Quando O Amor E A Morte Se Encontram escrita por Lia Reis


Capítulo 3
Capítulo 3 - Fotografias




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/314077/chapter/3

Dias se passavam e eu continuava trancada no meu quarto. Agora chega. Disse a mim mesma. Abri as cortinas e deixei o sol invadir meu quarto. Criei coragem e abri a caixa onde guardei todas as coisas que me faziam lembrar Jack. Lá estavam fotos, cartas, presentes. Até o arranjo que ele iria me dar no baile de primavera. Aquelas coisas pareciam que pertenciam a um passado tão distante. Mas fazia só alguns meses.

Lá encontrei as ultimas musicas que fizemos juntos. Uma em especial me chamou atenção. Eu não havia visto essa eu não reconhecia. 

Querida, você está se escondendo no armário
Mais uma vez
Comece sorrindo
Eu sei que você está
Tentando
Arduamente não virar a cabeça para longe
Minha querida
Encare o amanhã
Amanhã não é ontem...

Seque seus olhos
E levante a cabeça
Eu gostaria que você pudesse ser feliz ao invés disso...

Eu sei
Que é
Difícil ficar preso às pessoas
Que você ama... E você não é a única
Que já passou por isso
Eu estive sozinho
E agora você também está... Só quero que você saiba
Quero que você saiba que não é culpa sua
Não é culpa sua...

Querida, você está se escondendo no armário
Mais uma vez.
Comece a sorrir.”

Involuntariamente comecei a chorar. Aquela letra era pra mim. Parecia que ele sabia o que iria acontecer. Que eu precisaria das suas palavras em algum momento da minha vida. De fato elas ajudaram. De alguma forma eu nao me sentia mais tão sozinha, era como se ele estivesse ao meu lado. Guiando-me pelos caminho certos.

“Mas isso é tao dificil, Jack. Eu nao sei como viver sem você do meu lado”. –falei sozinha. De repente uma voz na minha cabeça respondeu.

“ Você nao precisa saber viver sem mim, só querer seguir em frente”.

Eu fechei a caixa e levei comigo as letras. Desci as escadas com pressa e fui direto para a cozinha. Minha mãe estava lá tirando a mesa. Ela se surpreendeu comigo.

- Filha!

- Eu estou saindo. –peguei uma maçã e dei-lhe um beijo no rosto.

- Onde você vai?

- Pra escola.

- O que?

- Eu como alguma coisa por lá, não se preocupe. –peguei a minha bolsa de aula e saí de casa as pressas. Assim que cheguei na escola todos me olhavam igualmente surpresos. Fui até onde Jenny, Maria e Lucas estavam.

- Sam! –gritaram em uníssono. Maria e Jenny me sufocaram em um abraço.

- Fico tão feliz que você esteja aqui.

- Eu sei Maria. Obrigada... Por não desistirem de mim... –novamente elas me abraçaram.

Eu havia perdido quase todo o semestre, tive que correr contra o tempo pra recuperar as notas. Mas eu consegui. Nao vou dizer que tudo voltou a ser como antes. Nao. Eu só tava tentando continuar. Eu nao era mais a mesma, todos percebiam isso. Nao ria espontaneamente, deixei de cantar com o grupo de música. E recusava os convites de festas e passeios. Eu nao tinha mais nenhum brilho de felicidade verdadeira no olhar como antes. Era o que Maria falava.

 -Alguns meses depois...

Era inicio das aulas. O tempo passou rapido. Todos felizes por se reencontrarem e tristes pelas ferias terem acababado. Já eu não ligava se era começo ou fim das aulas. Só estava sobrevivendo.

Fazia muito tempo que eu nao falava a respeito de Jack, todos achavam que eu havia superado e coisa e tal. Mas a verdade... Era que eu tinha somente escondido a dor de mim e de todos. Ela ainda estava lá em algum lugar. Assim como as suas lembranças. Sempre se fazendo presente. Era dificil entrar em lugares que Jack frequentava, ele estava em todo canto. Era quase possivel sentir sua presença. Voltar para a escola foi terrivel, em cada canto, cada corredor havia uma historia. Tudo me fazia lembrar Jack Hampson. O meu único melhor amigo.

