O Canto do Oceano escrita por Nina Cervantes


Capítulo 1
Suzanne - I


Notas iniciais do capítulo

Oi, Leitores! Comecei o capítulo já dando dicas do que realmente diz a história, o negócio é montar cada pedacinho como um quebra cabeça, não é mesmo? Hahahaha, estou super empolgada com a história. O começo de qualquer narrativa é meio entediante, cansativo... Porém garanto que o melhor está por vir!! Grande beijo! Deixem reviews e não sejam leitores fantasmas (=



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John Gogh ainda se encontrava pescando, sentado sobre sua duna favorita da praia Butterfly em Santa Bárbara, California. Sentia a leve brisa desmanchar seus cabelos compridos e desleixados. Eis que ouve se aproximar um barulho suave que arrastava a areia, chegando perto. Era Suzanne, sua esposa.

"Ei, querido, está ficando frio, vamos entrar." Ela encostou suas mãos macias em seu ombro, que ao toque deslizavam como um lençol de seda até as costas, provocando-lhe um arrepio. John olhou para Suzanne por cima, a qual os lábios logo foram beijados por ele. Ela sorrindo dizia "Preparei um chá de ervas cidreiras delicioso, aquele que tem um toque especial." Disse ela lançando-lhe uma piscadela

John levantou-se num ímpeto, recolheu logo suas ferramentas, segurando-as numa só mão e, com a outra, segurando a mão de Suzanne.

Em média 30 passos e já estavam em casa. Conhecida pela cidade pequena como, A Cabana do Velho Rup, que pertencera um dia à Rupert, pai de John, que falecera há alguns anos. Era uma casinha verde, beira-mar, perto do bosque, que igualmente era perto da praia. 4 cômodos, humilde, mas acolhedora. Ao se aproximarem, Maria, a Labrador marrom de John latia e abanava o rabo ao vê-lo.

"Cuidado, está bem quente." A voz de Suzanne soava delicadamente, alertando-o sobre o chá. Sentando-se à mesa, perante à sua esposa, notava mais uma vez o quanto era bonita: Seus olhos azuis claros, quase um cinza, vívidos, e as curvas de sua silhueta perfeita, 1,80 de altura, os lábios carnudos e vermelhos, cabelos longos e pretos presos à uma linda trança, quando soltos, tinham o perfeito caimento sobre seu rosto, que apresentava um sorriso suave, o qual lhe forçava a sorrir também. "Já lhe disse o quão é maravilhosa, Suzan?" John não resistiu, levantou-se e segurou Suzan pelo braço, beijando-lhe o ombro, logo o pescoço e, devagar subia para os lábios macios e doces.

A noite fora longa, os cabelos de Suzanne, uma vez soltos, cobriam somente seus seios enquanto dormia. John levantou-se ao ouvir os pássaros cantarem, e com o lençol cobriu o corpo de Suzan. Apreciou sua bela esposa mais uma vez e pegando seu chapéu velho, saiu pela manhã para pescar.

"Ei, John!" Michael aproximou-se dele ofegante. "Escute só o que tenho a dizer para você…" Estendeu-lhe um folheto que destacavam-se as palavras: "Festa de confraternização da comunidade". Logo a baixo podia-se ler: "Frutos do mar e pescados, um verdadeiro banquete do nosso litoral." John, um pouco confuso, perguntou: "Mas o que é isso? Michael, não era para estar no hospital? Lembro-me bem que sua paciente precisava de você durante todo o dia." Michael tirando a areia dos sapatos brancos dizia: "Falei com o organizador, o vice-prefeito, ele disse que encomendaria todos os ingredientes de você. Quero dizer, os frutos do mar me entende? Me mandou vir avisá-lo, pois achava que não gostava muito dele" Michael gargalhou e John sorrindo disse: " E não gosto. Mas, há anos que não tenho uma oportunidade assim, Suzan vai pular com a notícia! Vai render! Nossa, quanta grana… E como vai render!" Michael ainda rindo acrescentou: "Ele pediu para que fosse buscar a lista do que ele quer encomendar e já acertar as contas hoje a tarde em seu escritório."

Conversaram por um bom tempo, mas assim que Michael, sempre atrapalhado, tomou noção da hora, correu de volta para o hospital.

Ao entrar pela porta dos fundos, para evitar fazer barulho e não acordar Suzan, foi ela mesma que apareceu carregando uma badeja com panquecas e limonada. "Ouvi a conversa John, que notícia maravilhosa!" John sorridente e abraçando-a disse: "Temos uma grande encomenda." Assim, tomaram o café da manhã juntos e John explicara que durante a tarde teria de sair para visitar o vice-prefeito e combinar a quantia da encomenda.

