The Wits Game escrita por Mei chan


Capítulo 2
Aramas purpurinadas


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pelos nomes complicados : )



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Ao sair pela porta eu fiquei surpreso, era dia mas o céu estava tão escuro que parecia noite, antes a chuva era forte e eu sabia que viria uma tempestade, mas não esperava que fosse tão grande.
Eu dei meu primeiro passo, e quando os pingos me atingiram minha roupa mudou completamente, estava todo de preto com uma capa impermeável que batia nos meus calcanhares, provavelmente a bolsa que o juiz se referia apareceu na minha mão. Meu susto foi grande mas a capa ajudou na quela chuva, joguei a bolsa na calçada e corri o mais rápido que pude em uma direção qualquer, depois de passar por uma quadra ou duas reconheci o lugar que estava, se corresse um pouco mais chegaria no prédio onde trabalhava.
Finalmente cheguei ao prédio, tinha medo de elevador então subi de escada correndo, bati muitas vezes na porta do escritório e nada. Percebi que a porta estava aberta, o que era estranho. Estava cansado de subir as escadas tão rápido, respirei fundo e empurrei a porta.
Tudo que vi foi o vermelho vivo antes de vomitar, quando me senti um pouco melhor corri para dentro.

– Charlie, Charlie?
– ........
Charlie não era meu amigo, nem tinha intimidade com ele mas vê-lo daquela forma não foi uma das melhores experiências que já tive. Depois que passei da entrada o cenário piorou, não tinha apenas sangue, órgãos por toda parte me deram mais vontade de vomitar, a cabeça do Charlie estava sobre a mesa do escritório. Eu perdi a voz e minhas pernas não se mexiam.
Alguém apareceu, usava uma roupa igual a minha só que rosa, a capa era do mesmo modelo, mas foi adicionado um pompom nas barras e ela parecia ... brilhar.

– Está com medo lindinho ?
– Q-quem é você ?
– Eu ? Eu sou Steg*. Gostou da minha roupa ? Se eu não fosse te matar agora faria o mesmo com a sua, mas não se preocupe quando morrer eu tiro ela pra você. ( mandou um beijo com a mão )
– Era só o que faltava, mais um viado me perseguindo. Deixa eu adivinhar você é um "jogador" também ?
– Descobriu isso sozinho ? Esperava mais, do tão famoso Schwarz*.
– Schwarz ?
Então aquela pessoa porpurinada veio na minha direção, ele não andava, ele desfilava, e por mais que parecesse inofensivo e frágil sabia que não era boa coisa ficar a menos de 3 metros de distância. Insignificantemente tentei mexer minhas pernas, e caí sentado.
– Você está com medo ? Sinta-se honrado, pois eu fui a primeira a ter coragem de vir aqui te matar, todos os outros são uns cuzões, que acreditam em tudo que o juíz fala.

Ela ( ou ele ) tirou uma arma ( igualmente aviadada ) da capa e a apontou para mim, eu estava com medo, mas qualquer um que visse, acharia que no mínimo aquilo dispararia confete.
Ele acabara de carrega-la, enviou mais um beijo com as mãos e quando ia colocar o dedo no que parecia ser o gatilho, a janela se quebrou em mil pedaços, um vulto azul passou na minha frente e acertou a criatura purpurinada na cabeça.
Não sabia qual era o rosto do meu heroi-futuro assassino, pois ele também usava as mesmas roupas, mas azul escuro e um capuz cobria sua cabeça. Quando o Steg se levantou e viu quem era, a expressão de medo em seu rosto era bem clara, ele se afastou. O homem azul escuro chegou perto de mim, eu continuava idiotamente no chão, ele tirou o capuz, e pude ver que sua " arma " era um taco de baseball.

– Se você ficar ai no chão não tem como mata-lo.
– E você é ...
– Caeruleatus, espero que não seja um inútil e reze para eu não me arrepender. E você, cadê o seu ajudante ?( referindo-se ao Steg )
– Eu a matei, era insignificante e só me atrapalhava, e também não gostava o seu cabelo, era maior e mais bonito que o meu.
– Você irá se prejudicar sem um ajudante, vou te dar 5 segundos de vantagem, corra o quanto puder.

O Steg saiu saltitando zuando com a piedade dele.
O Caeruleatus devia ter uns 30 anos, com um rosto intimidador, uma cicatriz cortava todo o lado esquerdo do seu rosto, parecia um daqueles diretores que todos tem medo, andava calmamente como se cada passo fosse uma eternidade, era alto e provavelmente forte.

