O Questionamento escrita por Arthur C
Deitei-me. Algo parecia estar me controlando, como se eu fosse fazer alguma coisa por impulso, não me sentia bem e muito menos pronto para me consultar com tal doutora, em pouco tempo ela chegaria e eu não teria reação, tinha medo do que podia fazer ou dizer, e...
– E então, Barnabas? Está pronto?
– Pronto?
– Posso hipnotizá-lo, Barnabas?
– Madame, receio que isso não seja remotamente possí...
– Bem, agora gostaria que me dissesse algumas coisas.
Parei, pensei. Eu ainda me mantinha no mesmo sentido: de estar sendo controlado por algo, ou por alguém. Voltei às minhas lembranças, aos meus parentes e minhas paixões. Foi nesse momento que me lembrei de Josette. Controlei minha dor, e voltei ao "questionamento".
– Ah, doutora. Se soubesse como foi sofrida, a minha juventude...
– Porque diz isso? Parece-me tão jovem.
– Jovem? Como? Eu tenho quase duzentos anos.
– Como assim duzentos anos?
– Aquela criatura horrenda...
– Qual?
– O desprezível amor.
– Amor?... Interessante.
– Amor, sim. Era o que ela sentia por mim.
– Ela? Quem?
– A bruxa que me amaldiçoou.
– Maldição? Você? Responda-me Barnabas. Como uma pessoa amaldiçoada de quase duzentos anos, está aqui, na minha frente?
– É uma longa história, doutora.
Mantive a calma. Como poderia contar tudo a aquela desconhecida? Ela me parecia tão incomum e impaciente, como pudera aguentar todo o meu passado, que de algum ponto de vista, me parece uma ficção mal inventada.
– É uma longa história, a qual você tem de me contar.
– O nome da perdida, digo, da bruxa, era Angelique.
– Apenas Angelique?
– Angelique Bouchard. Após que eu a reneguei, ela me tirou a minha família, a minha amada e depois de tudo, tornou-me esta criatura horrenda.
– Então... Você pode me dizer que tipo de criatura está sentada em meu divã?
– Um vampiro... Espero que continue em seu assento.
– Claro, agora entendo o sofrimento de sua juventude.
– Nem um pouco, doutora... É... Qual o seu nome mesmo?
– Um momento Barnabas. Vou me retirar durante um instante.
– Mas... o seu nome.
Após a saída de tal estranha, finalmente me senti livre, sem algo me controlando ou me forçando a dizer coisas inexatas, impulsivamente. Mas havia realmente alguma força que me puxava a ela, atração talvez.
– é Hoffman. Dra. Julia Hoffman.
– Por algum motivo, pensei que fosse Julia Collins.
– Barnabas, você tem algo em especial para contar?
– Quem sabe, mais tarde.
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