Eram três horas da tarde, após almoçar a bela refeição que Suzanne sempre esteve acostumada a fazer, apanhou sua pasta, repleta de folhetos com encomendas e enfrentou o sol ardente, andando à pé até a prefeitura.

A cidade estava pouco movimentada, era normal, todo mundo se conhecia, as notícias corriam como o vento num dia de tempestade. John subira a interminável escada do prédio da prefeitura, que caia aos pedaços. Entrou pela porta da frente, onde uma mulherzinha impaciente o atendeu e o levou até Richard, o tal vice-prefeito.

"Meu caro! John Gogh! Que prazer vê-lo" Disse Richard de maneira forçada, levantando-se da sua cadeira exageradamente gigante e erguendo os braços. John estendeu uma das mãos e o cumprimentou. "Michael me disse sobre sua oferta..." Richard voltou-se para de traz da sua mesa e sentou-se, fazendo sinal para que John fizesse o mesmo. "Michael parecia o alguém mais próximo de você, sem que tivesse ataques de ciúmes por conta da sua nova esposa, Suzanne." Aquilo de certa forma mexeu com John, e não fora atoa, mencionar sua mulher era um dos motivos de suas últimas brigas. Era um cara tranquilo... Antes de conhecê-la. Sentia que devia a proteger de tudo, que ao seu lado era o lugar mais seguro, era como se a perdesse sua vida já não valeria mais. Um fogo incessante passou a dominá-lo, lembrou-se do sorriso calmo de Suzan, respirou umas cinco vezes e tornou a olhar Richard nos olhos. "Sim, Michael tem sido um dos únicos que ainda troca palavras comigo." Disse John seriamente, observando o leve sorriso no rosto de Richard, que logo disse: "Nos últimos dias, devo-lhe confessar, tem dado trabalho aos policiais. À propósito, como estão você e Suzanne?" John respondeu rapidamente e procurou logo mudar de assunto: "Perfeitamente bem. Podemos falar sobre a encomenda?" Forçou John um sorriso.

Já eram três horas de pura enrolação no escritório de Richard, John fechara a grande encomenda e por fim apertara as mãos frias de Richard, esperando ser o último encontro. Sentia uma vontade imensa de dar-lhe um soco na cara, porém Suzanne nunca ficava feliz com esses acontecimentos, John sabia bem. Voltando para casa, passando em frente ao hospital onde Michael trabalhava, já quase escurecendo, observou um vulto, saindo do hospital e correndo em direção a praia. Vestia roupas verde-clara, era alguma paciente. John se apressara, mas logo os seguranças da rua a carregaram de volta. Sentia pena, achava que também não suportaria ficar confinado naquela sala branca, sem ninguém, tendo que comer gelatina de morango todo santo dia. Era loucura.

"Maria! Venha aqui, garota!" Abriu os braços ao chegar em casa, e a labradora marrom, correra até John, mais feliz que nunca. Logo a sua linda mulher apareceu e se encostou na porta, observando-o com seu sorriso encantador.

– Negócio fechado, Suzanne!

Suzanne ainda sorrindo, assentiu com a cabeça, querendo dizer que sabia do resultado. Maria, seguiu John Gogh até a sua poltrona, onde ele se sentara para fazer as contas habituais. Ajeitou os óculos de leitura meia-lua e contava nos dedos seus lucros, de tão poucos. Olhou para Suzan, que estava deitada sobre o sofá rasgado da sala, embora confortavel, olhando a antiga coleção de conchas do velho Rupert.

– No que está pensando, Suzanne? - perguntou curioso.

– São realmente lindas. - disse ainda fixada nas conchas. - Contei umas 100...

– Ah, tenho mais algumas no armário do quintal. - Maria se expreguiçou e num mero segundo já se encontrava dormindo. John continuou: - Meu pai adorava colecioná-las, para ele são obras de artes de primeira classe, só que trazidas pelo mar.

– Belo pensamento. - respondeu Suzan e tornou a ficar quieta novamente, observando.

O dia amanheceu um pouco nublado, ameaçava chover. Nada que impedisse o trabalho de John, que levara uma tenda para lhe proteger da chuva, caso acontecesse. Posicionou as varas, esticou as redes, tudo por meio de técnicas ágeis ensinadas pelo seu pai. Pensava na Festa de Confraternização da Comunidade, era um evento típico da cidade, onde todos se juntavam para comer até não poder mais, com direito à levar comida pra casa escondida dentro dos bolsos, ou até mesmo ser arrastado ao hospital para se entupir de soro de glicose na veia no fim da noite, caso o àlcool fosse demais. O que sempre era para muitos! Maria dessa vez o acompanhou, ficava de bruços olhando o mar, as ondas que iam e vinham, proporcionando à suas orelhinhas sensíveis a melhor cantiga de ninar.