– Já falei pra levantar.
– É ... você não quer me matar nem nada ?
– Não. Ainda é cedo para isso, por enquanto vou te ajudar até enviarem o seu ajudante.
– "Ainda é cedo"... bem isso é realmente reconfortante mas..., e o SEU ajudante ?
– Eu não tenho.
– Mas o juiz disse que todos tem um e ...
– É mas eu não, e antes de se preocupar comigo acho melhor pensar em uma forma de acabar com seu amiguinho.
– Eu não estava preocupado com você, e ele não é meu ....

Ele saiu pela porta antes que eu pudesse terminar, não tinha gostado dele nem da forma que ele falava como se estivesse no comando, mas se por enquanto queria me ajudar não iria me recusar. Dei mais uma olhada no escritório todo sujo, me levantei e tirei de cima do telefone o que talvez fosse um intestino, pensei em ligar para polícia mas segundo as regras não poderia explicar nada. Dei meia volta e fui correndo até achar o Caeruleatus.

– Já pensou em alguma coisa "lindinho" ? ( risadas )
– Bom você pode bater nele com esse taco ate ele morrer.
– Ótima ideia gênio, mas qual a parte de não matar diretamente você não entendeu ?
– Desculpe minha ignorância mas não sei como matar alguém sem ser assim.
– O segredo do jogo é fazer os outros concorrentes quebrarem as regras para morrerem, as sérias consequências que você sofre não é ficar uma rodada sem jogar como nos jogos de tabuleiro.

Quando saímos do prédio o Steg veio na nossa direção, ainda chovia muito e o pompom da roupa dele estava encharcado. Caeruleatus correu com o seu taco acima do corpo e novamente acertou a cabeça do outro, parecia que o Steg queria que isso acontecesse, ajoelhado no chão tirou outro objeto porpurinado da capa e encostou na perna do Caeruleatus, ele estremeceu e depois de uns segundos caiu no chão.
Apesar de tudo ele era um viado esperto, uma arma de choque era bem prático, principalmente com a chuva.
Agora que o meu protetor temporário estava duro no chão não poderia contar com ele por algum tempo, eu não tinha um bom plano, mas era melhor do que tomar um choque. Peguei o taco de baseball do chão e corri para trás de um carro, perto de mim tinha uma pedra grande e era só o que eu precisava.
De repente ele apareceu na minha frente antes que eu pudesse reagir, os dois únicos movimentos que planejei estavam acabados. Peguei apedra mesmo assim e a atirei, ele desviou facilmente, eu não esperava por isso então por impulso fui correndo na direção dele com o taco, ele veio com a arma de choque no meu peito, abaixei e acertei o taco nas suas pernas, quando ele tentou andar tropeçou e a arma voou longe. Ele ficou desesperado, sem aquilo não poderia me paralisar, aproveitei sua guarda baixa e pulei em cima dele preparado para bater com toda a minha força, ele já tinha tirado arma de confete que apontou para mim no escritório, e foi quando ouvi a voz do Caeruleatus.

– Não desvie !
Não sei porque parei, sabia que iria morrer, mas confiei nele. Quando o Steg atirou não senti dor, achei estranho, será que é assim que se sente quando se leva um tiro ? Olhei para baixo, não havia sangue só a cara de idiota arrependido do Steg. Uma sirene começou a tocar não sabia de onde vinha, parecia vir de todos os lados. Nas televisões das lojas, nos anúncios dos prédios, em tudo, a mesma imagem do borrão do juiz apareceu, mesmo com o forte barulho da chuva dava para escutar a voz dele.

– Jogador Steg, regras são regras, um jogo sem regras não existe, e o senhor infringiu a primeira regra, será punido devidamente e antes de qualquer coisa está desclassificado do jogo. E que todos lembrem, o problema do mundo são as pessoas.

Ao olhar para baixo de novo percebi que ele não estava mais lá, não sei como mas sumiu sem que eu notasse. Depois de um tempo parado sem saber o que tinha realmente acontecido percebi que a chuva parecia ter diminuído.
Caeruleatus já tinha se recuperado estava sentado na calçada me observando e batendo palmas ironicamente.


* schwarz - preto em alemão

* steg - rosa em norueguês

* Caeruleatus - azul escuro em latim



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Notas finais do capítulo

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