POV Tomás. 

Eu caminhava lentamente pelos corredores e ninguém parecia me notar. Tinha consciência de que toda essa minha imagem "invisível" devia-se a enorme mudança que Ludmila me causara em mim.

Embora eu tenha me mudado para a Espanha há alguns meses, as pessoas não haviam esquecido o jeito que eu tratara a Violetta no passado, achavam que eu ainda estava completamente dominado pela Ludmila. Reconheço que realmente, eu acreditara nela, mas isso tinha mudado e eu queria o melhor para Violetta.

Sentia uma enorme falta do Studio 21, e agora que estava passando as férias em Buenos Aires, não conseguia matar essas saudades. Violetta ainda tomava conta de meus pensamentos. 

Ainda sentia coisas fortes por ela, mas era evidente que ela estava apaixonada por León. Aliás, ela sempre fora. Eu que sempre os atrapalhava, deixando-a confusa. Porém, ficava feliz que as coisas tivessem se acertado e agora ela estivesse feliz. 

Enfim parei de caminhar e decidi ir para a sala de música e tocar um pouco, isso sempre me animava. Por coincidência, eu já estava bem à frente da porta da sala. Quando a abri, uma cena me desconcertou por completo. 

Por mais que eu tentasse negar para mim mesmo, aquilo me machucava. Senti vontade de sair correndo dali, mas aquele comportamento era inadmissível. Eu era um adulto e jamais deveria agir assim.

Só fiquei observando aqueles dois se beijando com uma paixão evidente. Isso mesmo, Violetta e León estavam lá. Eu deveria ter me acostumado com o fato de que eles eram namorados, mas simplesmente não conseguia.

Aquele beijo já estava durando demais, então soltei um pigarro consideravelmente alto. Os dois separaram os lábios e olharam surpresos para mim.

— O que você quer? — perguntou León em seu tom mais irritado. 

Violetta continuava ainda estava surpresa, mas também um leve toque de irritação era evidente em seu rosto. Provavelmente estava irritada por eu interromper o momento "íntimo" dos dois. 

— Nada... Eu só... — Eu não conseguia formar uma frase coerente, então hesitei um pouco — Vim pegar o violão. Não quis atrapalhar, desculpem.

— É, mas já atrapalhou. — Violetta bufou e pendurou a bolsa em seu ombro. 

— Desculpem-me. — repeti. 

Ela apenas abanou a cabeça e pegou a mão do seu namorado, puxando-o para fora da sala. Suspirei e me sentei ali mesmo, no chão. 

Eu nunca conseguiria esquecê-la? Precisava encarar os fatos e seguir em frente, mas algo me bloqueava. Voltar para a Argentina fora uma péssima ideia, de fato. Tudo aquilo era culpa da Ludmila. 

POV Violetta.

Talvez eu tivesse sido um pouco fria demais com o Tomás, mas ele bem que merecia. Jamais esqueceria a forma como ele me tratara há alguns meses atrás. Ele me fez sofrer bastante, porém, pelo menos me foi útil. Se ele não tivesse me trazido sofrimento, jamais teria me aproximado tanto de León e hoje não estaríamos como estamos. 

Estava irritada por ele interromper o nosso precioso momento. Agora, com todos os problemas, tínhamos pouquíssimo tempo para ficar juntos. Se alguém sempre interrompesse, não conseguiríamos nunca. 

— Esse Tomás sempre tem que atrapalhar! Argh — esbravejou León, olhando para frente.

— É, também estou irritada. — afirmei. — Mas não podemos ser tão injustos com ele. 

— Já está ficando amiguinha dele de novo? — perguntou, ainda mais irritado. 

— León, deixa de ser ciumento! — Ri, deixando o clima bem mais leve. — Eu só não quero ser injusta com ele. 

— Você não está sendo injusta com ele, não tem culpa de ele dar em cima de você a cada instante. — afirmou com os olhos semicerrados.

— Ele não dá em cima de mim, seu bobo! Ele só foi um pouco insistente em alguns momentos, mas ele não fez isso. E embora ele tenha dito tudo aquilo no passado, ainda tenho certa consideração por ele. 

— Hm, sei. 

— Já disse que você fica lindo com ciúmes? — perguntei, envolvendo meus braços em seu abdome. 

— Fico lindo de qualquer jeito. — Ele disse, erguendo o queixo e dando um sorriso zombeteiro, e então eu soube que o momento tenso havia passado.

— Muito modesto, amor. — Ri. 

— Vamos para a aula? — perguntou.

— Claro, vou só deixar minha bolsa no armário e já vou. 

— Tudo bem, vou atrás do Broduey. Tenho que acertar umas coisas da banda com ele. 

— Ok, te encontro na sala de canto. — disse-lhe, dando um beijo em sua bochecha e indo em direção ao meu armário.

Passei uns dez minutos só procurando a chave. Eu era péssima em organização e sempre a perdia. 

Encontrei-a no fundo da bolsa, e me atrapalhei mais uma vez para abrir o armário. Eu era a pessoa mais sortuda do mundo, pensei com sarcasmo. Quando o abri, pude ver um bilhete amarelo no fundo do armário.

Peguei-o. "Violetta" estava escrito em uma letra elegante. Desdobrei-o e comecei a ler.

"Filha, achei melhor deixar um bilhete pois você se irritaria se eu interrompesse a sua aula. Sua avó voltou da viagem e quer lhe ver. Mais tarde, vá ao endereço que vou deixar abaixo. Papai"

Aquela não parecia ser nem um pouco a letra do meu pai e até achei um pouco suspeito. Se ele realmente quisesse falar comigo, teria interrompido minha aula ou então teria me ligado.

Porém, não suspeitei de nada. Afinal, Matias e Jade teriam realizado um plano totalmente amador se quisessem me colocar em uma enrascada. Talvez meu pai estivesse mudando seu comportamento e aquilo era ótimo.

Deveria ser realmente minha avó. Eu iria naquele endereço no fim do dia, não poderia haver nada de mal naquilo.