Haviam poucos novatos na minha sala. Geralmente ninguém transfere de escola quando se está no ultimo ano. Eles eram Rosana, Tyler e Jesse. Quando o professor disse o ultimo nome eu tive a impressao de ter sido Jack. Senti um arrepio. Eu voltei a escrever sem dar muita importancia aos alunos novos.

Primeiros dias eram sempre entediantes, portanto nem me incomodei em prestar atençao nas aulas. Ficava só rabiscando meu caderno. De vez em quando Jenny ou Lucas me chamavam para falar alguma besteira que nos fizesse rir. Eu apenas dava um sorriso e voltava para minhas anotações irrelevantes.

***

Finalmente o sinal tocou, pude ir pra casa. Mas antes eu tive que passar na biblioteca pra pegar um livro que a professora de literatura havia passado. Fomos eu Jenny, Maria e Lucas. Eu me sentei na cadeira despreocupadamente enquanto as meninas procuravam os livros.

Outros alunos também entraram na bliblioteca. Reconheci Tyler e Jesse. Eles nao eram muito silenciosos então não passaram desapercebidos. Eu nao gostei muito do jeito desse Jesse. Ele parecia ser do tipo metido e sem falar que fazia tudo pra chamar atenção. Tyler era o mais simpático, fui com a cara dele.  

- Ei, Sam! –Lucas estalou os dedos.

- Oi.

- To falando com você há seculos... não é hora de estar no mundo da lua menina. –eu ri sem ânimo.

- O que você disse Lucas?

- Eu perguntei se você quer ficar a frente da comissão?

- Que comissão?

- Do bailee!! –Jenny falou mais alto.

- Ah! Baile...? –eu nao tinha boas lembranças de bailes. Por um momento fiquei sem ação, eles perceberam.

- Mas... Tudo bem se você não quiser... –disse lucas. De repente uma onda de tristeza invadiu meu coração. “Jack” eu pensei. No mesmo momento eu senti como se alguém estivesse tocando meu braço. Eu olhei pro lado, mas nao havia ninguém. Eu continuava a sentir aquilo. Era como se uma brisa leve estivesse tocando a minha pele, mas somente naquele local. Passei a mão por sobre o meu braço.

- O que foi Sam? –perguntou Maria.

- Hã? É... Tenho que ir. –falei tropeando nas cadeiras e deixando os livros de cima da mesa caírem. Todos me lançaram olhares preocupados inclusive os alunos novos.

Eu nao sabia o que estava acontecendo comigo. Por que eu sempre tenho que agir como louca? Eu saí do colegio completamente fora de mim, não estava prestando atenção em nada a minha volta. A sensação de que estava sendo observada ficava mais forte, eu sabia que tinha alguém do meu lado. Mas não conseguia ver.

Atravessei a rua sem prestar atenção quando rapidamente eu senti algo que me fez parar no meio do caminho. “Não”. Um grito surgiu na minha cabeça. Eu finquei os pés no chão assustada. Na mesma hora um carro em alta velocidade passa por mim fazendo levantar poeira.

- Mas o que foi isso? –perguntei a mim mesma.

- Eu acho que foi um carro. –respondeu um garoto com uma vez cheia de marra. Eu me virei irritada.

- Eu sei que foi um carro. -Falei rispidamente.

- Então...

- Você não sabe de nada.

- E aparentemente nem você. Pra perguntar o que foi “isso”.

- Olha, eu nem te conheço por favor não se intrometa na minha vida.

- Prazer! Sou Jesse. –esse nome me lembrava muito ‘Jack’ o que não me fez muito bem. Eu já estava bastante transtornada não queria mais uma coisa que me fizesse lembrar dele.

