Pra que o chefe dela vem? ...

— C-Como ass...

— Sem perguntas! — Ela me interrompeu. — Até mais tarde... talvez. — E então ela apagou a tocha da minha mão e sumiu.

Acostumei meus olhos com a escuridão, mas assim mesmo não dava para enxergar quase nada.

Andei desesperadamente para achar a Ender. Não quero ficar sozinha depois de descobrir isso. Ergui minha mão esquerda para frente para ir me guiando, continuei segurando o pedaço de madeira com a mão direita — caso precise — e andei calmamente para não tropeçar em nada. Essa livraria parece um labirinto gigante! Não sei nem ao menos aonde estou.

— Ender? — Chamei.

Silêncio. Deu um frio na minha espinha agora.

— N-Não faça brincadeirasss comigo... i-issso não tem gra-graça... — Gaguejei.

Senti uma respiração no meu ombro. Vire rapidamente e segurei a tocha apagada com as duas mãos.

— Quem esssstá aí? — Perguntei, mas não tive resposta, óbvio.

Dei passos para trás, até esbarrar em uma estante.

— ENDER! — Gritei, com esperanças de que ela, em algum lugar, me escutasse.

O toco de madeira caiu da minha mão. Não que eu tenha largado, pois eu estava segurando aquilo como se dependesse da minha vida. Mas, alguém tomou-o de mim. Algo, provavelmente bem mais forte do que eu.

Fiquei paralisada e fechei os olhos com muita força.

Agora, foi a minha vez de cair. Primeiro tive a sensação de que meus ombros pesaram e minhas pernas não iriam aguentar, depois fui empurrada para o chão.

Escutei o barulho da tocha rolando no chão... Mas logo depois parou, como se tivessem pego ele.

(...)

Abri os olhos lentamente, tinha uma sensação ruim na cabeça. Acho que me acertaram, mas como não está doendo tanto, já deve se ter passado algum tempo.

Quase morri de novo! Notch está de brincadeira comigo ou eu que estou com ''sorte''. Minha vida deve estar ligada no ''hard''.

Apoiei os braços no chão e levantei. Tentei olhar em volta, mas continuava tudo escuro.

Cambaleei de estante em estante até tropeçar em uma mesa, lugar que, por incrível que pareça, tinha uma pequena glowstone que brilhava.

Encostei na mesa e passei as mãos no meu rosto. Estou perdida.

— Hm... o que são? — Escutei vozes ao longe.

Apurei os ouvidos e tentei seguir o barulho.

— São vários tipos de bebidas... Escolha um. — Parecem estar perto!

Encontrei a saída na biblioteca e andei bem devagar pelos corredores. Me escondi atrás de uma parede.

— Quanto custa? — Estou ficando maluca? É a voz da Ender.

— É de graça para você.

— Jura? Obrigada! Muita gentileza a sua.

Saí de onde estava e fui correndo até ela. Observei que a segunda voz estava com um capuz todo preto.

— Não beba issso! — Tarde demais, ela já estava com o frasco na boca.

Corri o mais rápido que pude para alcançar eles. Talvez a poção só surja efeito se beber tudo.

— NÃO BEBA! — Gritei.

Ender nem se mexeu, continuou virando aquele frasco de vidro, como se quisesse beber aquilo ou como se nem tivesse escutado.

Quando faltava mais ou menos um metro de distância para eu chegar perto da Ender, aquele ser encapuzado se virou e me agarrou com uma só mão, puxando minha gola e me fazendo ficar alguns centímetros no ar.

— Se quiser salvar a sua amiga, você terá que beber também. — Um brilho vermelho vindo da poção que ele segurava, atingiu o rosto dele. Pude ver seu sorriso macabro, mas, somente isso.

Desviei a visão para a Ender. Eu não quero ficar olhando para o rosto dele e eu também queria ver como ela estava...

E-Ela desmaiou?

Ele me largou bruscamente e me jogou o frasco. E, enfim, foi embora. Andando normalmente como se nada tivesse acontecido.

Olhei para a poção. Ela era vermelha viva com alguns brilhos e parecia ter uma consistência cremosa.

Abri o frasco — que não tinha cheiro nenhum — e, antes de ingerir aquilo, olhei novamente para a Ender.

(...)

— Olha! Olha! Ela está acordando! — Escutei a voz de Ender.

Estava um breu, mas logo foi clareando, porém minha vista estava embaçada.

Vi o rosto de Ender e... só o dela. Nunca percebi antes que seu sorriso era tão bonito. Ela parecia estar em câmera lenta ou algo do tipo. Seu cabelo esvoaçava pelo ar, por causa de alguma brisa, eu acho.

Ela chegou mais perto e me deu um abraço, mesmo eu estando deitada. Queria fazer o mesmo, mas senti meu corpo travar.

Quando ela me soltou e eu voltei pra realidade, sentei-me e finalmente pude notar os outros.

Percebi que nós estávamos novamente na festa do Zombie. Esfreguei os olhos para ver aonde eu estava deitada: um sofá, que parecia mais uma pedra.

— A gente não iria para aquela construção lá? — Perguntei.

— Iríamos. — Respondeu o Zazu. — Mas nós nos perdemos e depois acabamos por achar o Spider e depois a Ender, te carregando. Ela falou que você tinha desmaiado.

— Ah... — Me envergonhei. Acho que a Ender acordou antes de mim.

— Zaaaazu! — Uma voz feminina berrou.

— Zune! O que está fazendo aqui? — Falou o Zazu.

— Corre! Corre pra longe, maluco! A mamãe já sabe de tudo! — Zune falou.

— C-Como ela descobriu? — Ele se levantou, acabando por empurrar a Shadow que estava debruçada nele. — Opa, desculpa.

— Nada. — Ela respondeu dando um sorriso. Hunf.

— Ow, Zazu. — A Zune estalou os dedos. — Você tem duas opções: ou fugir pra longe e desaparecer da vista da mamãe ou ir tentar falar com ela.

— É melhor você ir falar com a sua mãe. — Sugeriu o Spider.

Mas o quê? Agora que eu percebi que o Creeper estava dormindo apoiando a cabeça em cima da perna do Spider.

— Verdade. — Falou a Ender.

O Spider olhou para mim e provavelmente percebeu a minha reação.

— Ah, ele estava cansado e como já era tarde, ele acabou dormindo. — Falou ele.

— Entendi... — Desviei o olhar, sem graça.

— É melhor... eu ir falar com minha mãe... — Bufou o Zombie.

— Quer que eu vá com você? — Perguntou a Shadow.

— Quer que a gente vá com você? — Perguntei rapidamente antes do Zombie responder. A Shadow fez cara feia.

— Hm... ok.

O Spider acordou o Creeper e o Zazu foi falar com um funcionário, logo depois nós atravessamos a multidão que estava na frente e saímos do bar, bem menos dois de nós.

Enquanto esperávamos o Creeper e o Spider aparecerem, vi que a Shadow ficava falando com o Zombie e ele sempre ficava... hum, envergonhado, digamos assim.

Depois ela foi falar com a Ender. Ela está passando dos limites.

— Ender tu gosta do Spider, né, safrada? Mas saiba que ele é meu amigo sed... — Ela parou de falar quando notou que eu estava olhando para elas.

Ela me olhou com um sorriso cínico e veio rápido até minha direção, deixando a Ender para trás. Eu só escutei um ''Eu não sou safrada'' seguido de um beiço da Ender.

— Então Cupa... — Ela começou a falar, mas foi interrompida quando...

Meu Notch! O que é isso?