03:21 da manhã. E aqui eu estou, deitada em minha cama, encarando o teto branco do meu quarto. Não consigo dormir. Não depois daquele beijo. O que Finn quis dizer com aquilo? Será que ele está a fim de mim? Não... garotos como ele são sempre rodeados de garotas. Ele só se aproveitou da oportunidade, tenho certeza. Afinal, estávamos sozinhos naquele banheiro, e tal. Além do mais, garotos como ele podem ser bem fofinhos quando o objetivo é ter uma garota em seus braços. E que braços, meu Deus! Quando fecho meus olhos, ainda consigo sentir aqueles braços em volta da minha cintura. Não! Rachel Berry, você não vai deixar nenhum garoto subir a sua cabeça. Não vai.

Na manhã seguinte, Marley falava e falava sobre o garoto que ela tava a fim, Jake, que também era do Glee Club. Normalmente eu a daria uns conselhos, mas a minha cabeça estava com um enorme nó.

- ... essa Berry não escuta nada que a gente fala, parece que tá no mundo da lua. Eu ein. – Santana resmungava.

Parei pra realmente escutar a conversa quando ouvi meu nome.

- Aconteceu alguma coisa Rach? Você tá meio distante. – Marley me perguntou.

- Não... nada. Só estou meio...

- Ahh, já até sei. Esse olhar te condenou Rachel. – Kurt me olhava com um sorriso indecifrável. – Isso tem a ver com algum garoto, tenho certeza.

- Desembucha, hobbit!!

- Não... quê? Garoto? Não!

- Ah, pelo amor de Deus Rachel, desiste! Conta logo! Quem foi? – Kurt inclinou seu corpo por cima da mesa do refeitório, que a essa altura ainda só tinha nós, e me encarou. O encarei de volta, em seguida Marley e depois Santana. Dei um suspiro e desisti. Uma hora eles iam ter que saber.

- Finn. Ontem eu e ele nos beijamos. – Disse, me sentindo vencida. Todos ergueram as sobrancelhas pra mim.

- O QUÊ? O FINN, FINN? FINN HUDSON? – Marley me olhava como se eu tivesse acabado de confessar um assassinato.

- É ele sim. Por que?? Meu Deus, vocês tão me assustando!

- Isso tudo é porque Finn é provavelmente o maior galinha dessa escola. Acho que ele já pegou até o esqueleto do laboratório. – Kurt disse.

- Isso é verdade. Até eu já fiquei com ele. – Santana disse, indiferente.

- Como assim???? – Eu estava em choque. Santana apenas balançou os ombros.

- Eu nunca fiquei com ele. – Marley se defendeu.

- Isso deve ser provavelmente por causa do Jake. Ele e o Finn são muito amigos. Talvez Jake disse que gosta de você, e Finn respeitou isso. – Kurt declarou, como se tivesse acabado de montar um quebra cabeça.

- Você acha mesmo que Jake gosta de mim? – Os olhos de Marley brilhavam.

- Eu tenho quase certeza. – Kurt sorriu.

- Calem a boca porque a galera tá chegando. Rachel, mais tarde quero saber dessa história de você e do Finn, okay?

Os integrantes do Glee Club sentavam na mesa aos poucos, e meus olhos procuravam apenas um rosto naquele refeitório, mas eles não encontraram o sorriso torto de Finn. O intervalo acabou e fui pra sala. Deduzi que Finn não havia vindo na aula, até entrar na sala da Sra. Martin e dar de cara com ele, me encarando, com aquele estúpido sorriso.

- Srta. Berry? – A Sra. Martin encostou de leve em meu ombro. – Seu parceiro de laboratório é... – Ela olhava em um papel, com dificuldades para ajeitar seu óculos em seus olhos. - ... o Sr. Hudson.

Ahh, claro que tinha que ser com ele.

Sorri pra professora e fui contando os passos, até chegar do lado de Finn.

- Olá. – Ele puxou conversa. Eu estava com muita vergonha pra dizer alguma coisa. Sentei na cadeira ao seu lado.

- Olá. – Disse, meio sem graça.

E do nada, ele começou a rir. Tipo... ahn???

- Por que está rindo?

- Você tá com vergonha de mim. Isso é fofo.

