Eu andava de um lado pro outro nervosa fazendo o barulho do meu salto ecoar pela sala redonda toda vez que eu pisava naquele chão lustroso. Tentava solucionar nosso problema, mas simplesmente não tinha como solucionar aquilo!

Enquanto eu tentava em vão pensar em alguma coisa, Malfoy tentava abrir as portas – grandes ou pequenas – para ver se alguma estava destrancada.

- Hey ruiva, essa daqui é a única que está destrancada. – Ele disse agachado apontando para uma porta que serviria de passagem para um rato. Grande ajuda...

- Você já foi ver o que é aquilo em cima da mesa? - Ele me perguntou arqueando as sobrancelhas.

- Não tem nada... – Eu ia terminar a minha fala excepcional dizendo que ele provavelmente estava nervoso diante de nossa atual situação, então seu cérebro estava projetando imagens alheias fazendo com que ele acreditasse em algo surreal, e que, na verdade, não havia nenhum objeto fisicamente real em cima da mesa.

Porém, graças ao bom Merlin eu me calei ao me virar e ver um pequeno frasco em cima da mesa.

Pude jurar que segundos atrás não havia nada lá, mas resolvi ficar quieta. Peguei o frasquinho, havia uma etiqueta onde estava escrito “drink me”. É claro, quem vai ser o otário que vai tomar o líquido de um frasco desconhecido?

- Você é LOUCO? - Berrei para Malfoy quando ele subitamente tirou o frasquinho de minhas mãos e deu um gole naquele líquido estranho. Em fração de segundos ele começou a diminuir até ficar do tamanho da porta que estava destrancada. É claro, temos que tomar daquele líquido para passarmos pela porta e quem sabe sermos mortos por algum monstro do lado de fora.

Mas como eu não tinha ideia melhor eu também tomei um gole do frasco ficando do mesmo tamanho que Malfoy.

Passamos pela porta e nos deparamos com um cenário surreal.

O céu era de um azul tão claro que chegava a ser impossível de se acreditar que aquilo realmente era o céu, as flores tinham cores tão vivas quanto possíveis e era impressão minha ou as rosas estavam... Conversando?

Eu e Malfoy nos entreolhamos. Se quiséssemos encontrar uma maneira de sair daquele lugar tínhamos que prosseguir.

Fomos andando cuidadosamente um ao lado do outro observando tudo ao nosso redor, sem em momento algum encontrar alguém.

Estávamos entrando em uma espécie de floresta com plantas e flores que eu nunca vi na vida. Me assustei quando ouvi um barulho vindo detrás dos arbustos. Sem perceber me segurei no braço de Malfoy olhando apavorada na direção destes. Apalpei meu bolso por um momento me esquecendo de que estava sem minha varinha.

De repente, dois garotos gorduchos, baixinhos e com uma cabeça em formato de ovo saíram desajeitadamente detrás dos arbustos. Eu ainda estava assustada, mas fiquei um pouco aliviada.

Malfoy? Bom, Malfoy começou a rir escandalosamente como se nunca tivesse rido na vida.

- Quer parar? - Eu sussurrei nervosa para ele.

- Mas... Você viu? - Ele fez um gesto com as mãos em direção a cabeça e eu assenti sem rir em momento algum. – Tudo bem, já entendi. – Ele fez uma tentativa falha de ficar sério, pois quando dirigiu novamente o olhar para os gêmeos gorduchos de cabeça oval ele novamente teve um ataque de risos.

- Não liguem para ele, o coitado nasceu com problemas cerebrais e só fala e faz besteiras. – Eu disse timidamente para os garotos e posso apostar que Malfoy não me ouviu, ou ele iria iniciar uma breve discussão.

- Será que eles? - Um dos garotos começou á dizer para o outro.

- Não ela disse que... – O outro respondeu.

- Sim, mas será que não? - O outro disse.

- Devemos leva-los se... – Eu não estava entendendo mais nada e percebi que se não fizesse alguma coisa aqueles dois nunca parariam de falar. Então eu resolvi interromper aquela conversa “emocionante”.

- Desculpe, mas como vocês se chamam? - Perguntei docemente enquanto Malfoy ria.

- Eu me chamo Tweedledlee e ele se chama Tweedledum. – Tweedledum deu um tapa na barriga de seu irmão.

- Eu que me chamo Tweedledlee.

- Não, hoje de manhã você acordou e era o Tweedledum. – O outro respondeu e eu já estava ficando irritada, tive que interrompe-los novamente.

- Onde exatamente nós estamos? - Eu perguntei.

- Na floresta, claro. – Tweedledum ou Tweedledee, não importa, respondeu.

- Floresta de onde? - Eu disse frisando o "onde".

- Do País das Maravilhas. – Tweedledee ou ahh, enfim, um deles me respondeu. O que por Merlin seria o País das Maravilhas? Eu me perguntei mesmo que a resposta estivesse em frente aos meus olhos, bastava olhar ao meu redor que a palavra maravilha já definia absolutamente tudo. Agora a pergunta principal é: como viemos parar aqui, e como iremos sair?

Ouvi barulhos vindos dos arbustos novamente e quando vi, um ratinho vestindo trajes de montaria e embainhando uma espada apareceu.

- Malfoy, acho que você vai gostar de ver isso. – Eu disse sarcasticamente apontando para o ratinho e aquele garoto finalmente parou de rir.

- Olha isso ruiva, olha isso! Com essas roupinhas, parece até bichinho de pelúcia, eu quero um desses pra mim Weasley, que coisinha mais lindinha do papai Malfoy. – Meu Merlin, por que eu tinha que ficar presa no “País das Maravilhas” justo com esse garoto estúpido?

Malfoy fez menção de pegar no ratinho e este avançou com a espada em sua direção.

- Quem você ia pegar no colo, hein? - O ratinho começou a dar estocadas no ar com sua espada. Como assim ratinhos bonitinhos e estilosos falam? Eu estava desconcertada diante daquela situação. No entanto, Malfoy pareceu pouco se importar.

- Ele fica uma gracinha irritado. – Ele sussurrou para mim e eu dei um tapa em seu braço.

- Corram! – os gêmeos gritaram de repente e saíram correndo desajeitadamente. Lentamente olhei para trás e minhas pernas fraquejaram por um momento.

Na minha frente estava um animal desagradável e malcheiroso com um corpo asqueroso e a face amassada repleta de dentes. Eu não conseguia me mover e Malfoy teve que me pegar no colo para sairmos correndo do animal. Só não sabia por quanto tempo mais ele conseguiria correr me carregando.