Capítulo X: Sempre seguindo!

"Levante a cabeça e siga em frente... Afinal, você ainda tem suas duas pernas para andar"

Eu estava bem melhor, acordei cedo, descansei tanto meu corpo, como minha mente.

Senti um peso em meu peito e descobri ser Kazama-san...

– Ka- Kazama-san! - Falei sentindo minha face esquentar.

Ele não se moveu, continuava deitado com a cabeça apoiada em meu busto, seus braços me prendiam a ele possessivamente.

Tentei me mexer, mas, foi em vão. Rendida, apenas deixei como estava, duvidava que conseguiria sair da cama tão cedo.

Comecei a acariciar aquele cabelo louro... Era macio e sedoso. Eu dificilmente ficava mais que duas horas a sós com ele. E nunca o vira dormindo. Ele tinha a face serena, parecia um anjo... Que irônia!

– Acordou cedo. - Sua voz rouca me assustou, tirando-me de meus devaneios.

– Ah! Bom dia Kazama-sa... Kazama! - Falei um pouco constrangida.

– Esta com fome? - Ele perguntou aproximando seu rosto do meu.

– Um pouco. - Falei corada.

Ele logo expôs seu pescoço e eu me alimentei. O meu lado vermelho ficava sobre controle com Kazama ao meu lado.

– Ainda estou irritada. - Falei logo após me alimentar.

– Eu fui educado. - Ele respondeu ao perceber sobre o que eu falava.

– Você os ameaçou! - Retruquei.

A verdade era que eu estava com medo. Tantos anos convivendo com os humanos, me deixaram medrosa. Eu meio que perdi um pouco de minha antiga personalidade, eu estava medrosa. Mas, quando me transformava em oni, eu ganhava uma coragem que não era minha.

– Eles procuraram, quando me desafiaram.

– Isso não muda o fato de que estou brava com você. - Falei quase num sussurro.

– Eu é quem deveria estar bravo. Afinal, você permitiu que aquele humano imundo lhe alimenta-se, mesmo quando eu a proibi de beber qualquer sangue alem do meu! - Ele falou ameaçadoramente.

– Eu ja falei que não foi por que eu quis. - Me defendi.

Nessa altura já estávamos em pé, ele na porta e eu próxima a janela.

– Estou lhe proibindo de ver aqueles humanos nojentos.

– Você não pode! - Me exaltei.

– Pensei que você não gostasse mais dos humanos.

– E não gosto... Mas, não menosprezo eles... Os trato como iguais. - Falei decidida.

Kazama deu uma risada seca, ele estava contrariado.

Antes de se retirar de meu quarto, ele pegou a chave da porta e disse.

– Pense bem nesse seu ''amor'' pelos humanos e me diga se vale a pena.... Acho que vou fazer uma visitinha para algumas pessoas que deveriam ter continuado mortas. - Seu tom de voz era gélido e cruel e por um momento pensei ter visto um pouco do antigo e sádico Kazama.

E isso me deu medo. Mesmo depois de Kazama ter trancado a porta, eu continuei no mesmo lugar.

Horas se passaram e eu continuei naquele quarto tranquila... Apenas refletindo... Afinal, Kazama tinha razão de ficar bravo.

Eu estava tranquila até Shiranui me responder que Kazama havia saído para fazer ''algumas coisas"... A lembrança das palavras de Kazama se fizeram presentes e as imagens do "antigo ele" inundaram minha mente... O medo me dominou.

Eu tinha que confiar em Kazama, mas, estava se tornando difícil, se ao menos ele não tivesse feito aquela ameaça... Não! Eu não podia perde-los de novo. Isso não!

Eu tinha acabado de tomar banho e vestido uma kimono simples e avermelhado... Eu iria ver se os garotos estavam bem, por mais que acreditasse que Kazama não seria capaz, eu tinha que acalmar meu coração.

Pulei facilmente pela janela e corri o mais rapido que podia em direção a casa dos garotos. Quando estava perto o suficiente eu parei... Me lembrei das palavras de Hijikata-san, ele não queria que eu me aproxima-se... Mas... O aperto em meu coração e o medo de Kazama cumprir sua palavra foram maiores, afinal, o líder da grande e poderosa familia Chikage nunca voltava atras com suas palavras.

Mesmo temerosa continuei a correr em direção a casa deles, cheguei em frente e vi que estava tudo vazio, logo me desesperei, bati na porta diversas vezes e nada. Quando eu estava preparada para quebrar-la, a porta se abriu e eu me deparei com aqueles olhos lilases.

Foram infinitos segundos nos encarando ate que ele se pronunciou.

– O que faz aqui?

– Ah!... Eu... Eu... - Tentei falar mas as palavras não saiam.

– Chizuru-chan! - Kenji saiu de trás de Hijikata-san e pulou em cima de mim.

– Kenji-kun.

– Você esta bem? Aquele Kaza-sei-la-oque fez algo com você? - Ele perguntou preocupado.

– Perdão Kenji se ele assustou você. - Falei tristemente e o abracei.

Eu estava triste e assustada... Por que eu era tão fraca?

– Chizuru-chan... Por que você vive com ele? Se ele te assusta tanto assim? - Ele perguntou inocente.

Só então que eu percebi que ainda o abraçava, eu estava tremendo e quase chorando.

Eu não tinha medo de Kazama, mas sim de perder esses amigos de novo.. O sangue oni pesava em minhas costas... Eu queria só uma vez poder envelhecer como os humanos, não desconfiar de todos, não vivenciar de perto as desgraças que eles mesmos provocavam.

Eu queria não receber aqueles olhares raivosos e enojados que eles lançavam para mim quando descobriam o que eu era.

Eu queria ser como o Kenji, uma criança inocente, e queria não ter que ouvir a verdade saindo dos lábios de Kazama...

– Perdão Kenji... Estou assim por outro motivo... Me diga, ele veio aqui hoje? - Perguntei soltando-o.

– Quem? O loiro azedo?

– Sim... Ele mesmo. Kenji, você o viu por aqui hoje? - Perguntei sorrindo.

– Ninguém veio aqui alem de você. - Hijikata-san se pronunciou.

Eu até havia me esquecido de sua presença. Minha face ficou quente e eu comecei a gaguejar.

– Ah... O-Obrigada... Bo-bom, Kenji-kun eu preciso ir... - Eu falei apressada.

– Mas... Chizuru-hime... Você acabou de chegar. - Ele choramingava.

– Sinto muito, mas é que eu sai pela janela... - Eu confessei para Kenji e os olhos dele brilharam.

– Por que você fugiu? Te trancaram lá? - Hijikata-san se pronunciou, ele estava visivelmente alterado.

– N-não, é que eu... - Eu não conseguia falar perto dele.

– Ah, ai esta você. - Uma voz se fez presente e eu a reconheci.

– Osen... Chan... - Eu sussurrei vendo-a se aproximar.

– Chizuru-chan, quanto tempo não? E vejo que você encontrou o Hijikata-san novamente. - Ela falou risonha.

Hijikata-san olhou para ela surpreso.

– Ah! Osen-chan esses são Kenji-kun e Toshio-san. - Falei apressada implorando com os olhos que ela não dissesse mais nada.

– Esse nome... Hijiakta... De quem é esse nome? - Hijikata-san se pronunciou.

Ele estava pálido e segurava a cabeça com força... Eu me apavorei quando o vi caindo no chão....