Senti minhas bochechas corarem.

- Você não precisa se sentir assim.

- Quem disse que eu tô com vergonha? Você é um idiota, sabia? – Tentei perecer séria.

- É, já me disseram isso antes.

Dei um leve sorriso.

- Eu só queria te dizer que não me arrependo nenhum pouco do que aconteceu ontem.... na verdade, eu até queria repetir a dose. – Ele me encarava. Maldito sorriso!

Eu paralisei por um tempo depois do que ele disse.

- Você por um acaso está tentando me cantar, Sr. Hudson?

- Eu? Claro que não... – Ele colocou a mão por cima da minha, que estava segurando o microscópio. Eu tirei minha mão na hora.

- Você vai ter que se esforçar um pouco mais, Hudson. Sou um pouco mais complicada que as garotas que você pegou.

- Ótimo. Adoro um desafio.

Após um tempo fazendo os exercícios propostos, a aula terminou e fomos em direção à porta.

- A gente se vê? – Ele perguntou.

- Claro. – Eu disse, tentando ser indiferente. Ele apenas riu.

Fui em direção ao meu armário, troquei de livros, e segui para a última aula do dia, que passou até rápido. Quando seguia em direção ao meu carro, me assustei com um cutucão em meu ombro.

- Desembucha, anã. – Santana apareceu, bem na hora que fechei meu armário, me fazendo dar um pulo.

- Ai, que susto, Santana! Do que você tá falando?

- Finn, aquele garoto enorme, com a cara de idiota, enfiando a língua na sua boca...

- SHHHHH, Santana, fala baixo! Vem, eu vou te contar tudo.

- Peraí, duende, preciso te pedir um favor. – Santana me encarava.

- Desembucha. – Eu sorri.

- Aqui tá meio lotado de pessoas fofoqueiras... tem como a gente ir pra um lugar mais calmo?

- Claro, vamos pro meu carro.- Entramos no carro e eu encarei Santana, meio que dizendo pra ela começar a falar.

- Então, eu... meio que tive uma briga com a minha abuela e... – Ela olhou pra mim e percebeu a minha cara de confusão. – Abuela é avó, hobbit. Briguei com a minha avó, e eu meio que saí e casa.

- Meu Deus Santana! Mas por que?

Ela me encarou, relutante em dizer algo.

- Rachel, o que eu vou te falar, eu só disse pra 3 pessoas nesse mundo, e eu preciso que você não conte pra ninguém.

- Claro, Santana. Eu prometo. – Peguei em sua mão, que estava fria e ela estava tremendo. – Fica calma, eu tô aqui.

- Rach... eu... eu sou lésbica, e tô apaixonada pela Brittany, e não tenho a mínima ideia do que fazer com a minha vida. Eu contei pra Marley e pro Kurt a um tempo atrás. Marley aceitou numa boa, e Kurt até gostou, porque ele também é gay. Mas a terceira pessoa que contei foi a minha abuela, ontem, e ela não levou muito bem. Tivemos uma briga enorme e ela me expulsou de casa. – Santana já estava em lágrimas, e eu apenas a abracei e a deixei chorar até que ela me soltou.

- Santana, fico muito feliz por você confiar tanto assim em mim, e em relação a isso, eu estou totalmente do seu lado. Opção sexual não define ninguém, e eu te amo de qualquer maneira. – É até meio estranho, porque conheço Santana a tão pouco tempo, mas ela já é muito importante pra mim.

- Brigada, Rachel. – Uma lágrima caiu do seu rosto. – Então, é que eu tô sem lugar pra ficar. Será que... – Santana tinha dificuldades pra falar, e não olhava pra mim. Eu a abracei novamente.

- Você pode ficar lá em casa sim, Santie. Não se preocupe. – Ela me abraçava de volta, fortemente.

- Eu não queria te dar esse tipo de trabalho. Mas você é tão legal com todo mundo e...

- Você fez bem em ter falado comigo. Eu vivo só com o meu pai e ele vive trabalhando, e garanto que não vai se importar.

Ela sorriu.

- Mas agora vamos parar com essa melação e você pode começar a falar sobre o gigante e você, hobbit.

- Acho que a Santana tá de volta.

Nós rimos e eu liguei o carro.