O almoço se passou bem tranquilo, e, devo dizer, divertido também. Obviamente, Charlie criou alguns inconvenientes, mas nada que não fosse muito bem contornado. Emmett realmente tentou ajudar como havia prometido, mas acabou se enrolando em suas palavras, que Edward teve que concertar. Bella não estava tão aborrecida quanto eu esperava; no seu lugar, eu acho que teria surtado. Tudo aquilo que ela me perguntou em nossa primeira conversa sobre ela ter ficado com tudo o que devia ser meu, aplicava-se da mesma forma aquela situação; só que agora, eu era a intrusa. Não conseguia deixar de me sentir mal com aquilo tudo. Eu teria mesmo que voltar a lidar com a idéia de ir embora. Não precisava mais ir definitivamente, poderia ficar por perto, sem perder o contato. Mas sentia que deveria deixá-los em paz. Eles estavam seguros e felizes e essa era minha verdadeira missão. Eu estava planejando curtir o máximo que pudesse a minha família antes de ir embora. Quem sabe procurar as irmãs Colleman, com quem vivi por tantos anos antes, em Chicago.

Sem dúvida, naquilo tudo, eu não podia deixar de me sentir curiosa sobre o comportamento de Matt. Ele parecia realmente simpático e engraçado, mesmo sendo muito tímido. Só que ele fugia do meu olhar a todo o instante. Mesmo assim, não pude deixar de gostar dele. Era muito bonito, e era agradável estar em sua presença. Seu tom de voz era macio, porém muito claro. Falava muito bem, para alguém que parecia ser tão tímido.

        Quando todos terminaram de comer, Esme convidou a todos para irmos até a sala, onde ficaríamos mais a vontade para conversar. Antes mesmo que eu me levantasse, Alice veio até mim e falou no meu ouvido.

        -Mel, fique por aqui para ajudar Esme. – ela piscou – você vai entender. – Edward parecia fulminá-la com o olhar, ali ao meu lado. Alice respondeu baixo, de modo que só eu, por estar muito próxima a eles, pude ouvir.

        -Eu sei o que estou fazendo. Relaxe, não vai acontecer nada de ruim. – ela sorriu para mim e saiu, pulando ao encontro de Jasper. Quanto a Edward, pegou a mão de Bella, que ainda estava sentada, e beijou-a solenemente, e sorriu, levando-a pela mão até a sala.

O que quer que fosse que o estivesse preocupando havia sido acalmado pelo comentário de Alice; ‘não vai acontecer nada de ruim’. O que será que ela quis dizer com aquilo?

Eu me levantei de um pulo, e comecei a empilhar os pratos e copos com as mãos, para levá-los à cozinha. Quando voltei para pegar o resto, percebi Matt parado ao lado da mesa, com o resto das coisas já ajeitadas em suas mãos. Eu parei na porta da cozinha, esperando ele passar com os pratos e talheres restantes. Ele passou ainda sem olhar para mim. Esme o agradeceu pela ajuda e eu fiquei de pé, esperando que ele voltasse. Quando ele passou por mim novamente, parou bem a minha frente, ora olhando para os pés, ora para as mãos, ainda evitando o meu olhar.

         -Obrigada Matt.

         -Er... de nada. – ele hesitou um pouco e estendeu sua mão, na tentativa de tocar a minha. Ele segurou-a suavemente, um arrepio que percorria toda a minha espinha, vindo não sei de onde, tornou a me encontrar. Uma sensação muito boa, na verdade. Então ele tornou a falar.

          -Amélia, eu... posso falar com você? Digo... lá fora?

          -Claro! – as palavras saíram corridas da minha boca. Acho que se eu ainda tivesse um coração batendo, ele estaria quase explodindo pelo movimento agora. Eu pude ver seu sorriso crescendo, mas ele continuava com a cabeça baixa. Ele virou-se para a sala, encontrando o olhar de Edward, que era o único a nos observar. No inicio, seu olhar era um tanto reprovativo, depois ele apenas sorriu forçadamente e acenou com a cabeça.

          -Vamos então? – ele estendeu a mão novamente. Era um convite para que eu a segurasse. Pelo sentimento bom que a sua pele quente me trazia, não hesitei em aceitar o convite. Nós saímos pela porta dos fundos da cozinha. Esme já não estava la quando passamos. Eu me perguntava se Alice poderia ter previsto como eu me sentiria naquele momento, e o que iria acontecer depois. De repente eu me senti insegura. O que será que aquilo queria dizer? Estava eu prestes a descobrir o mistério que envolvia Matthew Brime e o estranho comportamento do meu irmão para isso? Eu não sabia o que esperar. Aquela sensação tão nova, que me enchia de vontade de estar na presença de Matt. É, só poderia ser agora, o momento em que eu percebia que estava delirando, já passando da loucura habitual.

(...)