- Você está bem? –eu nao consegui nem responder. Comecei a chorar. Apenas balancei a cabeça negativamente.

“Por que você está chorando?” eu olhei para o lado, mas não foi o garoto que fez a pergunta.

- Por que você está chorando?

- Me deixe. –libertei-me de suas mãos e segui em frente.

Parecia que ficar perto daquele garoto estranho não me fazia muito bem, algo nele me lembrava Jack. Mas nada fisicamente, eles não se pareciam nem de longe. Talvez fosse o nome. Muito parecido. Ou talvez nao fosse nada e eu estivesse apenas ficando louca.

Corri para o meu quarto e me tranquei no banheiro. Me olhei fixamente no espelho. O que havia de errado comigo? Meus olhos tão assustados e irreconheciveis. Nada mais era a mesma coisa, será que isso implicava também em minhas condições psiquicas?

“Você terá um final feliz”

“Te amo Sam... Parece uma boneca de porcelana de tão frágil e delicada...”

 “ Ó. Fico honrada por isso...”

“ Você salvou a minha vida”

“Venha cá minha pequena...” “ Até depois Jack” “ Te amo Sam”

As vozes na minha cabeça estavam gritando. Tantas lembranças... Quando vi já estava gritando comigo mesma desesperada.

- Não! Eu não te salvei... Desculpe.

Chorava sem parar. Sozinha eu podia mostrar toda a tristeza que estava guardada dentro de mim. Revivendo momentos, repassando conversas, coisas que ele nunca havia dito começaram a surgir a minha mente. Coloquei as mãos na cabeça numa tentativa de arrancar aquilo tudo dos meus pensamentos.

“Não... Minha pequena... Não foi culpa sua.”

- Foi sim... –com quem eu estava discutindo? Com a minha propria consciencia?

“Eu vou sempre estar com você”.

- Jack? –gritei num momento de desespero. Não havia mais nenhuma voz na minha cabeça, eu não aguentava mais o peso do meu proprio corpo e caí no chão. Chorando. Como uma criança. Sentindo-me sozinha novamente. 

Finalmente as lágrimas cessaram. Me levantei, limpei o rosto borrado, respirei fundo e me recompus.

Desci as escadas como se nada tivesse acontecido e resolvi voltar para a biblioteca. Assim que abri a porta tomei um susto.

- O que voce tá fazendo aqui? –olhei para aquele garoto na minha porta.

- Eu... você tá bem? –ele me olhou de cima a baixo analisando-me. O que me deixou constrangida.

- Eu ainda não estou entendo como isso possa ser importante pra você. Como descobriu onde eu moro...Você me seguiu? –falei um pouco mais alto do que o necessário. Esse garoto tava começando a me assustar.

- Calma. Bem... Sim. Eu vim atras de você. Mas por quê você não parecia muito bem.

- Você me seguiu. Eu nem te conheço...

- Você estava gritando. –ele me interrompeu.

- O que?

- Desculpe, eu não quero ser intrometido. Só fiquei preocupado.

- Preocupado?

- Sim.

- Eu estou bem. –lhe garanti.

- Não é o que os seus olhos dizem.

- Meus olhos mentem.

Eu segui em frente, sem olhar para tras, por que no fundo eu sabia que aquele garoto estava vindo atras de mim.

- Espere! –eu continuei andando. - Você não me disse seu nome. –eu respirei fundo, então resolvi falar.

- Sam. –olhei nos seus olhos. E pela primeira vez reparei nele. Jesse era bem bonito, tinha os traços bem marcados. Seus olhos eram morrons, quase chocolate. E o cabelo bem loirinho, desarrumado com umas mechas mais claras e outras mais escuras. Não era à toa que todas as meninas babavam por ele. Mas o que me chamava atenção mesmo eram os olhos. Tão escuros. Não combinavam nada com o tom do cabelo e da sua pele, mas ainda assim era como se fossem defeitos perfeitos.

