Nossos Pais Estragaram Tudo. escrita por Tia Juuh


Capítulo 14
E agora?


Notas iniciais do capítulo

Bão? Mais um aew pra vocês meuis liandoss



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–Eu vou tomar a atitude que for preciso, mas eu vou embora daqui!

–Calma Nando, a gente fala com o médico e ele te deixa ir embora!

–ELE NÃO VAI DEIXAR! MÉDICOS SÃO RUINS! ENFERMEIRAS SÃO MALVADAS!

Eu comecei a gritar e chorar. A Milena me abraçou e eu chorei em seus braços por um tempo.

–Calma Nando, vai ficar tudo bem...

Depois de um tempo chorando adormeci de novo. Dessa vez não sonhei, acho que dormi tão pesado que nem sonhei.

–Olha a Bela Adormecida!

–Lola!

Eu pulei da cama e a abracei. Minha perna agradeceu muito essa iniciativa.

–Opa! Calma moleque!

–Ai! Ai! Ai

Ela me ajudou a voltar pra cama e ficamos conversando durante um tempo, fui ver que horas eram e vi que tinham 20 ligações perdidas do meu pai.

–Alô?

–NANDO! PUTA QUE PARIU POR QUE NÃO ATENDEU AS LIGAÇÕES SEU FILHO DA PUTA!?

–Eu to no hospital pai, eu fui atropelado.

–VOCÊ TA BEM FILHO?

–Eu to ótimo pai relaxa.

–AH MEU DEUS! NANDO VOLTA PRA CASA POR FAVOR!

–Eu não posso. -... - Pai posso te perguntar uma coisa?

–Pergunte!

–Como a vovó morreu?

Nando, eu nunca lhe contei a história, sabia que você amava ela muito e sabia que um dia ia querer saber, sua avó estava muito doente, ela havia contraído um câncer nos pulmões, nós sabíamos que ela morreria logo, ela queria te ver, mas vê-la do jeito que ela estava seria muito pra você, ainda mais com nove anos. Sua vó nunca concordou muito em eu ter lhe afastado dela, mas ela entendia a situação. -... Ouvi que ele começou a chorar – Ela começou a piorar, sabendo que ia morrer ela não queria sofrer mais, ela te mandou beijos, abraços e muito amor... Então ela se enforcou no hospital. Não sabemos como, mas encontraram-na lá enforcada. Eu não fui homem o suficiente pra ficar com a minha mãe, ela morreu e fazia uma semana que eu não a visitava, ela sempre perguntava de você, eu dizia que estava tudo ótimo, estava, mas não comigo, ela perguntava se eu estava bem, pra não preocupa-la eu mentia, eu dizia que estava tudo certo, mas cada dia eu me odiava mais por não ter tempo pra ficar com a minha mãe e esconder isso de você, ver você chorando no funeral dela me partiu o coração, quando me perguntou do que ela morre, eu te disse que ela tinha simplesmente morrido, disse que Deus amava o chá dela tanto quanto você e queria toma-lo todos os dias e por isso levou-a embora, pra fazer chá pra ele. Lembro como se fosse ontem, você secando as lagrimas, olhando pro céu e dizendo: Cuide bem da minha avó e aproveite o chá, se possível me mande um pouco as vezes, eu também amo o chá dela! E então você começou a sorrir e as lágrimas escorriam pelas suas bochechas e a cada segundo eu me sentia pior, desde aquele dia eu não durmo direito, eu não como direito, eu não vivo direito. Sua avó faz muita falta...

–... –Eu estava chorando. Não tinha palavras pra tudo isso, era muita coisa pra mim.

–Mas filho, por que agora?

–Pai eu ando tendo uns sonhos, sonhos um tanto estranhos, eu sonhei com um monte de pessoas enforcadas em cada quarto do hospital, com uma mulher me perseguindo, fingindo ser minha avó pra tentar me matar e muitas outras coisas. Eu só queria uma explicação e agora eu tenho um. Obrigado pai, te amo.

Eu desliguei o celular e pus-me a chorar. Encolhi-me todo na cama e chorei como uma criança assustada, agora eu me toquei, eu sempre fui isso, nunca passei de uma criança assustada com a vida e totalmente incapaz de viver sozinha.

–Por favor, eu preciso de um tempo sozinho se entende...

–Entendo sim amor – A Lorena me deu um beijo, alisou meu rosto e disse- Fique tranquilo amor, vai dar tudo certo no final. -Ela foi embora.

Eu estava finalmente sozinho e pude pensar em tudo. Eu estava confuso, e agora? Eu devo voltar pra casa depois de tudo? Ou devo ficar aqui e me ajustar? Eu precisava pensar, até que o alarme tocou, havia um incêndio acontecendo no hospital.

–VAMOS! VAMOS! VAMOS! TEMOS QUE EVACUAR O PRÉDIO!

Eu saí correndo como podia de muletas, logo vi a Lorena no elevador.

–VAMOS NANDO!

Eu caí. PORRA NANDO!

Logo a Lorena veio me ajudar a levantar e quando olhei pra trás via o fogo se aproximando. Tínhamos que correr.