– Nunca vi gostar tanto de dormir... - murmurou John sobre Maria, que ainda "meio-acordada", levantou a cabeça num segundo, rosnou baixinho ao perceber que John falava dela, mas logo deu de ombros e voltou a tentar dormir, ignorando o riso irônico do seu dono.

John Gogh em companhia de sua cadela passara quase o dia todo pescando, ao voltar pra casa guardou todos os peixes no congelador gigantesco que possuía no quintal desarrumado.

Eram onze horas da noite, deitados sobre a cama arrumada, com lençois recém lavados e passados, John e Suzanne faziam promessas entre si:

– Suzan, prometo que lhe darei tudo, uma vida melhor que essa, é questão de tempo...

– Não tem problema, eu gosto daqui, é simples, a casa mais próxima ao mar... E tem seu cheiro. - ela disse, dando-lhe em seguida um beijo. - Quero viver aqui com você. - continuou ela, olhando para John, com o rosto aconchegado em seu peito. - Ter um filho e...

– Um filho? - perguntou John surpreso. Sem se preocupar em disfarçar.

– Você não pensa em ter, John? Um filho, oras... Apenas um. - ela dizia calmamente, com seu típico sorriso no rosto, que fazia John perder o senso de respiração. - Kevin. - ela ainda sorria. - Esse nome seria perfeito.

– Porque Kevin? - perguntou John, que sentia pontadas de ciúmes.

– Kevin era o nome do meu avô, ele morreu na guerra... - disse ela pensativa.

– E se não for menino? - John perguntava confuso e um pouco assustado.

– Aí arranjamos outro nome, não é? - Suzan abraçou John, ajeitou os cabelos para cima e fechou os olhos para dormir. - Boa noite, querido. - John retribuiu com um beijo e esperou que ela dormisse, acariciando seus cabelos.

O dias passaram rápido, John raramente ocupava a cabeça com outras coisas, à não ser Suzanne, suas encomendas e claro, sem esquecer de Maria. Faltavam apenas dois curtos dias para a tal festa, John deveria entregar amanhã os vinte quilos de peixe, dos mais diversos tipos, que lhe foram encomendados. Resolveu sair com Suzan pela cidade em busca de trajes novos para a Festa, fora sua esposa mesmo que o convencera de que precisava de um traje social novo, aquele que John usava durante os últimos sete anos já estava gasto e apertado. Com o dinheiro que ganharia, concluiu que não teria prejuízo com a roupa, portanto aproveitou para presentear Suzan com o mais belo vestido da vitrine da loja, que era considerada a mais sucedida da cidade.

– Oh, John! É lindo demais! - Suzan girava seu vestido azul marinho, carregado de detalhes da renda francesa transparente, acima de seu colo. Seu cabelo, sempre trançado, estava solto, acompanhando o movimento do tecido brilhante do vestido enquanto ela girava. Era mágica a forma que ele esculpia seu corpo perfeitamente, ressaltando cada detalhe, o que por dentro, encomodava John, de certa forma. - Obrigada. Obrigada! - Agradecia ela, olhando-se no espelho, sorrindo e admirando o belo vestido.

– Está incrível... - balbuceou John, meio sem fôlego, como de costume. - Este mesmo que vamos levar.

Finalmente o dia havia chegado, durante a tarde, John Gogh fora ao escritório de Richard para pegar seu pagamento, mandou por meio de um caminhão, alugado pelo vice-prefeito, toda a encomenda feita.

Já anoitecia, Suzan lavara os cabelos mais cedo, para que secassem quando estivesse perto da hora da festa. John, desajeitado, colocava as calças.

Nove horas da noite.

Suzanne apareceu com seu vestido, exalando um perfume delicioso, o qual John sentiu nos primeiros dias que se conheceram. Ela sorria. Era tão bom vê-la sorrindo, pensava John. Sentia que o mundo todo, o universo, nunca seria o bastante para presentea-la, queria que jamais tivesse um motivo para deixá-lo. Até que teve uma idéia.

– Suzan, venha comigo. - disse fazendo um sinal com a cabeça, enquanto ela se maquiava.

Ela o seguiu, sem dizer nada. John levou-a para a sala, procurou entre as gavetas do criado-mudo velho, e tirou de lá uma corrente de prata, fina, muito delicada.

– O que é isso, John? - perguntou Suzanne, assim que John colocou a corrente em suas mãos.



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