- O que foi? –ele perguntou .

- Nada.

Eu me virei e continuei com o meu percurso. Jesse seguiu ao meu lado em silencio. Eu não me incomodei. Fomos para o colegio, e até chegarmos ele não deu mais nenhuma palavra.

Entramos na biblioteca juntos. Meus amigos ainda estavam lá e Tyler também. Eu me juntei a minha turma e jesse ao seu novo amigo.

- O que aconteceu? Você sai voando e volta com um “amigo” novo? –perguntou Maria cheia de segundas intenções.

- Não aconteceu nada. Nós só nos encontramos no meio do caminho e ele quis me acompanhar. Só isso.

- Ah! Sei. –eu revirei os olhos.

*Jesse povs on*

Eu não sabia o que se passava com aquela garota. Mas alguma coisa nela me chamava atenção. Eu queria desvendar todo aquele mistério que seus olhos guardavam. Lindos olhos. Mas tão tristes.

Eu a olhei de longe, ela parece sempre tão distante do mundo real. Tudo que ela faz é automático, nada espontâneo. Até o seu sorriso é milimetricamente calculado. Muito difícil fazê-la rir. E hoje em especial parecia impossível. Ela era misteriosa. Sorria, só por sorrir. Pois lá no fundo, ela estava triste. Tudo que sentia por fora era diferente por dentro.

Ela estava perturbada com alguma coisa. Manteve-se longe de todos seus amigos, sempre pensativa.

Assim que o sinal para o intervalo tocou em fui atrás de Sam. Não a encontrei com seu grupo de amigos. Ela estava em um canto sozinha, sentada no chão. Resolvi ir lá.

- Posso me sentar? –ela deu de ombros.

- Você está tão pálida. –toquei seu rosto, ela se esquivou abruptamente como se eu a tivesse ferido. - Desculpe.

Não me atrevia a puxar algum assunto, pois sabia que ela não iria fazer a mínima questão de responder. Então fiquei somente a observando. Mesmo com uma palidez quase doentia ela era absurdamente linda. Seus cabelos chegavam à cintura, loiros claríssimos que cintilavam ao sol. Os olhos? Esses guardavam um segredo que eu fazia questão de desvendar. Eram azuis, os mais lindos que eu já vi.

- O que você quer? –ela fechou os olhos com força e depois de um tempo se voltou a mim.

- Te conhecer.

Ela não disse nada e se levantou depressa cambaleando. Eu a segurei.

- Me solta. –ela disse puxando os braços com força.

- Você não está bem. –conclui.

- Ó. Não estou? Quem é você pra dizer como eu estou? Um médico por acaso?

- Não é preciso ser médico pra perceber que você tem alguma coisa. –ela me olhou como se não me entendesse.

- Você não sabe de nada. –sibilou as palavras.

- Posso não saber de nada. Mas eu posso ver. E eu vejo que você precisa...

- Eu não preciso de nada! 

*Jesse povs off*

Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, tomei um longo banho e coloquei uma roupa bem confortável, em seguida me deitei um pouco. Sentia-me cansada. Ouvi quando minha mãe chegou, desci as escadas. 

- Filha! Está tão pálida, o que você tem?

- Nada, mãe. –ela veio até mim para ver se eu estava com febre.

- Não tem febre. Você já comeu alguma coisa?

- Não. Não estava com fome.

- Vou fazer algo para você. Tem que se alimentar direito. Ultimamente tem comido tão pouco. –ela seguiu para a cozinha.

Eu não falei nada, apenas assenti e voltei para o quarto onde me escondi debaixo das cobertas.

Tive um sono sem sonhos, tranqüilo. Dessa vez acordei mais disposta e me sentindo bem. Arrumei-me melhor para ir à escola, com uma cara mais saudável. Não tive pressa para chegar, andava bem devagar pelas ruas. Distraída como sempre.

- Oi Sam. Bom dia.

