– FILHA? - berrei incrédula.

A mulher riu.

– Por que não seria? - disse ela sorrindo.

Filha? Como assim filha?

– Não nota uma pequena semelhança? Cabelos da mesma cor, olhos iguais... - disse a Cah sorrindo.

Mãe e filha...! Mãe e filha! Dá para acreditar?

– Então... Vocês são uma família? - disse a Katy pasma.

– Sim - disse a Cah sorrindo - Eu, minha mãe e meu pai.

PAI? Quase engasguei agora.

Minha boca formava um círculo perfeito, assim como meus olhos. Como assim pai? Ela tem mãe? O que a mãe dela faz aqui? A família não pode "morar" na escola...

Fiquei com meus pensamentos por alguns segundos, até que a minha ficha caiu.

– Então... Então é por isso que você beijou o rosto do Crhis aquele dia e ficou conversando com ele! - disse olhando para a família feliz.

A Cah fingiu ficar surpresa.

– Isso mesmo Lucy! - disse ela sorrindo.

Então... Então... Argh!

– Abre o jogo - disse a fuzilando.

– Que? - disse a Cah rindo.

– Conte-me tudo! Tudo que você armou, pra que isso, quem é você...! - disse quase gritando.

– Na-na-ni-na-não! - disse a mãe da Cah sorrindo - Antes, eu quero brincar um pouco com vocês...

Fiz uma careta. Brincar? Vamos morrer mesmo! O que custa ela me contar tudo e depois me matar?

– Que a festa, comece! - disse ela rindo.

A luz foi apagada, e escutei um berro vindo da Mel. Mel!

– Mel?! - disse preocupada.

Silêncio.

– Katy - sussurrei pra ela.

– Oi?! - disse ela com a voz trêmula.

Soltei um suspiro de alívio.

– Eu... Eu não consigo acreditar que a Cah é filha daquela mulher! - sussurrou Katy.

– Nem eu...

Está muito escuro. Eu não vejo nada! Cadê a Mel? O Alex? Eu tenho medo que ela faça algo com eles...

– O que você acha que vai acontecer? - perguntei para a Katy.

– Nã... - quase disse ela.

A luz foi acesa de repente. Fechei meus olhos. Não consigo ver muita coisa.

– Lucy... - alguém me chamou.

Olho para frente, e vejo a mãe da Cah, com a Mel na sua frente.

– Mel?! - disse apavorada - O que você vai fazer com ela?

A mãe da Cah riu. Uma risada assustadora.

Olhei para o rosto da Mel. Ela está pálida, e nervosa.

– Lucy - começou a mulher - O que você vai ver agora, pode explicar pouca coisa... Mas eu preciso que você veja isto. Eu quero que você veja!

Ver o que? Explicar o que?

– Vai fazer você sofrer... - disse ela tombando a cabeça da Mel para o lado e passando a unha sobre uma veia.

Meu coração parou. Veia. Mel. Vampiro... NÃO!

– Não! - disse tentando me soltar.

Ela riu.

– Isso é só o começo, meu bem... - disse ela tirando o cabelo da mel, de seu pescoço.

Me senti culpada. Eu não posso fazer nada! Vou deixar a Mel morrer?

– Quero ver muito... Mas muito sofrimento estampado no seu rosto - disse ela mostrando os caninos.

– Mel! - gritei tentando ainda me soltar.

Apenas uma lágrima caiu do rosto da Mel.

Ela sorriu, e avançou para o pescoço da Mel. Um líquido sedoso escorria pelo pescoço da minha amiga... A cabeça dela estava sobre o ombro da mãe da Cah, sua expressão... Simplesmente não tinha.

Uma cara pálida, lábios roxos e olhos abertos, marejados.

A mulher sugava o sangue com tanto prazer. Parecia um animal! Sua face delicada, mudou completamente.

– Mel... - disse com a voz fraca.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Um filme se passou pela minha cabeça. Imagens minha e da Mel juntas, cada momento, cada risada...

Comecei a chorar e soluçar. Não tentava mais me soltar, eu apenas, me rendi.

Os joelhos da Mel foram se dobrando. Ela foi caindo. O animal (vulgo mãe da Cah), a jogou no chão e limpou sua boca com a palma da mão.

Olhei para Mel, pálida. Apenas isso. Seus olhos estavam abertos. Seu corpo, largado.

Senti uma dor tão forte no peito. Parece que algo está esmagando meu coração. Meu rosto está vermelho, estou soluçando.

– Você vai pagar por isso... Não importa onde, e nem quando. Não sei se vou ser eu que vou ter o prazer de fazer isso... Mas alguém vai - disse fuzilando a mãe da Cah.