



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