- Ah! Oi Maria. 

- Já estamos atrasadas, vamos andar um pouco mais rápido ou corremos o risco de não assistir a primeira aula.

- Senhor Rodney. –fizemos uma careta.

- O pior.

- É. Vamos. –nós duas corremos pelas ruas até chegar à escola. Completamente exaustas.

- Ufa! Chegamos.

- Eu... Preciso... De muita água. –falei ofegante.

- Duas.

Conseguimos chegar a tempo antes de a aula começar, eu e Maria fomos beber água, avistei Jesse de longe nos observando.

- Então? –Maria perguntou.

- Então o que? –ela olhou sugestivamente para Jesse.

- Ah! O que tem ele?

- Eu que devo perguntar. O que tá rolando?

- Nada. –ela soltou uma gargalhada irônica.

- Ah, tá! É visível o interesse dele por você Samantha. Veja como ele te olha.

- Coisa da sua cabeça Maria. Ele é só mais um idiota.

- Ok. Mas um idiota bem bonitinho. –Maria suspirou.

O professor Rodney pediu para que fizéssemos um grupo de cinco pessoas, para um exercício avaliativo. Ficamos eu, Jenny, Maria e Lucas, mas faltava um para fechar o grupo. Jesse ficou de fora então teve que entrar no nosso.

Eu não sei exatamente por que, mas entramos no assunto ‘Rosas’. Os meninos e as meninas discutiam sem dar trégua um ao outro.

- O que você acha Sam?

- Hã? –Jenny me chamou.

- Sobre ganhar rosas de um garoto.

- Sei lá. Rosas murcham. Pra que ganhar rosas? –Maria e Jenny ficaram decepcionadas com o meu discurso. Como mulher deveria estar do lado delas.

- Ganhar rosas é a coisa mais romântica que um homem pode fazer. É o sinal de que ele realmente a ama. –Jenny falou cheia de convicção.

- Pode ser. Mas do que adianta. Um dia elas vão estar cheias de vida e lindas, no outro vão estar mortas. Vão ser esquecidas. Prefiro mil vezes ganhar algo material e que eu sei que vai durar para toda a vida do que ganhar rosas idiotas. –dessa vez até os meninos se surpreenderam.

- Está vendo. Ela sim sabe das coisas. Toca aqui garota. –Lucas falou.

- Você é a primeira garota que eu conheci que não deseja ganhar rosas de um cara. –disse Jesse.

- E a primeira que não fica impressionada com o seu grande poder de sedução? –todos fizeram silencio e nos olharam cautelosos, como se estivesse prestes a acontecer a 3°guerra mundial.

- A primeira que não admite.

- Rá. Você é inacreditavelmente absurdo.

- Absurda é você. Que prefere viver nessa redoma de vidro a...

- Chega! –eu gritei.

- Está vendo? Você não consegue nem sequer ouvir a verdade.

- Você é um estúpido garoto. –me levantei e sai da sala sem pedir permissão. Ouvi quando Jesse veio atrás de mim. Correndo.

- Sam!

- Vai embora.

- Espera.

- O que você quer? Só me diz isso? Por que você sempre me ataca dessa maneira?

- Desculpe. Eu só... eu quero te tirar dessa tristeza toda.

- Tristeza? Do que você tá falando?

- Eu estou vendo, ok. Por favor, deixa eu te ajudar.

- Eu não preciso da sua ajuda. 

Levei uma bela bronca por ter saído da sala de aula sem pedir permissão, mas eu pouco liguei. Jesse também foi advertido. E quando eu voltei para a sala fui informada de que teríamos que fazer um trabalho juntos. Só pra me torturarem. 

- Na sua casa ou na minha? –perguntou Jesse como se estivesse me fazendo uma proposta cheia de segundas intenções. Eu revirei os olhos.

Não tinha muito tempo então a única coisa que fiz foi tomar um banho não muito demorado. Ainda estava com os cabelos úmidos quando a campainha toca, eu pulei os degraus da escada e abri a porta.