–NÃO PODEM USAR O ELEVADOR! VAMOS PELAS ESCADAS!

Disse uma enfermeira levando uma pobre velhinha na cadeira de rodas. Começamos a descer as escadas, era difícil descer de muletas, mas o nervosismo aumentava a cada degrau.

Chegamos ao hall do hospital e quase todos já haviam evacuado o prédio, a Lorena estava correndo na minha frente e do nada cai um pedaço do chão do andar de cima cheio de fogo, eu estava preso no hospital em chamas. Porra!

–NAAANDO!

–FICA AI LOLA! EU ME VIRO!

–NÃO NANDO! VOCÊ NÃO CONSEGUE!

Aquilo ecoou no meu cérebro.. “Você não consegue” Eu ouvi essa frase a minha vida inteira, ninguém nunca acreditou em mim, estava na hora de alguém acreditar! Eu voltei atrás e ouvi uma vozinha:

–Socorro! Eu estou aqui!

Subi as escadas e logo no primeiro andar tinha uma menininha presa num quarto que estava bloqueado pelo fogo. Eu taquei o foda-se e passei pelo fogo.

–Calma! A gente vai sair daqui!

–EU NÃO QUERO MORRER MOÇO!

Ela chorava e gritava muito, eu não sabia o que fazer por dentro eu queria chorar e gritar junto com ela, mas eu não podia, eu tinha que salvar a minha pele e a dela. Peguei-a no colo.

–Se segura no meu pescoço e não solta por nada!

–Ta bom!

Eu tinha que passar pelo fogo de novo, dessa vez dei um pulo por cima e minha perna acabou sendo queimada, aquilo ardia que nem o inferno. Bom, pelo menos a menina estava bem, desci as escadas e me lembrei de que tinha a entrada do PS (Pronto-Socorro), que era atrás do hospital perto do estacionamento das ambulâncias!

–Tampe a boca e respire o mínimo que conseguir! Essa fumaça vai lhe fazer mal!

Ela tapou a boca e respirava bem pouco. Achei a maldita entrada do PS, olhei pra cima e vi que o teto estava quase por cair, me joguei pra fora e logo depois o teto veio a cair. Abracei a menininha pra ela não ser machucada com pedras ou sei lá. Peguei-a no colo de novo e fomos pra a frente do hospital, fomos atendidos por médicos e tal.

–Obrigado! Oh meu deus obrigado!

Um cara me abraçou e me deu um beijo na bochecha, pegou a menina no colo e abraçou ela com tanto carinho que deu até uma alegria no coração de ver eles juntos.

–Obrigado moço!

–De nada gracinha.

Vieram a Lorena, a Milena e a Marina me abraçar e depois eu entrei na ambulância e tive que ir ao hospital de novo pra fazer uns exames lá.

Uma semana se passou...

Eu já estava fora do hospital, a Milena tinha arrumado um trabalho de garçonete, a Marina tinha ido pra casa, a Lorena e eu estávamos procurando um emprego. Nós no momento estávamos num apartamentinho que a Milena alugou pra nós.

Meu telefone tocou.

–Alô?

–Nando?

–Fala Milena!

–Nando a mãe da Marina aceitou nós duas!

–Meu deus parabéns!

–Eu vou morar com elas Nando! Mas eu vou trabalhar de garçonete e ando o dinheiro pra vocês!

–Hahah parabéns Miih! Obrigado pela ajuda!

–Por nada cara, você me ajudou tanto! Hahah! Ain! Agora eu vou ter que desligar meu chefe ta chegando, só queria te contar a novidade, falou Nando!

–Tchau Miih!

Ela desligou.

–O que houve amor?

–A mãe da Marina aceitou a Milena.

–Nossa que ótimo!

–Sim né.

–Amor?

–Fala Lola.

–Eu estava pensando... Vamos voltar pra casa?

–Ahn?

–É Nando, eu não estou pronta pra morar sozinha e trabalhar...

–Bom, se você quer...

–Sério?

–Volte você. Eu vou ficar aqui.

–Mas Nando.. O propósito disso tudo não era nós ficarmos juntos?

–Sim, mas agora eu não quero mais voltar. E se você for ser feliz lá, então volte.

–Nando, você me deixaria voltar sozinha?

–Mas é claro. Se você quer.

–Eu pensei que você me amava!

–Eu te amo, só quero que seja feliz.

O silêncio tomou conta. Eu saí do quarto e fui para a cozinha tomar um copo de agua. Quando voltei a Lorena estava pegando umas malas.

–Você vai mesmo me deixar?

–Desculpe Nando, eu te amo, mas eu não aguentaria isso.

–Tudo bem.

Depois de umas 2 horas a Lorena estava na porta com as malas feitas.

–Adeus Lola.

–Adeus Nando!

Eu a abracei e depois nós dois começamos a chorar.

–Tem certeza?

–Eu tenho... Adeus.

Eu a beijei e ela se foi. O que iria fazer agora? Eu encarei tudo aquilo por ela e agora ela estava indo embora...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido tanto quanto eu curti pra escrever



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