- Entra. –eu falei sem animo.

- Tem alguém além de nós?

- Não. Minha mãe chega daqui a pouco. Eu vou pegar os livros no meu quarto.

- Você fica sexy com o cabelo molhado.

- O que disse? –perguntei do topo da escada.

- Nada. –jesse respondeu com um sorriso de canto.

                                               ***

Enquanto Samantha foi pegar os livros eu via algumas fotos que estavam espalhadas pela sala de estar em porta retratos.

Havia muitas fotos dela, uma me chamou atenção eu a peguei. Ela estava tão diferente. Os cabelos mais curtos, o rosto um pouco mais cheio, os olhos refletiam felicidade. E o sorriso... Sincero. E lindo.

- O que você está fazendo? –larguei o retrato onde estava.

- Nada. Quando foi tirada essa foto?

- Ano passado. –eu olhei para a foto e para ela comparando-as. A diferença era assustadora, parecia outra garota.

- O que foi?

- Você era tão diferente. Parecia tão... Mais cheia de vida. O que aconteceu?

- já perdemos muito tempo. Vamos logo fazer esse trabalho.

                                          ***

Conforme o tempo passava mais eu ficava incomodada. De vez em quando Jesse me lançava olhares, isso me deixava pouco a vontade.

Toda vez que ele fazia isso eu me encolhia, não gostava das pessoas me observando. Eles sempre estavam à procura de algo em mim. Algo que dissesse que estava doente.

- O que você tem? –ele perguntou sem tirar os olhos do caderno.

- Hã?

- Você está se distanciando a cada minuto. Está inquieta.

- Eu não estou.

- Não precisa ficar nervosa com a minha presença boneca. –ele piscou para mim.

- Cala a boca. Eu não estou nervosa. E não me chame de boneca, eu detesto. –joguei uma almofada nele, que jogou de volta.

- Ah! Jack.

- Jack?

- Hã?

- Você me chamou de Jack.

- Eu não.

- Você sim. –eu fiquei sem fala.

- Quem é Jack? Seu namorado?

- Não. Por hoje chega, amanhã continuamos. –tirei os livros do chão e coloquei-os na mesinha de centro.

- O que houve?

- Nada. –eu falei mais alto do que o normal.

- É por ele que você está assim, não é?

- Assim como?

- Deprimida.

- Eu não estou deprimida. Vai embora. – o empurrei até a porta.

“Não”.

Eu olhei para o lado, assustada. Fechei os olhos fortemente e me encostei-me à porta tentando fazer as vozes na minha cabeça cessarem.

“Sam. Não tenha medo”.

- Jack! Jack! –gritei para a porta batendo-a até minhas mãos doerem.

- Sam? –eu me afastei da porta. Era Jesse.

- Abre a porta, por favor! –ele falou baixinho.

“Por favor”.

- Não. –falei num sussurro.

Eu me sentei no chão, encostada na porta. As lágrimas caiam silenciosamente. Eu não sabia se era pior ficar perto ou longe de Jesse. Parecia que alguma coisa faltava quando ele não estava. Eu só não entendia. Quando eu não estava com ele essas vozes voltavam. Louca. Era isso que eu estava ficando.

- Sam?

- Estou aqui.

- Abra a porta.

Ainda estava no chão quando destranquei e a porta, sai da frente desbloqueando a passagem deixando o caminho livre para ele. Jesse a abriu cautelosamente e se sentou do meu lado.

“Obrigado”

Eu me virei rapidamente para ver quem havia falado, Jesse estava bem perto de mim e fez com que nossos rostos ficassem mais próximos. Ele não tirou os olhos dos meus, tocou levemente meu rosto e me beijou a testa. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Esse capitulo ficou meio grande, eu sei = Se vcs quiserem que eu diminua é só falar (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando O Amor E A Morte Se Encontram" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.